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1 6 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil Ao optar pela metodologia de análise de discurso e para que esta possa ser feita de maneira criteriosa e fundamentada, desenvolverei a seguir um dispositivo teórico e um dispositivo analítico. O dispositivo teórico se baseará na própria análise do referencial teórico desta pesquisa e o dispositivo analítico será construído em cima das categorias literárias apresentadas por Italo Calvino em seu livro Seis propostas para o próximo milênio Análise de Discurso A análise de discurso objetiva a contextualização dos usos, entendendo-se o discurso, no seu âmbito geral, como o uso da linguagem. O discurso é a produção de sentidos a partir da linguagem, é o trabalho simbólico. Enquanto a linguagem pode ser entendida como a mediação necessária entre o humano e a realidade natural e social, o discurso pode ser considerado como a forma de se realizar esta mediação, de acordo com os agentes e as circunstâncias específicas de uso da linguagem. Sendo assim, a análise de discurso trabalha, diferentemente da lingüística, com a linguagem não como um sistema fechado em si, mas em relação com a exterioridade. A análise de discurso considera, portanto, os processos e condições de produção da linguagem, seus sujeitos e as situações em que são produzidos os discursos, de modo a identificar os padrões que relacionam a linguagem ao seu contexto de uso. Para tanto, a análise de discurso congrega os estudos lingüísticos com as ciências sociais, ao considerar que os sentidos são produzidos através do uso da linguagem, mas sem esquecer que isso ocorre dimensionado no tempo e no espaço

2 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 91 das práticas humanas. Assim a análise do discurso pretende ir além das análises puramente lingüísticas, que tendem negligenciar os efeitos da história no material analisado, assim como das análises sociais que tendem a denegar que a história se assenta na linguagem e é, conseqüentemente, afetada por esta. Da articulação da lingüística com as ciências sociais, tem-se que o discurso é um objeto sócio-histórico. E assim o é, porque as linguagens são produtos ideológicos e refletem a forma de pensar dos sujeitos que as produzem, do mesmo modo que as ideologias dos grupos sociais inevitavelmente se manifestam no emprego de suas linguagens. Resulta daí a noção de que as ideologias se materializam nos discursos e os discursos se materializam nas linguagens, o que leva a uma relação inextricável entre linguagem, discurso e ideologia, pois conforme Pêcheux apud Orlandi (2007, p.17) não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia. Conseqüentemente, nos discursos ficam evidentes as relações entre linguagem e ideologia, uma vez que os sentidos são produzidos através da linguagem por sujeitos que os emitem para outros sujeitos, aspecto também mencionado por Lyotard. Tendo o discurso como objeto, a análise de discurso estuda a linguagem em funcionamento para verificar como os sentidos são produzidos. Para a análise de discurso, a linguagem não é transparente e sendo assim não é possível olhar através dos textos para encontrar seus sentidos do outro lado. Muito pelo contrário, no entendimento da análise de discurso os textos são opacos por possuírem materialidade simbólica e espessura semântica. Tendo isso em vista, mais do que realizar uma busca pelos significados dos mesmos, a análise de discurso tem o propósito de elucidar como a matéria prima significa. Assim, ela gera um conhecimento a partir do próprio texto analisado ao invés de utilizá-lo como ilustração ou documento de um fato já previamente sabido. É importante ressaltar neste ponto, que a análise de discurso tem como base teórica a Lingüística, as Ciências Sociais e a Psicologia. Utiliza os fundamentos da lingüística porque o discurso se materializa através da linguagem e considera esta forma como sendo lingüístico-histórica (uma vez que linguagem e história se conjugam na produção de sentidos), e vale-se de contribuições da psicologia ao deslocar a noção de humano para a de sujeito. Em decorrência desta fundamentação teórica, para a análise de discurso a linguagem possui uma ordem própria (sua sintaxe e gramática), já que sofre larga

3 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 92 influência do sujeito e da situação no momento de sua materialização. Além disso, para a análise de discurso, a realidade retratada pela história é largamente afetada pelo simbólico, uma vez que os fatos reclamam sentidos. Sentidos estes que são criados por sujeitos a partir da linguagem empregada para seu relato. E por fim, ainda é preciso considerar que para a análise de discurso, o sujeito de linguagem também é afetado, tanto pela linguagem que emprega quanto pelos condicionantes históricos que o circundam. Assim, este sujeito discursivo funciona tanto pelo inconsciente quanto pela ideologia. Mais uma vez encontramos uma afinidade com a noção de linguagem construída em cima do sujeito presente na obra de Lyotard com os chamados jogos de linguagem. Essa relação de afetação mútua entre sujeito, linguagem e história, fica evidente na afirmação de Orlandi (2007, p.20): As palavras simples do nosso cotidiano já chegam até nós carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e que, no entanto significam em nós e para nós. Os sentidos estão inexoravelmente atrelados aos fatores internos da linguagem empregada, do consciente e inconsciente dos sujeitos que os criam e das condições sociais que afetam tais sujeitos. Pode-se dizer que a materialização dos sentidos nos discursos é um amálgama de tais fatores que se determinam mutuamente, tornando impossível dizer exatamente como os sentidos foram estabelecidos, mas sabendo que em sua composição há um tanto de cada um destes ingredientes. Da confluência da Lingüística, da História e da Psicologia surge o discurso, que é o objeto a ser analisado. Anteriormente, definiu-se o discurso de maneira geral como o uso da linguagem, o que engloba, conforme tudo o que foi discutido até aqui, a própria linguagem, os sujeitos que a utilizam, as circunstâncias e os modos de empregá-la. Para realçar as dimensões lingüísticas, históricas e psicológicas que geram os sentidos presentes nos discursos, o discurso em si pode ser mais especificamente definido como o efeito de sentidos entre locutores, conforme Orlandi (2007, p. 21). Nesta definição, fica ainda mais evidente como a questão do sentido é fundamental para o discurso e para a análise do mesmo. Ao se olhar para os sentidos, mira-se nos sujeitos, nas situações, no social, no histórico, no ideológico e na linguagem, o que, por sua vez, torna perceptível as condições materiais em que os discursos são produzidos. A análise do discurso tem como princípio metodológico o questionamento da interpretação. Não objetiva, como já foi dito, saber simplesmente o que

