Estudo sobre emancipações de municípios no período
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- Vitorino Delgado Mota
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1 Estudo sobre emancipações de municípios no período Introdução e Metodologia As emancipações de municípios sempre geraram muita controvérsia nos meios políticos, acadêmicos, técnicos e na mídia em geral, devido ao pressuposto de que geram mais despesas que receitas. Também argumentasse que municípios novos dependem integralmente em termos financeiros da União e dos respectivos Estados. Todavia, os impactos sociais nas comunidades emancipadas são muito expressivos, pois com a obtenção de maior autonomia administrativa para os territórios, ocorrem conseqüentes ganhos de qualidade de vida em todas as áreas, principalmente em educação e saúde. Com mais autonomia, as populações das localidades conquistam maior acesso a serviços públicos, que muitas vezes não estavam disponíveis ou mesmo acessíveis quando estes pertenciam aos respectivos municípios de origem. Atenta ao tema, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou um estudo sobre o impacto das emancipações nas receitas e despesas públicas (1996 a 2006) dos municípios que perderam território, chamados de municípios-mãe; dos novos municípios, chamados de municípios-filho; e dos municípios que não sofreram alterações, chamados de municípios sem mudanças. Para a realização deste estudo, foi utilizada a base de dados FINBRA (Finanças Brasileiras), que possui a execução orçamentária e o balanço patrimonial dos municípios brasileiros e é disponibilizada pela Secretaria de Tesouro Nacional (STN) em seu website. Na tabela seguinte esta listada as quantidades de municípios que integram a base do FINBRA a cada ano. Número de Municípios do Finbra Anos Número de Municípios Tabela 1 Nº de municípios do Finbra A quantidade de municípios que se emanciparam de 1996 até 2006 chega a 590, cujos anos de instalação foram respectivamente 1997, 2001 e Vejamos na Tabela 2, seguinte, a distribuição destas emancipações entre estes 3 anos.
2 Número de Municípios Emancipados Anos de Número de Municípios Instalação Total 590 Tabela 2 Nº de municípios emancipados Ao distribuir-se estas novas localidades por estado da federação, é constatado que somente nos estados do Acre, Amazonas, Ceará e Sergipe não ocorreram desmembramentos, ver Tabela 3. Proporcionalmente ao número de municípios existentes hoje, Roraima é o estado com o maior número de novos municípios no período 47%, seguido pelo Maranhão com 37%, Piauí com 34%, Rondônia com 23% e Paraíba com 23%. Quantidade de Municípios Emancipados a partir de 1997 UF Qtd Estado Quant Mun Emancipados % AC 22 Acre 0 AL 102 Alagoas 2 2% AM 62 Amazonas 0 AP 16 Amapá 1 6% BA 417 Bahia 2 CE 184 Ceará 0 ES 78 Espírito Santo 7 9% GO 246 Goiás 14 6% MA 217 Maranhão 81 37% MG 853 Minas Gerais 97 11% MS 78 Mato Grosso do Sul 1 1% MT 141 Mato Grosso 24 17% PA 143 Pará 15 1 PB 223 Paraíba 52 23% PE 184 Pernambuco 8 4% PI 223 Piauí 75 34% PR 399 Paraná 28 7% RJ 92 Rio de Janeiro 11 12% RN 167 Rio Grande do Norte 15 9% RO 52 Rondônia 12 23% RR 15 Roraima 7 47% RS 496 Rio Grande do Sul 69 14% SC 293 Santa Catarina 33 11% SE 75 Sergipe 0 SP 645 São Paulo 20 3% TO 139 Tocantins 16 12% Brasil % Tabela 3 Distribuição do número de municípios emancipados por UF Para a realização do estudo, a CNM focalizou as análises somente sobre os municípios que apresentam dados em todos os anos nas bases de dados do Finbra, no período de 1996 a Dessa forma, a amostra de trabalho contém 52% dos atuais municípios brasileiros. A tabela 4, abaixo, compara a quantidade de dados disponíveis, com a quantidade amostral, ano a ano.
