Boletim Academia Paulista de Psicologia ISSN: X Academia Paulista de Psicologia Brasil
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- Mirella Raminhos Ferretti
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1 Boletim Academia Paulista de Psicologia ISSN: X Academia Paulista de Psicologia Brasil Torres, André R. R. Reseña de "Psicoterapia e subjetivação Uma análise de fenomenologia, emoção e percepção" de V.A. Angerami Camon Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. XXIV, núm. 3, setembro-dezembro, 2004, pp Academia Paulista de Psicologia São Paulo, Brasil Disponível em: Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
2 do que dar algo material... Nada do que eu possa dizer ou escrever poderá dar conta do que recebi, nem se igualar ao quanto deram a si próprios ao doar-se, como o fizeram para me ajudar. Necessário se faz, portanto, que todos os que dela tanto recebemos, manifestemos nossa convicção do quanto ela foi importante em nossa vida acadêmica e mesmo pessoal, do quanto recebemos e nos beneficiamos de sua capacidade de doar, enfim, do quanto para nós ela é importante e do quanto nós somos gratos a ela. Muito obrigado, Profa. Geraldina! Gostaria de fazer apenas uma observação, não uma crítica, quanto ao texto em tela. Embora ele nos dê uma boa visão da trajetória pessoal e acadêmica da Profa. Geraldina, senti falta da relação de todos os seus trabalhos publicados. Sei que são muitos. Talvez esta tenha sido a razão editorial para não apresentálos, ainda mais que tais trabalhos poderão ser facilmente obtidos por meio de consulta ao seu Currículo Lattes. Ainda assim, acredito que tais dados poderiam enriquecer este texto e dar uma visão mais completa, para aqueles que não a conhecem suficientemente, de sua enorme capacidade de trabalho e dedicação à ciência. Não se pense, todavia, que, com a publicação deste livro, a autora se despede da vida acadêmica e se retira para um merecido repouso, pois, como a autora nos previne ao final do último capítulo: Vou continuar a jornada até o ponto em que o caminho acabe ou me leve para outros horizontes. É muito bom ler tal afirmação e saber que poderemos continuar contando com o esforço e a dedicação da Profa. Geraldina Witter na construção da Psicologia no Brasil. Angerami Camon, V.A. (2003) Psicoterapia e subjetivação Uma análise de fenomenologia, emoção e percepção. São Paulo, Thomson André R. R. Torres 1 Clínica Maria Monteiro Centro de Psicoterapia Existencial O livro é dividido em sete capítulos adicionados da apresentação e da bibliografia situadas, respectivamente, na abertura e no final do mesmo. É visível, desde o início, a linguagem poética do autor também presente em todas suas publicações como recurso de penetração de seus trabalhos teórico-científicos. Na Apresentação, destaca-se o fato de que o livro foi elaborado como guia para o curso de formação em psicoterapia fenomenológico-existencial promovido pelo Centro de Psicoterapia Existencial, coordenado pelo próprio autor. 1 Psicólogo clínico e psicoterapeuta existencial. Endereço para correspondência: R. Maria Monteiro, 608, s/ Campinas, Tel. (19) , torres.andre@uol.com.br 69
3 No primeiro Capítulo De pequenos detalhes..., a partir de uma citação do já falecido cantor Gonzaguinha, Angerami consegue criar uma atmosfera de interligação entre seus conhecidos mais próximos, demonstrando já a importância que as outras pessoas têm em nossa vida pessoal, concentrandose, no caso, na concepção deste livro. No entanto, o tema é desenvolvido de forma teórica no decorrer do trabalho. O segundo capítulo Do azul de uma manhã de outono, de epistemologia e de metafísica(...) inicia-se com novo clima poético. Desta vez, o autor versa sobre sua fascinação pelo outono e pela natureza ao mesmo tempo em que situa seu embasamento filosófico a ser desenvolvido no livro, citando os filósofos Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty, dois grandes expoentes franceses da filosofia existencial. Começa então a se aprofundar na questão teórica, opondo a psicoterapia existencial às psicologias que se propõem a cumprir o método científico. O autor já conhecido por suas posições polêmicas não deixa de levantar suas críticas ao behaviorismo e ressaltar o trabalho artesanal da psicoterapia existencial, comparando tal postura à personagem D. Quixote de