IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA

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1 A ANTROPOLOGIA COMO PANO DE FUNDO PARA A CRIAÇÃO DE DEUS E DAS RELIGIÕES EM LUDWIG FEUERBACH RESUMO Antunes Ferreira da Silva 1 Jéssica de Sousa Lira 2 Analisar o ateísmo proposto por Feuerbach apresentando-o como antropologia é um dos principais objetivos da presente pesquisa. Tendo em vista que o referido filósofo está preocupado não com a negação de Deus, mas com a autoafirmação do homem, pode-se afirmar que essa forma de ateísmo é, em suas bases, antropologia. Para o estudo do tema foi desenvolvida uma revisão bibliográfica e utilizado o método dedutivo, de modo que a apresentação das teorias está fundamenta em obras do filósofo e de alguns comentadores. Feuerbach afirma que o homem cria Deus e não o contrário, que teologia é antropologia e que a essência divina é mesma que a essência humana. A partir desses três pontos já se faz possível defender que a antropologia é norteadora das teses do referido filósofo. Feuerbach explica que o homem cria Deus pela necessidade de um padrão no qual possa se pautar para atingir a perfeição, no entanto, essa realidade aliena o homem, haja visto que o homem não pode ser perfeito para um ser além físico. Para o filósofo, o homem só pode ser perfeito para si, para seu gênero. Assim, ele propõe que se dê um processo de desalienação. Para que isso ocorra, uma nova religião entra em cena, a religião antropológica, que permite ao homem religar-se a si e pautar seu comportamento no próprio gênero. Esse é o apogeu no ateísmo antropológico identificado nas obras do autor; uma religião que tome o homem por Deus e o faça buscar sua essência, ou seja, que mostre as coisas por meio delas mesmas e não através de algo alheio a realidade material do indivíduo. Para Feuerbach o homem só pode ser objeto do próprio homem e a busca pela essência humana o faz consciente e o desaliena. Diante disso conclui-se que o ateísmo defendido por Feuerbach e grande parte de sua filosofia estão voltados para campo antropológico, ou ainda, que a antropologia é o escopo fundamental do pensamento do filósofo. Palavras-chave: Antropologia. Homem. Essência. Deus. 193 ABSTRACT Analyze the atheism proposed by Feuerbach presenting it as anthropology is one of the main objectives of this research. Considering that the said philosopher is concerned not with the denial of God, but with the self-affirmation of man, it can be stated that this form of atheism is, in his bases, anthropology. To the theme of the study was developed a bibliographic review and used the deductive method, so that the presentation of the theories are founded on the works of the philosopher and some commentators. Feuerbach affirms that man creates God and not the opposite, that theology is anthropology and that the divine essence is same as the human 1 Mestre em Filosofia (UFPB). Professor de Filosofia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). 2 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões (UFPB). Graduada em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC).