3 Número de Municípios analisados em todos os anos Anos Número de Municípios do Finbra Número de Municípios Analisados Tabela 4 Quantidade de municípios da amostra analisados Separando os municípios da amostra por UF, foi constatado que os estados do Maranhão, Piauí e Rondônia são os que proporcionalmente têm mais desmembramentos na base de dados da amostra. Veja a seguir. UF Qtd Mun da Amostra Quantidade de Municípios analisados por UF Estado Quant Mun Emancipados da Amostra AC 13 Acre 0 AL 51 Alagoas 1 2% AM 1 Amazonas 0 AP 1 Amapa 0 BA 149 Bahia 2 1% CE 72 Ceará 0 ES 50 Espírito Santo 6 12% GO 120 Goiás 6 5% MA 15 Maranhão 6 4 MG 472 Minas Gerais 46 1 MS 49 Mato Grosso do Sul 0 MT 63 Mato Grosso 7 11% PA 7 Pará 1 14% PB 101 Paraíba 24 24% PE 123 Pernambuco 5 4% PI 64 Piauí 33 52% PR 283 Paraná 23 8% RJ 46 Rio de Janeiro 4 9% RN 41 Rio Grande do Norte 5 12% RO 16 Rondônia 4 25% RR 1 Roraima 0 RS 395 Rio Grande do Sul 56 14% SC 247 Santa Catarina 28 11% SE 41 Sergipe 0 SP 454 São Paulo 11 2% TO 43 Tocantins 7 16% Brasil 275 9% Tabela 5 Distribuição dos municípios da amostra por UF %
4 Em relação à comparação de receitas e despesas públicas ao longo deste período ( ), optou-se pela atualização da série corrente para valores de 2006, através do deflator implícito do PIB, cuja fonte foi o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). 2 Agrupamento dos Municípios da Amostra Conforme já foi observado na contextualização histórica apresentada na seção anterior, ocorreram, durante o período de análise, três levas de instalações de municípios, que foram criados legalmente em A primeira e maior aconteceu em 1997, seguida por uma segunda em 2001 e uma terceira, e menos significativa, em Apenas avaliaremos as emancipações realizadas em 1997 e Isso porque, em primeiro lugar, o número de emancipações ocorridas em 2005, 4(quatro) ao total, é inexpressivo em relação ao nosso universo de dados. Em segundo lugar, mesmo que este número fosse representativo, estas últimas instalações são muito recentes, então, como nosso universo de dados termina em 2006, seria inviável uma avaliação dos consequentes desdobramentos. Sendo assim, os municípios foram agrupados nos 5(cinco) grupos seguintes: Municípios instalados em 1997; Municípios instalados em 2001; Municípios que perderam territórios apenas para municípios criados em 1997; Municípios que perderam territórios apenas para municípios criados em 2001; Municípios que perderam territórios para municípios criados em 1997 e em 2001; Municípios que não sofreram alterações durante o período. Ao longo das diferentes análises realizadas, estes grupos serão arranjados em diferentes conjuntos, de acordo com a finalidade pretendida. 3 Apresentação dos Resultados Para avaliação do comportamento da receita e despesa orçamentárias totais, abordando todo o horizonte temporal definido ( ), foi reunido no grupo de municípios-mãe os municípios que perderam território apenas em 1997 ou apenas 2001, com aqueles que perderam em ambos os anos. Já para o grupo dos municípios-filho, foi considerado os instalados em 1997 e Nas tabelas seguintes é apresentado os resultados encontrados para cada conjunto especificado, sendo que estes totais englobam os municípios de todos os estados que compõem a amostra. Vale notar que no grupo dos municípios sem alteração, estão inclusos apenas os municípios que em ambos anos, 1997 e 2001, não foram mães, nem filhos de município algum. Nesta seção, analisaremos a receita e despesa orçamentária dos grupos, também sob uma classificação diferente, onde o grupo dos sem mudanças engloba apenas os municípios que não tiveram alterações unicamente na leva de instalações sob análise.
