Coleção Aventuras Grandiosas. Condessa de Ségur. Adaptação de Rodrigo Espinosa Cabral. 2 a edição

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1 Coleção Aventuras Grandiosas Condessa de Ségur MEMÓRIAS DE UM BURRO Adaptação de Rodrigo Espinosa Cabral 2 a edição Memorias_de_um_burro_Backup_ indd 1 29/12/11 10:24

2 C apítulo 1 Coleção Aventuras Grandiosas Meu jovem dono, este livro apresenta as minhas memórias. Foi escrito para agradecer e lembrar os bons momentos que vivi e para mostrar as injustiças que certos humanos cometem contra os burros. Espero que depois de ler este livro, você e quem mais o leia nunca mais diga algumas frases que as pessoas dizem sem pensar, tais como: Ele é muito BURRO. Nunca vi sujeito mais burro e ignorante. Que burra que eu sou. Mais burro que esse aí, ainda não vi. Espero que, quando este livro terminar, você evite essas e outras frases que usam a palavra burro como sinônimo de ESTUPIDEZ e ignorância. Talvez você queira até mesmo dizer: Ele é esperto como um burro. É DÓCIL como um burro. Quem sabe, depois de ler este livro, você não fique feliz quando alguém lhe chamar de burro por aí tentando lhe ofender. Isso seria bom e poderia até mesmo evitar uma briga. Vou escrever sobre minha vida, minhas qualidades e meus defeitos com SINCERIDADE. Penso que escrever sobre si mesmo de forma verdadeira é um bom exercício para nos conhecermos melhor. Lembro-me pouca coisa de minha infância, mas fui um BURRICO bonito como são todos os filhotes, por isso passo a contar os fatos a partir de minha juventude. Lembro que na cidade de Laigle na França todas as terças-feiras havia uma feira de produtos do campo. Era o dia de os produtores rurais ganharem dinheiro e de a população se abastecer de comida boa e saudável. Os humanos BURRO: a palavra burro vem do Latim, burricu, que significa cavalo pequeno. O burro, também chamado de asno, jumento, jerico e jegue, é um mamífero cujo nome científico é Equus asinus. Há milhares de anos o ser humano domestica o burro como animal de carga ou de tração. A palavra burro também é usada para designar pessoas de pouca inteligência ESTUPIDEZ: falta de inteligência DÓCIL: manso SINCERIDADE: franqueza, lealdade BURRICO: burro pequeno 2 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 2 23/12/10 21:30

3 adoravam aquela feira, onde podiam conversar, ver os amigos e caminhar entre as barracas. Já nós, burros, sempre detestamos aquela feira, porque às terças tínhamos de acordar muito cedo e éramos carregados com cestos muito pesados para fazer a viagem do sítio até a cidade, no sol, na chuva, no frio e até na neve. Antes de sua avó me comprar, tive muitos donos. Os primeiros que lembro eram muito grossos e MESQUINHOS. A mulher vivia reclamando de tudo e o homem falava muito pouco, só com RESMUNGOS. Produziam frutas, legumes, criavam vacas das quais roubavam o leite que seria dos BEZERROS. Como os bezerrinhos morreriam de fome sem o leite da mãe deles, o casal matava os filhotes da vaca para vender a carne. Sempre que penso nesse comportamento dos humanos, eu dou graças a Deus por ter nascido um burro. Os humanos são muito estranhos, conheci muitos que abraçavam gatinhos e beijavam cachorros, dizendo eu adoro os bichos, mas, momentos depois, estavam almoçando uma galinha ou um porquinho. Como podem dizer que amam uns bichos enquanto comem outros? De qualquer forma, esse casal lotava os cestos com TARROS de leite pesadíssimos e mais quilos de sacos de batata, milho, frutas e outros vegetais que acumulavam pelo meu lombo, costas e até pelo pescoço. Era tanta carga e tanto peso que cada passo era uma conquista. Se eu gemesse de dor ou se ZURRASSE para reclamar, eles me batiam com uma vara. Toda terça-feira era a mesma tortura: Vamos lá, seu preguiçoso dizia o meu dono. IOMMMM eu zurrava de dor e raiva. Pá, ele me batia com a vara e a mulher falava: Mas esse sem-vergonha não anda sem uma boa paulada. Que burro preguiçoso! Nas subidas eu tinha vontade de urinar de tanta dor. Tinha vontade de me jogar no chão, derrubar toda a carga e não sair mais dali, mas eles me ESPANCARIAM até a morte se eu fizesse isso. Já tinha visto uma MULA apanhar feio, mesmo dei- MESQUINHO: quem não é generoso RESMUNGO: palavra dita entre os dentes, reclamação BEZERRO: novilho; boi com menos de um ano TARRO: jarra onde se guarda o leite retirado das vacas ZURRAR: emitir zurros; o zurro é a voz do burro ESPANCAR: agredir MULA: mamífero resultante do cruzamento de jumento com égua ou de cavalo com jumenta Memórias de um Burro 3 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 3 23/12/10 21:30

4 Coleção Aventuras Grandiosas tada e indefesa. Quando finalmente chegava à cidade, com sede, fome, dores e muito cansado, eles me davam um pouquinho de água e bem pouca comida. Na volta meu corpo ardia e minha cabeça latejava. Se eles tivessem vendido bem os produtos, a carga ficava mais leve, só que, se vendiam bem, eles aproveitavam o dinheiro para comprar latas de azeite ou algum outro produto que estivesse em falta no sítio e novamente eu voltava carregado. Se eles não vendiam bem, eu voltava forcejando e recebia muito mais pancadas porque eles descarregavam em mim as suas frustrações como feirantes. Numa dessas terças, quando cheguei à cidade, estava faminto. Olhava para as barracas dos feirantes e via todo tipo de frutas, verduras e legumes. Quando minha dona se ausentou, olhei para o seu cesto de verduras e meus olhos brilharam. Com o estômago apertado de fome, não resisti: comi um cesto de verduras que eram para ser vendidas. Quando ela voltou, viu o cesto vazio e começou a me bater com um SARRAFO. Apanhei muito. Ela batia com raiva. No começo aguentei sem reclamar, mas a dor começou a ficar insuportável e pensei que ela me mataria se eu não reagisse. Por isso dei três coices rápidos nela. O primeiro pegou na cabeça e quebrou o nariz e dois dentes de minha dona. O segundo coice atingiu sua mão e o terceiro pegou no tórax e a derrubou. Formou-se uma confusão na feira. Várias pessoas rodearam minha dona e eu aproveitei para roer a corda e fugir dali. Por não saber aonde ir, voltei para o sítio. Lá os filhos do casal acharam estranho eu estar de volta, mas me colocaram no pasto enquanto esperavam que minha dona voltasse. Meia hora depois ouvi uma gritaria. Estava chegando ao sítio uma carroça trazendo minha dona. Ouvi a voz do marido dela: Agora mesmo que vou amarrar esse burro, pegar o CHICOTE e dar uma surra inesquecível nele! Tive medo. Sabia que tinha errado, mas estava com fome e já tinha sido surrado, apenas me defendi para não morrer apanhando. Por isso, comecei a correr e, com um grande salto, passei pela cerca da propriedade e entrei numa floresta. Meu plano era simples: ir o mais longe possível, antes que viessem me surrar. Corri e andei por duas horas, cada vez mais para dentro da floresta. Como estava cansado, parei um pouco. Deitei na RELVA e cochilei por alguns minutos. SARRAFO: pedaço de pau CHICOTE: cordel entrelaçado ou correia de couro ligado ou não a um cabo de madeira RELVA: pasto 4 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 4 23/12/10 21:30

5 Mas minha tranquilidade se foi quando comecei a ouvir latidos de dezenas cães e atrás deles as vozes do meu dono e de outros homens: Olhem bem tudo por aí. Aquele burro não deve estar longe. Eu dou uma boa recompensa para quem encontrar aquele burro maldito! Comecei a correr com medo de ser ESTRAÇALHADO pelos cães. Eles seguiam o meu cheiro como um humano segue uma linha no chão. Ao menos se estivesse chovendo, pensei, para que o cheiro se DISSIPASSE, seria mais fácil de escapar. Os latidos aumentavam de volume e eu ia perdendo o ânimo, quando minha pata tocou em algo molhado. Era um riacho. Atravessei o riacho, dei alguns passos e me lembrei de que os cães perdem o cheiro de uma presa na água. Sem TITUBEAR, voltei e entrei na água. Decidi descer o riozinho caminhando por seu leito. Uma vez na água, os cães não saberiam onde eu estava e não conseguiriam seguir meu rastro. Não saberiam se eu tinha ido rio acima ou abaixo. Para eles seria como se eu tivesse desaparecido no rio. C apítulo 2 Segui pelo riozinho por mais umas três horas, até começar a anoitecer. Dormi na floresta, encostado numa grande árvore. Tive um sono pesado e merecido. Quando amanheceu, segui uma trilha pela mata e fui parar numa pastagem. Comi bastante pasto e tomei sol entre os bois que pastavam por ali. Depois deitei e dormi no sol para me recuperar dos esforços da noite anterior. Quando acordei, vi dois homens conversando ao longe. Tratei de me esconder no bosque, mas eles por coincidência caminhavam na minha direção. O vento trazia suas palavras: É melhor não deixarmos os bois no pasto esta noite disse um dos homens. Por quê? quis saber o outro, que era mais baixo. Dizem que um lobo anda solto na nossa região. Ouvi dizer que o lobo comeu o burro dos Haies ontem à noite. Eu não acredito nisso. Aquela família Haies é muito má! O burro deve ter fugido deles. ESTRAÇALHADO: despedaçado DISSIPAR: dispersar TITUBEAR: vacilar Memórias de um Burro 5 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 5 23/12/10 21:30