Miguel de Cervantes, o que denota uma posição anti-reducionista. Marca presente neste livro e que começa a ser trabalhada neste ponto é a atenção para o papel social do conhecimento, principalmente as psicologias que considera alienantes. Para tanto, demonstra sua indisposição teórica em relação à psicanálise e à prática psicológica que se baseia na filosofia de Heidegger. O capítulo encerra-se com a afirmação de que o pensamento existencialista é essencialmente metafísico. O Capítulo 3 Desconstrução de conceitos faz jus ao nome. Ele se inicia com a exposição da proposta do autor de compreender o que é a subjetividade e como é estudada, destacando as diferenças entre sua fundamentação teóricofilosófica que se dá, principalmente, aos moldes da fenomenologia de Merleau- Ponty e a Psicologia tradicional. A crítica agora cai sobre a tendência da Psicologia apontada pelo autor de encapsular o ser humano, ou seja, isolá-lo do mundo que o circunda. São traçadas relações entre sensações e corpo, afirmando-se que cada pessoa é o seu próprio corpo. Deste argumento, Angerami põe-se a questionar o conceito de mente e o seu domínio sobre o corpo, afirmando que esta separação inexiste. Portanto, também é colocada em xeque a idéia de doença mental com severas críticas ao organicismo que, segundo o autor, justificou práticas desumanas como, por exemplo, a lobotomia. 70
4 A posição assumida no livro define-se neste momento com a colocação de que não se deve situar-se nos dois grandes paradigmas vigentes: 1 o da psique e 2 o do organicismo. É defendida a idéia de que o Homem é muito mais do que o objeto de estudo destas duas correntes. Para justificar posicionamento, baseia-se em Jean Genet e Sartre, criticando a idéia de um mundo interior isolado de um exterior. Angerami declara: Eu sou a minha realidade social. Chegamos ao Capítulo 4 Sobre o imaginário e nos deparamos com uma importante diferenciação sartreana entre imagem e objeto. O passo seguinte é diferenciar o imaginário da realidade. Algumas idéias da psicoterapia existencial são expostas, como a mudança perceptiva e a idéia de que o Homem é sempre um vir-a-ser. Citando novamente Merleau-Ponty, o autor destaca o papel dos sentidos no nosso acesso ao mundo e suas relações com o imaginário. Alguns exemplos práticos reforçam tais ensinamentos. Há uma subdivisão do capítulo intitulada Sobre a senso-percepção que começa com a afirmação fenomenológica de que percepção é sempre de algo do mundo, o que traz novamente a idéia de que somos nossa realidade social. Para exemplificar, Angerami cita algumas diferenças regionais do Brasil que influenciam diretamente a subjetividade e a historicidade das pessoas envolvidas. Vemos então como o imaginário se forma a partir da senso-percepção. Na exposição, também é demonstrado como o mesmo se estrutura enquanto saber puro e saber imaginante. Com esta sistematização, o autor demonstra caminhos para uma compreensão psicopatológica a partir das relações e contraposições entre o imaginário e a realidade. Angerami traça vários paralelos envolvendo o imaginário, analisando sua participação nas relações interpessoais, na drogadição, nas relações virtuais estabelecidas via Internet. Mesmo envolvendose em várias análises teóricas, o autor não deixa de demonstrar seu fascínio com a vida diária e com a natureza. Chama a atenção do leitor de que tal trabalho não é o último, ou seja, que é preciso desenvolver ainda mais estas idéias, inclusive dentro da Psicologia. Também salienta as conseqüências do pensamento desenvolvido na prática da psicoterapia. O Capítulo 5 O constitutivo do corpo. A real configuração da natureza humana é claramente o mais volumoso do livro. Nas reflexões iniciais deste capítulo salienta a questão do corpo contrapondo as idéias de Merleau-Ponty às de Henrique C. Lima Vaz. Também em defesa de suas idéias, o autor levanta a visão do corpo para o filósofo Edmund Husserl, criador da fenomenologia. 71
