1º WORKSHOP EMOÇÕES EM SAÚDE

Transcrição

1 1º WORKSHOP EMOÇÕES EM SAÚDE O MEDO DAS CRIANÇAS EM CONTEXTO DE URGÊNCIA HOSPITALAR O enfermeiro enquanto gestor emocional Paula Diogo; José Vilelas Linha de investigação Emoções em Saúde

2 FINALIDADE Espaço de partilha e reflexão sobre os medos das crianças em urgência pediátrica e a intervenção dos enfermeiros baseada evidência científica

3 INTRODUÇÃO AO TEMA

4 O MEDO. UMA EMOÇÃO As emoções são consideradas como o fundamento da nossa personalidade, o que temos de mais intimo, o que dá aos nossos atos e pensamentos o encanto, a razão de ser, o impulso vital, sendo através delas que interagimos com os outros, com o mundo e com nós próprios. (Diogo, 2015) Diogo, P. (2015).Trabalho com as emoções em enfermagem pediátrica.2ªed. Lisboa: Lusodidacta.

5 O MEDO. UMA EMOÇÃO A gestão das emoções que os enfermeiros têm de realizar permite-lhes cuidar das pessoas duma forma holística, pois vão ao encontro das suas necessidades. (Vilelas, 2013) Vilelas, J. (2013). O trabalho emocional no ato de cuidar: uma revisão do conceito. Revista Salutis Scientia, 5:

6 O MEDO. UMA EMOÇÃO Quanto a mim, interpreto emoção como referindo-se a um sentimento e aos raciocínios aí derivados, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a ação. Há centenas de emoções, incluindo respectivas combinações, variações, mutações e tonalidades. (Goleman,1997) Goleman, Daniel, (1997). Inteligência Emocional. n.a.,temas e Debates. Disponível em: 3o%20Maria%20Jo%C3%A3o%20Rosa%20Silva.pdf. Acesso em 19 de maio de 2011.

7 O MEDO. UMA EMOÇÃO Damásio diz que consiste numa variação psíquica e física, desencadeada por um estímulo, subjetivamente experimentada e automática e que coloca num estado de resposta ao estímulo, ou seja, as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de reagir de forma adaptativa (2000). Sentimento Emoções Damásio, António, (2000). O erro de descartes emoção, razão e cérebro humano. 21ª ed., Lisboa, publicações Europa América.

8 EMOÇÃO NEGATIVA ou POSITIVA MEDO Medo remete-nos para a tomada de consciência de uma determinada ameaça real ou imaginária e que tem repercussões para o individuo Dimensão comportamental Dimensão biológica Belzung, C. (2007). Biologia das emoções. Instituto Piaget. Valdez, J. (2009). Teoría de la paz o equilibrio. México: Edamex.

9 TIPOS DE MEDOS Normais ou desenvolvimentais Os medos infantis são um fenómeno universal e omnipresente em todas as culturas e tempos. A única explicação para a universalidade deste fenómeno é a de que o medo tem uma importante componente de valor adaptativo para a espécie. Notese que estas sensações que se vivenciam como desagradáveis por parte da criança, podem cumprir uma função de sobrevivência no sentido de a afastar de situações de perigo.

10 TIPOS DE MEDOS Patológicos Quando o medo é desadaptativo (não obedece a nenhuma causa real de perigo potencial ou quando se sobrevalorizam as possíveis consequências), desproporcionado (excessivamente intenso para a situação que se apresenta podendo traduzir-se em sintomas como náuseas, diarreia, desmaios) e persistente ao longo do tempo, o resultado é um enorme sofrimento para a criança. O medo pode, então, condicionar o funcionamento da criança e alterar sensivelmente a sua capacidade para enfrentar situações quotidianas

11 ANSIEDADE VS MEDO O medo ocorre quando um estímulo exterior facilmente identificável, ou seja, algo concreto, desencadeia comportamentos de fuga ou evitação, associando-se a sentimentos de raiva ou vergonha, terminando aquando do desaparecimento desse mesmo estímulo, enquanto que a ansiedade consiste num estado emocional aversivo sem desencadeadores claros/concretos (medos difusos) e que, obviamente não podem ser evitados, sendo difundida de um modo desagradável e persistente (Baptista, 2005). Baptista, Américo, Carvalho, Marina, & Lory, Fátima. (2005). O medo, a ansiedade e as suas perturbações. Psicologia, 19(1-2),