2 essence. From these three points is already be possible to defend that anthropology is guiding the referred philosopher of that thesis. Feuerbach explains that the man criates God in the need for a pattern in which can be guided to achieve perfection, however, this reality alienates the man, given the fact that man can not be perfect for a being beyond physical. For the philosopher, the man can only be perfect for himself, for his gender. So, he proposes to take a disalienation process. For this to happen, a new religion arrives on the scene, the anthropological religion, which allows man to reconnect themselves and guide their behavior in the genre itself. This is the apogee in the anthropological atheism identified in the works of the author; a religion that takes the man by God and do and make then search for own essence, in other words, that shows things by means of themselves and not by something alien to the individual's material reality. For Feuerbach man can only be the object of man himself and the pursuit of human makes him conscious and disalienated. Therefore, it is concluded that atheism defended by Feuerbach and much part of his philosophy, are directed to the anthropological field, or even, that the anthropology is the essential scope of the philosopher's thought. Keywords: Anthropology. Man. Essence. God. INTRODUÇÃO Em muitos cenários de discussão da filosofia de Feuerbach ( ), são expostos argumentos e interpretações capazes de demonstrá-lo como sendo um filósofo ateu. É certo que essas afirmações são pertinentes e adequadas. No entanto, não se trata de reduzir a isso o pensamento desse pensador. Por trás do ateísmo feuerbachiano, ou arraigado a ele, está sua proposta de uma antropologia. Afirmar a existência de uma antropologia nas obras de Feuerbach, que tanto tratam sobre críticas à religião, é possível, particularmente, quando a teologia, de acordo com seu pensamento, é exposta como antropologia. Essa afirmação faz referência a uma das ideias principais difundas pelo filósofo: a ideia de que o homem deve se pôr no centro dos próprios questionamentos e que deve tornar-se Deus para si mesmo, ou seja, objeto de si. Um segundo motivo que justifica a existência de uma antropologia no pensamento feuerbachiano é a pergunta pela essência humana. Feuerbach postula que a essência humana consiste no ato do homem tornar-se objeto de si, como forma de se chegar à sua essência. Outra razão pertinente que pode levar à percepção de uma antropologia feuerbachiana é a opinião do próprio Feuerbach a respeito de Deus, pois ele afirma a não criação do homem por parte de Deus, mas, sim, o contrário. 194

3 Perguntar por Deus é, de modo estrito, o mesmo que perguntar pelo homem e por sua essência. No entanto, para que se chegue a essa conclusão, é necessário passar por todo um processo que pode ser chamado de desalienação. O que se pretende aqui afirmar é que o homem, em um primeiro momento, alienase a uma realidade dogmática na qual se afirma que Deus criou o homem sua imagem e semelhança e que por conta disso são encontradas no homem características divinas. Nesse cenário de crenças dogmáticas, o homem se encontra num estágio de consciência adormecida e atribui a Deus muitos dos fenômenos presentes em sua vida. Essa realidade além de alienar o homem, o afasta de sua essência. A busca pela essência humana em Deus (enquanto ser divino e metafísico) não é admissível, segundo Feuerbach, uma vez que essa essência está no próprio homem enquanto gênero. Uma coisa só faz sentindo se for interpretada a partir dela mesma. Partindo desses princípios é que se há de expor no texto algumas premissas que fundamentem a afirmação de uma antropologia ou ateísmo antropológico nas obras de Feuerbach. Para tanto, utilizaremos os conceitos de consciência, essência e hipostatização. 195 O HOMEM CRIA DEUS E FAZ-SE OBJETO DE SI Feuerbach elabora sua crítica à religião levantando questionamentos acerca de Deus; pondo em dúvida sua divindade e transcendência; afirmando que tanto Deus quanto a religião são criações humanas e, por esse motivo, suas características e sua essência são reflexo das características e essência humanas. Note-se que há uma inversão, se comparados o pensamento deste filósofo e a proposta do cristianismo. Nesse estágio de consciência, o homem percebe que os predicados que se atribuem a Deus são, na verdade, predicados humanos. Consoante afirma: [...] a religião é a reflexão, a projeção da essência humana sobre si mesma (FEUERBACH, 2012, p. 88). Assim, é possível afirmar que Deus é reflexo daquilo que o homem é em sua essência. Entretanto, a autoafirmação do homem não implica a negação de Deus. Ressalta-se que a pretensão, aqui, é apenas certificar-se de que Deus e religião são criações humanas. Como diz Aleixo:

