Profa. Dra. Ordália Alves Almeida UFMS. Infâncias. Crianças. e Culturas Infantis FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFBA
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- Felícia Padilha Ribas
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1 Profa. Dra. Ordália Alves Almeida UFMS Infâncias Crianças e Culturas Infantis FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFBA
2 Há um lugar, um pequeno lugar, tão pequeno como uma casinha de vidro na floresta em cima do alfinete, disse a criança. É lá que eu guardei a minha pena da cara de todos. Esta criança vai deixar de sorrir, disse o medidor de crianças (...) Há um lugar, um pequeno lugar, tão pequeno Como o ovo azul do bicho da seda, disse a criança. É lá que eu guardei o meu amigo. Esta criança vai deixar de falar, disse o medidor de crianças (...)
3 Há um lugar, um pequeno lugar, tão pequeno Como a pedra de açúcar que a mosca leva para seus filhinhos partirem e fazem espelho, disse a criança. É lá que eu guardei a minha mãe. Esta criança morreu, disse o medidor de crianças. Há um lugar, um pequeno lugar, tão pequeno Como a bolha de sumo dentro do gomo da tangerina, disse a criança. É lá que eu me guardei e comi-o e passou para dentro do dentro do mais pequeno dos buracos do meu coração. Esta criança acabou, disse o medidor de crianças. É preciso fazer outra. (Costa, Maria Velho. O lugar comum, Desescrita)
4 INFÂNCIA CATEGORIA SOCIAL Natureza paradoxal Diferentes imagens, diferentes concepcões Construção social
5 INFÂNCIA: Construção social, elaborada para e pelas crianças, em um conjunto ativamente negociado de relações sociais; Contextualizada em relação ao tempo, ao local e à cultura, variando segundo a classe, o gênero e outras condições socioeconômicas.
6 INFÂNCIA: Passa a ser vista não mais como um tempo de preparação para, mas como um tempo em si, tempo de brincar, jogar sorrir, chorar, sonhar, desenhar, colorir, escrever, contar Ou seja um tempo que incorpora tudo o que a criança é e faz nesse período de sua vida, um tempo em que a criança é e vive como sujeito de direitos. A infância NÃO É UMA SÓ e é definida de acordo com o tempo histórico, social e econômico que marca a sociedade humana.
7 CRIANÇAS Atores sociais de pleno direito Grupo etário de 0 a +12 anos Referentes empíricos
8 Reconhecer a cidadania das crianças é hoje um desafio à mudança das estruturas políticas e sociais, à transformação das instituições e à renovação cultural, no sentido de garantir: As condições estruturais para a inclusão social plena de todas as crianças; Instituições respeitadoras do melhor interesse das crianças; Aceitação da voz das crianças como expressão legítima de participação nas Instituições Educativas e na cidade.
9 O que desejam as crianças? Viver de forma lúdica a sua infância. Através da brincadeira a criança traduz e recria as imagens daquilo que ela vive a partir das suas interações com o mundo. (Gilles Brougère) A criança organiza os elementos retirados da realidade, estabelecendo novas combinações e produzindo novos significados, ou seja, a própria brincadeira.
10 As crianças podem dar outros significados àquilo que os adultos só vêem com seus olhos, limitados pelos sentidos que eles já elaboraram para os diferentes acontecimentos do seu cotidiano.
11 As crianças constroem culturas a partir dos significados que elas conferem às suas ações, nas relações que estabelecem com o seu meio. Na produção de culturas lúdicas, as crianças vão se socializando e compartilhando suas brincadeiras.
12 As culturas infantis, se pensarmos junto com Florestan Fernandes, ou a cultura lúdica, como aprendemos com o Gilles Brougère, é constituída por elementos da cultura do adulto que são ressignificados pelas crianças e por dados elaborados pelas próprias crianças.
13 O que o/a professor (a) você tem valorizado na prática pedagógica da Educação Infantil? Que espaço as crianças têm encontrado para viver e criar culturas? Há um espaço privilegiado para a brincadeira como elemento fundamental nesse processo?
14 Brincar é uma forma privilegiada de as crianças pequenas conhecerem, compreenderem e se expressarem no mundo, de produzirem novas culturas.
15 PATRIMÔNIO DAS CULTURAS INFANTIS Conjunto estável de atividades ou rotinas, artefatos, valores ou preocupações que crianças produzem e compartilham em interação com pares". (Corsaro, 1997) Identidade própria, lugar em que vivem, o que fazem etc. Processos de significação do mundo social vividos pela criança.