4 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 93 significam os discursos o verdadeiro sentido dos textos, como o faz a hermenêutica - e, sim, compreender como os artefatos simbólicos produzem sentidos e como funcionam nestes os processos interpretativos. Entendendo-se como ocorrem os processos de significação nos discursos é possível se identificar outros sentidos ali presentes e a maneira como estes se formam. Em busca deste entendimento, o que a análise de discurso propõe é um exame minucioso dos próprios gestos de interpretação, com o intuito visualizar nitidamente a relação existente entre sujeitos e sentidos. Para que esta análise se efetive, faz-se uso do dispositivo de interpretação. O dispositivo de interpretação pode ser entendido como o método do qual o analista do discurso lançará mão para entender a produção de sentidos nos materiais examinados. Para efeito de melhor explicitação do método da análise de discurso pode-se dividir o dispositivo em dois: o dispositivo teórico e o dispositivo analítico. O dispositivo teórico consiste de todas as formulações teóricas que amparam a análise do discurso. Daí surgem contribuições como o presente trabalho que é um exame do discurso de produtos editoriais impressos, no qual lança-se mão das teorias de literatura, artes e design. É por intermédio do dispositivo teórico que se efetiva a mediação entre descrição e interpretação no exame dos materiais colhidos. O dispositivo analítico é o dispositivo teórico recortado e adaptado para o uso do analista no exame do material a ser investigado. Ele é conformado pela questão proposta pelo analista, pela natureza do material a ser examinado e pela finalidade da análise. É a questão de pesquisa que determina a construção do dispositivo analítico através da mobilização de conceitos e da escolha de procedimentos que irão contribuir para sua resolução. A análise será efetivada a partir dos conceitos e procedimentos selecionados e em função destes será obtida uma compreensão dos processos discursivos e sentidos presentes nos objetos simbólicos analisados. Assim, é o dispositivo analítico o que garante o rigor da aplicação do método e o que determina o alcance das conclusões derivadas da análise. O que vale ressaltar aqui é que o dispositivo teórico encampa o dispositivo analítico. Assim, a partir de um mesmo dispositivo teórico é possível se estabelecer diversos dispositivos analíticos e cada um levará a conclusões

5 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 94 diferentes. Tal fato não implica em dizer que uma conclusão é melhor que a outra, mas sim que diferentes aproximações do problema alcançam pontos mais superficiais ou profundos do material analisado trazendo informações que podem ser cruzadas, comparadas ou somadas de modo a se gerar um conhecimento mais amplo do objeto simbólico investigado, ainda que produzido por uma linguagem visual Desenvolvendo uma metodologia de análise Tendo a análise de discurso como linha metodológica, o que o presente estudo pretende examinar são os sentidos produzidos a partir da linguagem visual nos livros didático infantis do IBGE. O que se propõe é o estabelecimento de um dispositivo analítico calcado nas categorias de Italo Calvino (leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência) de modo a identificar confluências entre o discurso produzido por um sistema de símbolos estritamente lingüísticos e o discurso produzido por um sistema que congrega símbolos lingüísticos com imagens. O que se quer saber é como as categorias de Calvino, advindas de teorias literárias, entram em diálogo com os discursos que se materializam em textos e figuras e que sentidos elas gerariam num sistema alternativo de símbolos. Será que nessa linguagem híbrida as técnicas literárias propostas por Calvino produzem reflexões produtivas para tornar o discurso mais leve, rápido, exato, visível, múltiplo e consistente? Afora esta questão central, uma análise do discurso materializado nos livros didáticos infantis do IBGE, torna possível identificar como são produzidos os sentidos quando se emprega uma linguagem híbrida de textos e imagens. Assim, pode-se verificar qual é sentido mais evidente neste discurso e quais são os sentidos subliminares, aqueles que ficam ocultos ou subentendidos. A partir de um objeto empírico, o livro didático infantil do IBGE, o que se irá buscar mostrar é como os sentidos não estão somente nas palavras e nas imagens impressas em suas páginas, mas na relação destes vestígios materiais com a exterioridade que os cercam, nas condições em que estes são produzidos e que não dependem somente das intenções dos sujeitos envolvidos.

6 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 95 O que o estudo tentará explicitar é como os sentidos não tem só a ver com o que as palavras dizem e com o que as ilustrações mostram nas páginas dos livros analisados, mas também com o que é dito e o que é mostrado em outros lugares. Da mesma forma, eles remetem ao que não é dito e ao que não é mostrado ali, assim como se relacionam com o que poderia ter sido dito e com a forma como poderia ter sido mostrado. Neste ponto, será crucial o amparo das teorias da arte e do design. Por que foi utilizado este tipo de ilustração? Por que a tipografia empregada foi esta e não aquela? O que indica a opção por este estilo de desenho? Cada opção implica numa determinação de sentido. Uma vez identificado o sentido, pretende-se mostrar como o discurso isolado pela análise é apenas uma instância de um discurso maior. Assim, o estudo propõe-se a mostrar como o discurso do livro didático infantil tem a ver com a ideologia veiculada pela Cultura Pós-Moderna, sendo apenas parte do discurso vigente dessa sociedade. Assim, o produto da análise será confrontado com o que se viu anteriormente quando se discutiu a Cultura Pós-Moderna. No momento, objetivando-se passar ao processo de análise propriamente dito, será feita uma apresentação das categorias encontradas ao longo dessa dissertação até chegar às categorias de Italo Calvino que funcionarão como os conceitos que nortearão a construção do dispositivo analítico aqui proposto. A primeira etapa para desenvolver uma metodologia de análise do discurso híbrido dos livros infantis do IBGE, que mistura conteúdo, imagem, texto e suporte, foi reler os dois campos de percepção de conhecimento descritos nessa dissertação e destacar noções que eu considerei como categorias importantes para esse processo. O primeiro referencial foi o dos autores que contemplaram na noção da Cultura Pós-Moderna o caráter híbrido da produção de conhecimento (Jean- François Lyotard e David Harvey) e perspectivaram diálogos entre áreas como o desenvolvimento do indivíduo (Vygotsky) e a sintaxe da linguagem visual (Donis A. Dondis). O segundo campo foi a análise de uma amostra da obra de Italo Calvino, que como já foi dito anteriormente, é quase uma metalinguagem de sua reflexão e de sua preocupação afim com a Cultura Pós-Moderna, escolhendo dois livros de teoria Seis Propostas para o próximo Milênio e Por que ler os clássicos e dois livros de ficção As Cosmicômicas e As Cidades Invisíveis. A grande

