2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS I - E
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- Oswaldo Coelho Lacerda
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1 1. CONCEITO Para a Prof. MSZP são bens públicos especiais não só os bens das entidades de direito público, mas também os das entidades de direito privado prestadoras de serviço público, desde que afetados diretamente a essa finalidade. controvérsia acerca dos bens das EP e SEM. (Capítulo III Dos bens públicos) Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS I - EM RELAÇÃO À DESTINAÇÃO DO BEM a) OS BENS DE USO COMUM DO POVO (art. 99, I, NCC) são aqueles destinados/afetados à utilização irrestrita, comum e geral de toda comunidade. b) OS BENS DE USO ESPECIAL (art. 99, II, NCC) estão afetados/destinados a uma utilização restrita, como por exemplo os destinados à prestação do serviço administrativo. ATENÇÃO: CEMITÉRIOS E RESERVA INDÍGENAS são bens públicos de uso especial. c) OS BENS DOMINICAIS (art. 99, III, NCC) - são os bens que não estão afetados, ou seja, aqueles que constituem o patrimônio disponível das PJDP (não possuem destinação específica e podem ser alienados). Art. 99. (...) III os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. II EM RELAÇÃO À DISPONIBILIDADE DO BEM a)bens DO PATRIMÔNIO INDISPONÍVEL BENS DE USO COMUM BENS DE USO ESPECIAL b)bens DO PATRIMÔNIO DISPONÍVEL BENS DOMINICAIS Em relação ao titular (bens federais, estaduais e municipais). V. arts. 20, 26 e 176 da Constituição Federal de AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO - bens de uso comum e de uso especial são bens afetados. - bens dominicais são bens não afetados. a)afetação: ocorre quando um bem público que não tinha utilidade pública muda de categoria ao ser afetado a um destino público, passando a se caracterizar como bem de uso comum ou bem de uso especial. - podem ser expressas (lei ou ato administrativo) ou tácitas (atuação da Adm. Púb. ou de fato da natureza). b)desafetação: meio pelo qual um bem até então utilizado em um fim público deixa de atender à
2 4. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS 4.1)INALIENABILIDADE - os bens públicos não podem ser alienados. -art. 100, NCC: BENS DE USO COMUM E BENS DE USO ESPECIAL. -somente serão inalienáveis enquanto conservarem essa qualidade. -desafetação para ser alienado. -CONCLUSÃO: enquanto afetados são absolutamente inalienáveis. BENS ALIENÁVEIS: BENS DOMINICAIS (art. 101, NCC). Art Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. BENS INALIENÁVEIS COM PREVISÃO CONSTITUCIONAL:- a)terras DEVOLUTAS E TERRAS ARRECADAS NECESSÁRIAS À PROTEÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS (art. 225, 5, CF); b)terras INDÍGENAS (art. 231, 4, CF). -BENS NÃO AFETADOS: a alienação depende de interesse público devidamente justificado. Ainda: I) SE OS BENS PÚBLICOS FOREM IMÓVEIS A ALIENAÇÃO DEPENDE: a) AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA; b) AVALIAÇÃO PRÉVIA; d) LICITAÇÃO (dispensável nas hipóteses do art. 17, I, alíneas a a h da lei 8666/93) na modalidade de CONCORRÊNCIA (os bens imóveis adquiridos em processos judiciais e dação em pagamento podem ser alienados por leilão). II) SE OS BENS PÚBLICOS FOREM MÓVEIS A ALIENAÇÃO DEPENDE: a) AVALIAÇÃO PRÉVIA; b) LICITAÇÃO (dispensável nas hipóteses do art. 17, II, alíneas a a f da lei 8666/93) na modalidade de LEILÃO. 4.2)IMPENHORABILIDADE os bens públicos não podem ser objetos de penhora. -aplicação dos princípios supremacia do interesse público sobre o privado e da continuidade do serviço público. -processo especial de execução dos débitos (art. 100, CF) STF - SÚM A EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 100, "CAPUT", DA CONSTITUIÇÃO, EM FAVOR DOS CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA, NÃO DISPENSA A EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO, LIMITANDO-SE A ISENTÁ-LOS DA OBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS 4.3)IMPRESCRITÍVEIS - os bens públicos não estão sujeitos à "prescrição aquisitiva da propriedade" (não estão sujeitos a usucapião) -art. 183, 3 ; art. 191, parágrafo único, CF; e art. 102, NCC -Súmula 340 STF - DESDE A VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL, OS BENS DOMINICAIS, COMO OS DEMAIS BENS PÚBLICOS, NÃO PODEM SER ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO. CC - Art Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. CF - Art Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião..