4 [...] da mesma maneira, longe de negar Deus, apenas o reconduz àquilo que considera ser a sua verdadeira personalidade, o homem. O homem é o criador de todos os Deuses ou, dito por outras palavras, o sujeito de qualquer religião só pode ser humano. Foi este pressentimento que levou a teologia a inventar um Deus homem Cristo (ALEIXO, 2009, p. 7). Em outras palavras, o homem só se afirma enquanto homem, em sua essência, quando é objeto de si mesmo. Desse modo, buscar em Deus a forma mais sublime e perfeita das características humanas é em vão, porque tomar conhecimento da essência de algo extratemporal, metafísico e ilimitado não é provável para o gênero humano que é temporal, material e limitado. Para conhecer a essência de Deus ou do homem é necessário, primeiro, que deles se tome consciência e a [...] consciência no sentido rigoroso existe somente quando, para um ser, é objeto o seu gênero (FEUERBACH, 2012, p. 35). É razoável afirmar, em linhas gerais, a respeito da consciência, que relações estabelecidas com elementos metafísicos são de cunho racional, esse raciocínio, somente é possível, quando se interpreta a consciência enquanto ato puro de pensar algo, de exercer a racionalidade caracteristicamente humana. No entanto, a consciência aqui ressaltada, ou seja, em sentido estrito, faz referência não ao ato deliberado de pensar, mas o ato de pensar a si mesmo, de tornar-se objeto do próprio pensamento. Tendo em vista que a característica da racionalidade é uma particularidade humana, apenas o ser humano pode tomar consciência de si, uma vez que apenas ele é capaz de fazer-se objeto próprio de seu pensamento. Assim, diz-se que a faculdade da consciência confere predicado peculiar ao gênero humano e que esse é hábil ao conhecimento de sua essência, pois é capaz de tomar consciência de si. Para que se estipulem as relações referentes à razão e à essência, fazemse necessárias as participações efetivas de sujeito e objeto. O sujeito é entendido como o agente ativo, participante direto do processo de busca pela essência, e o objeto como produto final dessa busca, ou seja, a própria essência humana. Podese, então, dizer que Deus não é o sujeito, mas que o sujeito é o próprio homem que, ao fazer de Deus seu objeto, imprime-lhe predicados humanos, cria-o à sua imagem e semelhança, produz uma essência divina a partir de qualidades humanas e, ao buscar a essência desse Deus, acaba por se deparar com a própria essência. Se, pois, Deus tal como é, necessária e essencialmente é um objecto 196

5 do homem, então na essência desse objecto exprime-se apenas a própria essência do homem (FEUERBACH, 2008, p. 10). Portanto, sujeito, objeto, ser, essência, homem e Deus sintetizam-se no homem e em sua atividade racional. [...] assim como em geral as determinações metafísicas ou ontoteológicas só têm verdade e realidade quando se reconduzem às determinações psicológicas ou, antes, antropológicas, assim também a necessidade do Ser divino na antiga metafísica ou ontoteologia só tem sentido e intelecto, verdade e realidade, na determinação psicológica ou antropológica (FEUERBACH, 2008, p. 8). Somente por meio do homem, ser dotado de razão, é que a existência de Deus pode ser efetivada e a religião criada. O homem cria uma divindade moral (Deus metafísico) e uma física (Deus da religião, ou que se efetiva através dela), e se aliena a essa realidade, sem se dar conta de que ele mesmo é criador e não criatura, quando ainda se encontra num estágio de consciência adormecida e razão condicionada. Ao relacionar-se com Deus e fazer-se instrumento da religião, o homem abdica de grande parte dos anseios que lhe são inerentes, nisso consiste a sua verdadeira limitação, fazendo com que a religião castre muitas das ações humanas, o que pode representar retrocesso para seu gênero. Para que o homem possa elevar a si, favorecendo o desenvolvimento de sua consciência, ele carece do rompimento com a religião, devendo desprezar as suas regras morais escravizantes ditadas. Esses são critérios primordiais para que o homem possa pensar e agir por si e tomar o próprio gênero por parâmetro comportamental. Assim, ele passa de um estágio de consciência adormecida para a consciência de sua essência, como se pode perceber nas palavras do filósofo: 197 [...] minha intenção era mostrar que os poderes diante dos quais o homem se curva e os quais teme na religião, diante dos quais ele não se intimida nem mesmo de praticar sangrentos sacrifícios humanos a fim de aplacálos são apenas criações de sua própria afetividade servil e medrosa, assim como de sua razão ignorante e inculta (FEUERBACH, 2009, p ). Esse mecanismo de voltar-se para própria essência ou tomar consciência de si enaltece o gênero humano, uma vez que faz com que o homem perceba que não há necessidade de um ser metafísico que regule suas experiências, já que é capaz, por si só, de reger o andamento de sua vida. O que interessa aqui é a negação dos predicados de Deus em detrimento da afirmação dos predicados humanos, pois

