Boletim Empresarial NOÇÃO DE EMPRESA:
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- Eduardo Silveira de Sintra
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1 NOÇÃO DE EMPRESA: As empresas, células base da actividade económica, são vulgarmente entendidas como conjuntos organizados de meios materiais (meios técnicos e meios financeiros) e humanos, virados para a produção de bens e serviços. Constituídas sem horizonte temporal definido, têm contudo à semelhança das demais organizações, um ciclo de vida, limitado, o qual, pode ser dividido nas três fases seguintes: - institucional, em que se decide da sua criação, através da obtenção e combinação dos recursos necessários para a sua entrada em funcionamento; - funcionamento ou de execução, na qual se desenvolve todo o processo de transformação, ou seja, o da produção de bens e serviços, com vista à obtenção de certos resultados; - liquidação, na qual se procede à extinção da empresa. DESPESAS e RECEITAS, CUSTOS e PROVEITOS, RECEBIMENTOS e PAGAMENTOS. A fase de funcionamento ou de execução, (a fase mais longa da empresa), pode ser dividida em três ópticas distintas, que evidenciam o dia a dia da empresa, o funcionamento da empresa: 1
2 A primeira óptica é a financeira e diz respeito ao movimento da empresa perante o exterior. Está directamente relacionada com a remuneração dos factores produtivos (ex: trabalhadores, capital) e dos bens e serviços transaccionados. Nesta óptica podemos distinguir: as despesas, que correspondem à remuneração dos factores produtivos (trabalhadores, capital) e as receitas, que correspondem à remuneração das vendas efectuadas e/ou dos serviços prestados. Em suma, despesas e receitas, irão provocar, respectivamente, saídas e entradas de valores monetários para a empresa. A segunda óptica é a económica ou produtiva, e anda ligada à transformação e incorporação dos diversos materiais, mão-de-obra, matérias-primas, energia, etc., até se atingir o produto (bem ou serviço) final. Os valores incorporados e gastos na produção designam-se custos ou gastos. Por sua vez, os produtos acabados de fabricar e aptos para a venda designam-se proveitos ou rendimentos. Em síntese, a empresa ao consumir bens e serviços tem custos ou gastos, ao produzi-los, tem proveitos ou rendimentos. Por último, a terceira óptica é a da tesouraria (ou de caixa) e corresponde às entradas e saídas monetárias da empresa. Nesta óptica, podemos distinguir os recebimentos, que correspondem à entrada de valores monetários para a empresa, e os pagamentos, que dizem respeito às saídas de valores monetários. Exemplo: A empresa Y adquiriu, em 5/11/n, 10 toneladas de cereal ao preço de 25/tonelada, para proceder à sua moagem. A dívida resultante desta aquisição seria paga em 15/12/n. Durante o mês de Novembro efectuou a moagem de apenas 2 toneladas, sendo a farinha resultante desta moagem (1500 kg) vendida a 0,05/kg, em 3/1/n+1, recebendo-se o valor desta venda em 10/1/n+1. Assim, sendo poderemos afirmar que a empresa Y: Teve em 5/11/n uma despesa de 250 ( 25 x 10 tons.) Verificando-se o correspondente pagamento em 15/12/n. No mês de Novembro os custos (em cereal) foram de 50 ( 25 x 2 ton), sendo os proveitos de 75 (1.500 kg x 0,05) A receita de 75 verificou-se apenas em 3/1/n+1, e o respectivo recebimento em 10/1/n+1. 2
3 O QUE É A CONTABILIDADE? A contabilidade era no entender de grande número de autores, (e ainda hoje muitos a consideram como tal) uma técnica que tinha como finalidade descrever e registar os factos patrimoniais ocorridos, tendo em vista conhecer: - posição devedora ou credora da empresa em relação aos que com ela transaccionam; - composição e valor do património; - custo dos bens ou serviços vendidos; - origem e a causa dos encargos e rendimentos; - a natureza e importância dos resultados; - responsabilidade dos diversos agentes obrigados a prestar contas dos valores a si consignados. Apresentar hoje a contabilidade como uma técnica de registo dos factos patrimoniais passados, é limitar o seu campo de análise e consequentemente deixar de lhe atribuir uma característica importante: a de constituir um meio eficiente de gestão. Presentemente às empresas não interessa apenas o registo histórico dos factos patrimoniais. Também a previsão do futuro é um facto relevante na gestão moderna, assente também ela, nos dados fornecidos pela contabilidade. De facto, a gestão moderna, não se limita a recordar o passado e a conhecer o presente. Torna-se necessário também conhecer o futuro, planear