3 Art Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. USUCAPIÃO DE BEM DE EMPRESA PÚBLICA UTILIZADO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - STJ entendeu pela impossibilidade da usucapião desses bens. REsp / SC - RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO IMÓVEL PERTENCENTE À REDE FERROVIÁRIA FEDERAL S.A - RFFSA. ESTRADA DE FERRO DESATIVADA - IMPOSSIBILIDADE DE SER USUCAPIDO. LEI N 6.428/77 E DECRETO-LEI N 9.760/ Aos bens originariamente integrantes do acervo das estradas de ferro incorporadas pela União, à Rede Ferroviária Federal S.A., nos termos da Lei número 3.115, de 16 de março de 1957, aplica-se o disposto no artigo 200 do Decreto-lei número 9.760, de 5 de setembro de 1946, segundo o qual os bens imóveis, seja qual for a sua natureza, não são sujeitos a usucapião. 2. Tratando-se de bens públicos propriamente ditos, de uso especial, integrados no patrimônio do ente político e afetados à execução de um serviço público, são eles inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis. 3. Recurso especial conhecido e provido. USUCAPIÃO DE TERRAS DEVOLUTAS (divergência doutrinária e jurisprudencial) - Lei 6.969/81 (possibilidade de usucapião de terras devolutas). Art. 1º - Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, possuir como sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área rural contínua, não excedente de 25 (vinte e cinco) hectares, e a houver tornado produtiva com seu trabalho e nela tiver sua morada, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de justo título e boa-fé, podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis. Parágrafo único. Prevalecerá a área do módulo rural aplicável à espécie, na forma da legislação específica, se aquele for superior a 25 (vinte e cinco) hectares. Art. 2º - A usucapião especial, a que se refere esta Lei, abrange as terras particulares e as terras devolutas, em geral, sem prejuízo de outros direitos conferidos ao posseiro, pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõem sobre processo discriminatório de terras devolutas. -CF de 1988 vedou tal possibilidade. 4.4)IMPOSSIBILIDADE DE ONERAÇÃO - os bens públicos não podem ser onerados, ou seja, colocados como garantia (real) do pagamento de uma dívida (hipoteca, penhor, anticrese etc.). REMUNERAÇAO DA UTILIZAÇÃO DOS BENS DE USO GRATUITO o NCC prevê que a utilização dos bens de uso comum pode ser gratuita ou remunerada. -antigamente a orientação é que a utilização do bem de uso comum deveria ser gratuita. 5. USO DOS BENS PÚBLICOS POR PARTICULAR 5.1. QUANTO AO ATENDIMENTO ÀS FINALIDADES PRINCIPAIS DO BEM a)uso NORMAL: é o que se dá em conformidade com a destinação principal do bem b)uso ANORMAL: é o que atende a finalidades diversas à destinação principal do bem.