6 estes últimos satisfazem as necessidades do gênero, sem que seja necessária intervenção divina. RAZÃO, SENTIMENTO E VONTADE: A TRINDADE HUMANA OU ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A CONSCIÊNCIA Para que o homem seja conhecedor de sua essência e possa voltar-se para si como parâmetro comportamental, ele utiliza-se de três elementos que são a própria composição dessa essência, a saber: a razão (entendimento), o sentimento (coração ou amor) e a vontade (ato de desejar). Essas são características específicas do gênero humano e lhe atribuem a possibilidade de viver em função de si mesmo, tendo em vista que o homem contemplado por essas qualidades é tido como completo; segundo o próprio Feuerbach (2012, p. 36) um homem completo possui a força do pensamento, a força da vontade, e a força do coração. O pensamento consiste no conhecimento iluminado pela razão, é o uso que o homem dela faz quando já se encontra em seu estado de consciência. O sentimento é o amor ou capacidade humana de amar, ou ainda, enfatizando o homem como objeto de si, a inclinação do indivíduo de amar o seu gênero. A vontade, a energia do caráter (FEUERBACH, 2012, p. 36), é a força que objetiva as escolhas livres, é o querer humano. Como esses atributos são particularidades humanas, eles constituem sua essência e fundamentam sua existência, pois o que está em sua essência é o que regula o curso e o sentido de seu existir, logo [...] querer, pensar, amar, são os propósitos que movem o homem (ALEIXO, 2009 p. 10). Por meio dessa tríade, o homem mostra-se capaz de bastar-se do próprio gênero, sem a necessidade de um Deus ou de seus predicados, pois já aí está a perfeição da espécie humana, aí está o que a limita e ao mesmo tempo embeleza, já que o homem que reconhece suas restrições como perfeição é o homem consciente e conhecedor de sua essência. Assim, como afirma o filósofo, [...] razão, amor e vontade são perfeições, são os mais altos poderes, são a essência absoluta do homem enquanto homem e a finalidade de sua existência. O homem existe para conhecer, para amar e para querer (FEUERBACH, 2012, p. 36). 198

7 O homem esclarecido de que nessa tríade consiste a efetivação de seu gênero, enquanto perfeito para si mesmo, é o mesmo que se liberta da realidade alienante da religião. No entanto, o próprio Feuerbach (2012, p. 36) levanta questionamentos acerca da finalidade da razão, do sentimento e da vontade, afirmando que [...] conhecemos para conhecer, amamos para amar, queremos para querer, i.e., para sermos livres. Partindo dessa afirmação, apresenta-se um dos pontos mais importantes da antropologia feuerbachiana trabalhados nesta pesquisa: o entendimento de que uma coisa só pode ser fundamenta e objetivada a partir de si mesma, uma vez que, [...] verdadeiro, perfeito, divino é apenas o que existe em função de si mesmo (FEUERBACH, 2012, p. 36). Em outras palavras, se o ato de conhecer é o fundamento do conhecimento, o ato de amar embasa o sentimento e o ato de querer justifica a vontade, então, o homem só pode ser objeto de si próprio. Essa trindade se apresenta ao homem como sua essência e, portanto, está acima do ser individual, levando-se em conta que esses predicados são a essência do gênero humano, que a religião dele suprime, pois retira do homem essas características com a única finalidade de fazer com que ele acredite que há uma necessidade de buscar tais predicados em um Deus. No entanto, o homem que busca em si essas qualidades e torna-se consciente de que elas fazem parte de sua essência, desprende-se da religião e suas imposições alienantes, percebendo que é ele próprio dotado de todas as características que a religião o fez acreditar que só existiam em Deus. Assim, o homem reconhece a si mesmo como Deus, pois [...] não há distinção entre os predicados da essência divina e da essência humana (HARTMANN, 2012, p. 68). Logo, ao reconhecer-se como Deus, percebe que o seu objeto é sua essência, e que sua essência é a já citada trindade. Desse modo, se dá conta de que seu real objeto é ele mesmo e não Deus, como pretende a religião. 199 AFIRMAÇÃO DA ANTROPOLOGIA FEUERBACHIANA POR MEIO DE SEU ATEÍSMO: TEOLOGIA É ANTROPOLOGIA

