A RAZÃO DE SER DA FARMACOECONOMIA
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- Malu Sales Domingues
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1 A RAZÃO DE SER DA FARMACOECONOMIA Início do século XX: disponibilidade de aproximadamente duas centenas de medicamentos; o acesso era restrito a poucas pessoas por motivos geográficos e sócio-econômicos; havia uma quantidade relativamente pequena de informações conhecidas sobre cada um deles; Profa. Maria Eneida Porto Fernades
2 Década de 40: A RAZÃO DE SER DA FARMACOECONOMIA explosiva descoberta de novas drogas e informações relevantes sobre o seu uso, aumentando rapidamente a complexidade do exercício da terapêutica medicamentosa; mudanças na estrutura das sociedades e a cultura de massas forçaram importantes alterações no papel de governos e de instituições privadas quanto ao provimento de artigos e serviços de saúde;
3 A RAZÃO DE SER DA FARMACOECONOMIA Anos 60: Suécia, Islândia, Finlândia e Noruega - racionalizaram a terapêutica farmacológica reduzindo a oferta de medicamentos para aqueles indispensáveis, eliminando assim os produtos farmacêuticos de eficácia duvidosa e custo elevado; observou-se que os critérios para avaliação tinham que ser mais abrangentes do que a simples comparação de preço com eficácia, tendo que ter a visão completa dos resultados do emprego de cada medicamento nas condições reais da prática clínica
4 A RAZÃO DE SER DA FARMACOECONOMIA 1978 surgiu a farmacoeconomia, em Minnesota, quando McGham, Roland e Bootman introduziram os conceitos custo-benefício e de custo-efetividade em estudos; 1986 o termo farmacoeconomia foi utilizado pela primeira vez por Townsed Profa. Maria Eneida Porto Fernades
5 : Aplicação da racionalidade econômica à avaliação dos medicamentos: Austrália (1993) - efetua análise econômica em sentido obrigatório, face à necessidade de apresentar estudos econômicos que demonstrem que a incorporação do medicamento gera não somente uma alternativa terapêutica favorável, as já disponíveis, mas também uma relação econômica favorável ao sistema de provisão de cobertura de medicamentos; Canadá - passa a ser aplicada em alguns estados; Estados Unidos - provedores privados de seguros incorporam às listas de medicamentos ( sob a proteção de reembolso e de devolução) os que tenham estudos que fundamentem uma relação de custo-efetividade igual ou melhor do que a outra disponível; Indústria - utiliza para fixar preços mais altos e também para incorporar medicamentos tanto às listas nacionais como privadas.
6 FARMACOECONOMIA Descrição e análise dos custos da terapia medicamentosa para os sistemas de saúde e para a sociedade. Grey RR, TownsedRJ & Sanders, 1995
7 FARMACOECONOMIA Consiste na aplicação da ciência econômica aos fenômenos e problemas relacionados ao tema da política farmacêutica de um país Pereira, j..(1995)
8 FARMACOECONOMIA É um conjunto de atividades dedicadas, especificamente, às análises econômicas no campo dos medicamentos, caracterizado pela aplicação dos conhecimentos econômicos na gestão da logística dos medicamentos, na obtenção de critérios de eficiência no âmbito da investigação de resultados na política de medicamentos e na regulação pública da indústria farmacêutica (Rubio-Cebrian, 2000)
9 FARMACOECONOMIA é a ciência que identifica, quantifica, analisa e compara custos e resultados entre tratamentos medicamentosos, buscando identificar melhores alternativas com o menor dispêndio de recursos Profa. Maria Eneida Porto Fernades
10 Reduzir o crescente custo do cuidado médico assegurando o emprego da melhor terapêutica disponível. FARMACOECONOMIA Finalidades: Mensurar os impactos econômicos e a resultante qualidade de vida das intervenções terapêuticas; Dimensionar, monitorar e controlar os resultados clínicos e econômicos do cuidado médico;
11 APLICAÇÕES DA FARMACOECONOMIA Decisões da P&D da indústria farmacêutica; Decisões de fixação de preços (administração pública e indústria farmacêutica para estabelecer o preço adequado; Decisões de formulários para determinar a lista ou intervenções de referência; Elaboração de recomendações sobre decisão clínica - considerando não apenas a eficácia e a efetividade das alternativas terapêuticas como também o cociente custo/efeito (eficiência ou rentabilidade social das decisões; Estudos de vigilância póscomercialização
12 FATORES QUE REDUZEM POTENCIALMENTE OS CUSTOS TOTAIS ( INDIRETOS E SOCIAIS ) GREY RR (1995) Seleção de medicamentos apropriados para inclusão em formulários terapêuticos; Prevenção de complicações resultantes de terapias medicamentosas agressivas; Diminuição do mau uso de produtos farmacêuticos
13 QUESTÃO DO USO DE MEDICAMENTOS: Estados Unidos: a prevenção da morbidade e mortalidade ligadas a medicamentos é um problema sanitário de extrema relevância. US$ 76,6 bilhões anuais, associados com aproximadamente 200 mil mortes e 9 milhões de internações hospitalares relacionadas a medicamentos,johnson & Bootman ( 1995); Canadá: Intervenção do farmacêutico comunitário na orientação à utilização de medicamentos avaliaram em Can.$268,2 a Can.$388,5 milhões as economias em custos diretos para o sistema de saúde canadense, Loh E.A. & Waruszynski M.A (1996);
14 QUESTÃO DO USO DE MEDICAMENTOS: Brasil - 50% das reinternações hospitalares no estado do Rio de Janeiro podiam ser atribuídas as à impossibilidade de acompanhamento ambulatorial adequado pela não utilização de medicamentos prescritos após alta hospitalar, Comissão de Saúde da Assembléia do RJ (1990); Brasil - 80% dos pacientes não têm condições de seguir adequadamente as prescrições, sendo evidente o custo social representado por essa situação, Bermudez.J. A ( 1998).