7 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 96 contribuição da base teórica que se pode derivar da obra de Italo Calvino é o de capacitar o desenvolvimento de leituras estimulantes, mesmo para um conteúdo que é inicialmente complexo e/ou imposto. Tal fato vai ao encontro dos intuitos da minha pesquisa, cujo objetivo é, justamente, verificar a aplicação desta base teórica na concepção de livros que visam a comunicação de dados estatísticos e informações geográficas para o público infantil. Essas releituras da minha dissertação geraram uma primeira lista (Anexo ) aonde foram listadas diversas categorias. A segunda etapa foi mesclar as categorias encontradas ao longo da minha dissertação com as categorias de Calvino (Anexo ). Em seguida organizei nova lista fazendo três associações por paralelismo (Anexo ): 1ª como classificação escolha de um tipo de classificação gramatical para as categorias listadas. Fiz uso do substantivo já que este foi a classe gramatical escolhida por Calvino e por Donnis para suas categorias. ex: atraente - atração, dinâmico dinamismo 2ª como semelhança associação pelo sentido da palavra. Nessa etapa procurei os sinônimos no dicionário Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa on line ( como mais um apoio para fazer as associações por semelhança. ex: rapidez / minimização / instantaneidade 3ª por relações palavras cujos conceitos estão próximos uns dos outros ex: comunicação tem a ver com recepção e percepção. Isso fez com que eu chegasse às palavras-chave que serão de total importância para a continuação dessa pesquisa. O meu terceiro esforço foi fazer uma associação por autores, isto é, quais palavras eram citadas por qual autor (Anexo ). Sendo que algumas palavras como, por exemplo, adaptação, foram citadas por mais de um autor (Zilberman, Aguiar e Calvino). E o meu quarto esforço foi balizar os agrupamentos pela compreensão que tive de seus sentidos teóricos (Anexo ). Tudo isso para ajudar a agrupar, organizar e reduzir a quantidade de conceitos até chegar num grupo menor. Lembrando que a minha preocupação foi

8 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 97 sempre relacionar as categorias encontradas no texto dessa dissertação com as categorias do Calvino, que me ajudarão a justificar o porquê das minhas escolhas. Assim, eu faço uso do meu próprio referencial teórico para desenvolver uma metodologia de análise de discurso As categorias O que o se pretende fazer no presente tópico é, justamente, estabelecer uma síntese do pensamento de Calvino (2006) com os de outros teóricos investigados, assim como das categorias por mim levantadas, de modo a definir um conceito de leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência que se aplique à análise do material gráfico que é objeto de estudo desta pesquisa. Assim, o que se propõe é a aplicação do conceito dessas categorias para além do material literário, utilizando-o para a análise do discurso visual gráfico, presente nos livros didáticos infanto-juvenis do IBGE Leveza Calvino (2006) apresenta a leveza como uma das seis qualidades a serem buscadas na composição literária. Por leveza o autor entende a subtração do peso inerente aos mais diversos objetos representados - sejam estes pessoas, coisas ou conceitos - e que, inexoravelmente, tende a se ater às estruturas narrativas e à própria linguagem empregadas para descrever tais objetos ou informar sobre estes. Para que os textos se despojem do peso dos objetos, Calvino (2006) propõe alguns caminhos, tais como a visão indireta, a dissolução da compacidade das coisas e a mudança do ponto de observação. Tendo isso em vista, parte-se do princípio de que o conceito de leveza é uma das qualidades que se busca na composição de mensagens a partir de uma linguagem visual gráfica. Conforme identifica Calvino (2006), o mundo real é pesado, inerte e opaco. Cabe àqueles incumbidos de representá-lo, seja através de