8 Pautando-se no que foi exposto até então, afirma-se: Deus e a religião são criações humanas. A imagem de um Deus perfeito se dá pelo fato de o homem atribuir a ele características que lhe são próprias. Desse modo, a religião deturpa a essência do homem, quando o faz crer que ela é apenas uma ínfima parte da essência divina. A busca do homem por um ser absoluto nada mais é que a procura por sua própria essência, que é auto-objetivação, autoafirmação e autoconsciência. Ao ato de atribuir a Deus qualidades pertencentes ao gênero humano, podese dar o nome de hipostatização. Esse mecanismo de projetar um ser metafísico com características exclusivamente humanas lança os fundamentos do ateísmo proposto por Feuerbach. O filósofo não pauta seu ateísmo na negação de Deus, mas na explicação de que um ser divino estabelece relação de dependência diante do gênero humano. Em outras palavras, a existência de Deus depende do homem. Tal ideia constitui um dos principais fundamentos para se afirmar que o ateísmo feuerbachiano é, antes, antropologia que puro ateísmo, visto que o embasamento de tal ateísmo consiste na afirmação do homem. A teologia feuerbachiana se identifica com a antropologia, ou ainda, toda a teologia é, na verdade, uma antropologia velada, na qual o homem esquece-se de si, pois a religião, especificamente aquela que se pauta na teologia cristã, o aliena. Quando essa religião dogmática deixa de oferecer respostas plausíveis, ou seja, quando o homem toma consciência de sua condição de ser divino, ele funda uma nova religião que se pauta na antropologia, esquecendo os dogmas teológicos e elevando seu gênero a Deus. Ora, o que seria essa nova religião senão a própria antropologia? Assim, se funda a nova religião embasada em dois pilares: no ateísmo, à medida que seu Deus não é um ser metafísico, mas material; e na antropologia, tendo em vista que seu Deus é o próprio gênero humano. De acordo com essa religião, [...] como o homem pensar, assim é o seu Deus; o valor que tiver o homem, este será o valor atribuído a Deus (HARTMANN, 2012, p. 68). Tais postulados resgatam o valor que o homem perdeu ao exteriorizar suas qualidades, porque o faz perceber que ele mesmo é o centro do problema religioso. 200