6 Coleção Aventuras Grandiosas Com as orelhas em pé, ouvi tudo o que falavam e me senti orgulhoso por ter fugido e por ter dado uma lição na minha ex-dona. Os homens levaram os bois e eu fiquei com o pasto só para mim. Agora eu era livre, tinha muita comida na floresta e no pasto e água no riacho. Não tinha amigos, mas pelo menos não era escravo de ninguém. No dia seguinte os bois voltaram para o pasto e os homens deixaram dois enormes cachorros peludos para protegê-los dos lobos. Como não havia lobos por lá, os cães IMPLICARAM comigo. Para não ficar ouvindo DESAFORO de cachorros, decidi deixar o pasto e ir morar na floresta. Fui andando todos os dias atrás de comida, sempre seguindo o rio. Era divertido observar os pássaros, provar novas frutas e diferentes tipos de capim. Até que os dias começaram a encurtar, folhas começaram a cair das árvores e a água do riozinho a cada dia ficava mais fria. O verão tinha acabado, o outono cumpria sua missão e o inverno se aproximava ameaçador. Para não morrer de frio, concluí que teria de me aproximar novamente dos homens. Em uma parte alta da floresta vi os telhados de um pequeno vilarejo e para lá rumei. Com CAUTELA, decidi entrar no pátio de uma casa pequena e bem- -cuidada, afastada da cidade. Ao me aproximar da varanda, vi pela porta aberta que, na salinha da casa, uma mulher costurava uma peça de roupa. Distraída e com a cabeça baixa, ela não me notou. Fiquei curioso e me aproximei, colocando minha cabeça ao lado dela. Coitada, levou um susto quando me viu. Seu netinho de 6 ou 7 anos ouviu o grito da avó e foi até a sala: O que aconte... Minha nossa, avó! Que bicho é esse! É um burro? É sim, Jorginho! Eu estava aqui costurando e ele enfiou a cabeça pela porta e colocou aqui do lado do meu ombro, como se pedisse carinho. Levei um susto! Mas agora vejo que ele é muito bonzinho, tem um olhar inteligente, não é? Tem sim, vovó. E é bem mansinho. Olha como ele deixa eu fazer carinho nele! De quem será esse animal? disse a avó olhando para fora, para verificar se havia alguém responsável pelo burro na rua. Como não havia ninguém na rua e como não apareceu ninguém procurando um burro nos dias seguintes, Jorginho e sua avó resolveram me adotar. Disseram que eu seria o substituto do burro Grison que tinha morrido muito velhinho alguns meses antes. Jorginho cuidava de mim, me levava até a estrebaria, me IMPLICAR: chatear, antipatizar DESAFORO: atrevimento CAUTELA: precaução, cuidado 6 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 6 23/12/10 21:30

7 dava FENO, água e carinho. Vivi quatro anos com os dois. Foi um ótimo período da minha vida. Era bem-tratado, nunca me bateram, me davam comida, água, ABRIGO e em troca eu fazia pequenos serviços de transporte, mas eles nunca me SOBRECARREGAVAM. A única coisa que eu poderia reclamar dessa época é que às vezes a avó de Jorginho me alugava para estranhos. Era uma forma que ela achava para ganhar um dinheiro extra. Muitas vezes os LOCATÁRIOS não me tratavam bem. Uma vez fui alugado para divertir umas crianças em um passeio. A maioria delas era leve e me tratava bem. As garotas queriam que eu andasse devagar, mas os garotos sempre queriam que eu corresse. Um deles, chamado Ernesto, desafiou todos os outros para uma corrida de burros. Sem nem falar comigo ou me fazer um carinho, ele montou em mim e começou a gritar, dizendo que ele era o melhor e que ele iria ganhar a corrida. Era um sujeito bem ARROGANTE. Quando foi dada a largada, resolvi EMPACAR. Todos os outros sete burros partiram na frente e Ernestou ficou gritando comigo e me batendo com uma vara: Vamos lá, burro! Vamos! Corre! Corre, desgraçado! Eu permanecia parado. As pancadas doíam, mas não eram tão fortes quanto as que eu recebia quando era burro de carga. Quando ele parou de me bater para reclamar para as pessoas que ali estavam que eu não me mexia, comecei a correr feito um raio. Em dois minutos alcancei os outros burros e os passei, cruzando a linha de chegada em primeiro lugar. A garotada me cercou, fazendo festa. Cecília, prima de Ernesto, disse: Foi o burro que venceu essa corrida e não você, Ernesto! Com o rosto vermelho, ele APEOU e começou a me bater com o chicote na cabeça, nos olhos, na boca. Baixei o rosto, fechei os olhos, mas ele continuava a golpear minhas orelhas e pescoço até que Carlos, irmão de Cecília, o segurou pelo braço e falou: Você é um covarde. Não sabe que não se bate nos olhos de um bicho! Troque de burro comigo. FENO: erva cortada e seca que serve de alimento para animais ABRIGO: refúgio, esconderijo SOBRECARREGAR: carregar em excesso LOCATÁRIO: inquilino; quem aluga algo ARROGANTE: que tem arrogância, soberba, insolência EMPACAR: diz-se do animal que para em local e dali não se move APEAR: descer, desmontar Memórias de um Burro 7 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 7 23/12/10 21:30

8 Coleção Aventuras Grandiosas Fica na tua, Carlos. Eu vou ensinar para esse burro aqui como se comportar. Se ele não fosse alugado, eu ia dar de RELHO nele até cansar o braço. Você não vai fazer isso! disse Carlos, segurando o braço do primo. Mas Ernesto se soltou e segurou minhas RÉDEAS para montar novamente em mim. Porém, quando ele começou a subir, eu saí em disparada e Ernesto ficou preso pela perna e foi arrastado pelo campo por alguns metros. Todos os outros burros me seguiram. Quando parei, Ernesto se soltou. Estava todo sujo, mas não tinha machucado o corpo, apenas sua imagem estava arranhada entre seus primos e amigos. Carlos ficou encantado com minha ASTÚCIA e resolveu me montar. Desanimado, Ernesto concordou em trocar de MONTARIA com seu primo. Carlos fez um carinho em mim e começamos a galopar em direção a uma velha ponte, mas quando estávamos no meio dela, percebi um tabuão apodrecido. Com meu peso ela cederia e cairíamos no rio, por isso parei. Logo chegou um dos meninos e perguntou o que tinha acontecido. Não sei disse Carlos. Esse burro é muito estranho. Ele insistia para que eu me movesse, mas se eu desse mais um passo nós morreríamos. O outro menino começou a me puxar pelo rabo com toda a sua força. Doía muito e tive de me controlar para não dar um coice nele. Então Cecília mandou o moleque parar e disse que ela ia terminar de atravessar a ponte em seu burro para que eu a seguisse. Quase tive um ataque porque ela era uma menina magnífica e não poderia correr esse risco, por isso me atravessei na ponte, BARRANDO o seu caminho. Nesse momento chegou Ernesto e, aproveitando que todos estavam desapontados comigo, começou a falar enquanto me batia com o chicote no focinho: Agora vocês concordam comigo? Agora vocês acreditam que esse burro não presta e que tem de tomar uma SOVA para aprender? Toma, burro. Toma! Tive de aguentar firme as pancadas que aquele BOÇAL me dava porque se saísse dali Cecília e os outros poderiam se machucar na parte podre da ponte. Enraivecido, Ernesto montou no burro de Carlos e disse: RELHO: chicote de couro RÉDEA: correia usada para guiar um equino ASTÚCIA: esperteza, sagacidade MONTARIA: cavalo, mula ou burro usado para montar BARRANDO: impedindo SOVA: surra BOÇAL: estúpido, ignorante 8 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 8 23/12/10 21:30