a actividade, estabelecer objectivos, mediante uma prévia selecção entre as diversas alternativas possíveis. Ora, o estabelecimento destas opções exige elementos que as fundamentem. Os dados da contabilidade constituem um importante auxiliar no fornecimento desses elementos. As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam, em larga escala, o âmbito da empresa e dos seus mais directos colaboradores, revestindo interesse para um vasto conjunto de utilizadores (investidores, credores, financiadores, fisco, estatísticas nacionais e sectoriais, etc). É tarefa da contabilidade o alcance de dois objectivos básicos, que são: - a determinação dos resultados da actividade; - a representação da situação patrimonial da empresa. Do exposto, se verifica, que a contabilidade é um importante instrumento de gestão. Como tal, tornase necessário que o responsável pela sua aplicação na empresa conheça perfeitamente o trabalho que irá efectuar. 3
4 O verdadeiro técnico de contabilidade deve estar apto em qualquer momento a responder a questões como as seguintes: - Quanto possui a empresa? - Qual o valor dos stocks existentes em armazém? - Qual é a posição devedora ou credora em relação àqueles com quem a empresa estabelece relações comerciais? - Como se estão a processar a liquidação dos débitos a terceiros e o recebimento dos créditos concedidos? Do exposto, qual a noção que deveremos ficar de contabilidade? A Contabilidade é a técnica de registo e de representação de todas as transformações sofridas pelo património de qualquer entidade económica durante o exercício da sua actividade, de modo a saber em qualquer momento a sua composição e o seu valor, e fornecendo simultaneamente, informações para a tomada de decisões de gestão pelos responsáveis da empresa. DIVISÕES DA CONTABILIDADE: A contabilidade (a forma de quantificar e registar o que ocorre numa empresa) subdivide-se em duas grandes componentes: A contabilidade geral, que regista as operações externas da empresa, (com clientes, fornecedores, estado, investidores) de modo a elaborar o balanço global da empresa e o respectivo lucro. A contabilidade analítica, que regista as operações realizadas dentro da empresa (nos seus departamentos e secções) de modo a permitir a elaboração dos orçamentos, do apuramento dos resultados e do apuramento do custo unitário do produto. O PATRIMÓNIO DE UMA EMPRESA: Toda a empresa para exercer a sua actividade, necessita de um certo número de equipamentos, pessoas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas e outros materiais. património. O conjunto de valores utilizados pela empresa no exercício da sua actividade constitui o seu Contudo, nem só os edifícios, numerário e equipamento utilizados pela empresa constituem o seu património. A empresa no desenvolvimento da sua actividade estabelece relações que originarão um 4
5 conjunto de direitos e de obrigações. Assim, aparecerão dívidas a receber (créditos da empresa ou débitos de terceiros) que representam valores pertencentes à empresa; e, dívidas a pagar (débitos da empresa ou créditos de terceiros) que representam valores pertencentes a terceiros e que a empresa se obriga a pagar. Tanto as dívidas a receber como as dívidas a pagar, são consideradas também valores integrantes do património. Cada componente de um dado património (ex: as mercadorias, um edifício, uma viatura, etc) denomina-se de elemento patrimonial. No património podemos distinguir duas classes de elementos patrimoniais distintos: por um lado, os elementos que representam aquilo que se possui ou se tem a receber; por outro lado, aqueles que representam aquilo que se tem a pagar. A primeira classe, ou seja, ao conjunto dos valores que se possui e se tem a receber, designa-se ACTIVO; à Segunda classe, ou seja, ao conjunto de valores a pagar, designa-se PASSIVO. Exemplo: ACTIVO: Numerário (dinheiro) 100 Edifício Viatura 600 Dívidas a receber (clientes) PASSIVO: Dívidas a pagar (fornecedores) 150 Empréstimo bancário Sendo o Activo um conjunto de valores positivos e o Passivo um conjunto de valores negativos, a diferença entre ambos representará a Situação Líquida ou o Património Líquido ou o Capital Próprio. Em relação ao exemplo anterior, teríamos, então: Activo Passivo Situação Líquida