9 Partindo dessa exposição, chega-se ao artifício que melhor resume a proposta desta pesquisa: o pensamento de Feuerbach é, acima de tudo, antropologia, uma vez que, como ele mesmo afirma: [...] esta minha doutrina é simplesmente: teologia é antropologia, ou seja, no objeto da religião a que chamamos théos em grego, Gott em alemão, expressa-se nada mais do que a essência do homem, ou: o deus do homem, portanto a história da religião ou, o que dá na mesma, de Deus [...] nada mais é do que a história do homem (FEUERBACH, 2009, p , grifos do autor). Portanto, mesmo quando o filósofo direciona suas pesquisas e escritos à religião e a Deus, a questão que está por trás é a afirmação do homem por meio dele mesmo e sua busca pela essência que lhe é perfeita e divina, já que o sujeito divino só pode ser humano (ALEIXO, 2009, p. 14), especialmente porque uma espécie não se limita a ela mesma, uma vez que só se reconhecem limitações entre espécies diferentes. Sob essas condições, o homem é limitado apenas quando cria uma realidade metafísica a qual atribui seus predicados, tornando-se ilimitado e divino quando é parâmetro de comportamento moral para si mesmo. O ateísmo e humanismo postulados por Feuerbach consistem nesse retornar do homem a si mesmo, passando esse a desejar, de acordo com sua própria vontade, a amar a partir de seus próprios padrões e pensar por meio da própria racionalidade, livre de condicionamentos. Ao ser para si o próprio objeto de estudos, o homem, sob a perspectiva feuerbachiana, educa sua espécie para que ela o baste, para que acredite nos próprios predicados e não recorra à realidades exteriores a ele. Hartman, sobre tal temática, escreve: 201 Feuerbach tem a intenção de desmascarar e desmistificar Deus e os deuses, apoiando o homem para que encontre em si mesmo a fonte de sua atuação e não fora ou acima de si. É pelo progresso da ciência e da educação que se alcançará tal objetivo; progresso de superação da dependência, do temor, do desamparo e da ignorância, ou seja, a partir do ateísmo, ou, melhor dizendo, do antropoteísmo (HARTMANN, 2012, p. 72). A antropologia é, pois, responsável pelo esclarecimento das coisas que estejam relacionadas ao homem e, tomando-se por pressuposto o pensamento desse filósofo, postular que, conforme Hartmann (2012, p. 74), sua antropologia é a única chave para explicar tudo. Assim, a ideia de fazer da antropologia

10 parâmetro norteador da vida humana é ainda mais veemente. E, em se tratando da religião, essa função da antropologia ganha acuidade ainda maior, tendo em vista que a antropologia torna-se religião e o homem protagonista integral de sua própria vida e ações. De acordo com essa nova realidade imposta pela religião que se pauta no antropoteísmo, a ordem do mito da criação se ajusta, tendo em vista que afirmação de Deus como criador do homem inverte a ordem adequada das coisas, ou ainda, [...] a filosofía da identidade absoluta inverteu completamente o ponto de vista da verdade (FEUERBACH, 2008, p. 72), pois, ao concreto não deve ser atribuído caráter abstrato, mas o abstrato precisa ser pensado concretamente. Não se deve pensar que Deus cria o homem, mas que o homem cria Deus. Para que o gênero humano conquiste o espaço que lhe cabe no mundo, tornando-se ser divino para si mesmo e podendo viver sem repressões advindas de regras impostas por um pseudo Deus, cabe a cada homem, em sua individualidade, reconhecer seu gênero como Deus para si, enaltecer sua essência tornando-a objeto do próprio pensamento e, consequentemente, fazendo de si também esse objeto. Para que seja possível a efetivação da antropologia proposta por Feuerbach, o homem passa por todo um processo: 202 [...] num primeiro momento, o homem seria como que tomado de vertigem face ao abismo da incomensurabilidade da sua própria essência. Num segundo momento, através de um mecanismo psicológico vagamente freudiano, o homem negaria a sua essência e projectála-ia num sujeito autónomo e independente a que viria a chamar Deus, ou seja, à negação dos predicados próprios suceder-se-ia a transferência desses predicados para uma personalidade fictícia. Este processo exigiria que o homem se empobrecesse e diminuisse, para assim enriquecer esse ser simplesmente imaginado. O homem tornar-se-ia então objecto da sua própria subjectividade alienada. Mas, no fundo, este Deus inventado não seria mais que a sublimação da própria essência: a auto-negação seria na realidade auto-afirmação (ALEIXO, 2009, p. 32). O homem, enquanto centro dos referenciais religiosos, passa por estágios de consciência adormecida, acreditando haver um ser metafísico e adorando-o por considerar tal ato de adoração necessário. Posteriormente, retorna à sua consciência e mantêm-se, ainda assim, no núcleo desses referenciais, uma vez que é o criador e não criatura. Esse é o homem do qual Feuerbach trata; por meio dele, é possível afirmar uma antropologia presente em sua filosofia, conforme