4 5.2. QUANTO AO USO EXCLUSIVO OU NÃO DO BEM a)uso COMUM: é o que se exerce em igualdade de condições por todos os membros da coletividade. -Espécies: I)ORDINÁRIO: aberto a todos, indistintamente, sem necessidade de autorização prévia, concomitante ou posterior e gratuito. (ex:. frequentar praças, andar nas ruas, ir às praias etc.] II)EXTRAORDINÁRIO: sujeito a maiores restrições, por ser limitado a um certo grupo, por exigir outorga administrativa ou por ser oneroso. (ex.: pedágio) b)uso PRIVATIVO OU ESPECIAL: é aquele conferido por título jurídico individual a uma pessoa/pessoas determinadas com exercício exclusivo sobre parcela do bem público. TÍTULOS PÚBLICOS: AUTORIZAÇÃO, PERMISSÃO CONCESSÃO TÍTULOS PRIVADOS:LOCAÇÃO; ARRENDAMENTO; COMODATO; ENFITEUSE; USO DE BENS PÚBLICOS AFETADOS POR PARTICULAR I) AUTORIZAÇÃO DE USO -ATO ADMINISTRATIVO UNILATERAL da Administração Pública, de NATUREZA DISCRICIONÁRIA e PRECÁRIA; -faculta a alguém o uso privativo de bens públicos; -atende o INTERESSE PREDOMINANTEMENTE PARTICULAR DA PESSOA; -dada normalmente em situações transitórias (ex.: colocar nas ruas mesas e cadeiras de bar; retirar água de fontes não abertas ao público). -basta que se consubstancie em ato escrito, revogável sumariamente a qualquer tempo e sem ônus para a Administração. II) PERMISSÃO DE USO -ATO ADMINISTRATIVO UNILATERAL, PRECÁRIO e DISCRICIONÁRIO; -um bem público passa a ser privativamente usado por um articular, NO INTERESSE DA COLETIVIDADE (ex.: para instalação de bancas de jornal em ruas e praças; para uso de boxes em mercados públicos etc.); -nas permissões o bem é utilizado de modo a atender tanto ao interesse do particular (que explora o bem) como ao interesse da coletividade; -exige, em regra, licitação; -pode ser gratuita ou onerosa; -a coletividade será beneficiada; -o permissionário tem o dever de usar o bem sob pena de caducidade do uso consentido. III) CONCESSÃO DE USO -é CONTRATO ADMINISTRATIVO (ato bilateral); -o Poder Público OUTORGA AO PARTICULAR o USO EXCLUSIVO DE UM BEM PÚBLICO; -deve estar de acordo com sua destinação própria e com as condições pactuadas no ajuste; -goza de maior estabilidade e gera direito à indenização quando rescindida antes do prazo; -depende de licitação e o prazo do contrato é determinado; -utilizada em situações mais estáveis, que exigem investimentos de vulto (ex.: concessão de espaços em prédios de aeroportos, portos, estações rodoviárias, para exploração de lojas, lanchonetes e restaurantes etc.).
5 6. BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE 6.1. TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS - constituem todos os terrenos que, banhados pelas ÁGUAS DO MAR ou dos RIOS NAVEGÁVEIS, vão ATÉ 33 METROS PARA A PARTE DE TERRA, contados desde o ponto a que chega o preamar médio (art. 13, Código de Águas). - são bens dominicais que pertencem à UNIÃO (art. 20, VII, CF) TERRENOS RESERVADOS - são aqueles que, BANHADOS PELAS CORRENTES NAVEGÁVEIS, FORA DO ALCANCE DAS MARÉS, vão ATÉ A DISTÂNCIA DE 15 METROS PARA A PARTE DE TERRA, contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias (art. 14, Código de Águas). - são bens dominicais que pertencem aos ESTADOS se, por algum título, não forem do domínio federal, municipal ou particular (art. 31, Código de Águas). - diferenciam-se dos de marinha é a influência ou não das marés: havendo influência, os terrenos 6.3. TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS ÍNDIOS - são as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições (CF, art. 231, 1 ). Pertencem à União (CF, art. 20, XI) TERRAS DEVOLUTAS - são imóveis que integram o patrimônio público SEM QUE HAJA SUA UTILIZAÇÃO PARA NENHUMA FINALIDADE. Pertencem, geralmente, aos estados, exceto quando indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental (CF, art. 20, II), caso em que o domínio do 6.5. FAIXA DE FRONTEIRA - a FAIXA DE ATÉ CENTO E CINQUENTA QUILÔMETROS DE LARGURA, ao longo das fronteiras terrestres (CF, art. 20, 2 ). Somente pertencem ao domínio público (federal) as terras devolutas situadas na faixa de fronteira (CF, art. 20, II). As condições de uso dos imóveis situados nessa faixa são disciplinadas pela Lei 6.634/ STF SÚM. 477: as concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores. 1 - FGV OAB - Exame de Ordem Unificado - VII - Primeira Fase - Sobre os bens públicos é correto afirmar que a) os bens de uso especial são passíveis de usucapião b) os bens de uso comum são passíveis de usucapião. c) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que não esteja m afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de usucapião. d) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração pública indireta é passível de usucapião. 2 - FGV OAB - Exame de Ordem Unificado - V - Primeira Fase - De acordo com o critério da titularidade, consideram-se públicos os bens do domínio nacional pertencentes a) às entidades da Administração Pública Direta e Indireta. b) às entidades da Administração Pública Direta, às autarquias e às empresas públicas. c) às pessoas jurídicas de direito público interno e às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. d) às pessoas jurídicas de direito público interno.
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