FACULDADE ASSIS GURGACZ SIMONE FÁTIMA DALMOLIN
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1 4 FACULDADE ASSIS GURGACZ SIMONE FÁTIMA DALMOLIN LEVANTAMENTO DE ENTOMOFAUNA EM FRAGMENTO DE FLORESTA NO MUNICÍPIO DE QUEDAS DO IGRAÇU. CASCAVEL 2010
2 5 FACULDADE ASSIS GURGACZ SIMONE FÁTIMA DALMOLIN TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Trabalho apresentado na disciplinade Conclusão de Curso, do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da faculdade Assis Gurgacz, como requisito parcial da nota. Orientador: Renato Cassol De Oliveira CASCAVEL 2010
3 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO MATERIAIS E METODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...10
4 7 1- INTRODUÇÃO Os ecossistemas terrestres atingem cerca de ¼ de todo o globo terrestre e abrigam cerca de 95% de todas as espécies de insetos conhecidos. As florestas são ecossistemas estáveis, onde o homem não tem atividade. Apresentam crescimento vertical, que permite várias formas de abrigo e o máximo de aproveitamento de energia solar, com muitas formas de sobrevivência e diversificação de nichos (SILVEIRA NETO et al., 1976). A floresta tropical apresenta temperatura constante, alta umidade, um estrato herbáceo muito grande e diversificado, com presença de epífitas e cipós. Nessas florestas o número de insetos é incalculável, e todas as espécies são muito bem representadas, sendo que a predominância de atividade dos insetos é noturna. A fauna é variável sendo que o solo abriga espécies de mamíferos e espécies de grande porte. Já as árvores abrigam aves, insetos e alguns mamíferos adaptados à vida herbícola (SILVEIRA NETO et al., 1976). Os fragmentos florestais são áreas de vegetação interrompidas por barreiras antrópicas ou naturais. Na fragmentação ocorre perda de espécies por perda e redução de habitat, pelo efeito de borda, que modifica a umidade e temperatura, pelo o fluxo populacional e pela eliminação de espécies dependentes de outras já extintas (TURNER, 1996). Dessa forma os fragmentos de floresta funcionam como refúgio e as espécies tendem a se deslocar para esses fragmentos. Extinção, dispersão e colonização são frequentes, até que se estabeleça um novo equilíbrio (LOVEJOY, 1980). Os artrópodes são o maior grupo de animais conhecidos atualmente e representam cerca de 75% de todos as espécies, dos quais 89% são insetos (BUZZI; MIYAZAKI, 1993). A estrutura populacional de artrópodes pode variar de acordo o com clima, solo, vegetação e o tamanho da área de floresta, sendo que o principal fator que interfere é a vegetação, pois é a base da cadeia alimentar além de ser abrigo da maioria das espécies (LAVELLE; PASHANASI, 1989). Além de serem o grupo de animais mais numeroso do planeta, vivem em quase todos os ambientes terrestres e tem uma enorme variabilidade de espécies. Atuam como predadores, parasitas, fitófagos, saprófagos,
5 8 polinizadores, tornando-se indispensáveis para o bom funcionamento dos ecossistemas. Sendo assim, perturbações no ambiente serão sentidas por eles podendo ser utilizados em estudos de impactos ambientais (SHOEREDER, 1997). De acordo com Freitas et al. (2003) e Silveira Neto et al. (1995), estes animais são sensíveis, diversos e capazes de produzir várias gerações em um curto espaço de tempo, respondendo rápido às perturbações nos recursos de seu habitat e às mudanças na estrutura e função dos ecossistemas, sendo assim, importantes na indicação da qualidade do ambiente. Levantamentos populacionais são utilizados nos estudos de dinâmica e densidade populacional, flutuação e migração (GALLO et al., 2002). Segundo Silveira Neto et al. (1976) não é impossível contar todos os insetos de um ambiente e os levantamentos são utilizados por meio de amostra e estimativas populacionais. Para esses levantamentos são utilizados vários tipo de armadilhas, dentre elas as com atrativo alimentar, visual, redes de captura, entre outras (ZANÚNCIO et al., 1989). De acordo com Silveira Neto et al. (1995) o uso de armadilhas é a maneira mais fácil e menos onerosa para levantamento da maioria dos espécimes. As armadilhas também podem ser utilizadas em estratégias de monitoramento e controle. Segundo os trabalhos de Lawsom e Gentri (1966) foi alcançada uma eficiência de 77%, reduzindo, consequentemente, o consumo de inseticidas em 90% na cultura de fumo. Garrafas armadilhas foram criadas pela Embrapa Meio Ambiente, são eficientes e de baixo custo (MELO et al., 2001). Há muitas vantagens em relação ao uso de armadilhas alimentares, dentre elas: ambos os sexos respondem ao estímulo, são multi-específicas, podem atrair adultos e larvas, e são relativamente simples e baratas. A desvantagem é que a presença de outras fontes de alimento pode afetar sua eficiência (PEREIRA; SALVADOR, 2008). As armadilhas tipo bandeja de água são de fácil construção e emprego consiste em uma bandeja com água e um pouco de detergente, com o fundo pintado de alguma cor atrativa, a tonalidade da cor pode fazer toda a diferença no sucesso da estratégia de captura (ALMEIDA et al., 1998).
