A DESIGUALDADE SOCIAL À LUZ DOS ESPAÇOS EM CAPITÃES DA AREIA
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- Nathalia Carlos Nunes
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1 A DESIGUALDADE SOCIAL À LUZ DOS ESPAÇOS EM CAPITÃES DA AREIA Tatiana Celestino de Morais (UFS) Isabela Marília Santana (UFS) O presente trabalho propõe analisar a desigualdade social à luz dos espaços no romance Capitães da Areia, do autor Jorge Amado. É uma obra diretamente relacionada à realidade, a qual contextualiza e denuncia problemas sociais, como a vida do menor abandonado e as diferenças de classes, sendo retratada através dos meninos órfãos que vivem pelas ruas da cidade de Salvador, na Bahia. Tem como principal objetivo mostrar que assuntos abordados na década de 30 no século XX, continuam sendo muito atuais na sociedade do século XXI. Espera-se que seja mostrado o desvelar na obra da segregação social, evidenciada por meio dos espaços, desencadeando situações de revolta e abandono sentidas pelos meninos. A fundamentação teórica utilizada na pesquisa foi: Bueno (2006); Dimas (1987); Duarte (1995); Lucas (1970). Palavras-chave: Capitães da Areia; desigualdade social; espaço. INTRODUÇÃO Obra publicada na década de 30, mais especificamente em 1937, trata da questão do menor abandonado e das injustiças sofridas por estes por parte da sociedade baiana, a qual com seus atos os impedia de galgar postos mais elevados no meio social, despertando, cada vez mais, a revolta e a vontade de vingança. Escrita por Jorge Amado em um momento de muita agitação política. Inicia-se com uma série de reportagens que dizem respeito à opinião de pessoas envolvidas e/ou responsáveis pela ação (pequenos furtos) dos meninos abandonados, as quais expressam suas notas de repúdio ou apoio às atitudes ou ao modo de vida das crianças. Como mostra a citação: [...] Que recolham esses criminosos, que já não deixam a cidade dormir em paz o seu sono tão merecido, aos institutos de reforma de criança ou às prisões. (AMADO, 2008, p. 12) A vida sofrida e a condição a qual se encontravam fazia com que aumentasse o sentimento de união entre os menores, que apesar de viver naquele mísero trapiche, 1
2 transformavam suas horas juntos, instantes esses que utilizavam para elaborar suas estratégias, que não deixavam de ser guerreiras e inteligentes, de invasão a cidade alta, em momentos de diversão, cumplicidade e alegria. E mesmo diante da vida sofrida e sem futuro desses meninos, Jorge Amado dá voz e vez à história dessas crianças e não os elege como coitadinhos, nem como fracos e oprimidos, e sim, como dotados de muita vivacidade, energia, vigor e capacidade de lutar em busca de seus desejos. Como assinala na passagem: Este menino promete. É pena que o governo não olhe essas vocações [...] e lembravam casos de meninos da rua que, ajudados por famílias, foram grandes poetas, cantores e pintores. (AMADO, 2008, p. 81) Assim, Capitães da Areia, mostra uma realidade do Brasil que acontece desde àquela época (década de 30), a sociedade perversa, que exclui o pobre marginalizado e não garante oportunidades para que o mesmo sobreviva físico, mental e socialmente. 2 A DENUNCIA SOCIAL RETRATADA NA LITERATURA DE 30. Pode-se dizer que os romances escritos na década de 30 mostram uma literatura de ficções realistas, em que notamos a presença de ambientes e personagens que até então não se tinham tanta preocupação por parte dos escritores, como: o migrante nordestino, a questão da seca, a classe proletária, a diferença existente entre ricos e pobres e a miséria urbano industrial. Como podemos verificar em obras de autores com Jorge Amado, Graciliano Ramos, Armando Fontes, José Lins do Rego, Lúcio Cardoso dentre outros. Desse modo, como diz Lucas (19 70, p. 28 ) como reflexo da vida social, dividem-se entre exprimir a luta de classes e a fixação da nacionalidade. Desta forma, observa-se que a literatura de 30 está voltada notadamente para a luta de classes, trazendo à tona muitos romances que tratam da denúncia social. 2