6 Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial: 1) O Activo é superior ao Passivo, havendo um excesso de valores activos sobre os passivos. Neste caso a situação líquida diz-se Activa. É o mais frequente e representa o capital próprio. Activo = Passivo + Capital Próprio 2) O activo e o Passivo são iguais, não havendo, neste caso situação líquida. 3) O Activo é inferior ao Passivo, existindo um excesso de valores passivos sobre os activos (deve-se mais do que se possui e se tem a receber). Logo o Capital Próprio é considerado negativo. Activo + Capital Próprio = Passivo. O património de qualquer empresa encontra-se necessariamente numa das três situações citadas. De todas elas o segundo caso é o de mais difícil ocorrência, visto só excepcionalmente coincidirem os valores do Activo com os do Passivo. PRIMEIROS PASSOS CONTABILÍSTICOS: Suponhamos que o comerciante K inicia a sua actividade, com um capital de (representado em dinheiro), dedicando-se à comercialização de produtos electrónicos. Os valores iniciais seriam representados por: Activo: Caixa Capital Próprio: Capital Social Após o comerciante K, ter constituído a sua empresa, efectuou as seguintes operações: 1) Compra de mobiliário para a montagem do estabelecimento: 500. Esta operação vai originar: - saída de caixa ou de depósitos à ordem do valor de aquisição criação de um novo activo equipamento administrativo, no valor de 500, que representa um elemento em que foi aplicado capital. 6
7 2) Compra a crédito de 10 máquinas calculadoras ao preço unitário de 30, uma das quais ficará ao serviço da empresa. Serão movimentadas: - mercadorias, pela entrada de 9 máquinas calculadoras, com as quais fará comércio (9 x 30 = 270); - equipamento administrativo, pela aquisição de uma máquina para uso do comerciante ( 30). Estes elementos são ambos activos, visto representarem valores que passaram a pertencer ao comerciante. - A rubrica de fornecedores será criada no passivo, visto que esta operação originou uma dívida do comerciante. A dívida a pagar corresponde à globalidade da compra (10 x 30 = 300) e representa o direito do credor (fornecedor) em receber esta quantia dentro de certo prazo. 3) Venda ao Sr. F de 2 calculadoras ao preço unitário de 40, pagando este 50% da compra e comprometendo-se a entregar o restante dentro de um mês. Esta venda vai originar: - Aumento das disponibilidades em caixa ( 40); - Aparecimento de nova rubrica no activo (clientes) que representa uma dívida a receber, isto é, o direito a receber do Sr. F em data futura 40; - Diminuição de mercadorias pelo custo das máquinas vendidas. Saem duas máquinas que ao preço unitário de 30, totalizam a importância de 60; - Aparecimento de um ganho (lucro), que irá aumentar o capital próprio do comerciante ( 20). 4) Pagou ao seu fornecedor 60% da dívida resultante da operação 2). Neste caso, serão diminuídos, dois elementos: um do activo e outro do passivo, pelo mesmo valor. - Diminui caixa, visto haver uma saída de dinheiro ( 300 x 60% = 180); - Diminui fornecedores, visto ter sido paga parte da dívida em questão ( 180). 5) Pediu um empréstimo ao BPA de 1.000, ficando esta quantia, deduzida dos juros pagos antecipadamente de 25, depositada no referido Banco e à ordem do comerciante. Esta operação vai implicar: - aumento do passivo (rubrica empréstimos obtidos), na medida em que o comerciante se obriga ao reembolso do empréstimo contraído ( 1.000); 7
8 - aumento do activo, pelas novas disponibilidades que ficaram depositadas à sua disposição (depósitos à ordem 975): - uma diminuição do capital próprio pelo juro obrigado a pagar. Recebendo apenas 975 e obrigando-se a pagar o comerciante vê o seu capital suportar a diferença entre o recebido e o valor a pagar (custo financeiro de 25). Como se pode verificar toda e qualquer operação contabilística dá origem ao registo de pelo menos dois lançamentos em rubricas distintas. O INVENTÁRIO: valor. O Inventário consiste numa listagem dos elementos patrimoniais da empresa com a indicação do seu Proceder a inventário consiste, pois em analisar os elementos de um dado património, numa determinada data, descrevê-los e atribuir-lhes um valor. Exemplo de um inventário: - dinheiro em caixa máquinas de escrever máquinas calculadoras um edifício na rua H dívidas de M. Castro depósitos num banco dívidas a S. Antunes empréstimo contraído num banco etc. A CONTA: Podemos definir conta, como sendo um conjunto de elementos patrimoniais (ex: caixa, depósitos à ordem, equipamentos de transporte, mercadorias, clientes, fornecedores, etc) expressos em unidades de valor (em escudos). A conta constitui a base de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se desenvolve todo o trabalho contabilístico. 8