9 Sai da minha frente se não quiser que eu te desmanche a pau, burro infeliz! Eu conhecia o burro que Ernesto estava montando. Era um bicho azedo, vivia provocando os outros e arrumando brigas. Sempre que podia dava mordidas nos outros burros de aluguel, por isso não tive dúvidas em deixar que Ernesto passasse. Sentindo-se superior, Ernesto iniciou um galope, mas no primeiro passo do burro a tábua RANGEU, no segundo ouvimos outro crek e no terceiro passo a madeira cedeu e o garoto e sua montaria desabaram na água. O burro sabia nadar como todos os burros, mas Ernesto foi sendo levado pela água e começou a se afogar. Carlos montou em mim, demos a volta e acompanhamos Ernesto rio abaixo, até Carlos pegar uma vara e com meu auxílio conseguir puxar seu primo para fora do rio. Todo molhado, Ernesto virou motivo de CHACOTA por parte dos outros garotos. Eu fiquei feliz porque depois daquele episódio ele não me alugou mais. C apítulo 3 Como tudo na vida está sempre mudando, minha boa-vida com Jorginho e sua avó também acabou. O pai do garoto voltou de sua longa viagem ao exterior e resolveu comprar uma casa em Mamers e para lá se mudou levando todo mundo, menos eu. Fui vendido para o dono de um sítio ali perto. Meu novo dono me colocou no trabalho pesado. De novo eu tinha de puxar carroças com mercadorias. Ele me tratava bem, com comida e água, mas em troca me fazia trabalhar demais. Depois de alguns meses comecei a ficar cansado daquela vida sem liberdade, apenas trabalhando. Aprendi que não adianta você ter boa comida e muito trabalho se você não tem liberdade para passear, para escolher o que vai comer, aonde ir. Um dos grandes prazeres da vida é caminhar no campo de manhãzinha ou se esticar na relva, no solzinho de um dia ameno. Não há água mais fresca do que a água corrente de um riacho. Como é bom escutar o MARULHO do CÓRREGO nas pedras. Eu sempre gostei de ouvir o canto dos passarinhos livres na mata, de ver as estrelas numa noite de verão, de comer um capim verdinho que eu mesmo encontrasse RANGER: fazer um ruído áspero CHACOTA: zombaria MARULHO: som das ondas do mar CÓRREGO: pequeno rio Memórias de um Burro 9 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 9 23/12/10 21:30

10 Coleção Aventuras Grandiosas num local escondido do sítio. Mas, ficando preso às correias da carroça e puxando carga todos os dias, eu chegava muito cansado no sítio e só queria matar minha fome e minha sede e dormir no galpão. Para me livrar dessa vida de escravo, elaborei um plano simples. Nos raros momentos de folga, eu VASCULHAVA o campo do sítio. Até que descobri uma parte em que o mato alto terminava numa SANGA seca. Era uma espécie de fosso cheio de mato. Quando começou a esquentar, perto do verão, meus donos me colocavam para dormir fora do galpão. Então, logo que amanheceu, vi que eles começavam a preparar os MANTIMENTOS que seriam vendidos na feira. Eles primeiro abasteciam a carroça para depois me atrelar a ela. Aproveitei esse momento em que estavam distraídos no trabalho e fugi. Fui para o campo e me afundei no matagal do fosso, onde eles não poderiam nunca me ver de longe. Mesmo de perto já seria difícil. De lá eu escutava suas vozes: Mas onde é que se meteu esse burro? Será que foi roubado? Deve ter fugido. Mas como ele ia conseguir pular essa cerca? Talvez alguém tenha deixado a PORTEIRA aberta. Por meia hora eu os ouvi debatendo enquanto me procuravam. Achei engraçado que uns ficassem gritando: Burro! Buuuuuurro! Apareça! Onde você está, burro. Ao escutar aquelas palavras percebi que eles nem tinham me dado um nome. Se eu não tinha nome, eu era como uma coisa para eles, como uma pedra ou uma enxada. Apenas um instrumento de trabalho, como uma foice que não tem um nome pessoal, apenas uma DESIGNAÇÃO genérica. Fiquei pensando: será que eles não percebem que eu tenho olhos? Que eu tenho duas orelhas e uma boca, assim como eles? Que sou capaz de entender o que me dizem? Senti um aperto no meu coração quando percebi que, para muitos humanos, os animais não passam de coisas, objetos, meios de ganhar dinheiro. Por isso fiquei quieto no meu esconderijo e só saí de lá quando escutei que eles tinham usado um cavalo para puxar a carroça. O cavalo reclamou um VASCULHAR: procurar SANGA: regato, pequeno rio MANTIMENTOS: alimentos, provisões PORTEIRA: cancela, portão DESIGNAÇÃO: denominação 10 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 10 23/12/10 21:30

11 pouco com relinchos, pois não estava acostumado com aquela tarefa, mas por fim começou a movimentar a pesada carroça. Vi o veículo se afastando da propriedade. Por alguns minutos fiquei chateado, porque eles tinham colocado o cavalo. Acho que me senti culpado, mas depois vi que a culpa era dos homens. Se eles queriam tanto levar os produtos para a feira, que levassem nos próprios braços ou ombros, mas não no lombo de outros animais que nada têm que ver com agricultura, feiras e dinheiro. Para relaxar, fui passear no campo. Alguns funcionários do sítio que tinham ficado para cuidar das hortas me viram e ficaram surpresos: Olha só quem voltou! Onde é que você esteve, SABICHÃO? Que estranho, achei que este burro tinha sido roubado. Quando meus donos voltaram também ficaram surpresos em me ver. Meu dono olhou todas as cercas do sítio na esperança de encontrar algum buraco ou algum MOURÃO caído, mas nada achou. De longe vi o cavalo. Estava cansado e com dores nos músculos. Alguns dias depois, era novamente dia de meus patrões irem à cidade. Fui dormir perto do galpão e na manhã seguinte comecei a repetir o meu plano. Novamente deu certo. Meu padrão ficou triste: Ele fugiu de novo, mas desta vez ele não vai conseguir voltar porque eu reforcei a cerca inteira. Quando eles voltaram e me viram no pasto, ficaram desconfiados. Da primeira vez tinham ficado felizes em me ver, mas agora me olhavam de cara feia. Uma semana depois, novamente no dia da feira, assim que começaram a carregar a carroça, rumei para o meu REFÚGIO e lá fiquei. Mas desta vez os humanos não acreditavam que eu tivesse fugido, por isso colocaram o sítio de pernas para o ar e, depois de uma hora de buscas, usaram os cachorros e me encontraram escondido no matagal. Valente, o cachorro, entrou no fosso disposto a me morder, atiçado pelo nosso dono. Tive de sair num pulo dali, até arranhei meu pelo nos espinhos. Quando saí do fosso, vi meu dono com uma corda na mão. Ele tentou me laçar, mas eu desviei. Ele ficou mais furioso comigo ainda. Corri em direção à cerca e tentei pular, mas estava muito alta e não consegui. Quando toquei o chão, senti SABICHÃO: aquele que sabe-tudo MOURÃO: pau usado para fixar cercas REFÚGIO: abrigo, local seguro Memórias de um Burro 11 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 11 23/12/10 21:30

12 Coleção Aventuras Grandiosas o laço da corda se fechar em meu pescoço e segundos depois meu dono me chicoteava sem PIEDADE. Toma, burro! Toma! Isso é para aprender a não ser fujão! Para aprender a obedecer! Para aprender a não ser vagabundo! Toma! Valente me mordia no tornozelo e meu dono me chicoteava no lombo e nas costelas. Depois de ser surrado, com o corpo ARDIDO e machucado, fui levado para a carroça, onde me ataram às correias. Durante a viagem apanhei muito também para puxar a carroça. Depois dessa sova, entrei em guerra com aquela família. Sempre que podia, tentava fugir. Se me batiam, eu tentava descontar de alguma forma. Dava um jeito de roubar comida, devorava uma horta, derrubava um garoto que denunciasse meus feitos para os donos, dava coices nos cães e até mesmo mordia o pescoço dos porcos e cheguei a matar umas galinhas, tudo para me vingar dos humanos. Hoje me arrependo de ter causado mal a outros bichos, porque fora os cachorros eles nunca me fizeram nada. Mas, quando estava irritado, agredia os outros bichos porque assim estaria agredindo meus donos. Além disso, ficava revoltado com o jeito de escravo feliz que as galinhas e os porcos tinham. Durante os meses em que durou essa guerra, minha ração foi reduzida e minha liberdade também. Fiquei muito magro. As costelas apareciam, o pelo estava sem brilho e cheio de marcas de chicote e de arranhões. Meus donos chegaram à conclusão de que eu ficaria muito fraco e morreria se continuasse daquele jeito. Por isso resolveram me isolar e me alimentar bem durante quinze dias. A ideia deles não era fazer as pazes comigo, apenas me fortalecer para que eu pudesse ser vendido para alguém por um preço RAZOÁVEL. Assim, numa feira de animais, fui vendido. Minha vontade era de dar um coice ou uma mordida em meu ex-dono, mas tinha medo de assustar o meu novo dono com isso. Se ele desistisse de mim, eu estaria arruinado. Por isso, quando meu ex-dono foi se despedir de mim com um gesto, feliz porque já estava com a grana no bolso, eu lhe virei a cara e nunca mais o vi. C apítulo 4 Em meu novo lar, entrei em contato com uma realidade totalmente diferente. Agora eu pertencia a uma família muito rica. Eu não seria usado para trabalhos PIEDADE: dó, pena, compaixão. ARDIDO: com a pele irritada e sensível. RAZOÁVEL: justo. 12 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 12 23/12/10 21:30