3 Nesse sentido, verifica-se que a literatura na década de 30 traz como protagonista o pobre, retratando assim a classe menos favorecida, a qual terá destaque, de modo especial, nesse período. Como afirma Bueno: De elemento folclórico, distante do narrador até pela linguagem, como se vê na moda regionalista do início do século, o pobre, chamado agora de proletário, transforma-se em protagonista privilegiado nos romances de 30, cujos narradores procuram atravessar o abismo que separa o intelectual das Camadas mais baixas da população, escrevendo uma língua mais próxima da fala. (BUENO, 2006, p. 23) Esse tipo de narrativa estaria diretamente ligado aos escritores de esquerda ou revolucionária como era o caso de Jorge Amado, o qual se declarou como sendo um revolucionário que procurava mostrar questões ligadas ao povo associadas a sua terra natal como é o caso da temática dos meninos abandonadas da cidade de Salvador, tratado no romance Capitães da Areia. Como mostra Bueno (2006. p. 24), [...] mas por motivos diferentes, é a de Jorge Amado. Sendo um revolucionário, como se autodefinia, sentia-se um representante legítimo do povo e, sem problema nenhum fala em seu nome. Dessa forma, observamos a preocupação das questões sociais retratadas em Capitães da Areia, enfatizando a classe menos favorecida podendo ser considerado um romance de consciência social e revolucionária, em que temos de um lado a burguesia que se mostra insensível a pobreza existente na cidade e do outro, meninos que, por falta de opção, são conduzidos ao crime sendo assim os marginalizados socialmente, evidenciando as diferenças sociais. Assim, diz-se que é num contexto conturbado da sociedade brasileira que Jorge Amado escreve o romance, Capitães da Areia, o qual pode ser considerado como cíclico e último romance do escritor publicado na década de 30, em que Amado possui uma escrita de significativa inspiração soviética, o qual segundo Dutra (1995) se constitui de: 3
4 [...] o perfil do romance proletário, tal como se afigura na obra amadiana: confluência de certas posturas ficcionais do modernismo com empenho realista em voltar-se para a existência das multidões oprimidas no trabalho. Dupla marca de um texto preocupado em fazer do povo o principal personagem, para tentar ganhá-lo como leitor. O problema é que não tínhamos no Brasil dos anos 30 a presença de um proletariado revolucionário. Tínhamos um proletariado em formação, no sentido restrito de grupamento dotado de uma consciência de classe. (DUTRA, 1995, p. 35). Este romance tinha como fator primordial a retratação do mundo existencial das classes mais baixas na escala social, em que o estilo narrativo aproximava-se muito dos manifestos políticos. No entanto, segundo Bueno (2006, p. 162), para que o romance seja considerado proletário além se destacar às massas, ele deverá apresentar um ar de revolta, em que as massas nele contidas deveriam estar inclinadas a fazer a revolução. Desse modo, poderíamos dizer que este sentimento de revolução estaria especialmente marcado na figura da personagem do líder dos Capitães da Areia, Pedro Bala, corroborando com seu destino de ser um militante líder e responsável por diversas greves. No entanto, notamos aspectos marcantes que o caracterizam como romance social em que um recurso bastante utilizado por Amado para mostrar às desigualdades da vida social foi a de enfatizar a relação entre o homem e seu meio, procurando construir literariamente sugestões de problemas sociais. Nesse sentido, podemos dizer que em Capitães da Areia o autor esteve bastante atento a questão da divisão entre ricos e pobres no Brasil, mostrando uma parcela da população brasileira oprimida. Daí talvez por esse motivo que nessa narrativa, o escritor utilizou da religião afro-brasileira como forma de enxergar o mundo, a partir do qual o líder dos meninos de rua, Pedro Bala, conseguia ter uma visão ampla da divisão de classes demonstrada pela hierarquia social. A partir dessa contextualização vale destacar que o romance está dividido em três partes: na primeira, Sob a lua num velho Trapiche abandonado, é narrado algumas histórias sobre alguns dos principais componentes do grupo que formam os 4