9 Exemplo de uma conta: Os escritórios das empresas estão geralmente equipados com móveis diversos, tais como: secretárias, estantes, cadeiras, computadores e outros. Todos esses elementos possuem a característica comum de se destinarem ao indispensável apetrechamento dos escritórios; a denominação para a conta que englobe estes elementos poderá ser, por exemplo, Equipamento Administrativo. A cada conta corresponde um gráfico ou quadro, que constitui o dispositivo prático para acompanhar as suas variações ao longo do ano. Inscrevendo-se neste quadro a extensão inicial da conta (ou o seu saldo inicial) e as variações seguintes, consegue-se saber a todo o momento o valor dos elementos patrimoniais que agrupa. No aspecto gráfico, a conta apresenta-se normalmente na forma de um T. Sobre o traço horizontal escreve-se o título da conta, no lado esquerdo escrevemos débito e no lado direito escrevemos crédito. Esquematicamente uma conta representa-se por: Débito Título da conta Crédito Num dos lados do T aumentam-se os valores na conta (ou existem entradas na conta), no outro lado diminuem-se os valores na conta (ou existem saídas da conta). Os documentos quando entram na conta registam-se no lado do débito ou no lado do crédito, consoante a conta seja do Activo ou do Passivo, respectivamente. Os documentos quando saem na conta registam-se no lado do débito ou no lado do crédito, consoante a conta seja do Passivo ou do Activo, respectivamente. Ou por: Débito Título da conta Crédito Data Descrição Valor Data Descrição Valor haver. O lado esquerdo da conta é designado de Débito ou deve e o lado direito da conta de Crédito ou 9
10 As variações aumentativas da conta de uma pessoa devedora constituíam o seu débito (aumentando o débito de um devedor, ele deve mais) e as diminutivas o seu crédito, tal como as variações aumentativas da conta de uma pessoa credora (aumentando o crédito de um credor, ele tem a haver mais) e as diminutivas constituem seu débito. Os valores registados no débito denominam-se débitos e os registados no crédito denominam-se créditos. - debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito (lado esquerdo da conta); - creditar uma conta é efectuar o registo de um valor no lado do crédito (lado direito da conta). conta A diferença entre o débito e o crédito duma conta, num momento qualquer, chama-se saldo dessa Ao balancear uma conta, ou seja ao comparar o seu débito com o seu crédito, três hipóteses podem ocorrer: D > C D = C D < C o saldo diz-se devedor (sd) o saldo diz-se nulo (so) o saldo diz-se credor (sc) Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendose assim uma igualdade entre os dois lados da conta. Atendendo às três hipóteses consideradas anteriormente, teremos: D > C sd donde D = C + sd D = C so donde D = C D < C sc donde D + sc = C Uma conta sem saldo diz-se saldada. O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num determinado momento. Fechar uma conta corresponde a somar as colunas dos valores do débito e do crédito depois de as saldar previamente sublinhando com dois traços (trancando) cada soma. 10
11 Reabrir uma conta é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta fechada o mesmo era devedor; ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na conta fechada o mesmo era credor. A conta terá por objecto, elementos concretos os que compõem o Activo e o Passivo, e por elementos abstractos os correspondentes à Situação Líquida. Teremos então numa primeira classificação: contas do Activo (compreendendo todos os elementos patrimoniais activos aqueles com características de serem propriedade do titular do património); contas do Passivo (compreendendo todos os elementos patrimoniais passivos as obrigações pecuniárias que o titular do património terá de satisfazer); e contas de Situação Líquida (englobando os valores patrimoniais abstractos que se traduz na diferença entre o Activo e o Passivo). CARACTERIZAÇÃO DE ALGUMAS CONTAS: Apresentar-se-ão seguidamente as contas geralmente mais utilizadas na contabilidade (do Activo, Passivo e Capital Próprio), descrevendo sumariamente as suas características fundamentais. O título e o conteúdo das contas foram escolhidos de modo a facilitar a gradual familiarização com a adoptada pelo Sistema de Normalização Contabilística (SNC). CONTAS DO ACTIVO: Caixa Inclui as notas de banco e moedas, cheques, vales postais (nacionais e estrangeiros). Depósitos à ordem Regista o movimento das contas bancárias (à ordem) das empresas. Clientes - conta/corrente mercadorias e produtos ou de serviços prestados a clientes. Engloba as dívidas a receber pela empresa resultantes da venda de Clientes títulos a receber Inclui as letras sacadas sobre os clientes. Empréstimos Concedidos concedidos pela empresa. Inclui as dívidas a receber de terceiros, resultantes de empréstimos Outros Devedores contas anteriores. Respeita às dívidas de terceiros à empresa que não estejam abrangidas pelas 11