5 Na subdivisão Sobre o corpo, Angerami discorre sobre o modo como, através da experiência do corpo, adquire-se consciência da expressão e formase o esquema corporal. É clara a diferenciação entre o corpo vivido e o corpo descrito pela ciência. A partir de tais idéias, várias vias são traçadas entre o corpo, a transcendência e o imaginário, por exemplo. Uma importante observação que o autor considera, trata-se do perigo de tornar o corpo em objeto, o que possibilita práticas brutais como a tortura ou a supervalorização do próprio corpo. É traçada com afinco a unidade entre corpo e consciência, questionandose a separação entre o psíquico e o somático. O autor opõe-se também à fisiologia tradicional, mostrando a união que existe entre os sentidos na sensopercepção. Bastante interessante a citação de Merleau-Ponty, afirmando que O corpo está no mundo assim como o coração no organismo. Mais uma subdivisão se apresenta neste capítulo. Trata-se da parte Sobre o psiquismo, na qual Angerami passa a investigar a definição do termo psíquico, encontrando a raiz grega de psi como sendo alma. Várias diferenciações sobre as divisões entre alma e corpo são feitas aqui. Desde o pensamento de Aristóteles até as afirmações bíblicas de São Paulo. A posição de que não há um eu psíquico distante de um eu corporal é mantida com firmeza. As críticas são dirigidas à psicanálise com a citação do filósofo contemporâneo Gilles Deleuze, atentando mais uma vez para que a psicologia não se torne alienante. O autor baseando-se nas correntes da Psicologia faz reflexões sobre o desenvolvimento humano e critica a idéia de nexo causal, demonstrando-a através de várias formas de psicoterapia que considera absurdas por causa, principalmente, de suas bases teóricas. São retomadas as relações trabalhadas no decorrer do capítulo sobre a não separação entre o corpo e psíquico, adicionando-se a questão emocional. Começa o Capítulo 6 A prática da psicoterapia. Nas Reflexões iniciais, são expostos os papéis definidos na psicoterapia: o do psicoterapeuta e o do paciente. Também são demonstrados a definição de psicoterapia e os seus limites. Na subdivisão A psicoterapia de um novo prisma, o autor chama a atenção para a necessidade de coerência necessária entre teoria e prática, exemplificando com situações práticas os seus argumentos. É ressaltada a flexibilidade da psicoterapia existencial pelo fato de ela partir sempre do que o paciente traz, sendo ele a sua própria medida, pois, nesta ótica, o paciente é um fenômeno único e não deve ser subjugado a generalizações teóricas. 72
6 Nas novas subdivisões deste capítulo, Descrição de caso e Análise de caso são adicionadas para relatar exatamente o que sugerem seus títulos, diferenciando a abordagem do caso apresentado de outras linhas teóricas da Psicologia, questionando possíveis interpretações e o uso de testes psicológicos. No final, Angerami faz a ligação do caso exposto com o conteúdo desenvolvido no decorrer do livro, utilizando as noções de imaginário, senso-percepção, historicidade, entre outras. O livro se encerra com o Capítulo 7 Considerações complementares, no qual o autor deixa clara as polêmicas levantadas nesta publicação e, com ajuda da citação do ilustre filósofo Gerd Bornheim, situa a proposta do livro em relação às teorizações vigentes. Trata-se, de uma contribuição polêmica que pode vir a suscitar muitas discussões teóricas no âmbito das correntes teóricas e prática da Psicologia. Recomenda-se particularmente, sua leitura para o embasamento dos psicólogos que militam na área da Psicoterapia existencial. Ariboni,S.,Perito,R. (2004). Guia prático para um projeto de pesquisa: - exploratória- experimental- descritiva. São Paulo: Unimarco Editora, 175p. Geraldina Porto Witter (Cad.23) 1 Universidade Mogi das Cruzes Sandro Ariboni e Rose Perito trabalham com pesquisa de marketing e de opinião pública o que aparece refletido na obra aqui resenhada. Trata-se de um texto para fins didáticos, especialmente dirigido a estudantes da área organizacional e propaganda, pelos exemplos escolhidos para ilustrar o texto. Todavia o trabalho está redigido de forma a ser útil a qualquer pessoa que esteja se iniciando na produção científica, mais especificamente na elaboração de um projeto. Os autores começam por conceituar pesquisa cientifica, fazer uma classificação de seus tipos e descrever suas etapas. No capítulo seguinte continuam a classificação, tendo por base as fontes de informação em que se apóia o pesquisador. Além disso, procuram traçar um breve perfil do pesquisador 1 Gestora do Curso de Psicologia. Endereço para correspondência: R. Pedroso de Moraes, 144/302, São Paulo. witter@uol.com.br 73
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