5 capitães de areia, o qual era composto por aproximadamente cem meninos de rua como mostra a citação: Eram bem um cem e deste mais de quarenta dormiam nas ruínas do velho trapiche (AMADO, 2008, p. 29). A segunda parte, Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos, vai ser inserida a personagem Dora, a qual terá variadas significações dentro do grupo, sendo vista com mãe, irmã, namorada e esposa. Assim, através dela acontecerão muitas mudanças dentro dos meninos inclusive a história de amor entre ela e Pedro Bala. Na terceira parte, Canção da Bahia, Canção da liberdade, narrador evidenciara a separação dos meninos abandonados, nesse momento observarmos que ocorre uma espécie de retrospectiva na obra, em que é mostrado os diferentes destinos dos membros dos capitães da areia. Assim destacamos que ao iniciarmos a leitura dessa obra, nos deparamos com uma série de reportagens, as quais discorrem sobre a atuação dos capitães da areia, um grupo de meninos de rua residentes em Salvador, na Bahia, que efetuavam furtos e aterrorizavam a população. Como mostra a citação: Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi desta época que a cidade começou a ouvir falar nos capitães da areia, crianças abandonadas que viviam de furto. [...] vestidos de farrapos, sujos semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontos de cigarro, eram em verdade, os dons da cidade, os que a conheciam totalmente [...] (AMADO, 2008, p. 29) Percebe-se que esses meninos de rua, que vivem no mundo do crime estão à margem da sociedade baiana, pois não tem contato com as outras pessoas com exceção do bondoso padre José Pedro e a mãe de Santo Don Aninha. Dessa forma, nota-se que essas crianças encontravam na liberdade das ruas e na significante união do grupo formas de alcançar os bens e os carinhos que a orfandade não lhes proporcionava. Assim, é possível observar que a segregação social denotada pela falta da família, como também de todo um sistema político-social que os tratavam como os capitães da areia, Nome pelo qual é conhecido o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a 5
6 nossa urbe [...] (AMADO, 2008, p. 11) evidenci am as desigualdades e as injustiças decorrentes da sociedade capitalista. Capitães da areia, foi publicado em 1937, sendo uma obra que perpassa a primeira fase literária de Jorge Amado, na qual observamos a significativa preocupação sociopolítica do autor, em que verifica-se uma obra constituída de preocupações sociais mostradas através da vida dos meninos de rua, na Bahia, atrelada ao envolvimento com os problemas de sua terra natal consequentemente de todo seu país. Assim, dizemos que é neste contexto que o autor utiliza dos espaços para revelar a desigualdade social e as injustiças sociais, como também o abandono sofrido pelos meninos. Em que ao iniciar a primeira parte da narrativa nos deparamos com a descrição do espaço que estará funcionando na obra como se fosse a casa para os Capitães da Areia, chamado velho trapiche (espécie de armazém abandonado no caís, que já tivera sido usado como depósito de mercadorias importadas ou que serviriam para exportação). Como nota-se na citação Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem [...] e desde esta noite uma grande parte dos capitães da areia dormia no velho trapiche abandonado, em companhia dos ratos [...] (AMADO, 2008, p ). A partir dessa citação notamos que o espaço habitado por estas crianças já denota a segregação social vivida por elas, as quais dividem a respectiva moradia com ratos, demonstrando o isolamento deles em relação às demais pessoas daquela cidade. 3 A DIFERENÇA DE CLASSES REVELADA A PARTIR DOS ESPAÇOS EM CAPITÃES DA AREIA De acordo com Dimas (1987, p. 5), o espaço articula -se estatuto tão importante quantos outros componentes da narrativa, tais como foco narrativo, personagem, tempo, estrutura, etc. Assim passamos a conceber o espaço como parte integrante na criação da obra sendo construtor de sentidos dentro da narrativa. Temos o 6