9 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 98 palavras ou de imagens, a tentativa de amenização do seu peso e de sua compacidade. Isso não porque o peso seja um defeito em si, mas sim porque a leveza pode revelar aspectos que estejam implícitos e que muitas vezes não podem ser percebidos diante da concretude implacável das coisas. De acordo com Calvino (2006, p. 21), o conhecimento do mundo é a dissolução de sua compacidade. Deste modo, assuntos muito densos, que costumam descrever objetos e acontecimentos de maneira exaustiva e que ainda por cima requerem um amplo domínio de códigos para sua interpretação como é o caso das teorias científicas, por exemplo podem ser abordados de maneira alternativa de modo a tornar menos cansativo a apreensão do conteúdo comunicado. Tal fato não implica na supressão da complexidade inerente a um determinado tema, mas uma suavização na forma de transmiti-lo, de modo a garantir que o receptor possa apreendê-lo quase que completamente e, ainda, se dê conta de aspectos que de outra forma não estariam tão perceptíveis. Uma das formas apontadas por Calvino (2006) para se retirar o peso das composições literárias é a visão indireta. Para o autor, se o compositor se atém a descrever o que percebe na observação direta dos objetos que irá representar, inevitavelmente trará para seu texto todo o peso que estes possuem no mundo real. Mas, se por outro lado, este lançar mão de um olhar indireto, poderá apresentar o tema sob uma ótica mais leve que não será, necessariamente, mais rasa. É o que o autor faz, por exemplo, em seu livro As Cosmicômicas, no qual se vale do lirismo, do humor e da narrativa para descrever de forma mais leve algumas teorias científicas que comumente são representadas por proposições, equações e outras formas, muitas vezes excessivamente abstratas. Neste sentido, a parcimônia na apresentação de um tema e a adoção de um novo ponto de vista para descrevê-lo, também colaboram para torná-lo mais leve. De acordo com isso, um grande volume de informação não deve ser apresentado todo de uma vez. Este deve ser transmitido aos poucos, de forma parcimoniosa, para não exaurir as capacidades cognitivas do leitor e para que possa ser, deste modo, apreendido de maneira prazerosa. Da mesma forma, descrever um objeto sob uma ótica diferente, através de uma lógica mais familiar ao receptor, também atua em favor de uma comunicação mais leve do conteúdo. É o que Calvino (2006) faz quando descreve a leveza ilustrando-a através do mito de Perseu e da

10 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 99 imagem do poeta Cavalcanti libertando-se com um salto, levíssimo que era (Calvino 2006, p. 24). Ou seja, se valendo de metáforas. Outra forma indicada por Calvino (2006) para se obter a leveza, é a percepção de que as coisas pesadas do mundo são compostas e comandadas por entidades sutilíssimas. É o caso do DNA que conforma os seres vivos, das moléculas que compõe todas as substâncias e dos softwares que comandam os hardwares. Com isso, o autor chama atenção para o fato de que a realidade concreta pode ser pulverizada em partes menores e leves, que sempre se pode falar de um todo maciço a partir de seus componentes etéreos e de suas qualidades intrínsecas. Neste ponto, Calvino (2006) indica que todos os corpos se compõem basicamente das mesmas coisas, e que o que os diferencia acima de tudo é o efeito das emoções sobre a matéria. Daí infere-se a vasta relevância da carga emotiva para tornar mais leve as representações. É importante ressaltar que, conforme aponta Calvino (2006), a busca pela leveza parte primordialmente da constatação e total consciência da complexidade e do peso das coisas a serem representadas. Estatísticas e cartografia, por exemplo, podem ser assuntos bastante áridos na medida em que requerem certo nível de familiaridade com seus códigos específicos e por apresentarem na maior parte das vezes um conjunto exaustivo de dados. Apenas poderá tornar estes conteúdos mais leves - sem que se faça uma redução inconvenientemente simplista - aquele que estiver ciente da complexidade e do peso destes assuntos. Neste sentido, Calvino (2006) indica que especial atenção tem que ser dedicar ao caráter plástico da linguagem. Através do uso da linguagem se pode gerar peso ou leveza. Existem diversos recursos e jogos simbólicos dos quais um compositor pode lançar mão para tornar os objetos representados ora levíssimos e ora atribuir-lhes a devida espessura e concreção. Estes recursos são as modalidades literárias, o lirismo, a narração, o drama, a crônica, o ensaio e a dissertação, entre tantos outros. Estas modalidades não se excluem mutuamente e podem, inclusive, serem mescladas para se produzir efeitos distintos e conferir aos assuntos representados os mais diversos pesos. No entanto, seja qual for o modo como a linguagem será moldada, é preciso se ter controle entre o quanto de realidade (peso) e o quanto de fantasia (leveza) deve ser posta numa representação. Representações fantasiosas tendem a ser mais leves, mas não podem escapar demais à realidade sob o risco de se tornarem

11 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 100 frívolas e delirantes. Conforme Calvino (2006, p. 19), as imagens de leveza (...) não devem, em contato com a realidade presente e futura, dissolver-se como sonhos.... Leveza não é superficialidade, e a frivolidade é pesada, de acordo com o autor. Calvino (2006, p. 28) atenta que a leveza está associada à precisão e à determinação, nunca ao que é vago ou aleatório. Sendo assim, o autor se posiciona a favor da leveza do pássaro em oposição a da pluma, em concordância com Paul Valéry. Logo, de maneira geral, a postura que Calvino (2006) sugere aos compositores para que impregnem seus textos de leveza é a de um constante deslocamento entre sensibilidade e intelecto. Os astros são pesados, mas flutuam no espaço, mediante o contrabalanceamento de suas massas corpóreas. Analogamente, um escritor, um designer gráfico ou um artista plástico pode falar de ciências, de estatísticas, de cartografia, de vida e de morte - assim como de quaisquer outros assuntos - equilibrando o peso destes assuntos com o lirismo e humor. Ciência e poesia não são necessariamente excludentes. Tendo em vista os argumentos previamente apresentados, pode-se especular que talvez o grande mérito da leveza seja o impacto de estupefação que esta provoca nos leitores. Este impacto se dá justamente porque é comum a todos a experiência do peso que as coisas têm. Quando numa representação literária, cênica ou visual os objetos representados aparecem destituídos do seu peso habitual, o efeito é, corriqueiramente, o de deslumbramento. Isso porque quando se suprime o peso das coisas, seus efeitos e seus significados mais tênues ficam surpreendentemente evidentes, já que a leveza produzida pela linguagem contrasta sobremaneira com a compacidade habitual mediante a experiência sensível que se tem dos objetos. Com o que foi discutido até aqui, buscou-se estimar de maneira sintética o que é a leveza para Calvino (2006), de forma a ampliar o uso de tal conceito para além dos fins literários. Agora é preciso confrontar o conceito de leveza retirado da obra de Calvino (2006) com outras idéias advindas dos demais autores cujas contribuições intelectuais compõem o referencial teórico desta pesquisa (Lyotard, Harvey, Vygotsky, Dondis; Zilberman, Coelho, Yunes, Cairo). Isso posto, estabeleceu-se para fins exclusivos de construção do dispositivo analítico da presente pesquisa que o conceito de leveza encampa uma série de subcategorias mencionadas ao longo das obras dos autores supracitados. Estas