12 MEDOS NA INFÂNCIA 0-6M Separação e ruídos fortes 6-12M Separação, de estranhos e objetos apresentados de forma inesperada 12M-2,5 anos 2,5-6 anos 6-11anos Adolescência Separação, de animais e de ruídos fortes (p.e. trovoada) Seres sobrenaturais (monstros, fantasmas), do escuro, das máscaras, das personagens más da televisão, cinema, livros Dano físico (acidentes, morte) ou de médicos (feridas, sangue, injeções), o medo do fracasso escolar, da crítica e medos dos seus pares, medo da separação ou divórcio dos pais Crítica, fracasso, rejeição por parte dos pares e das mudanças físicas

13 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA ASSUMIR OS MEDOS COMO REAIS - Lidar com qualquer medo é aceitá-lo e admiti-lo; - Importante aprender a reconhecer a resposta emocional ao medo, que se expressa fisicamente. SÓ GANHAMOS CONSCIÊNCIA DO MEDO QUANDO COMEÇAMOS A PRESTAR ATENÇÃO AOS NOSSOS PRÓPRIOS SINAIS.

14 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA RESPIRAR PROFUNDAMENTE E VISUALIZAR 1. Colocar uma mão sobre o abdómen. 2. Inspirar calma e profundamente pelo nariz. Conta até cinco, enquanto inspira, e novamente enquanto expira. Contar ajuda a respirar devagar e profundamente. 3. Quando inspirar profundamente. Colocar a mão sobre o abdómen ajuda a sentir o que se está a passar. Deverá sentir/ver a barriga a subir e descer enquanto respiras. 4. Expirar devagar. Imaginar que à medida que o ar sai, todas as preocupações saem também. 5. Repetir estes passos dez vezes.

15 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA RESPIRAR PROFUNDAMENTE E VISUALIZAR Depois de dominar a arte da respiração profunda poderá usar também a visualização. Esta é uma ferramenta que ajudará a focar os pensamentos em algo positivo e calmo: Boneco de neve. Imagine que é um boneco de neve, que está sozinho no meio da neve, numa manhã de sol. À medida que o dia avança, sentes-te a derreter gota a gota. E à medida que o corpo do boneco de neve derrete, sente-se mais quente e relaxado. Oceano. Imagine o oceano azul. Você é uma onda, que vai e vem. Sente o movimento. Deixe-se embalar e sentir relaxado. Ouça o som das ondas na sua cabeça e imagine que estão a levar as suas preocupações para longe.

16 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA ESCREVER e DESENHAR Faça uma lista dos seus medos e preocupações. Responda: Como te sentes quando estás preocupado ou com medo? O que vai na tua cabeça e no teu corpo? Com quem podes falar sobre o que te anda a incomodar? De que forma essas pessoas te poderão ajudar? Escreva o seu objectivo. Por exemplo, Vou fazer pelo menos um novo amigo este mês. ; Vou ser capaz de ficar sozinho em casa pelo menos uma hora ; Vou conseguir sair à rua e não sentir medo dos cães. Também poderás colocar os teus objectivos sob a forma de um desenho...

17 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA ESCREVER e DESENHAR 1 - Faz um desenho daquilo que mais tens medo ou que mais te preocupa. 2 - Desenha a pior coisa que imaginas que possa acontecer relacionada com o teu medo ou preocupação. 3 Faz um desenho de ti a enfrentar com sucesso o teu medo, usando o máximo de detalhes positivos. Todos os dias, olha para o desenho e diz para ti próprio que aquele é o teu objectivo aquilo que conseguirás que aconteça.

18 ESTRATÉGIAS DE AUTO AJUDA AFASTAR PENSAMENTOS NEGATIVOS E VIVER COM OS POSITIVOS Quando reparar que está com pensamentos negativos, como Vou falhar., diz: STOP!. Imagine um sinal de STOP na sua cabeça ou imagine a dizer bem alto STOP. De imediato substitui o pensamento negativo por um mais positivo ou agradável, por exemplo Vou esforçar-me. ou Vou ser capaz.. Quando muda o interruptor o teu corpo reage! Começa a sentir-te mais calmo e com mais forças. Diga para si próprio Consigo lidar com isto. e verá que começa a sentir-se mais confiante.

