DIREITO CIVIL A função social da propriedade e limitações ao exercício do direito de propriedade

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1 A função social da propriedade e limitações ao exercício do direito de propriedade Art O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. (desapropriação, cujas hipóteses de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, estão reguladas pelo Decreto nº 3.365/1941 e as hipóteses de interesse social estão reguladas na Lei nº 4.132/1962.) Desapropriação judicial (fundada na posse-trabalho ou pro labore) Art (...) 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. A desapropriação prevista nos 4º e 5º, do artigo 1.228, do CC, trata-se de modalidade especial de desapropriação, fundada na posse-trabalho que depende de iniciativa dos interessados e de sentença judicial constitutiva e não se confunde com usucapião, pois muito embora esteja condicionada ao decurso de prazo, na usucapião, não existe indenização ao proprietário. Formas de aquisição da propriedade: Aquisição originária dá-se quando desvinculada de qualquer relação com o titular anterior, não existindo relação jurídica de transmissão, não há, portanto, o intermédio de relação negocial com o antigo proprietário. São formas de aquisição originária ocupação, na acessão e, para a maioria da doutrina, a usucapião. Aquisição derivada dá-se quando há relação jurídica com o antecessor, a aquisição decorre de uma relação negocial entre alienante e adquirente (ato inter vivos), ou pode decorrer da relação sucessória (causa mortis), onde o fato da morte faz com que o patrimônio do falecido transfira-se aos herdeiros (Princípio da Saisine).

2 A regra fundamental dessa modalidade é que ninguém pode transferir mais direitos do que tem nemo plus iuris ad alium transferre potest, quam ipse haberet. OBS: A principal característica que difere a aquisição originária da derivada é o fato de que, na aquisição originária, a propriedade se transfere ao adquirente sem os vícios e ônus que incidiam, anteriormente, sobre a mesma coisa, contrario sensu, a aquisição derivada carrega os vícios e ônus que lhe incidiam. Já a propriedade das coisas imóveis constituídos por negócio jurídico inter vivos somente será adquirida com o registro do título translativo (escritura pública de compra e venda, por exemplo) no Registro de Imóveis competente. Lembre-se: quem não registra, não é dono. Na prática, enquanto não operada a tradição ou o registro, a ação do adquirente, contra o alienante será pessoal, para cumprimento da obrigação de fazer consistente na transmissão da propriedade. Art Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. PERDA DE PROPRIEDADE Art Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. DIREITO CIVIL (DIREITOS REAIS) USUCAPIÃO Conceito e natureza jurídica Usucapião é modo originário de aquisição de propriedade, através da posse, contínua, mansa e pacífica (sem oposição), exercida sobre coisa alheia, por determinado espaço de tempo suficiente e mediante requisitos previstos em lei. Costuma-se denominar a usucapião, também, de prescrição aquisitiva, prescrição por implicar na perda de um direito (propriedade) pelo seu não exercício durante lapso temporal previsto em lei; e aquisitiva porque leva à aquisição da propriedade pelo possuidor, em oposição à prescrição extintiva, que importa apenas na perda do direito. Apenas a posse ad usucapionem está apta a gerar usucapião. Aquela exercida com ânimo de dono, de forma que se a posse decorre de relação jurídica estabelecida com o proprietário (como na locação, comodato, usufruto e depósito), ou em hipótese de mera detenção (fâmulo da posse) a posse