6 9 A cor amarela é a que mais atrai os insetos, pode-se concluir baseado em vários estudos como o de Kring (1969) que estudou o comportamento das formas aladas do pulgão e constatou que são atraídos pela cor policromática amarela. Outro estudo feito por Lara e Silveira Neto (1970) com cigarrinhas do gênero Emposca, onde a cor amarela também é a mais atrativa. Este trabalho tem por objetivo avaliar a biodiversidade do fragmento de floresta, e avaliar qual o tipo de armadilha é mais eficiente no levantamento de entomofauna. 2 - MATERIAIS E MÉTODOS O fragmento de floresta estudado é uma área de 3.78 ha com mata nativa preservada localizada na Linha Planalto, no município de Quedas do Iguaçu, PR, situada entre as coordenadas 25 o S e 52º O, é um fragmento de floresta com araucárias. Para o estudo foram utilizadas 20 armadilhas, sendo 10 com atrativo visual (cor amarela), confeccionada com potes plásticos e painéis amarelos de polipropileno (com 100ml de solução de água com detergente a 1%) e 10 armadilhas com atrativo alimentar a base de suco de laranja (25%) e açúcar cristal (5%) sendo 100ml por armadilhas, e gotas de detergente. As armadilhas foram instaladas aleatoriamente, presas a vegetação, a uma altura média de 1,50m do solo. As vistorias foram realizadas semanalmente para retirada dos insetos e reposição das soluções. O material coletado foi armazenado em álcool 70% e levado ao laboratório, onde os insetos coletados foram colocados em bandejas, separados, quantificados e classificados ao nível de ordem de acordo com as chaves taxonômicas BUZZI (1993). Os dados obtidos foram submetidos à análise gráfica (Microsoft Windows Excel 2002), para interpretação.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO No período de novembro de 2009 a abril de 2010 foram coletados um total de insetos, sendo que 2402 (23,2%) nas armadilhas com atrativo visual e 7973 (76,8%) nas armadilhas com atrativo alimentar. Durante o estudo foram identificados às ordens Blatodea (4% e 6%), Coleoptera (18% e 21%), Díptera (14% e 12%), Hemíptera (1% e 3%), Hymenoptera(40% e 27%), Lepidóptera (19% e 32%), Neuroptera (0% e 6%) e Orthoptera (1%e1%). Dentre estas Hymenoptera, Lepidoptera, Diptera e Coleoptera se destacaram pelo número de espécimes coletados (Figura 1). Alimentar Visual Insetos (%) Blatodea Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Neuroptera Orthoptera Ordens Figura 1: Dados qualitativos da entomofauna coletada em armadilhas com atrativo alimentar e visual. Verificou-se que nas armadilhas de atrativo visual a ordem Lepidoptera predominou no período de dezembro (8,8%) à fevereiro (6,4%), seguido por Hymenoptera que apresentou maior incidência em dezembro (6,1%) e fevereiro (10,1%). Da mesma forma Coleoptera foi abundante em dezembro (12,6%). (figura 2)
8 11 Blatodea Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Neuroptera Orthoptera Figura 2: Flutuação populacional das armadilhas com atrativo visual. Já para a armadilha com atrativo alimentar verificou-se que Lepidoptera teve maior ocorrência de dezembro (3,7%) à janeiro (2,9%), seguido de Hymenoptera com picos em dezembro (11,4%) e março (8,8%). Já Coleoptera foi mais abundante em dezembro (7,6%). (figura 3) 14 Blatodea Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Neuroptera Orthoptera /11/ /11/ /11/2009 5/12/ /12/ /12/ /12/2009 2/1/2010 9/1/ /1/ /1/ /1/2010 6/2/ /2/ /2/ /2/2010 6/3/ /3/ /3/ /3/2010 3/4/ /4/ /4/ /11/ /11/ /11/2009 5/12/ /12/ /12/ /12/2009 2/1/2010 9/1/2010 % Insetos 16/1/ /1/ /1/2010 6/2/ /2/ /2/ /2/2010 6/3/ /3/ /3/ /3/2010 3/4/ /4/ /4/2010 Período % insetos Período Figura 3: Flutuação populacional das armadilhas com atrativo alimentar. As demais ordens apresentaram distribuição uniforme no período com significativa redução em março e abril, com incidência inferior a 3% (Figura 2 e 3 ).