12 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 101 subcategorias são: prazer (harmonia, satisfação), diversão (humor, ludismo), atração (interesse, estímulo), unidade (uniformidade, simetria, regularidade, estabilidade, seqüencialidade) e lirismo (poesia). Justifica-se tal agrupamento pelo entendimento obtido mediante os argumentos expostos por Calvino (2006) de que a leveza está vinculada ao prazer da leitura, ao divertimento usufruído no ato de ler, ao impulso (estímulo) que leva uma pessoa a ler um determinado conteúdo, à unidade na distribuição dos elementos e ao lirismo para descrever de forma mais leve conteúdos complexos. Sendo assim, o material objeto de estudo a ser analisado subseqüentemente nesta pesquisa será considerado leve mediante o quão bem sucedido ele foi em tornar assuntos potencialmente pesados, cansativos e pouco convidativos em algo agradável de se ler, prazeroso, divertido e atrativo. Isso tudo, no entanto, sem tornar tais assuntos superficiais ou mesmo frívolos, visto que a frivolidade é inevitavelmente pesada Rapidez A segunda qualidade que Calvino (2006) sugere às composições literárias do novo milênio é a da rapidez. O conceito de rapidez defendido pelo autor pode ser resumido como a agilidade de expressão conferida pela sucessão encadeada dos acontecimentos e pelo emprego estrito dos elementos necessários para o entendimento dos fatos narrados ou dos objetos descritos. Segundo Calvino (2006), eventos cuja interligação é prontamente perceptível, e que são apresentados apenas pelos elementos minimamente necessários atribuem aos textos vivacidade e energia, em decorrência da sensação de movimento ininterrupto, que provocam. Como já foi colocado anteriormente, o que se pretende aqui é um entendimento dos conceitos propostos por Calvino (2006) de forma que estes possam ser extrapolados para os discursos visuais gráficos. Logo, no presente momento o que se almeja é o estabelecimento do conceito de rapidez que servirá para o exame do objeto de estudo desta pesquisa. Isso posto, inicia-se a seguir,

13 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 102 uma discussão dos caminhos sugeridos pelo autor para se conferir rapidez às construções literárias. O primeiro deles é a inserção de um elemento que exercerá uma função narrativa de elo entre personagens e/ou entre eventos. É o caso, apontado por Calvino (2006, p. 45), do anel inserido na narração - feita pelo escritor francês Barbey d Aurevilly da lenda do imperador Carlos Magno. Este elemento - o anel - funciona como o liame entre os fatos, objetos e pessoas apresentados na lenda e opera assim a importante função de tornar nítidos os encadeamentos, a continuidade da história e as relações de causa e efeito presentes na narrativa. Pode-se deduzir pelas colocações de Calvino (2006) que a percepção clara da rede de correlações entre os elementos atuantes na narrativa, da sucessão de eventos e da lógica que os rege são fatores que colaboram para conferir rapidez aos textos. Um segundo caminho apontado por Calvino (2006) é o da economia da narrativa. Segundo o autor, um escritor é bem sucedido, tanto em prosa quanto em verso, quando encontra as poucas palavras que são as exatas para a expressão de seu pensamento. Segundo o autor, quando um compositor encontra as palavras insubstituíveis que concatenam de forma eficaz suas qualidades acústicas e seus significados, este está capacitado a construir textos e sentenças que são densos, concisos e, acima de tudo, únicos e memoráveis. Logo, uma das formas indicadas por Calvino (2006) para se alcançar a rapidez é justamente a redução dos textos aos mínimos elementos necessários, devendo o escritor optar por aqueles que transportem o conteúdo em maior densidade. Assim, os textos serão rápidos, de leitura breve, mas mesmo assim ricos no que concerne ao conteúdo comunicado. Uma terceira forma recomendada por Calvino (2006) de conceder rapidez aos textos é o emprego de um ritmo ágil e vivaz. Sendo assim, a para se obter rapidez, é preciso um hábil manuseio do ritmo da composição literária. O ritmo, na poesia e na canção, é dado pelas rimas, pela repetição de sons, pela métrica do fraseado. No texto em prosa, o ritmo é estabelecido pelos acontecimentos que rimam entre si Calvino (2006, p. 49), ou seja, pelas situações que se repetem. Conforme o autor, estas repetições criam expectativas no leitor, que mantêm aceso o interesse deste pela narrativa. Para se obter uma composição rápida, o escritor deve dispor as rimas (seja de sons, seja de eventos) ao longo do texto com maior freqüência, renovando o interesse do espectador antes que este se arrefeça.