12 Mercadorias Respeita aos bens existentes na empresa com destino à venda e não sujeitos a qualquer transformação no seu interior; no seu preço de custo devem ser incluídas as despesas adicionais de compra. Investimentos Financeiros Inclui as participações de capital e outros títulos adquiridos pela empresa para rendimento ou controlo de outras empresas. Devem ser também aqui englobados os títulos da dívida pública. Equipamento Administrativo Inclui os diferentes elementos patrimoniais que a empresa dispõe para exercer a sua actividade tais como: mesas, cadeiras, estantes, máquinas de escritório, aquecedores, etc. Edifícios e outras Construções utilizados na actividade da empresa. Respeita aos edifícios fabris, administrativos e habitacionais, Equipamento de Transporte para uso da empresa. Respeita às aquisições de camionetas, automóveis, motociclos, etc., Activos Intangíveis Inclui elementos patrimoniais sem existência física, tais como: patentes, marcas, alvarás, licenças, concessões, gastos de constituição e de organização da empresa, etc. CONTAS DE PASSIVO: Fornecedores c/c Engloba todas as dívidas a pagar, resultantes da aquisição, pela empresa, de bens e serviços, com excepção dos destinados ao imobilizado (edifícios, viaturas, equipamentos, ferramentas). Fornecedores títulos a pagar por letras ou por outros títulos de crédito. Inclui os débitos a fornecedores que se encontrem representados Financiamentos Obtidos particular ou de um banco. Engloba os financiamentos contraídos pela empresa, através de um Estado e Outros Entes Públicos Abrange as operações com a Administração Central e Local e ainda com as instituições de Previdência (Seg. Social), à excepção de transacções ou financiamentos. São aqui registadas as dívidas resultantes de imposto sobre o rendimento de pessoas colectivas (IRC), imposto sobre o rendimento de pessoas singulares (IRS), imposto sobre o valor acrescentado (IVA), imposto municipal sobre veículos, contribuição autárquica, derrama, imposto municipal da sisa, contribuições para a segurança social. 12
13 Outras contas a receber e a pagar contempladas nas contas precedentes. Respeita às dívidas para com terceiros, que não estejam CONTAS DE CAPITAL PRÓPRIO: empresa. Capital Para as sociedades esta conta respeita ao capital nominal subscrito na data de criação da Regista também o capital fixado dos estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada e o capital inicial das empresas públicas. Para as empresas em nome individual esta conta compreende não só o capital inicial e adquirido, mas ainda as operações de natureza financeira com o respectivo proprietário. Reservas São contas constituídas em geral à base da retenção de lucros, visando o aumento dos meios de acção das empresas (autofinanciamento). Resultados Esta conta visa o apuramento do resultado de cada exercício económico. CONTAS DE GASTOS: Custo das Vendas Regista as vendas de mercadorias valorizadas ao preço de custo. Fornecimentos e Serviços Externos Nesta conta são registadas as despesas da empresa com a água, luz, telefone, selos postais, combustíveis, gás, material de conservação e reparação de máquinas, de veículos, de instalações, material de expediente, publicidade, rendas, alugueres, remunerações a intermediários, honorários, transportes de mercadorias e de pessoal, deslocações e estadias destes. Gastos com o Pessoal Nesta conta são registadas as remunerações do empresário ou dos corpos gerentes, os ordenados e salários, o subsídio de férias, o 13º mês, as remunerações adicionais do trabalho, os encargos sobre as remunerações de conta da empresa. Outros gastos e perdas empresa, que não tenham a ver com a actividade principal da empresa. Regista os custos que não sejam próprios dos objectivos principais da 13
