Determinantes afetivos de cuidar a criança hospitalizada sem acompanhante: um estudo de Grounded Theory

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Determinantes afetivos de cuidar a criança hospitalizada sem acompanhante: um estudo de Grounded Theory"

Maria do Loreto de Barros Fortunato
6 Há anos
Visualizações:

1 : um estudo de Grounded Theory Linha de Investigação Emoções em Saúde Investigadores: Paula Diogo; ESEL; PhD Patrícia Baltar; HFF; MSc Ana Prudêncio; HLuz; RN 1ªs Jornadas Técnico-Científicas da ERISA: Formar Para a Excelência em Saúde Lisboa / 24 Setembro 2015

2 Objeto Ciência e de Cuidar (Swanson, 1992; Collière, 2003; Watson, 2002, 2005) Desenvolvida com a finalidade de contribuir para a saúde, bem-estar e alívio do sofrimento da pessoa cuidada, implica assim: Afetividade Relação terapêutica Envolvimento e proximidade Intencionalidade terapêutica

3 Objeto Pressupõe que o enfermeiro dê de si próprio ao Outro que é cuidado (Watson, 2002, 2005) As emoções conferem humanismo ao cuidar, dando-lhe sentido Evidência científica no âmbito da afetividade na relação terapêutica enfermeiro-cliente Foco de estudo em diversas áreas do saber Influência muito evidente na pessoa cuidada

4 Objeto O processo relacional encontra-se impregnado de emoções e sentimentos, e deste emergem novas emoções e sentimentos nas pessoas em interação (Diogo, 2015) Trabalho Emocional em Enfermagem Ação transformadora da experiência emocional nas interações com os clientes; a gestão das emoções com centralidade nos clientes e nos próprios enfermeiros (Smith, 1992, 2012)

5 Objeto Enfermagem Pediátrica A qualidade da relação terapêutica estabelecida com o cliente pediátrico, aquando da sua hospitalização, assume uma importância ainda mais marcante René Spitz (1948) Comparou o desenvolvimento de dois grupos de crianças hospitalizadas (primeiro ano de vida) Crianças cuidadas pela mãe/figura substituta Desenvolvimento emocional adequado Crianças cuidadas por enfermeiros que tinham a seu cargo 8 a 12 crianças Atraso global do desenvolvimento

6 Objeto Cuidar com afeto/amor é uma habilidade subjetiva como componente do Emotional Labour/escassez de investigação sobre o trabalho emocional em enfermagem Deterioração do contexto socioeconómico português/aumento das crianças hospitalizadas sem Importância do estudo da afetividade no cuidado a crianças hospitalizadas sem

7 Objeto A evidência científica revela que os enfermeiros tornam-se pais num plano mental (Zengerle-Levy, 2004), mas não é claro como usam o afeto e desenvolvem a relação terapêutica no cuidado a crianças hospitalizadas sem. Objetivos Determinar os antecedentes, atributos e consequentes de prover afeto nos cuidados de enfermagem ao cliente pediátrico hospitalizado sem. Caracterizar o processo de relação emotivo-afetiva entre enfermeiro e cliente pediátrico hospitalizado sem.

8 Objeto Questão de Investigação O que determina o cuidado afetivo dos enfermeiros na relação com as crianças hospitalizadas sem?

9 Objetivos Paradigma naturalista - Grounded Theory (GT) Amostragem teórica: enfermeiros que possuem uma importante informação/experiência sobre o fenómeno Instrumentos: Observação e Entrevista semiestruturada Ferramentas Analíticas: codificação aberta, axial e seletiva / paradigma do processo / programa informático Nvivo 10

10 criança hospitalizada sem Achados Condições/Contexto - Conceção de cuidado afetivo - Significado conferido ao amor/afeto - Assunção da necessidade de afeto da criança - Condição de saúde da criança Ações/Interações - Omnipresença da interação afetiva: em qualquer interação de cuidados; sempre presente - Nutrir os cuidados com afeto: proximidade; dádiva de amor incondicional; preocupação com o bem-estar da criança; disponibilidade - Partilha de emoções: envolvimento afetivo; reciprocidade afetiva - Ambiente humanizado e cuidador Consequências - Satisfação das necessidades afetivoemocionais da criança - Promoção do bem-estar e alívio do sofrimento da criança - Satisfação pessoal pelo altruísmo e dádiva de amor

11 Processo Humano-Afetivo de Cuidar de Crianças hospitalizadas sem Condições/Contexto: - Conceção de cuidado afetivo - Significado conferido ao amor/afeto - Assunção da necessidade de afeto da criança - Condição de saúde da criança Consequências: - Satisfação das necessidades afetivo-emocionais da criança - Promoção do bem-estar e alívio do sofrimento da criança - Satisfação pessoal pelo altruísmo e dádiva de amor Conceito Central "Sentimentos parentais dos enfermeiros" Ações/interações: - Omnipresença da interação afetiva - Nutrir os cuidados com afeto - Partilha de emoções - Ambiente humanizado e cuidador

12 Objetivos Os resultados são corroborados por conceções de referência em Enfermagem: Cuidado como afeto (Morse et al., 1990) Cuidar é tornar-se emocionalmente aberto para o Outro (Swanson, 1991) A ausência de afeto constitui a frieza da técnica (ligação da emoção ao ato de cuidar) (Collière, 2003)