13 pesados! O casal que me comprou queria que eu fizesse companhia para a filha deles. Fiquei sabendo depois que a garota sofria de uma doença grave e o médico havia recomendado que ela passeasse num burro para respirar o ar puro do bosque e tomar um sol sem se cansar. Lembro-me até hoje da primeira vez que vi aquela menininha. Paulina tinha 12 anos, era muito doce, meiga e ficou muito feliz em me ver. Ela era filha única, seu pai estava sempre trabalhando e sua mãe era muito ciumenta, a ponto de não deixar a menina se aproximar dos gatos e do cachorrinho da casa. Mas, como o médico havia recomendado os passeios, a mãe de Paulina tinha de TOLERAR que sua filha se aproximasse de mim. Ficamos muito amigos. Ela me adorava! Sempre que ia me visitar na estrebaria, levava um presentinho: um pãozinho, alguma fruta, verduras da horta etc. Mas o que eu gostava mesmo era da companhia dela. Ela tinha um sorriso FRANCO e seus cabelos dourados brilhavam no sol quando passeávamos no campo. Eu TROTAVA bem de leve e com muito cuidado para que ela não caísse e Paulina ia cantando suas canções de menina ou então conversando comigo. Como é bom quando um humano conversa com nós, animais! Mesmo que a gente não saiba falar o idioma dos seres humanos, somos capazes de entender quase tudo o que eles nos dizem. Fico muito feliz quando um humano vem falar comigo, fazer carinho e me tratar bem. Um dia Paulina estava escovando o meu pelo na estrebaria quando sua mãe entrou e foi logo falando: Paulina! O médico disse que você pode passear com o burro, mas não é bom para você ficar junto dele o tempo todo. Você está muito doente e deve evitar ficar aqui nesse galpão escuro e sujo. Obediente, a garota me abraçou e disse no meu ouvido: Tenho de ir, Cadichon, mas amanhã eu volto. Foi ela que me deu esse nome, Cadichon, e até hoje é assim que as pessoas me chamam. No dia seguinte, como havia dito, Paulina estava lá na estrebaria. Um criado colocou a sela em mim e fui passear com a menina. Nunca vou esquecer aqueles passeios. Adorava estar num bosque de pinheiros com ela, escutando os passarinhos, vendo o vento balançar as árvores, comendo algum lanche e conversando muito. TOLERAR: suportar com paciência FRANCO: sincero, espontâneo TROTAR: andar com o passo normal de um cavalo, o trote, sem correr Memórias de um Burro 13 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 13 23/12/10 21:30

14 Coleção Aventuras Grandiosas Num desses passeios Paulina cortou um pedacinho da minha CRINA e colocou dentro de seu medalhão de ouro: Minha mãe me deu esse medalhão de presente com uma MECHA do cabelo dela, para eu me recordar dela. Daí tive a ideia de colocar um pouco do seu cabelo aqui também, tá. Vocês são as pessoas que eu mais gosto no mundo! Fiquei muito ORGULHOSO com a REVERÊNCIA dela. Infelizmente, quando voltamos para o galpão, a mãe de Paulina estava lá a nossa espera e viu o medalhão nas mãos da garota: O que você está fazendo com esse medalhão aqui fora, menina? Eu quis mostrá-lo para o Cadichon, mamãe. E desde quando um burro pode APRECIAR uma joia caríssima como esse medalhão? disse a mulher de modo seco e firme. É que eu peguei uma pedacinho da crina dele para guardar aqui dentro do medalhão, ao lado da sua mecha de cabelo... O quê! Mas o que é isso?! Que horror! Meu cabelo do lado de uma crina! Quer dizer que você gosta mais dele do que de mim! Passa pra cá esse medalhão disse, arrancando a joia das mãos PÁLIDAS da menina. Enquanto a menina chorava, sua mãe atirou o medalhão no chão e começou a pisoteá-lo, gritando: Toma! Toma! Toma! Depois, saiu da estrebaria batendo a porta. Paulina ficou muito triste, queria poder falar para poder CONSOLÁ-LA, mas, como não sei, apenas me aproximei e coloquei a cabeça em seu ombro. Ficamos ali alguns minutos até que uma empregada de casa veio chamar Paulina a mando de sua mãe. Agora ela estava proibida de chegar perto de mim. Sem o convívio comigo, que era o seu único amigo, Paulina entrou em depressão e sua saúde piorou muito. Ela, que já era magra, perdeu mais peso, CRINA: pelos do pescoço e da cauda de um animal equino MECHA: pedaço de cabelo ORGULHOSO: cheio de brio, de um sentimento de dignidade pessoal REVERÊNCIA: saudação respeitosa APRECIAR: observar, analisar, estimar PÁLIDAS: brancas, alvas CONSOLAR: aliviar seu sofrimento 14 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 14 23/12/10 21:30

15 ficou fraca, não tinha vontade de comer. Quando seus pais a deixaram passear de novo comigo, ela estava DEBILITADA. Não aguentava muito tempo e não tinha o mesmo ÂNIMO de antes. Ela não conseguia ser alegre como antes ao estar comigo porque sabia que nossos passeios AMARGURAVAM sua mãe. Para tentar melhorar seu estado de espírito, eu parava embaixo de NOGUEIRAS e a minha pequena dona se deliciava apanhando nozes. Agradecida, ela dizia: Cadichon, como você é querido! Parece que você sabe que eu ando tristinha e fica me MIMANDO, pára sob as árvores frutíferas e escolhe um local perto de uma pedra ou de uma calçada para eu descer de modo mais fácil. Obrigada, Cadichon! Uma noite acordei com um calor terrível. Assim que abri os olhos, ouvi e vi o fogo começando a comer toda a estrebaria. As chamas avançavam com rapidez. Cavalos RELINCHAVAM e o clarão do fogo iluminava tudo. Comecei a morder com força a correia de couro à qual estava preso, mas assim que me livrei dela me vi cercado pelas chamas e pela fumaça. Não tinha coragem de passar pelo fogaréu até ouvir a voz ANGUSTIADA de Paulina me chamando. Sua voz me encheu de coragem e pulei o fogo. Quando íamos sair do galpão, uma viga em chamas caiu na nossa frente. O calor e a fumaça eram tão fortes que Paulina desmaiou. Sem pensar duas vezes, agarrei-a pelo vestido com minha boca e a ergui. O incêndio bloqueava todos os caminhos, então escolhi o menos pior, que era uma entrada da ADEGA. Entrei ali com minha pequena dona. As rochas frias do depósito nos protegeram do fogo. Coloquei minha dona no piso de pedra e comecei a lamber seu rosto. Em alguns minutos ela despertou. Senti um alívio no coração. Na adega tinha um barril com água. Bebemos e depois fomos dormir, exaustos. Só acordei na manhã seguinte, com o fogo controlado. Zurrei para despertar Paulina. Ela me montou e com cuidado fui passando pelos ESCOMBROS. Quando DEBILITADA: enfraquecida ÂNIMO: motivação AMARGURAR: causar sofrimento NOGUEIRA: árvore europeia que produz as nozes MIMAR: tratar bem, com excesso de carinho, paparicar RELINCHAR: comunicação na língua dos cavalos ANGUSTIADA: que está com angústia, ansiedade ADEGA: depósito de vinho ESCOMBROS: entulho, destroços Memórias de um Burro 15 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 15 23/12/10 21:30

16 os pais da menina nos viram, vieram correndo. Abraçaram-na e depois lhe deram uma enorme bronca: Onde já se viu você fazer isso! Arriscar a própria vida por causa de um burro! Você está louca? Mas Cadichon salvou minha vida, mamãe. Salvou nada. Ele é o culpado por você ter ido até a estrebaria durante o incêndio! Venha, vamos para casa. Ela me olhou triste e deu tchau com a mão. Nunca mais a vi. Fiquei sabendo pelas conversas dos criados que havia morrido dois meses após o incêndio, muito fraca e triste. Quando vi seu enterro saindo da casa grande, decidi deixar aquela propriedade e procurar um novo futuro para mim. C apítulo 5 Coleção Aventuras Grandiosas Voltei a viver na floresta, mas, como estava frio, passei por muitas dificuldades. Quando a neve começou a cair e os rios congelaram, tive de comer cascas de árvores e tomar neve. Emagreci e só não morri porque achei uma caverna para me REFUGIAR. Quando o tempo começou a melhorar, procurei um novo abrigo. Foi assim que me aproximei de uma aldeia. Era um dia frio, mas havia sol. Havia muitas pessoas e burros na praça. Como fazia muito tempo que eu não via outras pessoas, comecei a me aproximar. Estava me sentindo muito sozinho e com saudade de tudo. Descobri que ia ser realizada uma corrida de burros ali na aldeia. Isso me animou, porque sempre me achei um burro muito forte e inteligente. Sempre gostei de correr e tinha me movimentado muito pela floresta atrás de comida nos últimos três meses. Quando me viu chegar, um garoto gritou: Olha só que burro lindo! Todos GARGALHARAM na minha cara, com a IRONIA do rapaz. Isso me deixou enfurecido por dentro. Realmente fiquei muito motivado em mostrar para eles que, embora eu estivesse sujo, magro e com o pelo há meses sem ser escovado, ainda era um burro de muito valor. REFUGIAR: proteger, esconder GARGALHAR: rir muito IRONIA: dizer o contrário do que realmente se está pensando ou sentindo 16 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 16 23/12/10 21:30