14 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 103 Os caminhos para obtenção da rapidez acima descritos são formas discernidas por Calvino (2006) para se manipular o tempo narrativo a favor de um texto mais dinâmico e vigoroso. Pelo que foi discutido até o momento, pode-se dizer, de maneira resumida, que uma composição onde há predomínio da rapidez é aquela que manifesta claramente a sucessão encadeada dos eventos, que emprega apenas os elementos detentores de uma função necessária dentro do enredo e cujo andamento da narrativa é ágil além de bem demarcado. É possível se concluir a partir disso que a finalidade da rapidez apontada por Calvino (2006) é a de gerar um estilo narrativo que apresente num ritmo agradável uma sucessão contínua e abundante de idéias. Calvino (2006) deixa claro em sua obra a opção que faz pela rapidez como um dos motes a serem seguidos pelos escritores, no novo milênio. No entanto, ele ressalta que a rapidez não anula o valor dos outros tempos narrativos, como o tempo retardado, o tempo cíclico e o tempo imóvel. Cabe aos escritores a escolha da forma de manipular o tempo em seus escritos para que este trabalhe em função da história a ser narrada. De acordo com as necessidades específicas de uma narrativa o tempo pode ser contraído para tornar o texto mais veloz com os caminhos anteriormente propostos ou pode ser dilatado através do uso mais abundante de iterações ou, então de digressões ou divagações, que são estratégias para multiplicar o tempo no interior de uma obra e deste modo protelar a conclusão. Outra forma de prolongar o tempo narrativo, apontada por Calvino (2006) é a inserção de novas narrativas dentro da narrativa principal. Sendo assim, a rapidez ou o seu oposto a lentidão, assim como o tempo imutável são opções estilísticas do escritor para manipular o tempo narrativo e deste modo tentar capturar a velocidade física e transcrevê-la em forma de velocidade mental. É nesse sentido que o autor se apropria da imagem da narrativa como um cavalo, ou seja, como um meio de transporte que alterna momentos entre o descanso, o trote e o galope. A escrita não permite que se vivencie fisicamente a velocidade de um carro, trem ou cavalo, mas permite que idéias trotem ou galopem na mente do leitor. É por isso que o autor ressalta, sobretudo, a necessidade de se manter o ritmo, seja ele lento ou veloz, pois nas histórias em que o narrador viola o bom andamento da ação, este provoca um efeito desagradável sobre o leitor que comumente se desinteressa pela leitura ou se cansa desta, quando isto acontece.

15 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 104 De qualquer modo, Calvino (2006) se posiciona mais a favor da rapidez do que da divagação. Não por considerar a expressão rápida de idéias superior a uma expressão ponderada destas, mas por acreditar que as construções que atendem à velocidade mental de concatenação de conceitos comunicam algo de especial, além de serem naturalmente prazerosas aos leitores que apreciam ser estimulados por uma sucessão abundante de imagens e sensações mentais. O autor manifesta sua predileção pelo discurso veloz, posto que este é imaginativo, mais inclinado a concluir do que a demonstrar e a levar cada idéia às últimas conseqüências Calvino (2006, p. 57). Ele sugere que a velocidade seja uma forma de se ir mais adiante, rumo ao infinito. Por fim, Calvino (2006) coloca que os efeitos da velocidade são melhores obtidos em modalidades literárias mais curtas como o conto, por exemplo. Para o autor Calvino (2006, p. 63) o ideal de rapidez é a obtenção de uma concisão tal que permita que o conteúdo de uma cosmologia, saga ou epopéia caiba nas dimensões de um epigrama. Não é à toa que o autor deixa evidente seu apreço pelas histórias de uma frase só, aquelas contadas em apenas uma linha. Com isso, Calvino (2006) deixa claro que para ele rapidez é o uso preciso e sóbrio da linguagem que não cria obstáculos ao pensamento e ao mesmo tempo é inventivo no estabelecimento de ritmos vivazes que tornam o ato de ler extremamente agradável. É algo que só pode ser obtido quando se mira a agilidade de Hermes- Mercúrio e a habilidade minuciosa de Hefesto-Vulcano, conforme imagem evocada pelo autor. Confrontando a concepção de rapidez tecida por Calvino (2006) com alguns conceitos afins presentes na obra dos outros autores investigados, verifica-se que a rapidez tem a ver com o dinamismo (agilidade, velocidade, transitoriedade, instantaneidade), com a compactação (economia, condensação) e com a contemporaneidade (atualidade, renovação). Assim, determinou-se que dentro do critério de rapidez erigido para fins desta pesquisa, as subcategorias são dinamismo, compactação e contemporaneidade. Com isso o objeto de estudo será analisado tendo em vista: 1) o quão dinâmico ele é na apresentação do conteúdo: se ele tem um ritmo bem demarcado, ágil e que deixa evidente as correlações entre os elementos representados além, é claro, de tornar a leitura agradável;

16 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 105 2) o quão compacto ou econômico ele é no transporte do conteúdo: ou seja, se todos os elementos empregados têm uma função dentro do enredo, e se ele permite uma concatenação abundante de idéias com o mínimo de objetos representados, o que indica concisão e um uso preciso da linguagem visual gráfica e 3) se ele espelha a predileção contemporânea pela velocidade, que se tornou uma experiência e uma necessidade fundamental para a vida humana dentro do contexto da atualidade Exatidão A terceira qualidade eleita por Calvino (2006) para ser utilizada nas composições literárias do novo milênio é a exatidão. Nas próprias palavras do autor (Calvino, p ), a exatidão é: 1) um projeto de obra bem definido e calculado ; 2) a evocação de imagens visuais nítidas, incisivas, memoráveis e 3) uma linguagem que seja a mais precisa como léxico e em sua capacidade de traduzir as nuanças do pensamento. Este conceito de exatidão proposto pelo autor é discutido e ampliado neste tópico tendo em vista sua aplicação posterior na análise do objeto de estudo desta pesquisa. Primeiramente é preciso se levar em conta que a defesa que Italo Calvino (2006) faz da exatidão é acima de tudo um posicionamento contra a perda de força cognoscitiva que o autor identifica na expressão literária contemporânea. Para Calvino (2006), o uso automático da palavra nos dias de hoje como o emprego corriqueiro de fórmulas genéricas e pré-definidas de composição leva a um embotamento geral da linguagem. Este embotamento se caracteriza pela perda de forma, pelas composições confusas, fortuitas e sem nitidez. O resultado é o fracasso das obras em se impor à atenção, em deixar traços na memória, já que se tornaram informes, redundantes e empobrecidas de significados.