5 Receita Orçamentária Total Anos Municípios-mãe Município-filho Municípios sem Mudanças , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,68 Tabela 6 Receita Orçamentária Total por grupo de municípios Despesa Orçamentária Total Anos Municípios-mãe Município-filho Municípios sem Mudanças , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,08 Tabela 7 Despesa Orçamentária Total por grupo de municípios 3.1 Variação da Receita Orçamentária no Período Todo Na tabela seguinte, pode-se observar o comportamento da receita orçamentária conjunta de todos os municípios de nossa amostra, dividida por três grupos. Esse comportamento está expresso em termos de suas variações percentuais, por este motivo a primeira informação só aparece no segundo ano do intervalo.
6 Variação % da receita orçamentária total dos 3 grupos de municípios Figura 1 Variação % da receita orçamentária dos 3 grupos de municípios Identifica-se claramente os pontos de ocorrência de instalações de novos municípios, por suas conseqüências no comportamento da receita de cada grupo. Quando ocorrem as instalações de 1997, vê-se um decréscimo da receita dos municípios-mãe, com uma queda de 26%, movimento que é acompanhado pelos municípios que não sofreram alterações, os quais sofreram uma redução de 11%. Já do ano de instalação para o ano seguinte, os município-filho apresentam um expressivo crescimento. Mas esse crescimento é imediatamente reduzido no período seguinte. O comportamento dos municípios-mãe se mostra muito próximo daqueles sem alteração. As receitas de ambos se recuperam imediatamente após o 1º impacto. No período relativo à segunda rodada de instalações, as receitas dos municípios-mãe e daqueles sem mudanças sofrem uma pequena desaceleração, mas mantêm um crescimento positivo. A partir de 2001, o crescimento inicial dos municípios-filho é em parte contrabalançado por um resultado negativo subseqüente. O final do período revela que uma vez passada a turbulência gerada pelas instalações, a receita de cada grupo converge para uma trajetória de crescimento comum. 3.2 Variação da Despesa Orçamentária no Período Todo Afim de se avaliar a composição da despesa orçamentária total, manteve-se os mesmos critérios de agrupamento utilizado na seção anterior e no gráfico abaixo é observado um comportamento idêntico ao da receita, se não fosse por pequenas sutilezas. Uma delas é clara no ano de 2003, onde apesar do ritmo das receitas caírem muito, as despesas não acompanharam integralmente esse movimento. O que evidencia o conhecido problema fiscal que o país, em seu conjunto, experimentou nesse ano.
7 Variação % despesa orçamentária total dos 3 grupos de municípios ( ) Figura 2 Variação % da despesa orçamentária dos 3 grupos de municípios Por se analisar o período todo ( ), agrupando os municípios da forma descrita, esta análise é incapaz de evidenciar claramente o impacto de cada leva de instalações separadamente. Já que os municípios que são mães em qualquer um dos dois anos, foram agrupados num único grupo. O que também ocorreu com os instalados em diferentes anos. Visando contornar esse problema, em seguida apresentamos os resultados para cada período separadamente, sendo que a cada um aplicamos um diferente agrupamento. Para avaliar as instalações realizadas em 1997, utilizamos o intervalo , e para avaliar as ocorridas em 2001, utilizamos o período Receita e Despesa Orçamentária em ( ), Reagrupando os Municípios Nesta seção é incluído no grupo dos filhos apenas os municípios que foram instalados em 1997, bem como o grupo dos municípios-mãe se restringe aos que perderam territórios para novos municípios em Os demais são considerados sem mudança. Variação % da despesa orçamentária total por grupos de municípios ( ) 0,5 0,4 0,3 0,2 0, Mães filhos s/ mudança Geral -0,1-0,2-0,3-0,4 Figura 3 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do 1º período Nesse caso, em geral é replicada a parte inicial da figura 1 anterior. É possível visualizar com mais nitidez que a trajetória das taxas de crescimento dos municípios que foram mães e dos municípios sem alteração tem mesma tendência, com uma diferença apenas de intensidade. Também é claro que após uma alta taxa de crescimento, em decorrência da instalação de 1997, os municípios-filho passam a crescerem bem menos no ano seguinte. Outro fato notório é que os