13 Objetivos O Trabalho emocional em enfermagem está inscrito no cuidar (Smith, 2012) O Trabalho emocional envolve uma atmosfera afetuosa e uma proximidade carinhosa no cuidar em enfermagem (Mercadier, 2004) Watson (2003, 2005) defende que é tempo para retomar o termo love para descrever as qualidades da relação em enfermagem

14 Objetivos Dimensões a destacar no âmbito do desenvolvimento da relação terapêutica nos contextos de cuidados de saúde infantil e pediatria: Dádiva de Afeto Trabalho Emocional Desenvolvimento Pessoal e Uso Terapêutico do Self

15 Objetivos Dádiva de Afeto Os enfermeiros adotam o papel de pais num plano mental, sentindo compaixão e empatia e dando segurança e amor (Zengerle-Levy, 2004), o que também implica presença e envolvimento (Zengerle-Levy, 2004; Anderzén-Carlsson et al., 2007).

16 Objetivos Trabalho Emocional Promover um ambiente seguro e afetuoso; Nutrir os cuidados com afeto; Gerir as emoções dos clientes; Construir a estabilidade na relação; Regular a disposição emocional para cuidar (Diogo, 2015) ( ) todos os cuidados encontram-se impregnados de afeto. (Diogo, 2015: 127)

17 Objetivos Desenvolvimento Pessoal e Uso Terapêutico do Self A construção de uma relação terapêutica implica conhecimento e desenvolvimento do próprio Self Desenvolvimento do Self Habilidade e excelência na relação terapêutica Muetzel (1988); Butler (1995)

18 Objetivos Desenvolvimento Pessoal e Uso Terapêutico do Self Watson (2002) refere que os enfermeiros podem usar os sentimentos no cuidar, o que remete para o conceito de envolvimento profissional Recurso ao Self em todas as suas dimensões Os mecanismos de identificação e os sentimentos maternais podem estruturar e regular a interação (Watson, 2002)

19 Objetivos Os enfermeiros que cuidam de crianças sem, no contexto de internamento pediátrico em estudo, nutrem sentimentos parentais como: a aceitação, a amizade, a confiança, a bondade, a afinidade, a devoção, a fascinação, o afeto dádiva de amor incondicional

20 Objetivos O amor/afeto é uma emoção que os enfermeiros mobilizam na sua prática, num ato de dádiva para prover cuidados Nos cuidados a crianças sem, a intencionalidade é a dádiva de amor para satisfazer as necessidades emocionais, promover o bemestar e/ou aliviar o sofrimento

21 Objetivos O que determina o cuidado afetivo dos enfermeiros na relação com as crianças hospitalizadas sem? - Hipótese Explicativa - Sentimentos Parentais dos Enfermeiros com intencionalidade terapêutica

22 Objetivos QUESTÕES EMERGENTES: - Como os enfermeiros conseguem desenvolver com as crianças uma relação de confiança e afetiva apesar de provocarem dor na realização de procedimentos dolorosos? - As necessidades emocionais destas crianças são satisfeitas através da dádiva de afeto dos enfermeiros?

23 Objetivos QUESTÕES EMERGENTES: - O investimento numa relação afetiva, mesmo quando o período de contacto entre os enfermeiros e a criança ou o jovem é curto, pode conduzir ou potenciar experiências de perda? - Cuidar em enfermagem surge como um dever ético para todos os clientes, mas o amor numa relação ainda mais próxima pode surgir apenas para alguns clientes. Estamos perante um problema ético?

24 Publicações l.pt/files/2010_14_2_70-81.pdf

25 Publicações /ebook_iv_congresso_aspesm #

26 Publicações dle/ /10889

Apresentação em Conferências IV Congresso de Saúde Mental - ASPESM: Padrões

Congress for Qualitative Health Research - Dialogues and Bridges for

Científica da Linha de Investigação Emoções em Saúde - Investigar as Emoções

Reunião Científica da Linha de Investigação Emoções em Saúde -

27 Apresentação em Conferências IV Congresso de Saúde Mental - ASPESM: Padrões de Qualidade; ESE Coimbra - polo B; 10 e 11 de Outubro th Global Congress for Qualitative Health Research - Dialogues and Bridges for Intercultural Health ; Mérida, Yucatán, México; 18 a 20 março 2015 I Reunião Científica da Linha de Investigação Emoções em Saúde - Investigar as Emoções e o Trabalho Emocional em Enfermagem ; ESEL - polo AR; 16 de junho 2014 II Reunião Científica da Linha de Investigação Emoções em Saúde - Complementaridade disciplinar na Investigação das Emoções em Enfermagem ; ESEL - polo AR; 15 de junho 2015

28 Contacto: Paula Diogo; ESEL; ui&de;

Documentos relacionados

XXVIII Jornadas de Enfermagem da AE da Escola Superior de Saúde de Viseu. Prof.ª Paula Diogo, PhD 28 março 2017

XXVIII Jornadas de Enfermagem da AE da Escola Superior de Saúde de Viseu Prof.ª Paula Diogo, PhD 28 março 2017 DIMENSÃO EMOCIONAL DA ENFERMAGEM A disciplina de enfermagem necessita de estudar as emoções