9 12 Também foram coletados muitos insetos pertencentes a ordem Blatodea (5,0% e 2,8%), Hemiptera (2,9% e 0,5%), Neuroptera (0,1% e 5,7%) e Orthoptera (0,6% e 0,6%) respectivamente (Figura 2 e 3). Verificou-se que, nos meses de outubro a fevereiro, o número de espécimes aumentou, fato relacionado ao verão, onde a grande maioria dos animais se reproduz. Os lepidópteros são indicadores para atuar nos ecossistemas, os indivíduos são desfolhadores, pois na fase larval sua alimentação é basicamente de folhas e na fase adulta se alimentam de pólen e néctar de flores atuando com polinizadores. Também são decompositores e presas de carnívoros a diversidade dessa ordem é muito grande devido a reciclagem de nutrientes, a dinâmica populacional de plantas e a relação presa-predador do ecossistema (THOMAZINI; THOMAZINI, 2002). De acordo com Buzzi e Miyazaki (1993), os adultos dificilmente se afastam dos locais onde as larvas se criam, contudo existem espécies que migram para muito longe, geralmente voando em bandos. Na ordem Hymenoptera predominaram formigas, vespas, e poucas abelhas e cupins, provavelmente a dominância de formigas deve-se ao seu comportamento, de forragear em bando, elas são indicadoras de biodiversidade, sendo assim perturbações no ambiente serão sentidas por esses animais (GALLO et al., 2002). De acordo com Vieira et al. (2004) em estudo na região do Amazonas, em jazidas de exploração de petróleo também verificou aumento da população de himenópteros em seu trabalho. Os principais representantes da ordem Diptera são mosquitos e moscas. Estes dois grupos são bem distintos em hábitos alimentares e de vida. Enquanto os mosquitos se alimentam de frutas e desenvolvem parte do seu ciclo dentro delas, as moscas se alimentam de matéria vegetal ou animal em decomposição e precisam de ambientes sombreados. Cassino et al. (2004) em seu estudo de levantamentos de entomofauna também verificou maior população de dípteros, os quais representaram 27,46% dos insetos amostrados. Um estudo de Chung et al. (2000), apontou que em locais onde haja maior incidência de material orgânico e um sistema mais equilibrado não existe alterações no ciclo das larvas edáficas, especialmente de coleópteros, sendo
10 13 que essas possuem grande importância ecológica, pois seus hábitos estão intimamente ligados com a composição e estrutura da vegetação. A maior eficiência das armadilhas com atrativo alimentar se deve ao fato de que muitos insetos são atraídos pelos odores volatilizados dos substratos fermentados a partir do suco de fruta presente nestas armadilhas, simulando o que ocorre na natureza a partir de frutas ou de galhos e troncos caídos (GALLO et al., 2002). Os insetos são de extrema importância para o ecossistema, por serem responsáveis pela polinização das plantas, predadores, bioindicadores de qualidade e equilíbrio ambiental e por ocuparem vasto espaço na cadeia alimentar, sendo fonte direta de alimentação de outros seres vivos. 4 - CONCLUSÃO Assim, com o estudo de levantamento da entomofauna pode-se verificar que as ordens Lepidóptera, Hymenoptera, Coleoptera, Diptera, e foram as mais abundantes no período, tanto para a coleta com atrativo alimentar quanto para atrativo visual. As armadilhas com atrativo alimentar são adequadas para monitoramento visto que atraem tanto insetos diurnos quanto noturnos, garantindo maior representatividade da entomofauna florestal. 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. M.; RIBEIRO COSTA, C. S.; MARINONI, L. Manual de coleta, conservação, montagem e identificação de insetos. Ribeirão Preto: Holos, 1998, 78p. BIERREGAARD JUNIOR, R. O.; LOVEJOY, T. E.; KAPOS, V.; SANTOS A. A.; HUTCHINGS, W. The biological dynamics of tropical rainforevest gragments. BioSciences. Washington, v.42, n.11, p BUZZI, Z. J.; MIYAZAKI, R. D. Entomologia Didática. 2Ed. Curitiba: UFPR, 1993, 347p.