17 Dezesseis burros estavam inscritos na corrida, cujo prêmio era o dinheiro das apostas e um bonito relógio de parede. Ao ver o relógio, vi uma senhora dizer que queria muito ter um relógio daqueles, mas que infelizmente não tinha um burro para inscrever na competição. Seguindo meu instinto, coloquei-me ao lado dos burros na linha de partida da competição. Algumas pessoas riam de mim, outras diziam que eu deveria ser retirado dali porque não tinha dono. Nesse momento a mulher disse: Ele não tem dono, mas tem uma dona agora. Senhor prefeito, por favor, faça a inscrição desse burro na corrida em meu nome, senhora Franchet. Você vai jogar dinheiro fora, senhora Franchet aconselhou o prefeito. Veremos, senhor prefeito. Eu conheço esse burro. Ele é muito especial. Seu nome é Cadichon. Ele pertencia a uma menina de quem eu gostava muito, embora não tivesse muita intimidade com ela. Após pagar a taxa de inscrição, a senhora foi até onde eu estava e me fez um carinho na testa. Ela disse para eu me esforçar. Em agradecimento, eu a cumprimentei balançando a cabeça e mexendo minhas patas da frente. Um dos garotos tentou me tirar da linha de partida tentando me atrair com uma porção de cevada. Mesmo morrendo de vontade de comer a ração, resisti. Então o moleque começou a me puxar pelo rabo. Sem alternativas, zurrei para chamar a atenção da senhora Franchet. Quando ela viu o que acontecia, RALHOU com os moleques: O que vocês estão fazendo? Hã, nada senhora. Estamos tentando dar uma cevada para o burro. Mas que boa ideia disse ela. Deixem o balde no chão para que ele possa comer em paz. Meio contrariados, os garotos fizeram o que ela disse e eu pude me deliciar com aquele alimento que me deu muita energia. Minutos depois o prefeito mandou que os donos dos burros ALINHASSEM seus animais. Mesmo com os protestos da senhora Franchet, eu peguei a pior RAIA, ao lado de uma cerca de espinhos. Quando o prefeito deu a largada, cada dono, postado atrás de seu burro, deu uma chicotada no animal. Foi um PÁREO emocionante. Os dezessete burros levantaram poeira na CANCHA, enquanto os humanos gritavam, assobiavam RALHAR: dar uma bronca ALINHAR: organizar-se em linha reta RAIA: espaço onde corre ou nada um competidor PÁREO: corrida CANCHA: estrada onde são disputadas corridas de cavalgaduras Memórias de um Burro 17 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 17 23/12/10 21:30

18 Coleção Aventuras Grandiosas e riam. Eu larguei no meio da RÉCUA, mas logo fui GALGANDO posições. Sentia todo o meu corpo vibrar. Colocava força e velocidade em cada movimento, sabia que estava correndo não só pelo prêmio e pela senhora Franchet, mas também para ser aceito por ela, caso vencesse a carreira. Um dos burros me mordeu o rabo e senti muita dor. Por alguns segundos ele conseguiu reduzir a minha velocidade com a mordida. Tive de fazer um movimento BRUSCO com o rabo para me livrar dele. Em minha manobra, acabei perdendo um pedaço do pelo, mas fiquei livre e com uma grande raiva que transformei em energia. Empolgado, assumi a liderança e cruzei a linha de chegada em primeiro lugar! Feliz, a senhora Franchet me acariciou e prometeu me dar bastante água e aveia, mas o povo nos cercou e o prefeito entregou a ela o relógio e o prêmio e acabamos nos separando na confusão de vozes, risos e abraços do público. Fui caminhando para longe dali, dobrei uma esquina, subi uma rua, desci outra e quando vi estava sozinho em um campo. Minha cauda doía muito, meus músculos tremiam por causa do esforço e eu estava louco de sede. Quieto e triste, eu AMALDIÇOAVA os humanos em meus pensamentos. Como podiam ser tão ingratos? Como eram capazes de organizar corridas de cavalos, burros, cachorros, obrigando esses bichos a correr e treinar sem nem ao menos cuidar deles? Isso sem falar nos humanos que promovem RINHAS de galos, brigas de cães, touradas e outras ATROCIDADES com os bichos. Era realmente horrível ter de viver no mesmo planeta em que certos homens vivem. Perdido em meus pensamentos, senti uma mão acariciar minhas costas. Depois ouvi uma voz de menino falando: Podre Cadichon! Tão magrinho e malcuidado, mas mesmo assim venceu a corrida. E esforçou-se tanto, mas depois foi abandonado. Vem comigo, Cadichon, eu vou cuidar de você. A voz era de Jaiminho, um garoto de cinco ou seis anos de idade. Ele estava acompanhado de Joana, uma garota mais nova que ele. A pureza daquelas crianças RÉCUA: coletivo de burros GALGANDO: ganhando, passando BRUSCO: repentino, severo AMALDIÇOAR: jogar uma maldição ou praga RINHAS: crime que consiste em promover a briga entre animais, como os galos, para lucrar com as apostas ATROCIDADE: barbaridade, crueldade 18 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 18 23/12/10 21:30

19 amoleceu meu coração. Eles ficaram ali me fazendo carinho e dizendo que me levariam para o sítio da avó deles. Até que ouvimos a voz de uma mulher adulta: Então vocês estão aí! Jaiminho, sai de perto desse burro. Vai que ele dá um coice em você! Sua avó me mata e depois me põe na rua. Não posso perder o meu emprego... Esse burro é muito bonzinho! Ele é o Cadichon, foi ele que venceu a corrida, mas depois aquela senhora gorda abandonou ele. A criada quis tirar as crianças dali, mas elas só queriam sair acompanhadas do burro. A moça tentou explicar que não tinham uma corda para guiar o burro, mas Jaiminho disse que aquele burro era muito esperto e que não precisava de corda. Ele vai nos seguir. Não vai, não, Jaiminho disse a moça. Se ele nos seguir, nós o levamos para casa, tá? Achando improvável que eu seguisse um garoto que não conhecia, a criada concordou com o garoto e logo começamos a caminhar. Fui CAPRICHOSAMENTE ao lado do pequeno Jaime, para a alegria das crianças e desespero da moça. Quando chegamos à casa da avó, todos acharam graça na história e fui muito bem recebido. Chegando lá, a avó de Jaiminho não queria me aceitar: Ele deve ter dono. Vovó, se tivesse dono não estaria todo fraco disse Jaime. Parece que ele tinha uma dona, aquela garota que morreu alguns meses atrás, a Paulina. Mas depois que a menina faleceu, os donos abandonaram o bicho explicou a babá das crianças. Eu permanecia quieto e bem-comportado no jardim da casa. A avó saiu da casa e veio até mim. Ela passou a mão no meu pelo, olhou meus dentes, minhas orelhas, os cascos, e eu sempre manso. Jaime e as outras crianças da casa olhavam com ansiedade aquela avaliação que a avó deles fazia em mim. Por fim, ela disse: Emília, você acompanhou as crianças com este bicho até aqui. O que você acha, ele é manso ou bravo? Pelo aspecto do pêlo e a magreza, eu pensei que pudesse ser ARREDIO e que pudesse morder as crianças, mas durante o trajeto e agora no jardim ele está provando que é manso e confiável. CAPRICHOSAMENTE: impulsivamente, subitamente ARREDIO: sem convívio social Memórias de um Burro 19 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 19 23/12/10 21:30

20 Coleção Aventuras Grandiosas Concordo com você. Este aqui é mesmo o burro Cadichon, famoso por salvar aquela menina de um incêndio, que Deus a tenha disse a avó, lembrando-se de Paulina. Então podemos ficar com ele? quis saber Jaiminho. Podemos sim, Jaime. Mas você vai ter de cuidar dele, certo? Tudo bem, vovó, tudo o que eu quero é cuidar do Cadichon. Agora eu tinha um novo lar! Fui levado para a estrebaria onde Jaiminho e Bouland, um funcionário do sítio, me deram bastante comida boa e água. Comi com prazer, APETITE e alegria. Aquele sítio era muito especial. Além dos primos de Jaime, ainda havia cavalos, gatos, porcos, galinhas e um cachorro grande e bondoso chamado Médor. Sempre tinha uma criança querendo me escovar ou me levando um presentinho, ou ainda querendo passear comigo pelo campo, bosque ou ir até o lago e o riacho. Meu primeiro ano lá foi uma maravilha. Recuperei meu peso normal e meu pelo voltou a ficar brilhante. Nas férias do ano seguinte, o sítio estava cheio com os primos de Jaime e Joana. Todos tinham vindo visitar a avó, que adorava ter os netos por perto: Camila, Madalena, Elisabeth, Henriqueta, Pedro, Henrique e Luís formavam uma turma animada que se divertia muito explorando as matas, subindo em árvores, correndo, brincando de esconde-esconde, construindo uma casinha perto do lago, pescando etc. Eu sempre os acompanhava. Às vezes carregava os mantimentos que eles comeriam num piquenique, às vezes carregava Joana e Jaime nas costas porque eles eram os menores e cansavam mais rápido. Nunca reclamei desses serviços, porque não eram cargas pesadas, porque eles nunca me batiam e porque o clima de amizade e diversão era muito legal. Para mim era um prazer acompanhar aqueles jovens em suas aventuras. Quando os pais das crianças iam juntos, resolviam alugar outros burros e formávamos um esquadrão de burros e pessoas seguindo trilhas, entrando nos bosques, rindo e conversando. Em um desses passeios, fomos até as RUÍNAS de um castelo abandonado. Enquanto os humanos se divertiam num lago que havia ali perto, os burros ficaram pastando e descansando na sombra de um ARVOREDO perto do castelo. Meus amigos BURRICOS que ali estavam começaram a ser levados por homens que saíam de um grande buraco perto do portão do castelo abandonado. APETITE: vontade de comer RUÍNA: construção abandonada e parcialmente destruída ARVOREDO: bosque, conjunto de árvores BURRICO: pequeno burro 20 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 20 23/12/10 21:30