8 municípios que foram mães e sofrem logo após do desmembramento uma grande perda da receita, são os que apresentam maior aceleração num segundo momento. Por fim, no final do 1 o. período de análise ( ), observa-se uma equalização das taxas de crescimento dos diferentes grupos. A despesa nesse período segue muito de perto a trajetória da receita. A pequena diferença é que, ao final do período, as taxas de crescimento das despesas dos grupos de município-filho e municípios-mãe se estabilizam acima do nível de municípios sem mudança. Variação da Despesa Orçamentária Total do 1º período ( ) completo Figura 4 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do 1º período 3.4 Reagrupamento dos Municípios para Avaliação da Receita e Despesa Orçamentária no Período A seguir, analisa-se o impacto da segunda leva de instalações a partir de uma desagregação da receita e despesa segundo 4 grupos de municípios. São eles, município-filho em 2001, municípios-mãe em 2001, municípios que foram mães em 1997, municípios que foram filhos em 1997 e, finalmente, municípios que não sofreram alterações. 30,0 Variação % da receita orçamentária total por grupos de municípios ( ) 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0-5, ,0-15,0 no período em 2001 em 1997 em 1997 anças Todos os Municípios Figura 5 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do 2º período
9 Neste período, reafirma-se o comportamento do período anterior, tanto dos municípios que foram mães no período, como também daqueles que foram criados em Já em relação aos demais grupos, tem-se tendências distintas entre eles. Os que foram filhos em 1997 iniciam o período com uma taxa de crescimento negativa acima de 1, sendo que ao longo do período estes apresentam uma aceleração. Já os municípios que foram mães em 1997 acompanham os grupos dos sem alterações e a tendência da trajetória da receita global (todos os municípios). Vemos também, ao fim do período, uma convergência do crescimento para um ritmo comum, com exceção do grupo de municípios-mãe em 1997, que passam a ter uma trajetória de maior crescimento. Abaixo é apresentado os resultados para a variação da despesa total. Variação % da despesa orçamentária total por grupos de municípios ( ) 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 no período em 2001 em 1997 em 1997 anças Todos os Municípios 5,0 0,0-5, ,0 Figura 6 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do 2º período As diferenças mais marcantes em relação à receita, são relativas ao grupo dos municípios-mãe, no período até 2004, e ao comportamento de todos os grupos no final do período. Quanto ao grupo dos municípios-mãe em 2001, apesar de ter ficado evidenciada uma forte redução da receita no gráfico anterior logo após as instalações de 2001, aqui verifica-se que a despesa não desacelera como conseqüência destas, outrossim, a forte aceleração que é percebida pela receita no ano de 2004 não é acompanhada pela respectiva despesa. Por fim observa-se que ao final do período há uma aceleração maior das despesas de todos os grupos do que das receitas. 3.5 Analisando os Estados em que Ocorreram os Maiores Números de Emancipações Nessa seção adotam-se os mesmos critérios de agrupamento de municípios utilizados nas seções 3.1 e 3.2, quando se analisou o período sem divisões. Ou seja, no grupo dos municípios-filho são agrupados aqueles instalados tanto em 1997, quanto em O mesmo para o grupo de mães. Agora, é avaliado, separadamente, os 7(sete) estados que mais tiveram municípios emancipados em seu território.