19 REFLEXÃO: O CONTO DA PORTA NEGRA No país das Mil e Uma Noites havia um rei que costumava levar os prisioneiros de guerra para uma enorme sala. Lá ficavam enfileirados e o soberano gritava: - Vou dar-vos uma oportunidade. Olhem para o lado direito! Nessa direção estavam alguns soldados armados com arco e flecha, prontos para ação. - Agora, continuava o rei, olhem para o lado esquerdo. Então, eles viam uma porta negra, decorada com figuras assustadoras. O rei posicionava-se no centro da sala e ordenava: - Vocês têm duas escolhas: morrer cravados por flechas ou... abrir aquela porta e enfrentar o que ela vos reserva. Decidam! O QUE FAZIAM???

20 REFLEXÃO: O CONTO DA PORTA NEGRA Os prisioneiros agiam sempre da mesma forma: chegavam perto da terrível porta e faziam a opção: - Quero morrer flechado! Prefiro isso a ser trancado lá dentro. Um dia, porém, a guerra acabou. Depois de algum tempo, um dos soldados estava a varrer a sala, quando surgiu o rei. Ele fez a reverência e, meio sem jeito, indagou - Oh! Majestade, sempre quis saber... o que tem além daquela porta? Ao que o rei respondeu; - Vá lá e veja! Trémulo, o soldado virou a maçaneta devagar e viu um raio de sol invadir a sala. Abriu um pouco mais e sentiu o cheiro da relva. A porta dava para uma grande estrada. Era a liberdade!!!

21 METODOLOGIA DE TRABALHO

22 FORMAÇÃO REFLEXIVA Paradigma cognitivo-construtivista O formando tem um papel ativo na construção do seu conhecimento (sujeito interpretativo) O sujeito é uma construção própria que vai evoluindo a partir do seu próprio sistema cognitivo, das suas experiências A aprendizagem concretiza-se através reflexão sobre a ação

23 PRÁTICA REFLEXIVA Em que consiste a REFLEXÃO? É pensar mas com método e intencionalidade O que visa? - Analisar a experiência, avaliar e procurar estratégias de ação - Fundamentar e explorar explicações para a ação, e argumentação das decisões - Desenvolver um pensamento intencional voltado para metas que permite fazer julgamentos baseados em evidência, em vez de conjeturas É um processo de aprendizagem no qual a pessoa se envolve intelectual e afetivamente em ações que visam explorar as suas experiências para alcançar novas compreensões e apreciações (Boud et al., 1985).

24 Proposta de trabalho Exercício prático sobre os medos associados aos cuidados de saúde dinâmica de grupo Exercício de escrita reflexiva individual Análise das prática em subgrupo Elaboração de síntese para partilha em grupo

25 Exercício prático O CHAPÉU DOS MEDOS Um exercício de partilha interpessoal susceptível de promover um melhor autoconhecimento, onde cada membro de um grupo é convidado a escrever, anonimamente, em um papel os seus medos associados aos cuidados de saúde, que são depois recolhidos. Depois, cada participante, aleatoriamente, seleciona de dentro do chapéu um papel com um determinado medo, que o lê ao grupo, e tenta interpretar e partilhar o que pensa sobre esse medo.

26 EVIDÊNCIA CIENTÍFICA

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33 Prática Baseada na Evidência Consiste na utilização de evidências científicas, produzidas por estudos desenvolvidos com rigor metodológico, para tomada de decisões sobre as melhores práticas para dar resposta a cada situação concreta/caso A aplicação da evidência científica na prática segue alguns passos: Formulação de uma questão clínica Pesquisa de evidências Avaliação crítica da evidência encontrada Tomada de decisão com base nessa evidência Prática Reflexiva

34 Prática Baseada na Evidência Determinantes (condições/contexto; estádio de desenvolvimento; presença de familiares; tipo de procedimento) Enfermeiro enquanto gestor emocional Ação/Interação (adaptar ao estádio de desenvolvimento; Cuidados Centrados na Família; Cuidados não traumáticos; gestão antecipada das emoções e gestão das emoções reativas) Dimensão Emocional da prática de enfermagem Resultados (eliminar ou atenuar o medo; aliviar o sofrimento; promover bem-estar; fortalecer estratégias de confronto; educação emocional) Trabalho Emocional em Enfermagem

35 Prática Baseada na Evidência Pesquisa em bases de dados nacionais e internacionais (investigação quantitativa e qualitativa); Formação contínua; sessões de análise das práticas; partilha e orientação de enfermeiros peritos Autoconhecimento; Identificar e analisar emoções; desenvolvimento de competências emocionais Prática humanizada baseada na evidência Jean Watson (2002, 2005): Enfermagem é a arte e a ciência de Cuidar

36 José Vilelas, PhD Paula Diogo, PhD

37 OBRIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO