Aula 07 4) OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS
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- Artur Campelo Fragoso
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1 Turma e Ano: CAM MASTER B 2015 Matéria / Aula: Direito Civil Obrigações e Contratos Aula 7 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitor: Mário Alexandre de Oliveira Ferreira Aula 07 4) OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS São aquelas que podem ser fracionadas sem a perda de qualidade ou de valor. A maior importância delas reside na pluralidade de partes. A consequência é o credor poder exigir partes iguais de cada um dos devedores. Todavia, deve ficar bem claro que nada impede as partes de convencionarem o contrário, ou seja, cada um dos devedores pode ficar responsável por porcentagens diferentes. Trata-se do Princípio do Concurso partes fiunti, segundo o qual, as partes se satisfazem pelo concurso, consagrado no artigo 257, CC. Devedor 1 R$ ,00 CREDOR R$ ,00 Devedor 2 R$ ,00 Devedor 3 R$ ,00 Art Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
2 5) OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS A Indivisibilidade pode decorrer da natureza do bem ou do contrato. 5.1) OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS COM PLURALIDADE DE CREDORES (Devedor e Cocredores) Como consequência, diante da impossibilidade de fracionamento, qualquer um dos credores poderá exigir o todo do devedor. Trata-se da previsão do artigo 260, CC. Art Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. CREDOR 1 DEVEDOR CARRO CREDOR 2 CREDOR 3 No exemplo acima, se o Credor 1 exigir o carro e o devedor lhe entregá-lo, este só estará exonerado se aquele credor der caução de ratificação dos demais credores, na forma do inciso II do artigo 260 do Código Civil. Assim feito, o Credor 1 se comprometeria perante aos Credores 2 e 3 a repassar a parte de cada um deles. Na forma do art. 261, CC, eles poderão exigir do Credor 1 a sua respectiva parte do todo em dinheiro. Art Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Observação 1: Remissão C1 1/3 D CARRO C2 1/3 C3 1/3 Se um dos credores (C1) perdoar (remitir) a sua parte, a obrigação se manterá em relação aos demais credores. Conforme estabelece o art. 262, CC, os demais somente poderão exigir a coisa descontada a quota daquele que perdoou a sua parte. Art Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
3 Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. Mesmo após o perdão, C2 e C3 continuam vinculados e podendo exigir o todo do devedor. A interpretação literal do artigo 262, CC, dá a entender que a obrigação de dar coisa certa se transforma em obrigação de pagar, o que não é verdade. Desta forma, tendo que entregar o todo, o devedor aparente não ter vantagem com a remissão concedida por um dos credores. A fim de resolver a situação, a doutrina entende que o devedor se tornará credor perante os seus credores do percentual que lhe foi perdoado anteriormente, ou seja, D passa a ser credor de C2 e de C3 da cota que cabia a C1 ( no exemplo acima, 1/3 do carro). 5.2) OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS COM PLURALIDADE DE DEVEDORES (Credor e Codevedores) A consequência é o credor poder exigir o todo de qualquer um dos devedores. Exemplo: C CARRO D3 1/3 Suponhamos que o credor exija o veículo de D3. Desta forma, se ele lhe entregar o veículo, este devedor se sub-rogará nos direitos do credor, conforme estabelece o artigo 259, parágrafo único, CC. D3 Art Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Observação 1: Se um dos devedores, no caso, D2, dirigindo embriagado, destruir completamente o veículo, restará impossível o cumprimento da entrega do veículo, conforme acertado no contrato de compra e venda. Nesta situação, o credor poderá exigir o equivalente, além de perdas e danos, conforme estipulado no art. 234, in fine, CC.
4 Art Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Com a perda total do objeto, a indivisibilidade se extingue, na forma do art. 263, CC: Art Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Conforme se extrai da dicção legal, somente o culpado responderá pelas perdas e danos, enquanto que, pelo equivalente, todos os devedores permanecerão obrigados. Assim ficará a situação: EQUIVALENTE C D3 1/3 PERDAS E DANOS D2 INTEGRALIDADE
5 6) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS PLURALIDADE DE PARTES DE CREDORES: ATIVA DE DEVEDORES: PASSIVA PRESSUPOSTOS MULTIPLICIDADE DE VÍNCULOS EXTERNOS: unem os Credores com os Devedores INTERNOS: unem as partes plurais Estabelece o art. 265, CC, que a solidariedade não se presume, sendo que a mesma decorre da lei ou da vontade das partes. Art A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
6 6.1) SOLIDARIEDADE ATIVA (art. 267 ao 274, CC) C1 D R$ ,00 C2 C3 Como consequência da solidariedade ativa, qualquer um dos credores pode exigir o todo do devedor, uma vez que há um vínculo interno entre eles, pouco importando se obrigação é divisível ou indivisível. Ademais, não importa se as porcentagens que cabem a cada um dos credores solidários são iguais ou diferentes; qualquer um deles poderá exigir o todo do devedor. Tomando o exemplo acima como base, suponhamos que C1 exija de D o pagamento integral e este pague àquele. Automaticamente, C1 deve repassar as partes de C2 e de C3. Aqui, não se exige caução de ratificação dos demais credores. C1 C2 1/3 C3 1/3 OBSERVAÇÃO 1: Caso em que um dos cocredores morre: C1-1/3 D R$ ,00 C2-1/3 C3 1/3 F1-1/6 F2-1/6 Conforme estabelece o art. 270, CC, a solidariedade não se transfere com a herança. Cada herdeiro somente poderá receber a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, Art Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