10 Estado do Maranhão Variação % da receita orçamentária total do estado do maranhão ( ) Figura 7 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado do Maranhão Variação % da despesa orçamentária total do Estado do Maranhão ( ) Figura 8 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado do Maranhão As receitas dos diferentes grupos de municípios do Maranhão apresentam as mesmas tendências que o conjunto de municípios do país. A única diferença relevante é que as emancipações ocorridas nesse estado se concentram no ano de 1997, por isso não se observa nenhum pico no ano de 2001 para o grupo dos municípios-filho. O mesmo ocorre com as despesas, onde se evidencia o acompanhamento da tendência nacional. Apenas no final do período, a partir de 2004, o grupo dos municípios-filho mostra uma taxa de crescimento bem acima da nacional, aliás, todos os grupos mostram uma taxa maior que a nacional neste ano.
11 Estado de Minas Gerais Variação % receita orçamentária total do Estado de Minas Gerais ( ) Figura 9 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado de Minas Gerais Variação % despesa orçamentária total do Estado de Minas Gerais ( ) Figura 10 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado de Minas Gerais O Estado de Minas Gerais apresenta uma evolução das taxas de crescimento, tanto da receita como da despesa orçamentária, bem mais suave que o estado do Maranhão ao longo do período de análise. Mas o desenho geral das tendências é similar àquele estado, ou seja, segue o nacional. Em Minas também temos resultados mais dispersos no período de 1997, isso por que as emancipações do estado concentram-se neste ano.
12 Estado do Paraíba Variação % da receita orçamentária total do Estado da Paraíba - ( ) Figura 11 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado da Paraíba Variação % da despesa orçamentária total do Estado da Paraíba ( ) Figura 12 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado da Paraíba Vê-se que a receita dos municípios-mãe, que inicia o período com uma redução de 2, mostra uma recuperação extraordinária nos anos subseqüentes, chegando, em 1999, próxima à taxa de 6. Esse enorme pico é contrabalançado por uma desaceleração subseqüente, que em 2002, atinge uma taxa negativa próxima àquela do início do período. Mas no geral este estado segue o padrão nacional para a receita orçamentária. Já para a despesa, quando se observa o grupo dos municípios emancipados, vê-se uma instabilidade, sobretudo na segunda metade do período, que destoa da trajetória da despesa nacional deste mesmo grupo.
13 Estado do Piauí Variação % da receita orçamentária total do Estado do Piauí ( ) Figura 13 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado do Piauí Variação % da despesa orçamentária total do Estado do Piauí ( ) Figura 14 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado do Piauí Neste estado observa-se um comportamento típico dos casos em que as instalações se concentraram na primeira leva (1997). Tanto receita quanto despesa seguem o padrão já observado para este caso.
14 Estado do Rio Grande do Sul Variação % da receita orçamentária total do Estado do Rio Grande do Sul ( ) Figura 15 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado do Rio Grande do Sul Variação % da despesa orçamentária total do Estado do Rio Grande do Sul ( ) Figura 16 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado do Rio Grande do Sul Já para o Rio Grande do Sul o padrão é contrário aos demais estados analisados, já que as maiores oscilações ocorrem em torno de Isso ocorre porque neste estado a maioria das instalações de novos municípios foi realizada no ano de 2001, ao contrário do padrão nacional. É interessante observar que após as quebras relativas às emancipações, os três grupos convergem para uma tendência de crescimento comum, com uma leve vantagem para os municípios emancipados, que crescem em todos os anos um pouco mais que os municípios-mãe e sem mudança.
15 3.6.6 Estado de São Paulo Variação % da receita orçamentária total do estado de São Paulo Figura 17 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado de São Paulo Variação % da despesa orçamentária total do Estado de São Paulo Figura 18 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado de São Paulo São Paulo, a exemplo do Maranhão e do Piauí, segue o padrão dos estados em que as instalações de novos municípios se concentraram em Neste estado fica muito clara a convergência subseqüente que acompanha a dispersão inicial causada pelas emancipações. Vale ressaltar que em 2003, o grupo dos municípios-filho foi o que mais sentiu a crise orçamentária que atingiu o país naquele ano.