21 Desconfiado, resolvi me esconder no mato e fiquei observando. Dois homens saíam, sequestravam dois burros e voltavam a se esconder no CALABOUÇO do castelo. Logo depois de os ladrões levarem o último burro, meus donos chegaram. Acharam estranho que só eu estivesse ali. Fiquei preocupado e comecei a zurrar, enquanto balançava a cabeça em direção ao buraco. Quando zurrei, meus amigos ASNOS responderam lá de dentro. Imediatamente os adultos entenderam que os burros haviam sido roubados. As crianças voltaram para o lago com uma parte dos adultos e o cachorro Médor, enquanto o pai de Jaiminho me montou e fomos até a aldeia chamar a polícia. Uma hora e meia depois estávamos de volta. O policial pediu que eu zurrasse enquanto eles se escondiam no mato para pegar os ladrões de surpresa. Para a surpresa do oficial, fiz o que ele pediu. Zurrei, mas os burros não responderam. Os ladrões devem ter amarrado pedras nos rabos dos bichos, assim eles não zurram. Fiquei com mais raiva dos ladrões porque eu sei como dói e incomoda ter o rabo atado a uma pedra. Continuei zurrando com força. Logo dois ladrões apareceram vindos da MASMORRA do castelo e logo foram presos pela polícia. Continuei zurrando e o truque deu certo. Conseguimos prender cinco LARÁPIOS, até que os ladrões desconfiaram e pararam de atender a meus zurros. Então a polícia entrou na catacumba e prendeu os dois últimos ladrões. Com eles estavam todos os meus amigos JUMENTOS, além de várias joias que tinham sido roubadas em uma cidade ali perto e dois homens que estavam sequestrados. O chefe da polícia veio pessoalmente me cumprimentar por ter atuado tão bem contra os criminosos. Virei uma espécie de herói naquele dia. CALABOUÇO: prisão subterrânea geralmente em um castelo ASNO: sinônimo de burro MASMORRA: prisão subterrânea geralmente em um castelo LARÁPIO: ladrão C apítulo 6 Os meses de férias passavam muito alegres naquela casa cheia de crianças e jovens, mas, infelizmente, algo muito ruim aconteceu no outono. JUMENTO: sinônimo de burro Memórias de um Burro 21 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 21 23/12/10 21:30

22 Coleção Aventuras Grandiosas Um dia os pais da turminha resolveram ir caçar em um campo afastado da propriedade. As garotas não quiseram ir por achar que caçar um pássaro livre ou um CERVO manso era uma covardia sem fim. Desconfio que mesmo que elas quisessem ir, seus pais não deixariam. Contudo, os meninos foram caçar junto de seus pais. Médor também foi convocado. A tarefa dele era prestar a atenção na ave a ser ABATIDA. Assim que ouvisse o disparo da arma, ele se EMBRENHARIA no mato para apanhar o bicho caído. Depois de entrar em um bosque ou se enfiar num BREJO, esperávamos alguns minutos e logo Médor aparecia com um pássaro na boca. Acho que os cães gostam tanto dos humanos que não param para pensar no absurdo que é usar uma arma para matar a distância um animalzinho inofensivo como uma ave. Muitos caçadores matam apenas por prazer, já que não estão famintos e na maioria das vezes têm comida em casa. Espero que um dia os homens evoluam e proíbam essas caçadas. Sei que isso parece impossível agora no século XIX, mas no futuro, quem sabe? Enquanto os adultos atiravam e acertavam, já tendo assassinado vários bichos, os garotos erravam muitos tiros. Augusto não conseguia acertar nenhum. Como era um sujeito arrogante e mimado, não assumia que o fato de ser péssimo caçador se justificava por não saber MIRAR, por não ter experiência naquela prática cruel. Augusto dizia que sua pontaria era boa, mas que, como Médor estava com os adultos, todas as aves que ele abatia caíam no mato e ele não as encontrava. Assim, os adultos lhe emprestaram Médor. Na verdade, os adultos se divertiam muito com a falta de habilidade dos jovens, especialmente de Augusto. Com a companhia de Médor, Augusto continuava atirando e, mesmo sem ver nenhum pássaro caindo, ele insistia que eles haviam caído no mato. Médor ouvia os tiros e permanecia parado, pois nada havia para ser buscado. Impaciente, Augusto obrigou Médor a se enfiar no mato. Cansado de ouvir tiros que lhe doíam o ouvido, o cão entrou no mato e por lá ficou algum tempo, descansando. Quando voltou, Augusto o matou com um tiro que atingiu o pescoço. Pensei que era um cervo saindo do bosque! disse Augusto, com o rosto PÁLIDO de susto. CERVO: animal mamífero, discreto e veloz ABATIDA: morta EMBRENHAR: entrar ou se esconder no mato BREJO: terreno úmido com vegetação característica MIRAR: apontar arma de fogo para algum alvo PÁLIDO: pele sem cor, branca. 22 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 22 23/12/10 21:30

23 Eu tinha sido levado até lá para carregar os animais mortos na caçada em dois cestos que os jovens acoplaram em meu DORSO, mas tive de voltar carregando o corpo de meu amigo Médor. A morte dele me deixou com muita raiva de Augusto. Para tentar provar que era melhor do que os outros, ele tinha cometido um crime. Os adultos ficaram revoltados com o garoto, mas eles tinham parte da culpa no meu entender, afinal, eram eles que estavam incentivando aquela atividade violenta entre os jovens. Nos dias seguintes fiquei muito triste. O pai de Augusto o levou para casa e o rapaz ficou proibido de visitar a turma do sítio durante um mês. Jaiminho e as outras crianças também sentiram muito a falta de Médor e resolveram que nunca mais caçariam. Para alegrar seus netos, a avó organizou um passeio à aldeia. Lá, os meninos viram um cartaz na praça no qual se lia: VENHAM TODOS VER MIRLIFLORE O BURRO MAIS INTELIGENTE DO MUNDO! A avó leu o cartaz para Jaiminho e ele protestou: Não é possível. Cadichon é o mais inteligente! Camila concordou: Sim, duvido que esse Mirliflores seja mais sábio do que o nosso amado Cadichon! Curiosos, os jovens convenceram a avó a ficar na aldeia até o final da tarde, quando o burro mais inteligente do mundo se apresentaria. Na hora da apresentação, mais de cem pessoas formavam um grande círculo em cujo centro estava um burro. Olhei para ele e vi que estava DESNUTRIDO. O apresentador enchia o burro de elogios e recitava uma enorme lista de coisas que aquele burro sabia fazer. Eu analisava meu irmão de espécie e via nos olhos dele que aquele trabalho era muito chato e estressante. Quando o domador ergueu o braço, notei que Mirliflores tremeu; com isso, concluí que devia ter apanhado muito para aprender os truques do show. O espetáculo era muito simples. O domador cumprimentava o burro e este respondia, balançando a cabeça. Jaiminho disse para seus primos: Aposto que Cadichon consegue fazer tudo isso. Eu estava tão irritado com aquele domador que dei alguns passos e entrei no círculo onde Mirliflores se apresentava. O povo me aplaudiu achando que eu realmente fazia parte do show; tratei de cumprimentar a audiência balançando a DORSO: as costas DESNUTRIDO: malnutrido ou sem nutrição Memórias de um Burro 23 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 23 23/12/10 21:30

24 Coleção Aventuras Grandiosas cabeça para os lados e depois movendo-a para baixo, como fazem os artistas. Fui aplaudido com entusiasmo, o que fez o dono do show tolerar a minha presença ali. Em seguida, o domador disse para Mirliflores: Mirliflores, use sua sabedoria e coloque este chapéu na cabeça da pessoa mais ignorante desta cidade falou e bateu uma vez com o chicote no chão. Sem entusiasmo, o burro pegou o chapéu e rumou certo para a sua direita, onde estava um rapaz. O povo aplaudiu, DEBOCHANDO do rapaz. Antes de o show começar, eu havia visto aquele garoto conversando com o domador; logo, concluí que poderia ser seu filho, afinal havia uma certa semelhança entre eles. Por isso entrei em ação, fui até o garoto, tomei-lhe o chapéu com os dentes e voltei para o centro do círculo, colocando-o na cabeça do domador. O povo foi ao delírio. Irritado comigo, mas empolgado com os aplausos, o apresentador disse: Mirliflores, se você é o burro mais sábio do mundo, entregue este buquê de flores do campo para a mulher mais linda desta aldeia disse, dando duas chicotadas no chão. Lá foi o burro com o buquê na boca, novamente seguindo de modo automático, dessa vez para a esquerda, onde parou em frente a uma senhora gorda e horrorosa, que curiosamente era a cara do menino que havia recebido o chapéu. Era óbvio que aquela senhora era a esposa do domador. O povo riu da escolha de Mirliflores, porque de linda aquela mulher não tinha nada. Escutei algumas pessoas falando: Mirliflores é tão burro quanto qualquer burro gargalhando. Novamente meu sangue esquentou e mais uma vez interferi no show. Fui até a gorda e lhe tomei o RAMALHETE. Dei uma volta inteira pelo círculo, enquanto escolhia a garota mais bonita dali, até que meus olhos encontraram os de Camila, a prima de Jaiminho. Caminhei até ela e lhe ofereci as flores. A multidão começou a aplaudir sem parar, enquanto Jaiminho, Henrique, Pedro, Luís, Madalena e Elisabeth comemoravam a minha escolha e o meu sucesso. Enquanto isso, o domador, sua mulher e seu filho foram saindo dali. Quando o povo percebeu que eu não fazia parte do show, algumas pessoas se EXALTARAM e tentaram ir atrás da família de SALTIMBANCOS, mas eles já DEBOCHANDO: zombando RAMALHETE: buquê EXALTAR: enfurecer SALTIMBANCOS: artistas populares que se apresentam em praças e ruas por conta própria 24 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 24 23/12/10 21:30

25 haviam partido. Abandonado por seus antigos e exploradores donos, Mirliflores foi recolhido pela prefeitura, onde hoje é bem-tratado e faz serviços leves. Às vezes eu o vejo e ele me cumprimenta daquele jeito desengonçado que o domador lhe IMPÔS. C apítulo 7 As semanas seguintes foram tranquilas. As pessoas estavam felizes comigo. Para quase todos eu era um PRODÍGIO, um burro superdotado. Mas algumas pessoas eram mais CÉTICAS. Enquanto Camila era fã da minha inteligência, Henrique tentava explicar meu comportamento de modo mais racional. Cadichon viu que os burros foram roubados e nos avisou e depois ajudou a polícia a prendê-los! dizia Camila, lembrando os sequestradores no castelo abandonado. Sim, ele acabou denunciando os ladrões, mas para mim fez isso sem querer. Na minha visão, ele estava apenas tentando se comunicar com os outros burros e nunca querendo nos chamar. Camila balançou a cabeça sem entender como seu primo podia ser tão frio e depois disse: E quando ele venceu a corrida para a senhora Franchet e depois seguiu Jaiminho até a casa da vovó? Ele venceu porque foi mais forte ou mais rápido, não por ser inteligente, e seguiu Jaime porque Jaime o tratou bem respondeu Henrique. Tá, mas e antes de nos conhecer, por que Cadichon arriscou a própria vida para salvar sua ex-dona Paulina? Camila, ele estava querendo se salvar também. Deve ter salvado a menina por gostar dela, mas não por inteligência. Você não entende nada mesmo, né, Henrique? O que me diz do show que Cadichon deu na aldeia, superando o burro Mirliflores que era treinado naquele número? IMPÔR: obrigar PRODÍGIO: pessoa, coisa ou animal fora do comum, sobrenatural CÉTICA: que duvida de tudo, seguidora do ceticismo Memórias de um Burro 25 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 25 23/12/10 21:30

26 Coleção Aventuras Grandiosas Camila, não fique brava comigo. Eu penso que o Cadichon apenas imitou o que o outro burro fazia. Não vejo nenhuma relação de inteligência nos atos dele. Ele é um animal! Assim como você também é, Henrique, e eu também sou. Somos todos animais e mamíferos. Henrique riu da determinação de sua prima e os dois continuaram com suas CONVICÇÕES INABALADAS. Algum tempo depois, em um fim de semana quente de outono, a turma toda se reuniu na propriedade da avó. Augusto, liberado de seu castigo, também estava lá. Ao vê-lo, senti ódio. Meu coração martelava o peito pensando em Médor e no modo estúpido como Augusto o havia assassinado. Um sentimento feio de VINGANÇA tomou conta de mim. Então, movido pelo ódio, preparei um modo de fazer JUSTIÇA com minhas próprias patas. Em um momento em que Augusto estava montado em mim, saí em disparada e o derrubei em um enorme e profundo FOSSO, onde os adultos guardavam excremento de cavalos, bois, porcos etc. para depois usarem como ADUBO nas plantações. O garoto caiu no fosso e afundou. Eu não queria que ele morresse, queria apenas que tivesse uma lição, que aprendesse a ser mais HUMILDE e menos SABICHÃO. Por sorte ele não faleceu, mas engoliu muito cocô e água suja enquanto tentava escapar do fosso. Henrique, Pedro e Luís o ajudaram a sair. O rapaz tossia muito e respirava com dificuldade. Nos dias seguintes adoeceu e ficou dois meses de cama. Durante esses dias todos ficaram preocupados, pois Augusto corria risco de morrer. As crianças se afastaram de mim a mando dos adultos. Fui considerado um animal traiçoeiro e mau. Camila foi me ver no galpão e me deu um SERMÃO, dizendo que sabia que eu não gostava de Augusto, que CONVICÇÃO: certeza íntima INABALADA: firme, sem mudança VINGANÇA: castigar ou punir para sentir-se recompensado JUSTIÇA: a capacidade de julgar segundo o que é justo conforme a lei FOSSO: valeta geralmente ao longo de estradas ADUBO: restos vegetais ou animais que fertilizam a terra HUMILDE: simples, modesto SABICHÃO: quem sabe de tudo ou faz questão de mostrar que é um sabe-tudo SERMÃO: longa e enérgica advertência; aviso ou conselho 26 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 26 23/12/10 21:30

27 tinha visto como eu fizera tudo de propósito e que era para eu rezar (se é que eu rezava) para o rapaz melhorar. Jaiminho foi o único que continuou me apoiando da mesma forma de antes. Abraçava-se a mim e dizia que tudo ia ficar bem, que as pessoas iam ver que eu não tinha feito por mal e que Augusto ia melhorar logo e todos iriam esquecer aquele EPISÓDIO. Mas Augusto ficou vários dias ENCAMADO e eu comecei a ser maltratado pelos funcionários do sítio. Um deles chegou a tirar o cinto das calças e me deu uma surra, escondido de Jaime e dos outros garotos. Eu estava me sentindo tão culpado e triste por ter jogado Augusto no fosso que aceitei a surra sem me mover. O homem me bateu muito. Parecia ter prazer em fazer aquilo. Fiquei cheio de VERGÕES e com o dorso e o lombo ardidos e LATEJANDO por alguns dias. Após aquela surra, resolvi fugir. Concluí que não queria comer comida num lugar onde quase todos me desprezavam. Por isso tomei a decisão de novamente ir viver na floresta, onde esperava que ninguém se decepcionasse comigo. Após alguns dias vivendo na floresta, estava me sentindo muito triste. Minha liberdade tinha perdido o valor sem os meus amigos. Acho que foi por isso que segui por uma estrada e fui parar nos fundos de um cemitério, perto de outro vilarejo. Naquele local quieto, ouvi vozes humanas. Quando me aproximei, vi que era o domador e sua família que descansavam, sentados em um tronco. Estamos arruinados! Já éramos pobres, mas depois de perdemos Mirliflores naquela confusão, perdemos também nossa única FONTE DE RENDA dizia o domador com o rosto CONTRAÍDO, os olhos fundos e a voz baixa. Aquelas palavras mexeram comigo. Eu era o culpado pela miséria daquela família. Por isso resolvi me aproximar deles, queria poder ajudar de alguma forma ou então ser punido pelo que fiz. Estava tão triste que não me importaria de tomar uma surra daquela família. Assim que me viu, o domador pegou seu chicote e veio em minha direção: EPISÓDIO: parte ou capítulo de uma história ou peça teatral ENCAMADO: acamado, doente na cama VERGÃO: grande marca na pele LATEJANDO: pulsando FONTE DE RENDA: dinheiro recebido por trabalho ou aplicação financeira CONTRAÍDO: enrugado Memórias de um Burro 27 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 27 23/12/10 21:30