17 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 106 Tendo isso em vista, pode-se inferir que a exatidão para Calvino (2006) é - acima de tudo - o uso cuidadoso da linguagem, ou seja, um meio de se resguardar a faculdade, que na opinião do autor, é a mais característica da humanidade: o uso da palavra. Logo, a proposta de exatidão colocada pelo autor é uma estratégia baseada no planejamento e no esmero para se combater a inconsistência crônica que o autor identifica no mundo contemporâneo e que, segundo o próprio, tende a impregnar não somente os textos como também as imagens materiais. Em termos práticos, a exatidão para Calvino (2006) é uma busca por aguçamento e nitidez no uso da linguagem. Tal fato vai de encontro à predileção manifesta do autor pelas formas geométricas, pela simetria, pelas proporções numéricas, pelos objetos perfeitamente mensuráveis e pela idéia de limite. Assim, do mesmo modo que quatro segmentos de reta conformam um quadrado perfeitamente nítido e discernível, Calvino (2006) propõe uma busca exaustiva e esmerada pelas palavras que darão a forma mais aguçada às idéias que se quer exprimir. Para tanto, o primeiro passo proposto por Calvino (2006) é a delimitação apurada do assunto sobre o qual se quer falar. Um tema pode ser explorado de inúmeras maneiras e pode, igualmente, levar a uma série de rodeios. Por esta razão é preciso que se defina com precisão onde começa e termina uma discussão e dar limites claros ao tema, para que não se construa um texto disperso ou informe, que se torne embotado pelo infinitamente vasto. E embora a minúcia e o detalhe sejam fatores que colaborem para a exatidão - uma vez que combatem o que é vago não se pode exagerar no nível de detalhamento, pois isto pode levar a outro tipo de embotamento: o do infinitamente mínimo. Outro caminho proposto por Calvino (2006) para se dar forma exata às idéias é a perseguição incansável pelas palavras que se adéquam minuciosamente aos seus equivalentes não-verbais, ou seja, aos objetos reais ou às entidades abstratas, dos quais são representantes. Este é, conforme alerta o autor, um trabalho exaustivo, mas que se encaixa a perfeição no ato de escrever. Isto porque a escrita se notabiliza por conferir ao escritor a faculdade de poder sempre emendar um texto em busca das construções verbais que melhor comunicam suas idéias. Com isso, tem-se que a exatidão é como uma batalha do compositor com a linguagem para alcançar a forma que confira a expressão mais rica, sutil e precisa para os seus pensamentos, sua poesia ou sua narrativa.

18 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 107 Esta batalha é muitas vezes inglória já que a exatidão nunca pode ser completamente satisfeita em termos absolutos. Tal fato se deve às lacunas inerentes a todas as linguagens que invariavelmente comunicam sempre algo a menos sobre os fenômenos experimentáveis. De qualquer modo, quando um escritor consegue obter as palavras que expressam com a maior aproximação possível o aspecto sensível das coisas, sua composição se torna incisiva, suas idéias ficam nítidas e ricas em imagens, compondo uma obra cujo conjunto é quase sempre memorável. Não é à toa que para Calvino (2006, p ): o justo emprego da linguagem é (...) aquele que permite o aproximar-se das coisas (presentes ou ausentes) com discrição, atenção e cautela, respeitando o que as coisas (presentes ou ausentes) comunicam sem o recurso das palavras. Sendo assim, a exatidão para o autor corresponde ao uso cirúrgico da linguagem, onde cada palavra de um texto é escolhida com zelo extremado para que os significados destas informem com o máximo de precisão e vençam da maneira mais satisfatória possível a defasagem existente entre as palavras e os objetos que estas substituem. A busca pela exatidão é muitas vezes um empreendimento que requer grande esforço para se estabelecer relações precisas entre a linguagem e o mundo, uma perseguição nem sempre gratificante pelo termo mínimo, indivisível, que represente de maneira completa e eloqüente uma entidade real. Nas palavras de Calvino (2006, p. 88), um esforço de adequação minuciosa do escrito com o não-escrito. Outro aspecto destacado por ele acerca da exatidão é o da minúcia com que se pode contar uma história. Neste ponto o autor cita do caso de Leonardo Da Vinci que na ânsia de expressar seus pensamentos da forma mais meticulosa que estava ao seu alcance, muitas vezes se valeu de um discurso que conjugava palavras com desenhos. Uma extrapolação que se pode fazer deste fato histórico - e que vai ao encontro dos assuntos abordados por esta pesquisa - é a de que muitas vezes a expressão mais exata e eloqüente de um conteúdo pode ser alcançada por intermédio da congregação de linguagens diferentes, mas não excludentes, como a verbal e a gráfica, por exemplo. Fora isso, vale ressaltar ainda que, da mesma forma que nas outras qualidades anteriormente discutidas a leveza e a rapidez, Calvino (2006) não desconsidera o valor oposto à exatidão: a indeterminação. Neste sentido o autor cita o caso do poeta Giacomo Leopardi para quem a linguagem era tanto mais