7 espaço, em determinadas vezes utilizado como caracterizador de personagens e, em outras, revelador de suas vidas. Desse modo, vemos que a ação da narrativa se passa na cidade de Salvador, a qual funcionará como um macro espaço sendo dividida em cidade alta (dos ricos). Em que aparece no romance retratada pelo corredor da Vitória, área considerada nobre. Como se observa na citação: No corredor da Vitória, coração do mais chique bairro da cidade, se eleva a bela vivenda do comendador José Ferreira, dos mais abastados e acreditados negociantes desta praça [...] (AMADO, 2008, p. 12), e dentro dela terá um espaço menor sendo considerado o velho trapiche, sob o qual pode-se obter uma visão estrutural/física a partir da citação: Durante anos foi povoado exclusivamente pelos ratos que o atravessavam em corridas brincalhonas, que roíam a madeira das portas monumentais, que o habitavam como senhores exclusivos. Em certa época um cachorro vagabundo o procurou como refúgio contra o vento e contra a chuva. [...] e os ratos votaram a dominar até que os capitães da areia lançaram as suas vistas para o casarão abandonado. (AMADO, 2008, p. 28) Contudo, o lugar pelo qual era caracterizado como nobre e que discriminara os capitães da areia, será também o lugar mais visado por eles para efetuarem assaltos, pois entendem que ali abrigam a alta sociedade soteropolitana (de Salvador) como verificamos na citação citada acima. Dessa forma, o espaço funciona como caracterizador da ação desses meninos de rua, os quais tinham consciência que só teriam acesso à cidade alta como ladrões, infringindo leis, provocando a ira das autoridades bem como dos moradores daquele local, pela audácia e coragem do grupo dos capitães da areia. Daí verifica-se a desigualdade social retratada, de modo especial, por meio do espaço, o qual é utilizado por Amado com a finalidade de mostrar todo o abandono sofrido pelos personagens. Meninos de rua que não tem família e vivem cometendo furtos e pequenos crimes. Eles adotaram como lar o velho trapiche, que se localiza na 7
8 parte baixa de Salvador, e que não oferece nenhuma condição de moradia, no entanto, é nesse lugar que aquelas crianças vivem como se formassem uma família. Assim, partindo do que diz Lucas (1970, p. 57) os artifícios do romance social, buscaram quase sempre trazer para a ficção os grupos humanos mais desfavorecidos pela sorte. Desse modo, nota-se que a narrativa trata da problemática dos meninos de rua aproxima-se bastante o futuro desses personagens com aspectos diretamente ligados a sociedade global, em que se pode aproximá-lo muito do chamado romance social, pois o autor utilizará como temática principal a vida desses meninos abandonados, mostrando através de aspectos realistas a divisão de classes, enfatizando a classe menos favorecida. Ainda pode-se dizer que a questão do espaço apresenta um elo com a vida dos personagens, influenciando tanto em suas ações quanto na própria personalidade. Dessa maneira, Amado mostra o sentimento de revolta, as injustiças e desigualdades sofridas pelos meninos de rua valendo-se do espaço como elemento fundamental, como vemos na citação: E tinha vontade de se jogar no mar para se lavar de toda inquietação, a vontade de se vingar dos homens que tinham matado seu pai, o ódio que sentia contra a cidade rica que se estendia do outro lado do mar, na Barra, na Vitória, na Graça, o desespero da sua vida de criança abandonada e perseguida [...] (AMADO, 2008, p. 95) Assim, é importante destacar o desejo manifestado pelas autoridades e dos moradores da cidade alta em prender os Capitães da Areia e transpô-los para as prisões ou para o reformatório, pois seria a melhor forma de segregá-los ainda mais da sociedade, satisfazendo as vontades da alta burguesia, como confirma a citação: Lá em cima, na cidade Alta, os homens ricos e as mulheres queriam que os Capitães da Areia fossem para as prisões, para o reformatório, que era pior que as prisões (AMADO, 2008, p. 113). 8
9 No entanto, esses supostos lugares para onde deveria ser levado esse grupo de criminosos, como exemplo, o reformatório se constituíam como um ambiente de maior exclusão social do que a própria vida levada por eles nas ruas. Como mostra a citação: Eu queria que seu jornal mandasse uma pessoa ver o tal do reformatório para ver como são tratados os filhos dos pobres que tem a desgraça de cair nas mãos daqueles guardas sem alma. [...] É por essas e outras que existem os Capitães da Areia. Eu prefiro ver meu filho no meio deles que no tal reformatório (AMADO, 2008, p. 18). Assim motivados pelo sentimento de revolta, rejeição e abandono os Capitães da Areia como forma de sobrevivência e também de vingança praticavam seus roubos nas casas da cidade alta (dos ricos). Para isso, utilizava do Sem -Pernas, um dos componentes que tinham deficiência física na perna, com a finalidade de infiltrá-lo na casa, valendo-se do problema físico para ganhar a confiança dos moradores. Após um tempo determinado, o grupo conhecedor de toda a rotina da casa invadia e roubava o que mais interessava. Como vemos na citação: Muitas vezes já fizera aquilo: penetrar em casa de uma família como um menino pobre, órfão e alijado [...] Depois os Capitães da Areia invadiam a casa numa noite, levavam os objetos valiosos, e no trapiche o Sem- Pernas gozava invadido por uma grande alegria, alegria de vingança. (AMADO, 2008, p. 124). Nesse sentido, vale lembrar que os golpes praticados por esses meninos apresentam determinado objetivo, o qual estaria pautado na própria sobrevivência, no entanto, não deixava de revelar seu ódio, o desprezo ocasionado pela situação de abandono que eles viviam. Além disso, tendo em vista o espaço da prisão pelo qual passou Pedro Bala, pode-se inferir a partir do que diz Duarte (1995, p. 14), A imagem da prisão como espaço infernal da rebeldia delinqüente para a disposição revolucionaria. Em que, a partir daquela experiência vivida naquele espaço hostil, isolador, o personagem teve um 9
10 despertar em relação ao modo separatista/ infernal entre a vida levada pelos Capitães da Areia e daquele lugar que não se diferenciava do reformatório, visto que ambos se constituíam de sofrimento e privação de liberdade. Nesse contexto, vemos que o espaço teria contribuído de forma significativa para o destino daquele menino, que ao final da narrativa escolhera seguir os passos de seu pai, passando a ser líder e responsável por diversas greves. Como mostra a citação: Um militante, o camarada Pedro Bala, que estava perseguido pela polícia de cinco estados como organizador de greves, como dirigentes de partidos ilegais, como perigoso inimigo da ordem estabelecida. (Amado, 2008, p. 270) CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, podemos concluir que há no romance basicamente dois espaços principais sendo caracterizado como o espaço dos ricos e o outro o espaço dos pobres, aquele constituído pela alta burguesia, este pela classe desfavorecida ou marginalizados socialmente. Dessa forma, pode-se notar que a descrição do espaço caracteriza a situação de desigualdade e abandono vivida pelos Capitães da Areia, como mostra a citação: Mas longe logo sentiu que a cidade era sua inimiga, que apenas queimara os seus pés, e a cansara. Aquelas casa bonitas não a queriam (AMADO, 2008, p. 171). Dessa forma, observa-se o desvelar na obra da segregação social, evidenciada por meios do espaço desencadeando situação de desigualdade, revolta, rejeição e abandono sentida pelos meninos. REFERÊNCIAS AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, BUENO, Luís. Uma história do romance de 30. São Paulo; Campinas: EDUSP; Editora da Unicamp, p ; 31-42; 44-80; DUARTE, Eduardo de Assis. Jorge Amado: romance em tempo de utopia. Natal: UFRN. Editora Universitária,
11 DIMAS, Antonio. Espaço e romance. 3.ed. São Paulo: Ática, LUCAS, Fábio. O caráter social da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
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