11 14 CASSINO, P. C. R.; FILHO, F. R.; LACERDA, S. G.; FURUSAWA G. P.; RODRIGUES, W. C. Entomofauna em Fragmento de Floresta Atlântica. Info Insetos. v.3, p.1-7, CHUNG, A. Y. C.; EGGLETON, P.; SPEIGHT, M. R.; HAMMOND, P. M.; CHEY, V. K. The diversity of beetle assemblages in different habitat types in Sabah, Malaysia. Bulletin of Entomological Research, v.90, p , FREITAS A. V. L.; FRANCINI, R. B.; BROWN R, K. S. Insetos como indicadores ambientais: Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida. Curitiba: UFPR, p. GALLO, D.; KANANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Manual de Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002, 920p. KRING, J. B. Behavioral responses o winged bean aphids to colored fluorescent lamps. Journal of Economic Emtomology. v.62, n.6, p , LARA, M.; SILVEIRA NETO, S. Influencia de armadilhas adesivas coloridas na atração da cigarrinha Empoasca sp. Em cultura de feijão. O Solo. v.62, n.1, p.21-22, LAVELLE, P.; B. PASHANASI. Soil macrofauna and land management in peruvian amazonia (Yurimaguas, Loreto). Pedobiologia, v.33, p , LAWSON, R.; GENTRY, C. R. Experiments on the control o insect populations with light traps. In pest control By chemical, biological, genetic and physical means. USDA-ARS. v.33, n.110, p , LOVEJOY, T. E. Discontinuous wilderness: minimum áreas for conservation. Parks, v.5, n.2, p13-15, 1980.
12 15 MELO, L. A. S.; MOREIRA, A. N.; SILVA, F. A. N. Armadilha para monitoramento de insetos. Embrapa. Comunicado Técnico, PEREIRA, R. V. S.; SALVADOR, J. R. Monitoramento de insetos (Coleoptera) no exterior de unidades armazenadoras Disponível em Acesso em 10/05/10. SHOEREDER, J. H. Comunidades de formigas: bioindicadores do estresse ambiental em sistemas naturais. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, EMBRAPA-CNPMF, p. SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILLA NOVA, N. A. Manual e Ecologia dos Insetos. Piracicaba: Agronômica Ceres LTDA, 1976, 419p. SILVEIRA NETO, S.; MONTEIRO, R. C.; ZUCCHI, R. A.; MORAIES, R. C. B. Uso de análise faunística de insetos na avaliação do impacto ambiental. Scientia Agrícola. v.52, n.1, p.9-15, THOMAZINI, M. J.; THOMAZINI, A. P. B. W. Levantamento de insetos e analise entomofaunistica em floresta, capoeira e pastagem no sudeste acreano. Rio Branco, Embrapa Acre, p. TURNER, I. M. Species loss in fragments of tropical rain forest: a review of the evidence. Journal of Applied Ecology, v.33, p , VIEIRA, M. F.; RIBEIRO, J. D.; SANTOS, I. F.; Levantamento de insetos em área de exploração de petróleo no rio Urucurú Amazonas, INPA, Disponível em FATIMA_REVISADO.pdf acesso em 02 de Junho de ZANÚNCIO, J. C.; SANTOS, G. P.; SARTÓRIO, R. C.; ANJOS, R.; MARTINS, L. C. C. Levantamento e flutuação populacional de lepidópoteros associados a eucaliptocultura: região do alto de São Francisco. Minas Gerais. IPEF, v.42, n.41, p.77-82, 1989.
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