16 Histórias Contos causos Poesias Desenhos e pinturas: singularidade do olhar infantil Ling. Escrita: singularidade s do discurso infantil Recursos Midiáticos Músicas Danças Folclore Jogos Brinquedos Brincadeiras Natureza e sociedade Ling. oral: interações verbais CULTURAS INFANTIS Conh. matemático
17 As culturas da infância vivem do vai-vém das representações do mundo feitas pelas crianças em interacção com as representações adultas dominantes. As duas culturas a especificamente infantil e as da sociedade que se conjugam na construção das culturas da infância, na variedade, pluralidade e até contradição que internamente enforma uma e outra, referenciam o mundo de vida das crianças e enquadram a sua acção concreta. (Sarmento, 2006)
18 Esta convergência ocorre na acção concreta de cada criança, nas condições sociais (estruturais e simbólicas) que produzem a possibilidade da sua constituição como sujeito e actor social. Este processo é criativo tanto quanto reprodutivo. As crianças são competentes e têm capacidade de formularem interpretações da sociedade, dos outros e de si próprios, da natureza, dos pensamentos e dos sentimentos, de o fazerem de modo distinto e de o usarem para lidarem com tudo o que as rodeia. (Sarmento, 2006)
19 PILARES DAS CULTURAS INFANTIS (SARMENTO, 2004) INTERATIVIDADE REITERAÇÃO LUDICIDADE FANTASIA
20 As culturas infantis são, pois, produção e criação. As crianças produzem culturas e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (em seu tempo). - - Quantos de nós, trabalhando nos projetos educacionais e nas práticas pedagógicas cotidianas, garantimos espaço para esse tipo de ação e interação das crianças? -
21 PINTURA CONSTRUÇÃO DESENHO LINGUAGENS PLÁSTICAS DOBRADURA ESCULTURA MODELAGEM
22 BRINQUEDO EDUCATIVO SÍMBOLO SONHO BRINCADEIRA DE CONSTRUÇÃO JOGOS, BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS BRINCADEIRA TRADICIONAL IMAGINAÇÃO BRINCADEIRA FAZ DE CONTA PENSAMENTO
23 Andar, correr, pular, saltar, escorregar, subir, descer, empurrar, puxar, pendurar, rolar, engatinhar, deitar, sentar, cair, espiar, trepar, rastejar, pegar, lançar, dançar,... Logo depois, tudo de novo... A vida na IEI é marcada pelo movimento; Movimentar-se para as crianças é comunicar-se, expressar-se, interagir com o mundo; é uma forma de linguagem; é explorar e conhecer o mundo e o próprio corpo, seus limites e possibilidades.
24 A BRINCADEIRA Ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. É o lúdico da ação. O homem só brinca enquanto é homem no pleno sentido da palavra, e só é homem enquanto brinca. Friedrich Schiller
25 " Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação humana". Carlos Drummond de Andrade
26 DRAMATI ZAÇÃO POESIA POEMA LIT. INFANTIL PEÇAS TEATRAIS LIVROS LINGUAGENS E CÓDIGOS TRAVA- LINGUAS CONTOS/ CAUSOS PARLEN DAS FILMES DIÁLOGOS
27 A criança constrói sua linguagem a partir das interações que vivencia em seu meio social. É na interação com os outros que os significados das palavras vão se construindo: quanto mais ricas as possibilidades de interação que a criança tiver, maiores suas possibilidades de construir conhecimentos sobre o mundo que a cerca.
28 SAMBA CANTIGAS DE RODA INFANTIS MÚSICA VALSA CHORINHO MPB POP- ROCK
29 As culturas infantis não nascem no universo simbólico exclusivo da infância, este universo não está fechado muito pelo contrário, é mais que qualquer outro, extremamente permeável tão pouco está distante do reflexo social global. A interpretação das culturas infantis, em síntese, não pode realizar-se no vazio social, e necessita sustentar-se na análise das condições sociais nas quais as crianças vivem, interagem e dão sentido ao que fazem. (PINTO E SARMENTO, 1997, P. 22)
30 Os seres humanos são os únicos seres produtores de cultura e produzidos na cultura. Mais do que aprender sobre a cultura, o que destacamos é a possibilidade de aprendermos com a cultura. Cultura como espaço de significação e ressignificação de valores, crenças, daquilo que produzimos e daquilo que nos produz, da possibilidade de repensar o lugar da cultura e o lugar de cada um de nós.
31 TV PLAYSTATION CINEMA COMPUTA DOR CULTURAS DA MÍDIA RÁDIO REVISTAS GIBIS ALBUNS DE FIGURINHA
32 Sarmento enfatiza que os conceitos de culturas da infância geram conseqüências pedagógicas como pensar o trabalho pedagógico a partir das crianças e não como adultos, como atores sociais e não como alunos. Neste quadro, as manifestações de resistência das crianças podem ser entendidas a partir das dimensões culturais que surgem e se desenvolvem como um resultado das tentativas das crianças para fazer sentido e, até certo ponto, para resistir ao mundo adulto (Corsaro, 1997, p. 96).
33 Somente assim: Poderão as crianças assumir a curto, médio e longo prazo o protagonismo indispensável para não submergir e/ou diluir-se no processo de globalização. Reivindicando, para efeito, espaços, valores e atitudes que compõem a heterogeneidade dos seus mundos sociais e culturais. (Soares & Tomás, 2004)
34 REFERÊNCIAS: BENJAMIN, Walter Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação- São Paulo: Ed. 24, BRASIL-MEC. PROINFANTIL. Mód. II Vol. II, unid. 6. CARVALHO, Alexandre Filordi de: MULLER, Fernanda. Ética nas pesquisas com crianças:uma problematização necessária. In. Infância em perspectiva:políticas, pesquisas e instituições. São Paulo: Cortez, SARMENTO, Manuel Jacinto. As culturas da Infância nas encruzilhadas da segunda modernidade. In SARMENTO, Manuel, CERIZARA, Ana Beatriz. Crianças e Miúdos:perspectivas sociopedagogicas da infância e da educação. Porto: Asa, 2004.
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