28 Você está aí! Você nos arruinou e agora você vai pagar pelo que fez, seu burro! Mas, antes que ele me batesse, sua esposa o impediu, ALEGANDO que eu era muito talentoso e que poderia substituir Mirliflores e render um bom dinheiro para eles. Por um instante o homem parou sem entender direito. Mas a mulher explicou tudo de novo e o homem largou o chicote. Decidi ficar com eles, assim teria novos amigos e poderia reparar um mal que causei. Porém, minha parceria durou três dias. O domador ensaiou o número comigo e nos apresentamos na aldeia ali perto. Repeti os truques do outro show e o povo adorou. O domador e sua esposa ficaram muito contentes com o dinheiro ARRECADADO e partimos para outro vilarejo. Embora o domador não me desse muita comida, eu estava gostando da vida de ator. Cada dia em um lugar diferente, sem precisar carregar peso, conhecendo pessoas e sendo aplaudido. Não fosse a BRUTALIDADE do domador, sua ignorância e selvageria, eu teria continuado com eles por vários anos. Mas logo após nosso segundo show, ele bebeu muito e bateu em seu filho. Fiquei muito mal com aquilo. Não havia motivo para que seu filho fosse espancado, aliás, se pensarmos bem, nunca há motivo para que alguém seja espancado. Mas o garoto apanhou feio só porque queria me dar umas cenouras, seu pai não deixou e o rapaz insistiu. Na mesma noite roí a corda e fui viver em liberdade. Já que não teria como proteger o garoto ou impedir que ele fosse surrado, decidi ao menos não sustentar o CANALHA que batia nele. Coleção Aventuras Grandiosas C apítulo 8 VAGUEI por mais alguns dias na floresta e novamente fiquei muito triste. Tinha muita saudade dos garotos, das brincadeiras e dos passeios no sítio. Acho que foi por isso que INCONSCIENTEMENTE fui me aproximando da casa da avó de Jaiminho. ALEGANDO: explicando ARRECADADO: recebido BRUTALIDADE: violência CANALHA: ralé, pessoa de pouco valor VAGAR: andar sem rumo INCONSCIENTEMENTE: sem consciência, sem perceber 28 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 28 23/12/10 21:30

29 Quando estava bem perto, tive vergonha de aparecer por lá e fiquei escondido num arvoredo na beira da estrada. Fiquei um dia inteiro ali, sem saber se teria coragem de voltar para o sítio, porque se fosse expulso ou vendido seria muito ruim. No final da tarde vi que dois homens chegaram ao bosque onde eu estava. Ouvi a conversa deles; seu plano era assaltar a avó de Jaiminho assim que anoitecesse. Fiquei muito preocupado, pois os bandidos tinham facas, mas fiquei quieto no meu esconderijo. Quando a noite caiu, segui os bandidos com cautela para que eles não me vissem. Quando os marginais estavam escalando o muro de pedra da propriedade, aproveitei para dar mordidas fortes nos tornozelos deles. Como estava muito escuro, eles não sabiam o que ou quem os estava atacando e ficaram muito nervosos. Um deles deixou cair a faca e o outro desceu do muro e começou a esfaquear a escuridão A ESMO. Com medo de ser furado, comecei a correr em zigue-zague e em círculo, sempre zurrando muito alto para chamar a atenção dos empregados da casa ou dos adultos. Minha estratégia deu certo. Logo os funcionários chegaram e conseguiram IMOBILIZAR os assaltantes. Quando a polícia chegou, ficamos sabendo que aqueles dois eram procurados por outros crimes. A polícia novamente me parabenizou e o capitão disse que se eu fosse humano seria promovido a sargento. Todos riram e a avó de Jaiminho me abraçou, dizendo que eu era bem-vindo na casa dela e que não seria mais desprezado por ninguém. No fim de semana seguinte, Jaiminho e o resto da turma foi até o sítio e brincamos muito. Alguns meses depois, Augusto estava completamente recuperado e foi nos visitar. Fiquei surpreso porque ele estava muito mudado. A doença havia feito mudanças em seu modo de ver o mundo. Agora ele era humilde, PRESTATIVO e tinha desistido de ser uma pessoa competitiva. Quando as crianças foram passear, alguém perguntou se ele se animaria em montar Cadichon de novo: Tenho um pouco de medo dele, mas é mais uma SUPERSTIÇÃO, porque Cadichon já provou ser um burro de boa ÍNDOLE. A ESMO: sem rumo IMOBILIZAR: paralisar, tirar os movimentos PRESTATIVO: disposto a servir SUPERSTIÇÃO: apego sem fundamento a coisas ou crenças ÍNDOLE: caráter Memórias de um Burro 29 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 29 23/12/10 21:30

30 Isso mesmo, Cadichon é do bem! disse Jaiminho, fazendo os outros rir. Mas, Augusto, você não acha que ele o derrubou de propósito? quis saber Henrique. Acho que não. Foi um acidente. Eu não sou tão bom condutor. Estávamos correndo muito e ele deve ter tropeçado em alguma pedra ou buraco disse Augusto com calma. Fiquei emocionado com o perdão que ele me dava e coloquei minha cabeça em seu ombro. Todos riram. Acho incrível a quantidade de situações pelas quais passamos na vida. Por isso resolvi escrever este livro, para lembrar os bons e maus momentos vividos e para que as pessoas saibam que os animais pensam e sentem assim como os humanos. Espero que os que leiam este livrinho não maltratem seus bichos e ajudem a protegê-los. Talvez você esteja pensando: um burro não sabe escrever. Para esses eu digo: quem acredita em algo, quem tem vontade de realizar alguma coisa e coragem de lutar por ela com dedicação pode conseguir tudo o que deseja. Tomara que você tenha gostado. Coleção Aventuras Grandiosas 30 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 30 23/12/10 21:30

31 Roteiro de leitura Antes da Leitura 1) Você já chamou alguém de burro(a)? Quem foi? Por quê? 2) Você já viu um burro (o animal) de perto? Já tocou algum? 3) Você sabe o que um burro gosta de fazer e comer? 4) Você gostaria de ser amigo(a) de um burro? 5) Considerando apenas a capa do livro, o que você achou que ia acontecer na história? Durante a Leitura 6) Onde se passa a história? Quais cidades foram citadas? 7) Quando se passa a história? Em que página você achou essa informação? 8) Quem é o narrador do livro? 9) Inscreva do livro duas frases de que você tenha gostado e duas de que não tenha gostado. 10) Escolha a palavra mais adequada para completar a frase: a) Fui considerado um animal traiçoeiro e (mau/mal). b) Hoje me arrependo de ter causado (mau/mal) a outros bichos. c) Como é (bom/bem) quando um humano conversa com nós animais! d) Fico muito feliz quando um humano me trata (bom/bem). Após a Leitura 11) Antes de ler o livro você tinha alguma ideia sobre como poderia ser a história? Se sim, suas ideias se confirmaram? 12) Cadichon disse que após a leitura talvez você não chamasse mais as pessoas de burras. Você vai seguir o conselho dele? 13) Na sua opinião, Cadichon teve alguma atitude contrária à sua boa índole? 14) De que parte da história você mais gostou? Por quê? 15) De qual o trecho do livro que você menos gostou? Por quê? 16) No primeiro capítulo, Cadichon disse que achava estranho que os seres humanos amassem cães e gatos mas que matassem porcos e galinhas para comer. Você já havia pensado nisso? O que você acha desse raciocínio? 17) Na sua cidade, há muitas carroças circulando pelas ruas? Qual a aparência dos burros e cavalos que as puxam? Pesquise se onde você mora há uma lei que proteja os animais de tração. 18) Elabore uma sugestão sobre como os humanos poderiam tratar melhor os animais. Com a ajuda do(a) professor(a), reúna todas as sugestões de sua turma e decidam juntos quais são as mais viáveis (possíveis de realizar). 19) Faça cartazes, espalhe pelas ruas, pela escola, mande cartas e s para a imprensa e para os governantes. Coloque suas sugestões em prática e ajude a mudar o mundo! Memórias de um Burro 31 AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 31 23/12/10 21:30

32 MEMÓRIAS DE UM BURRO Condessa de Ségur Biografia da Autora Coleção Aventuras Grandiosas A Condessa de Ségur é uma importante autora da literatura francesa voltada ao público jovem. Ela nasceu em São Petersburgo, na Rússia, em 1799, com o nome de Sofia Rostopchine, mas seu pai, por motivos de perseguição política, foi obrigado a deixar a Rússia. A família se mudou para Paris em 1817, quando Sofia tinha 18 anos. Na França, em 1819, ela se casou com o conde Eugênio de Ségur. Tiveram oito filhos e viveram num castelo na região francesa da Normandia. Quando tinha 50 anos, a condessa virou avó. Como suas netas Camille e Madeleine de Malaver moravam na Inglaterra com os pais, a condessa começou a escrever histórias dedicadas a elas e logo seus contos ganharam fama fora do domínio familiar. Os personagens da condessa eram baseados em pessoas reais, por isso se sujavam, riam, choravam, cometiam erros, arrependiam-se e agiam como seres humanos, ao contrário de outras narrativas infantis em que os personagens eram perfeitos e pouco humanos. Seus livros foram originalmente publicados na coleção Biblioteca Rosa. Ela escreveu livros, contos, peças de teatro e trabalhos religiosos para jovens e crianças e até hoje sua obra ainda é publicada. Em suas obras se destacam Sofia, a desastrada (Les malheures de Sophie), de 1864, e As meninas exemplares (Les petits filles modeles), de Memórias de um burro (Mémoires d un âne), de 1860, é dedicado ao seu neto Henri de Ségur, e alguns de seus netos, como Camille e Madeleine, são citados na narrativa. Ela faleceu em AnaTotaro_AventurasGrandiosas6_Memorias_de_um_burro_Prova3.indd 32 23/12/10 21:30

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