16 3.6.7 Estado de Goiás Variação % da receita orçamentária total do estado de Goiás Figura 19 Variação % receita orçamentária por grupos de municípios do estado de Goiás Variação % da despesa orçamentária total do estado de Goiás Figura 20 Variação % despesa orçamentária por grupos de municípios do estado de Goiás Em Goiás, a maioria das emancipações ocorreu em 2001, sendo que se pode facilmente identificar as conseqüências destas nas curvas do grupo dos municípios-filho. Mais uma vez fica ressaltada a convergência que acompanha o período de dispersão.
17 4 Interpretando os Resultados das Receitas e Despesas Orçamentárias Quando se discute emancipação de municípios, seja na esfera do governo, na imprensa, ou mesmo nos diversos extratos da sociedade, o senso comum é de que tal processo leva diretamente a uma oneração dos cofres públicos, uma vez que ampliam a tendência de crescimento das despesas públicas. Nesta seção discute-se esta proposição à luz dos resultados apresentados em seções anteriores. Começando pela figura 1, apresentada na seção 3.1, é nítido que o grupo de municípios-mãe perde receita logo após ocorrerem os desmembramentos. Fato que é esperado, já que estes perdem população e território, componentes fundamentais das transferências por parte da União e Estados. Também por essa razão, estes perdem uma parcela de suas arrecadações próprias. Essa perda é em geral compartilhada pelo grupo de municípios sem alteração. Pode-se notar, na mesma figura 1, que esta perda inicial é recuperada logo no ano seguinte por uma aceleração da taxa de crescimento dos municípios-mãe e dos sem alteração. Em relação aos municípios-filho, no primeiro ano de vida suas receitas orçamentárias são compostas somente por transferências governamentais, tendo quase nenhuma receita própria. Mas logo no segundo ano de existência estes municípios tendem a gerar receitas próprias, o que explica a alta taxa de crescimento observada do primeiro para o segundo ano. No primeiro ano após os desmembramentos, os municípios-mãe apresentam uma queda de arrecadação, mas já no segundo ano a taxa de crescimento é altamente positiva, porque o(s) município(s) filho(s) acaba(m) realizando seus gastos ali, por constituir geralmente o centro econômico mais próximo. Os municípios que não sofreram mudanças acabam seguindo o mesmo comportamento dos municípios-mãe, mas em menor intensidade. Logo após a perda inicial, causada pela necessidade de repartir o bolo das transferências governamentais com os novos municípios, estes recuperam suas receitas. O que de fato se pode concluir, observando tanto a figura 1, quanto as figuras 3 e 5, as quais dividem o período para analisar separadamente as duas levas de emancipações, é que a tendência geral para os três grupos de municípios analisados, indica que logo após o período de reorganização, vê-se uma convergência para uma taxa de crescimento uniforme e constante. Ao consideramos cada um dos 5(cinco) grupos separadamente, ao longo de todo o período, vemos que apesar do crescimento dos municípios que foram mães em 1997 e dos municípios que foram filhos em 1997 seguirem picos de aceleração e desaceleração completamente distintos ao longo das curvas, quando comparamos o crescimento acumulado em todo o período, verificamos que estes dois grupos tiveram o mesmo crescimento, um aumento de 6. O qual ficou acima do grupo sem alteração, que obteve 4 de aumento. Com isso, não corroboramos a crença geral de que os municípios mães são os que mais perderam com os desmembramos. A redução inicial da receita dos mães é acompanhada por uma alta recuperação posterior, assim como o ganho inicial dos filhos é logo seguido por uma desaceleração. Outro fato constante em todas as análises é a resposta imediata das despesas à variação das receitas orçamentárias. Vê-se que os gráficos das despesas parecem copiar a trajetória daqueles das receitas. Conclui-se, assim, que o impacto inicial das emancipações, que gera algumas vezes a percepção de que as emancipações trazem mais prejuízos do que ganhos às comunidades, não se confirma ao longo do período aqui analisado, pois, de fato, após a reorganização dos municípios, as taxas de crescimento das receitas e despesas dos três grupos analisados tendem a uma taxa comum.
18 5 Avaliando alguns Indicadores Sociais Com a intenção de aprofundar um pouco mais a análise da questão das emancipações, selecionamos três indicadores da área de saúde e três indicadores da área de educação a partir do ano de Comparamos as médias destes, relativas aos três grupos de municípios em análise. Entre os indicadores analisados na área de educação, inclui-se o gasto realizado pelo município na função educação em relação a sua receita corrente líquida (RCL), o qual é apresentado em percentual. O outro indicador utilizado é a razão entre o total das matriculas da rede municipal de ensino em relação à população do município, o que chamamos de Taxa de Abrangência da Rede Municipal de Ensino. Finalmente o terceiro indicador é a taxa de Abandono Escolar da Rede Municipal de Ensino. Estas informações têm como fonte o Instituto Nacional de Pesquisas em Educação (INEP). Na Área de Saúde, o primeiro indicador analisado é o Gasto da Função Saúde deduzidas as transferências do SUS em relação à Receita Corrente Líquida (RCL), o que dá o efetivo gasto em saúde do ente municipal. O segundo indicador é a Taxa de Mortalidade Infantil. Por último temos a Taxa de Cobertura Vacinal. Os dados para a composição do segundo e terceiro indicador foram retirados da base de dados do Sistema Único em Saúde (DATASUS) Indicadores da Área de Educação: Gasto da Função educação em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) Comparando os três grupos de municípios analisados, pode-se notar que a média do gasto dos municípios-filho é maior que a média dos outros dois grupos em todos os anos, enquanto os municípios-mãe e os sem mudança tem uma média muito semelhante. Ainda podemos salientar que a vinculação constitucional para a função educação é de 25% e os três grupos de municípios gastam, em média, muito mais que este limite. Gasto na Função Educação em relação à Receita Corrente Líquida Grupos municípios-mãe 28,23% 27,94% 25,17% 27,16% 28,29% municípios-filho 30,97% 30,53% 25,68% 28,62% 29,72% sem mudança 28,98% 29,15% 24,57% 27,68% 28,55% Tabela 9 gasto da função educação dos três grupos de municípios, de 2002 a Abrangência da rede municipal de ensino Neste indicador, é avaliado, em parte, o esforço que os entes municipais fazem na área de educação. Utilizamos a abrangência da rede de ensino com proxy do esforço, porque quanto maior se apresenta sua rede própria de ensino, maior tende a ser (a princípio) a preocupação com a educação. Comparando as médias ao longo deste período, observa-se que os municípiosfilho têm médias expressivamente maiores que os outros dois grupos de municípios. Percentual de Matrículas da Rede Municipal de Ensino pela População Grupos municípios-mãe 13,32% 13,51% 10,13% 12,69% 13,46% municípios-filho 18,74% 18,72% 14,01% 17,79% 18,71% sem mudança 14,5 15,24% 11,42% 14,18% 14,91% Tabela 10 % matriculas da rede municipal de ensino
19 Taxa de Abandono Escolar da Rede Municipal de Ensino Já neste indicador nota-se que os municípios-filho têm uma média de taxa de abandono escolar um pouco maior que as dos outros dois grupos, sendo a diferença pequena. Várias razões podem estar gerando a diferença, entre as quais a possível maior dispersão da população e menor nucleação das escolas nos municípios mais novos. Taxa de Abandono Escolar da Rede Municipal de Ensino Grupos municípios-mãe 5,61% 5,18% 4,6 5,33% 5,71% municípios-filho 6,13% 5,89% 5,1 6,14% 5,77% sem mudança 5,64% 5,33% 4,89% 5,7 5,43% Tabela 11 Taxa de abandoino escolar da rede municipal de ensino 5.2. Indicadores da Área de Saúde: Gasto da Função Saúde em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) Neste indicador avalia-se o gasto líquido que o ente municipal realizou na função saúde. Observase que as