19 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 108 poética quando mais vaga e imprecisa (ibidem, p. 73). No entanto, Calvino (2006) verifica que no caso específico de Leopardi a força poética advinda da indeterminação era obtida através de imagens minuciosamente detalhadas, o que, ao invés de contradizer, acabou por sustentar ainda mais sua argumentação a favor da exatidão. Confrontando-se o conceito de exatidão construído por Italo Calvino com algumas categorias levantadas por outro dos teóricos cujas obras compõem o referencial teórico desta pesquisa, verificou-se que este encampava as idéias de clareza (precisão, planura, objetividade), adequação (apropriação, adaptação, praticidade), lógica (racionalidade), organização (documentação, articulação) e autenticidade (legitimação, veracidade, comprovação). De fato, o autor deixa claro em seu texto que a exatidão tem a ver com o planejamento e a estruturação da obra literária, além da escolha minuciosa de cada palavra que irá compô-la. Isso posto, no que concerne à exatidão o objeto de estudo desta pesquisa será avaliado primeiramente em termos de sua estrutura, ou seja, da forma como foi planejada a distribuição do conteúdo ao longo da obra analisada, se este planejamento colaborou para a inteligibilidade das informações veiculadas ou se, pelo contrário, embotou-as. Posteriormente será feito um exame minucioso dos termos escolhidos para a composição do discurso visual, para verificar se estes são adequados, se não induzem à dubiedade, e o quanto se aproximam da expressão mais completa e eloqüente dos objetos que estão representando Visibilidade A quarta qualidade que Calvino (2006) gostaria que fosse considerada nos escritos do novo milênio é a visibilidade. Para o autor a visibilidade é o potencial de gerar imagens que um texto possui, de forma a tornar as situações narradas ou mesmo as idéias visíveis na mente do leitor. Sendo assim, de acordo com o pensamento de Calvino (2006), o princípio de visibilidade tem a ver diretamente com o que se designa por imaginação: a faculdade de conceber e criar imagens, de fantasiar.

20 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 109 Neste sentido, a grande vantagem da visibilidade reside no fato de capacitar o receptor da mensagem a testemunhar os fatos e as coisas narradas como se estas se manifestassem diante de seus olhos. Isso porque se um texto catalisa a formação de imagens mentais no leitor, a experiência da leitura se aproxima ainda mais da experiência sensível, o que, conseqüentemente, torna a narrativa mais impactante e memorável. Logo, o posicionamento de Calvino (2006) é a favor dos escritos ricos em imagens que despertem no leitor visões interiores ou visualizações mentais. A principal razão para Calvino (2006) defender a visibilidade é o receio do autor de que a humanidade perca uma de suas faculdades fundamentais: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma página branca, de pensar por imagens (Calvino 2006, p. 108). Tal temor se origina do bombardeamento de imagens pré-fabricadas veiculadas pela televisão, cinema, internet, imprensa etc. - ao qual estão sujeitas as pessoas ultimamente, o que lhes dificulta a distinção entre as visões interiores (mentais) das exteriores (materiais). Com tantas imagens disponíveis, as pessoas vão perdendo, segundo o autor, a aptidão para vislumbrar por intermédio de suas próprias imagens, as ações sugeridas na expressão verbal. Indo adiante neste raciocínio, percebe-se que objetivo maior de Calvino (2006) com a visibilidade é o de preservar a capacidade do leitor de imaginar, cabendo ao escritor proporcionar através da estruturação do texto e da escolha das palavras - a passagem do verbal ao visual. Mesmo que o escritor tenha a intenção de gerar um determinado entendimento, ele deve procurar não restringir o campo disponível para que o leitor aplique sua fantasia particular e apreenda os significados de um enunciado a partir de suas próprias imagens individuais. É possível se deduzir através do pensamento de Calvino (2006) que quando se concede ao receptor a liberdade de imaginar, conseqüentemente se lhe disponibiliza o acesso ao conhecimento dos significados profundos de uma expressão literária. Esta constatação pode ser explicada através dos dois processos imaginativos que o autor (Calvino 2006, p. 99) distingue: o que parte da palavra para chegar à imagem visiva e o que parte da imagem visiva para chegar à expressão verbal. Na leitura o que normalmente ocorre é a decodificação das palavras em imagens

21 Seis propostas para a análise dos recursos de design no livro didático infantil 110 mentais próprias do repertório do leitor. No entanto, se a expressão verbal se originou de uma imagem que o escritor transcreveu em palavras, tem-se que o processo se inicia com uma imagem e termina em outra imagem. Sendo assim, pode-se concluir que os significados profundos de uma imagem são mais bem desvelados por outras imagens. Não é à toa que Calvino ao tentar identificar o que vem primeiro a imagem visual ou a expressão verbal percebe a prioridade da imagem sobre a palavra. Ou seja, para o autor os escritores usualmente partem de uma imagem visual e a partir desta constroem suas composições literárias. Ele mesmo relata que seu processo de escrita se baseia normalmente neste procedimento e dá o exemplo de um conto seu que se originou da imagem de um homem cortado em duas metades que continuam a viver independentemente (Calvino 2006, p. 104). Tendo isso em vista, o processo imaginativo que parte da imagem e chega à expressão verbal pode ser resumido da seguinte maneira: o escritor imagina uma cena e se põe a traduzi-la em palavras. Durante o trabalho de elaboração do texto, o escritor estipula um sentido peculiar que geralmente mescla as próprias potencialidades de significado da imagem à sua intenção autoral, que é, por sua vez, o encaminhamento que o escritor quer dar à narrativa. Conforme Calvino (2006), neste momento de tradução da imagem em palavras de busca de um equivalente verbal da imagem visual, a verbalização passa a ser prioritária e o que conta mais é a impostação estilística, de forma que a escrita irá guiar a narrativa na direção em que a expressão verbal flui com mais felicidade, não restando à imaginação visual senão seguir atrás (Calvino 2006, p. 105). Apesar de identificar a prioridade da imagem visual sobre a palavra escrita, Italo Calvino demonstra que o discurso por imagens também brota da expressão verbal, no processo imaginativo que vai das palavras às imagens. É o que ocorre, por exemplo, em seu livro, As Cosmicômicas onde o autor extrai uma série de imagens de enunciados provenientes do discurso científico. Neste caso, as imagens são determinadas por um texto preexistente. Um exemplo é a cosmicômica A distância da Lua onde o autor se vale de imagens oníricas que remetem de maneira apropriada ao tema abordado (a imagem da Lua está associada à idéia de noite, de sonho, de exoterismo). De acordo com o autor (Calvino 2006, p. 105), mesmo quando lemos o livro científico mais técnico ou o

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