15 ASPECTOS CONDICIONANTES DESTA MARGINALIZAÇÃO: Pode ser creditada a fatores externos à prática da medicina e da farmácia: Falhas de planejamento; má administração de recursos; falhas ou ausência de políticas de saúde; pura e simples pobreza da população; distanciamento dos profissionais de saúde em relação às medidas capazes de corrigir ou pelo menos minimizar tais problemas.
16 INTERÊSSE EMERGENTE PELA FARMACOECONOMIA 1º - A utilização irracional de medicamentos pode ser constatada e gera reflexos nas despesas e na própria terapêutica; 2º - É uma das poucas áreas de custos onde há espaço de manobra para obter melhores resultados ( a maioria é constituído por despesas fixas).
17 Muitos profissionais que prescrevem produtos mais modernos e caros o fazem para induzir no paciente e em seu meio uma imagem de atualidade e qualidade profissional. USO IRRACIONAL DE MEDICAMENTOS O emprego ilógico e errôneo de produtos farmacêuticos é responsável por falhas terapêuticas, efeitos indesejáveis e despesas de tratamento; O medicamento, com frequência, é oferecido sem necessidade técnica, apenas com o objetivo de satisfazer a hipocondria de alguns pacientes;
18 CAUSAS DESSE QUADRO: deficiências de formação aliadas a uma pobre atualização de conhecimentos por parte dos profissionais de saúde; vasto universo de conhecimentos requeridos para a prática da medicina e da farmácia uma vez que cresce o número de fármacos e dados científicos relevantes para sua utilização;
19 CAUSAS DESSE QUADRO: Informações necessárias: -informações sobre os produtos e suas apresentações; -indicações e contra-indicações; -precauções e intervenções para ajustes de dosagens; -vias de administração e formas de aplicação; -posologia; -efeitos colaterais e reações adversas; -interações com outros medicamentos e alimentos; -interferências em exames; -farmacocinética e farmacodinâmica; -similaridade e equivalência terapêutica; -nomes genéricos e comerciais; -modo de preparar e conservar cada produto. Profa. Maria Eneida Porto Fernades
20 OS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO SÃO RELEVANTES PARA: LEGISLADORES Alguns países exigem para registro sanitário de novos princípios terapêuticos a demonstração de que o medicamento agrega valor,ou seja ator de uma intervenção terapêutica. SEGURADORES, FORNECEDORES E INSTITUIÇÕES Quando precisam de resultados para assegurar que o aumento da cobertura é feita com permanente redução de custos, sendo fornecidos tratamentos apropriados. PRODUTORES Os estudos prestam-se a determinar o valor agregado de um princípio sendo úteis para a formulação de uma política de preços.
21 REALIZAÇÃO DOS ESTUDOS DE AVALIAÇÃO Dispor de informação de alta qualidade sobre a rentabilidade social de um medicamento. REQUISITOS: Possuir metodologia bem definida e estabelecida em protocolos; Controle de um agencia central que garanta que o desenho, realização e difusão dos resultados se efetuem de maneira adequada; Publicação em revistas científicas; Sistema de auditoria.
22 PERÍODO DE REALIZAÇÃO DOS ESTUDOS Autorização de comercialização de medicamentos - a legislação da maioria dos países requer que os fármacos cumpram os critérios de segurança, eficácia e qualidade, porém não em seu custo; Os estudos podem ser realizados em qualquer momento da vida de um produto ( fase III ou Fase IV?)