médias dos três grupos de municípios são praticamente iguais e bem acima da determinação constitucional, que é de 15%. Gasto Líquido na Função Saúde em relação à Receita Corrente Líquida Grupos municípios-mãe 18,14% 17,48% 15,18% 15,17% 19,34% municípios-filho 19,42% 17,39% 15,0 15,46% 19,14% sem mudança 18,56% 18,24% 15,37% 15,67% 19,35% Gasto da função deduzidas as transferências do SUS Tabela 12 gasto líquido na função saúde Taxa de Cobertura Vacinal Este indicador aponta o esforço de todas as áreas sociais de um município para a realização de campanhas de vacinação. Dos três grupos analisados no período, os municípios-filho têm uma média percentual maior. As diferenças de resultado entre os municípios-filho e os municípios-mãe são de 01 até 05 pontos percentuais. Sendo a maior diferença inferida no fim do período. Taxa de Cobertura Vacinal Grupos municípios-mãe 77,63% 74,07% 65,58% 73,32% 74,89% municípios-filho 79,8 77,37% 66,78% 76,98% 79,71% sem mudança 79,3 76,13% 66,53% 74,02% 77,11% Tabela 13 Taxa de cobertura vacinal Taxa de Mortalidade Infantil (1000 hab) A taxa de mortalidade infantil (por 1000 nascidos) analisados no período, tem uma oscilação nos três grupos. Em alguns momentos os municípios-mãe conseguem reduzir sua mortalidade, em outros os municípios-filho e sem mudanças o fazem.
20 Taxa de Mortalidade Infantil - por habitantes Grupos municípios-mãe 17,70 17,72 15,69 18,00 15,39 municípios-filho 19,39 22,19 14,11 18,77 16,18 sem mudança 19,79 18,60 15,35 17,80 16,56 Tabela 14 Taxa de mortalidade indantil Conforme pode ser observado nos resultados apresentados nesta seção, os municípios possuem certa homogeneidade em vários indicadores, mas há uma tendência geral de que os municípiosfilho levem uma vantagem em relação aos outros dois grupos, pois obtêm médias melhores ao longo do período analisado.
21 ANEXO I Avaliando o Critério Populacional Proposto pelo PLS 98/2002 com o Universo Amostral da Pesquisa Avaliamos os limites mínimos populacionais que estão sendo propostos no PLS:98/2002 para novas emancipações de municípios. Neste, a população necessária para um município candidatarse a emancipação, deve ser, no momento de sua criação, no mínimo de habitantes nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, habitantes na Região Norte e, finalmente, habitantes nas Regiões Sudeste e Sul. Nesse sentido, confrontamos com estes requisitos, a população apresentada em 2007 pelos os municípios emancipados e instalados no período de ( ). Esse universo de município se restringe aqueles avaliados neste trabalho, ou seja, são contemplados em nossa base originária do FINBRA. Na tabela seguinte apresentamos, por região, o número de municípios que atenderiam e que não atenderiam o referido critério proposto. Número de municípios emancipados ( ) que atendem critérios propostos pela PLS REGIÃO HAB Não atendem Atendem % que Atende CO ,0 NE ,79% NO ,0 SE ,46% SL ,87% Totais ,73% Tabela 8 Número de municípios emancipados que atendem os critérios do PLS Vemos que mesmo utilizando o dado de população do ano de 2007, a imensa maioria dos municípios emancipados no período, não atenderiam o critério que se encontra proposto no Senado Federal. Do universo analisado de 275, apenas 24 atenderiam a cota mínima de habitantes, ou seja, somente 8,73% conseguiriam ter se emancipado. Se pensarmos nos resultados apresentados no estudo para os indicadores sociais, caso esta regra tivesse vigente durante o período analisado, as médias tenderiam a ser aquelas dos municípios sem mudanças, já que a maioria das criações não ocorreria. Ou seja, como os municípios-filhos tiveram uma média acima dos outros grupos, estes ganhos não teriam se concretizado.
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