11 alegava: [...] verdadeiro, perfeito, divino é apenas o que existe em função de si mesmo (FEUERBACH, 2012, p. 36). CONCLUSÃO O problema antropológico abordado nesta pesquisa, elaborada a partir de Ludwig Feuerbach, apresenta acuidade fulgente, principalmente se forem consideradas as influências provocadas por seu pensamento, através de suas pesquisas acerca do homem, e de suas ideias inovadoras que tratam de conteúdos antropológicos. O filósofo tece uma crítica à religião, redirecionando a função antropológica para além da fé. Consoante esse pensamento, Feuerbach se afirma como um expressivo filósofo no que se refere à dissertação acerca da antropologia e da filosofia, com a proposta de que o homem deve ocupar o papel que lhe cabe e dele fazer uso pleno. Assim, por trazer uma visão diferenciada do campo antropológico em sua filosofia materialista, Feuerbach torna-se um referencial de significativa acuidade no estudo sobre o homem. Portanto, o filósofo/antropólogo traz, em sua obra, uma discussão relevante ao unir filosofia e antropologia. A proposta de Feuerbach é apontar o homem como senhor de si, a partir do reconhecimento de si como ser perfeito. Deste modo, o tema estudado desponta como relevante contribuição para a compreensão do homem em sua essência. A partir do pensamento de Feuerbach, afirma-se que o homem basta-se com as características peculiares do gênero e com elas sente-se satisfeito, pois reconhece a si como próprio parâmetro comportamental; não há necessidade de um absoluto que mascare a consciência humana e que se faça impossível de cognição por estar situado em outro plano, pois o homem pode ter consciência de si, por estar em um plano finito, mas não pode ter consciência do absoluto, pois esse fazer parte de um plano desprovido de temporalidade. Diante do exposto, conclui-se que há forte presença da antropologia nas obras feuerbachianas, tendo em vista que o homem é o objeto direto das pesquisas e centraliza todas as discussões. A religião constitui, desse modo, mais uma antropologia do que uma teologia. É sugerida por Feuerbach, inclusive, a construção de uma nova religião que se paute na antropologia, uma religião, por 203

12 assim dizer, ateia. Ateia no sentido de não haver Deus metafísico a ser adorado, pois nessa religião a essência do gênero humano é objeto do próprio homem, o que, consequentemente, o afirma como Deus. Embora a pesquisa não objetive esgotar a discussão a respeito do referido tema e que estas considerações finais não pretendam conferir caráter categórico à interpretação atribuída ao pensamento do filósofo em questão, o que se almeja afirmar, a partir do que foi desenvolvido, é que o homem que toma consciência de si e faz-se objeto para si mesmo é capaz de desempenhar todas as suas atividades pautando seu comportamento no próprio gênero. Para tanto, sua essência é seu objeto e a antropologia toma o lugar da teologia. Com esse mecanismo, o gênero humano é beneficiado, tendo em vista que não mais se sentirá limitado, pois, para seu próprio gênero, o homem é ilimitado. Além disso, ao aderir às propostas de Feuerbach, o homem readquire sua autonomia e passa a pensar, agir e viver por meio de seus próprios moldes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 204 ALEIXO, Alice. Ludwig Feuerbach: um manifesto antropológico. Covilhã: LusoSofia, (Artigos lusosofia). FEUERBACH, Ludwig. A essência do cristianismo. Tradução José da Silva Brandão. 3. ed. Petrópolis: Vozes, Preleções sobre a essência da religião. Tradução José da Silva Brandão. Petrópolis: Vozes, Princípios da filosofia do futuro. Tradução Artur Morão. Covilhã: LusoSofia, (Textos clássicos de filosofia). HARTMANN, Paulo Airton. Feuerbach e o ateísmo antropológico f. Dissertação (Mestrado em filosofia) Faculdade de Ciências Humanas, Pontifìcia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

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