23 Métodos em Farmacoeconomia Análise de redução (minimização) de custos Análise de custo-benefício Análise de custo-efetividade Análise de custo-utilidade Profa. Maria Eneida Porto Fernades
24 PROBLEMA CONCEITUAL Algumas opções com as quais comparamos ao fármaco em estudo não serão fármacos e sim um tratamento cirúrgico ou um programa de profilaxia. É adequado, nesse caso, continuar falando de avaliação econômica de medicamentos?
25 ANÁLISE DE MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS Quando duas ou mais alternativas de tratamento têm o mesmo resultado pretendido ( são equivalentes), é possível concentrar-se nos custos e escolher a alternativa de custos menores Profa. Maria Eneida Porto Fernades
26 MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS Principal requisito: é a demonstração prévia da equivalência entre as respectivas eficácias clínicas de cada opção considerada; pode ser útil para comparação de custos de formas farmacêuticas diferentes de um mesmo medicamento ou de medicamentos equivalentes, quando determinou-se resultados terapêuticos iguais.
27 MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS Exemplo: comparação entre Imipenema versus Meropenema Preços por frasco-ampola em Julho/2000 ( Brasíndice ) : Tienam (Merck, Sharp & Dohme) = R$ 67,21 Meronem 500 mg (AstraZeneca)= R$ 79,46
28 MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS Preços por tratamento/dia em infecções leves Imipenem - dose 2 g/dia (4 f-amp) = R$ 268,84 Meropenem - dose 1,5 g/dia (3 f-amp)= R$ 238,38 Preços por tratamento/dia em infecções moderadas - graves Imipenem - dose 2 g/dia (4 f-amp) = R$ 268,84 Meropenem - dose 3 g/dia (6 f-amp)= R$ 476,76
29 CUSTO-BENEFÍCIO QUANDO UTILIZAR? Casos nos quais é necessário escolher entre tecnologias com efeitos muito diferentes entre si
30 CUSTO-BENEFÍCIO Os benefícios podem ser: Os Benefícios Diretos: Mortes e doenças evitadas Diminuição da morbi-mortalidade. Os Benefícios Indiretos: Melhoria da qualidade de vida e da capacidade produtiva
31 Análises de custo-efetividade Quando se comparam os efeitos positivos ou negativos de duas ou mais opções de um mesmo tratamento, programa ou intervenção sanitária. Os custos são medidos em unidades monetárias e os benefícios em unidades naturais de efetividade, que dependem do que se está avaliando Ex: alterações em parâmetros clínicos, % êxitos, anos de vida ganhos, mortes evitadas,
32 Análises de custo-efetividade QUANDO UTILIZAR? Quando os tratamentos farmacológicos comparados têm um nível de efetividade distinto, porém compartilham os mesmos objetivos terapêuticos podendo ser mensurados na mesma unidade de efetividade
33 Análises de custo-efetividade LIMITAÇÃO: Somente permitir a comparação de tratamentos ou programas sanitários cujo resultado possa expressar-se nas mesmas unidades
34 Análises de custo-efetividade Ex : custo diário de tratamento comparação entre dois anti-hipertensivos, X e Y droga X : R$ 1.50 / dia 0,15 / mmhg reduzido efetividade: redução de 10 mmhg com sobrevida de 5 anos droga Y : R$ 1.85 / dia 0,09 / mmhg reduzido efetividade: redução de 20 mmhg com sobrevida de 4 anos
35 Análises de custo-efetividade CUSTOS QUE PODEM SER IDENTIFICADOS: Aquisição; Preparação e administração; Vigilância do fármaco; Tratamento de reações adversas; Fracasso de tratamento; Dias de internação adicionais
36 Análises de custo-utilidade Quando se comparam opções de tratamento através de uma medida que integra quantidade e qualidade de vida (AVAQ - Anos de Vida Ajustados pela Qualidade), associada aos custos de cada opção escolhida Busca obter uma melhor qualidade de vida por unidade monetária aplicada em um tratamento Profa. Maria Eneida Porto Fernades
37 Análises de custo-utilidade Ferramenta de análise que obtém e quantifica a satisfação do paciente com relação ao tratamento empregado em termos de qualidade de vida, relacionando-a com o custo gerado para obter tal resultado. Vem sendo empregado na maioria dos trabalhos uma unidade de integração entre quantidade ( duração ) e qualidade de vida, AVAQ Profa. Maria Eneida Porto Fernades
38 Análises de custo-utilidade LIMITAÇÕES: Método ainda em desenvolvimento por não haver uma forma universal de quantificação de valores subjetivos como dor, capacidade de trabalho e satisfação. Utiliza elementos de julgamento obtidos diretamente dos usuários, retirando dos profissionais de saúde a exclusiva competência para decidir um tratamento
39 Análises de custo-utilidade Exemplo: Comparação entre o uso ou não de quimioterapia no tratamento pós-cirúrgico de câncer de cólon - grupo A : sem quimioterapia - grupo B : com quimioterapia Profa. Maria Eneida Porto Fernades
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