14 Gastos de depreciação e de amortização atribuída ao exercício. Regista a depreciação dos Activos fixos tangíveis, Provisões do Exercício imputáveis ao exercício. Regista as perdas ou despesas prováveis de montante incerto, Gastos Financeiros São aqui registados os juros de financiamentos, os encargos com descontos de letras e outros títulos, os descontos de pronto pagamento e outros custos de origem financeira, suportados pela empresa. CONTAS DE RENDIMENTOS: Vendas É registado o valor resultante da venda de mercadorias e produtos pela empresa. Prestações de Serviços e que façam parte dos seus objectivos ou finalidades. Regista os rendimentos resultantes de serviços prestados pela empresa Outros Rendimentos empresa, não contemplados na conta anterior. Regista os rendimentos que não sejam próprios dos objectivos principais da Rendimentos Financeiros descontos, rendimento de capital, etc., tidos pela empresa. Registam os proveitos e ganhos financeiros tais como: juros, Para além das contas do Activo, do Passivo e do Capital Próprio, aparecem no balanço as chamadas contas de regularização destinadas a rectificar o valor doutras contas e que correspondem a dois grupos: CONTAS DE REDUÇÃO DE VALORES ACTIVOS: Gastos de depreciação e de amortização Contas que têm como objectivo registar as depreciações (desvalorizações ou desgaste) sofridas pelo activo fixo da empresa (edifícios, instalações, máquinas, ferramentas, etc); aparecem no balanço no lado do activo em dedução das correspondentes contas do activo fixo. Provisões Contas que servem de compensação a eventuais perdas futuras da empresa, mas de montante indeterminado, tais como dívidas de cobrança duvidosa e mercadorias que se venham a desvalorizar. Aparecem no balanço, no lado do Activo, em dedução das correspondentes contas. 14
15 CONTAS DE ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS: Estas contas destinam-se a permitir o registo dos custos e dos proveitos nos exercícios a que respeitam quando ocorram desfasamentos temporais com as respectivas despesas e receitas. CONTABILIZAÇÃO: As contas do ACTIVO debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos e creditam-se pelas diminuições. As contas do PASSIVO e do CAPITAL PRÓPRIO creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições. Noutros termos: - As contas do Activo debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos; creditam-se pelas diminuições. - As contas do Passivo e do Capital Próprio creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições. - As contas de resultados debitam-se pelos custos (encargos) e creditam-se pelos proveitos (ganhos). Exemplos simples de contabilização: - Compra a crédito de diversas mercadorias, no valor de 50. D Compras C D Fornecedores C Pagamento ao fornecedor F, no valor de 150. D Fornecedores c/c C D Caixa C
16 - Venda, a prazo, de mercadorias diversas, no valor de 175. D Clientes c/c C D Vendas C O cliente J.T. paga metade da sua dívida, no valor de 87,29. D Caixa C D Clientes c/c C 87,29 87,29 Em síntese, na contabilização, podemos afirmar que: - a um débito (ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor; - a soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos; - a soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores; - a contabilização de qualquer facto patrimonial obedece necessariamente a uma das quatro fórmulas seguintes: - uma só conta devedora e uma só conta credora; - uma só conta devedora e várias contas credoras; - várias contas devedoras e uma só conta credora; - várias contas devedoras e várias contas credoras. Exemplos: O comerciante F, realizou as seguintes operações: a) deposita no Banco M, à ordem, a quantia de (um débito = um crédito). D depósitos à ordem C D Caixa C
17 b) Liquida a dívida que tinha para com a sociedade Beta, Lda, relativa à factura nº 718, no montante de 625, do modo seguinte: entrega em cheque sobre o banco M 500; entrega do restante em notas do Banco de Portugal (um débito = vários créditos). D fornecedores C D depósitos à ordem C D caixa C 125 c) contraíu no Banco M, um financiamento no valor de Este Banco, cobrando antecipadamente os juros do empréstimo, deposita na conta do comerciante a quantia de (vários débitos = um crédito). D depósitos à ordem C D custos financiamento C D financ. obtidos C d) adquire à Sociedade Imobiliária do Centro, Lda, um edifício para armazenamento das suas mercadorias no valor de e uma camioneta de carga no valor de As condições de pagamento são as seguintes: - entrega imediata de um cheque sobre o banco M, no montante de 4.750; - o restante será liquidado dentro de 90 dias. (vários débitos = vários créditos) D edifícios C D equip. transporte C D depósitos à ordem C D outros credores C
18 O SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC): Julho. O Sistema de Normalização Contabilística foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Tornando-se obrigatório para diversas empresas, este plano não é de aplicação geral, já que para as empresas do sector financeiro, segurador e bancário se criaram planos de contabilidade específicos, ao passo que se afastam expressamente (ou seja não são obrigados a possuir contabilidade organizada) aqueles que, exercendo a título individual uma actividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem um volume de negócios superior a ,37. No entanto, qualquer pessoa ou empresa, seja qual for o seu volume de negócios, pode optar por possuir contabilidade organizada. QUADRO DE CONTAS DO SNC: seguinte: As contas do SNC estão divididas por 10 classes, numeradas de 1 a 0, conforme o esquema Grupos Classe SNC 1 Meios Financeiros líquidos 2 Contas a receber e a pagar Contas de balanço 3 Inventários e activos biológicos 4 Investimentos 5 Capital, reservas e resultados transitados 6 Gastos Contas de resultados 7 Rendimentos 8 Resultados 9 Contabilidade Analítica Outras contas 0 Livre. Para podermos efectuar contabilidade, precisamos de ter sempre à nossa frente a folha com as contas do SNC. O SNC é constituído por inúmeras contas: 18
19 Desde as contas: 11 caixa, 12 depósitos à ordem, 13 outros depósitos bancários,..., até à conta: 89 dividendos antecipados. Todas estas contas do SNC servem para nós registarmos todos os acontecimentos que ocorrem numa determinada empresa, durante um determinado ano. Todas estas contas do SNC são representadas por um T, onde do lado esquerdo se encontra o Débito e no lado direito se encontra o Crédito. Cada lado da conta (débito ou crédito) serve para introduzirmos valores ou diminuirmos valores na conta, consoante a conta seja do Activo, do Passivo, de Capital Próprio, de Gastos ou de Rendimentos (ver folhas seguintes para consolidar as regras de movimentação destas contas em contabilidade). Todas as contas do SNC, estão agrupadas em classes: Classe 1 Meios Financeiros Líquidos Classe 2 Contas a receber e a pagar... Classe 8 Resultados Cada classe do SNC é desdobrada em várias contas, desde a 1 até à 9. Exemplo: na classe 3 Inventários e activos biológicos, temos as contas: 31 Compras 32 Mercadorias Adiantamentos por conta de compras. Cada conta pode ainda ser desdobrada consoante as necessidades da empresa: Exemplo: a conta 32 Mercadorias (que representa os produtos que existem no interior de um armazém de uma determinada empresa) pode ainda ser desdobrada consoante as necessidades que a empresa tenha. Exemplo: 32 Mercadorias 321 Mercadoria X 3211 Artigo A (ou Artigo A consoante o nº de artigos que a empresa tenha ) 3212 Artigo B Artigo Z 322 Mercadoria Y 3221 Artigo A 19
20 3222 Artigo B 3223 Artigo C Artigo Z Embalagens Mercadorias em trânsito. Vamos seguidamente estudar as várias contas do SNC e as respectivas regras de movimentação, que têm que ser bem estudadas e sabidas para se poder realizar contabilidade. Principais contas do Activo: (Classe 1 a 4 do SNC) O Activo representa tudo aquilo que a empresa possui ou tem a receber: Regra de movimentação das contas do Activo: Débito Nº e Nome da conta Crédito - Entradas - Aumentos - Saídas - Diminuições Principais contas do Activo. 11 Caixa 12 Depósitos à Ordem 13 Outros depósitos bancários 14 Outros Instrumentos Financeiros 141 Derivados 142 Instrumentos financeiros detidos para negociação 21 Clientes 24 Estado e Outros Entes Públicos (Dívidas a receber do Estado) 2432 IVA dedutível das Aquisições 27 Outras contas a receber 31 Compras de mercadorias 32 Mercadorias em armazém 41 Investimentos Financeiros 422 Aquisição de Edifícios e outras construções 20
21 434 Aquisição de Viaturas de Transporte 435 Aquisição de Equipamento Administrativo. Principais contas do Passivo: (Classe 1 a 4 do SNC) O Passivo representa tudo aquilo que a empresa tem a Obrigação de Pagar: Regra de movimentação das contas do Passivo: Débito Nº e Nome da conta Crédito - Saídas - Diminuições - Entradas - Aumentos Principais contas do Passivo. 22 Fornecedores 24 Estado e Outros Entes Públicos (Dívidas a pagar ao Estado) 2433 IVA Liquidado nas Vendas 25 Financiamentos Obtidos 271 Fornecedores de Investimentos 29 Provisões 317 Devoluções de Compras 318 Descontos e Abatimentos em Compras 38 Reclassificação e regularização de inventários e activos biológicos Principais Contas de Capital Próprio: (Classe 5 do SNC) O Capital Próprio representa o capital social e as reservas da empresa. Regra de movimentação das contas do Capital Próprio: 21
22 Débito Nº e Nome da conta Crédito - Saídas - Diminuições - Entradas - Aumentos Principais contas do Capital Próprio: 51 Capital Social 52 Aquisição e Venda de acções da própria empresa 53 Outros instrumentos de capital próprio 55 Reservas 56 Resultados Transitados 59 Outras variações no capital próprio. Principais contas de Gastos: (Classe 6 do SNC) Os Gastos representam tudo aquilo que a empresa tem que adquirir (despesas) para poder realizar a sua actividade normal diariamente: Regra de movimentação das contas de Gastos: Débito Nº e Nome da conta Crédito - Gastos - Diminuições de Gastos Principais contas de Gastos. 61 Custo das Mercadorias que são Vendidas (é o preço de aquisição das mercadorias que foram vendidas) 22
23 62 Fornecimentos e Serviços Externos (Ex: pagamento de electricidade, água, material de escritório, rendas, alugueres, telefones, seguros, refeições, conservação e reparação, publicidade, limpeza, segurança, etc) 63 Pagamento de Salários (ordenados, segurança social) 64 Gastos de depreciação e de amortização (registo do desgaste dos activos fixos tangíveis) 67 Provisões do exercício 68 Outros gastos e perdas 69 Gastos e perdas de financiamento (ex: juros pagos pela empresa) Principais contas de Rendimentos: (Classe 7 do SNC) Os Rendimentos representam tudo aquilo que a empresa produziu e/ou vendeu derivado da sua actividade normal diária: Regra de movimentação das contas de Rendimentos: Débito - Diminuições de Rendimentos Nº e Nome da conta Crédito - Rendimentos Principais contas de Rendimentos. 71 Vendas 72 Prestações de Serviços 74 Trabalhos para a própria empresa 75 Subsídios à exploração 76 Reversões 78 Outros rendimentos e ganhos 79 Juros, dividendos e outros rendimentos similares (Ex: juros bancários recebidos) 23
24 Classes do SNC e respectivo conteúdo: Classe 1 Meios Financeiros líquidos: Inclui principalmente: O dinheiro (em caixa ou em depósitos bancários), as acções e as obrigações que a empresa possua, por um prazo inferior a 1 ano. Classe 2 Contas a receber e a pagar: Inclui principalmente: As relações comerciais que a empresa tem com: os seus Clientes (entidades que adquirem os produtos ou serviços à empresa), os seus Fornecedores (entidades que vendem os produtos ou serviços à empresa, para esta poder transformar num produto ou serviço final, apto para a venda), os bancos, as relações com os sócios e os impostos estatais. Classe 3 Inventários e activos biológicos: Inclui principalmente: As compras de mercadorias e a gestão do armazém da empresa. Classe 4 Investimentos: Inclui principalmente: O dinheiro, as acções e as obrigações que a empresa possua, por um prazo superior a 1 ano. Os edifícios e armazéns, os veículos comerciais, os equipamentos de fabrico e administrativos, as despesas de instalação da empresa, etc. Classe 5 Capital, reservas e resultados transitados: Inclui principalmente: O capital social da empresa, as reservas efectuadas pela empresa, o lucro do exercício anterior que passou para o ano actual. Classe 6 Gastos: Inclui principalmente: Todos os gastods e despesas que a empresa tem que efectuar diariamente para realizar a sua actividade (exemplo: electricidade, combustíveis, água, material para escritório de pequeno valor, rendas de instalações ou de equipamentos, telefones, despesas de envio de correspondência, seguros, almoços, publicidade, reparações, salários dos trabalhadores, amortizações, provisões, juros suportados, descontos de pronto pagamento concedidos, etc). 24
25 Classe 7 Rendimentos: Inclui principalmente: Todos os Rendimentos e ganhos que resultem da actividade normal da empresa (exemplo: vendas, prestações de serviços, aluguer de equipamentos, juros obtidos, etc.). Classe 8 Resultados: Inclui principalmente: O apuramento dos resultados anuais da empresa (lucro ou prejuízo). NOTAS: As classes 1, 2, 3, 4 e 5 servem para elaborar o Balanço da empresa no final de cada ano. O Balanço, representa tudo o que a empresa tem, num determinado momento. É uma fotografia da situação da empresa nesse momento. É constituído pelo Activo (representa tudo aquilo que a empresa possuí ou tem a receber), pelo Passivo (representa tudo aquilo que a empresa tem a pagar) e pelo Capital Próprio (representa o capital social da empresa). As classes 6 (gastos) e 7 (rendimentos) servem para calcular os resultados da empresa (classe 8) no final de cada ano. Logo, para se calcular se no final de cada ano a empresa tem lucro ou prejuízo, basta subtrair todas as contas da classe 7 às contas da classe 6. 25
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