7 OBSERVAÇÃO 2: Art. 270, in fine, CC: salvo se a obrigação for indivisível. Se assim for, tanto F1 quanto F2 poderão exigir o todo do devedor. Se algum deles receber o todo, deverá repassar a parte dos demais credores solidários e do outro herdeiro. OBSERVAÇÃO 3: Inoponibilidade de exceções pessoais: Lembrando que exceção pessoal é qualquer direito de natureza personalíssima que o devedor pode opor em face do credor, como no caso da compensação, por exemplo. Exemplo: C1 D R$ ,00 C2 C3 Supondo que D tenha uma exceção pessoal em relação a C1 e que C3 exija o todo de D. Este poderá utilizar a exceção pessoal em relação ao outro credor aos demais credores solidários? Resposta: NÃO, na medida em que as exceções pessoais têm natureza personalíssima. Assim dispõe o art. 273, CC: Art A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. OBSERVAÇÃO 4: Supondo que além de solidariamente ativa, a obrigação também seja indivisível, como se vê no esquema abaixo C1 D CARRO C2 C3 Se o devedor, dirigindo embriagado, bater e destruir o carro, a obrigação, que era indivisível se converte-se em perdas e danos, ou seja, agora o devedor deverá arcar com o equivalente, além de perdas e danos. Estabelece o artigo 271, CC, que a indivisibilidade se extingue, mas a solidariedade se mantém. Art Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. OBSERVAÇÃO 5: Interrupção do prazo prescricional
8 C1 D R$ ,00 C2 C3 Supondo que C1 faça um protesto em face do devedor. Segundo o art. 202, III, CC, o protesto é causa interruptiva do prazo prescricional. Conforme dispõe o art. 204, caput, CC, o prazo prescricional somente será interrompido para o cocredor que tiver feito o protesto (no caso, C1); já o 1º do mesmo art. 204, CC, estabelece que, em caso de solidariedade ativa, o prazo prescricional será interrompido para todos os credores solidários. COCREDORES (204, caput, 1a parte, CC): Interrompe só para o credor que fizer o protesto INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL CREDORES SOLIDÁRIOS (204, 1o, 1a parte, CC): Interrompe para todos os credores solidários Art A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; Art A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
9 6.1) SOLIDARIEDADE PASSIVA (art. 275 ao 285, CC) Traduz-se na pluralidade de devedores. Como consequência, o credor poderá exigir o todo de qualquer um daqueles, sendo que, quem pagar, sub-rogar-se-á no lugar do credor. C R$ ,00 D3 1/3 Com a sub-rogação, a solidariedade se extingue. Desta forma, o devedor que efetuar o pagamento somente poderá exigir dos demais devedores as partes que lhes couberem. D1 D3 1/3 OBSERVAÇÃO 1: MORTE DE UM DEVEDOR SOLIDÁRIO Diante desta situação, quanto o credor poderá exigir de cada um dos herdeiros? Deve ser observado o art. 276, CC: Art Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. Analisando o dispositivo acima, o mesmo deve ser dividido em 3 partes: 1ª parte: Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário De acordo com esta parte, cada herdeiro somente responderá pela cota correspondente ao seu quinhão hereditário. C R$ ,00 D3 1/3 F1 1/6 F2 1/6
10 2ª parte: salvo se a obrigação for indivisível Conforme disposto, se a obrigação for indivisível, os herdeiros responderão pelo todo, assim como os demais devedores solidários. 3ª parte: mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. A despeito da redação confusa, a parte final do art. 276, CC, impõe um vínculo de solidariedade frente ao devedor que se sub-rogou nos direitos do credor. Desta forma, se D1 tiver efetuado o pagamento, ele poderá exigir 1/3 tanto de F1 quanto de F2. Em sentido contrário, C, como visto, somente poderá exigir 1/6 de F1 ou 1/6 de F2, na forma da 1ª parte do art. 276, CC. F1 1/6 F2 1/6 OBSERVAÇÃO 2: EXCEÇÃO PESSOAL: Por mais que haja solidariedade, o devedor de quem o credor demandar o todo não pode opor exceções que não lhe sejam comuns, na medida em que as exceções pessoais são personalíssimas. Assim dispõe o art. 281, CC: Art O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. OBSERVAÇÃO 3: RELAÇÃO ENTRE SOLIDARIEDADE PASSIVA E OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS: Exemplo: Se um dos devedores der aso à destruição do veículo, a conversão da obrigação indivisível em perdas e danos extingue a indivisibilidade, mas não a solidariedade. Desta forma, o todo poderá ser exigido de qualquer um dos devedores solidários, enquanto que somente o culpado responderá pelas perdas e danos. Assim dispõe o art. 279, CC: Art Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. OBSERVAÇÃO 4: INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL: Dispõe o art. 204, caput, in fine, CC, que a interrupção operada contra um codevedor ou seu herdeiro não prejudica aos demais, ou seja, o prazo somente restará interrompido para aquele contra quem se operou a interrupção.
11 Por exemplo, se o credor protesta em face de um dos herdeiros de um dos codevedores, somente contra ele o prazo prescricional será interrompido. Já o 2º do mesmo art. 204, em sua 1ª parte, traz o mesmo entendimento, no que diz respeito a devedores solidários. Desta forma, por exemplo, um protesto em face de um dos herdeiros somente interrompe o prazo prescricional em relação e ele, não prejudicando os demais. Todavia, a parte final do 2º do art. 204, CC, aduz que, em se tratando de obrigações indivisíveis, a interrupção do prazo prescricional em face de um dos herdeiros acarretará a interrupção em face dos demais herdeiros e dos demais devedores solidários, em razão da natureza da obrigação, que não se coaduna a prazos distintos. Complementando, o 3º do art. 204, CC, prevê que a interrupção produzida contra o devedor principal também prejudica o fiador. Art A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
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