3 nunca será capaz de gerar usucapião, porque nesses casos, o possuidor não exerce a posse com ânimo de dono. OBS: Por esse motivo, a lei utiliza-se, constantemente, da expressão possuir como seu/sua nos dispositivos referentes à usucapião, como se pode verificar nos artigos a do Código Civil. Espécies de usucapião: Usucapião extraordinária (art. 1238/CC); Usucapião ordinária (art. 1240/CC); Usucapião especial rural ou pro labore (art. 1239/CC); Usucapião especial urbana ou pro misero (art CC); Usucapião especial urbana por abandono do lar (art A do CC); Usucapião especial urbana coletivas (art. 10 da L. nº / 11); Usucapião especial indígena (art. 33 da Lei nº 6.001/73) Usucapião extraordinária (art do CC) Posse mansa e pacífica, ou seja, sem oposição do proprietário, e com ânimo de dono. Posse ininterrupta pelo prazo de 15 (quinze) anos. OBS: Esse prazo pode ser reduzido para 10 (dez) anos, preservados os demais requisitos, desde que o possuidor tenha estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo Não exigência de justo título e boa-fé. (presunção absolta - iure et de iure) Usucapião ordinária (art do CC) Posse mansa e pacífica, ou seja, sem oposição do proprietário, e com ânimo de dono. Posse ininterrupta pelo prazo de 10 (dez) anos. OBS: Esse prazo pode ser reduzido para 5 (cinco) anos, preservados os demais requisitos, desde que o possuidor tenha adquirido o imóvel onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Exigência de justo título e boa-fé. Usucapião especial rural ou pro labore (art CC) posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de dono e independente de justo título e boa-fé, pelo prazo de 5 anos. Utilização da área para moradia do usucapiente ou de sua família. Imóvel com área não superior a 50 hectares. Inexistência de outros imóveis (urbanos ou rurais) em nome do possuidor. Usucapião especial urbana ou pro misero (art CC) posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de dono e independente de justo título e boa-fé, pelo prazo de 5 anos. utilização da área para moradia do usucapiente ou de sua família.

4 imóvel com área não superior a 250 m² inexistência de outros imóveis (urbanos ou rurais) em nome do possuidor. uma única vez - limitação à aquisição da propriedade por esta modalidade, somente uma vez. Usucapião especial urbana por abandono do lar (art A do CC) posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de dono e independente de justo título e boa-fé, pelo prazo de 2 anos. Abandono do lar pelo ex-cônjuge ou ex-companheiro. Exercício da usucapião sobre o imóvel de propriedade do casal ou de propriedade exclusiva do ex-cônjuge ou ex-companheiro. Posse direta e exclusiva pelo usucapiente (cônjuge ou companheiro abandonado) Utilização da área para moradia do usucapiente ou de sua família. Imóvel com área não superior a 250 m². Inexistência de outros imóveis (urbanos ou rurais) em nome do possuidor, salvo a meação sobre o imóvel usucapiendo. Uma única vez - limitação à aquisição da propriedade por esta modalidade, somente uma vez. Usucapião especial urbana coletivas (art. 10 da L. nº / 11) posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de dono e independente de justo título e boa-fé, pelo prazo de 5 anos. Posse exercida em conjunto (composse) por famílias de baixa renda com finalidade de moradia. Imóvel com área superior a 250 m². Impossibilidade de identificação da área ocupada por cada possuidor. Inexistência de outros imóveis (urbanos ou rurais) em nome dos possuidores. Usucapião especial indígena (art. 33 da Lei nº 6.001/73) posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de dono e independente de justo título e boa-fé, pelo prazo de 10 (dez) anos. Posse exercida por indígena. Imóvel com área máxima de 50 hectares. segundo o parágrafo único do artigo 33, da Lei 6001/73, não são suscetíveis de usucapião às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal. 01) Sobre a usucapião, assinale a alternativa CORRETA: a) na usucapião ordinária, para além do justo título, indispensável é a existência de outra prova cabal de boa-fé do possuidor. b) a destinação oferecida pelo possuidor ao imóvel durante o tempo de exercício da posse em nada interfere na definição do prazo necessário para a

5 aquisição por usucapião extraordinária, desde que se trate de posse mansa,pacífica, contínua e com animus domini. c) não é vedada àquele que já é proprietário de bens imóveis a aquisição de outro bem imóvel por usucapião extraordinária nem por usucapião ordinária. d) para efeitos de usucapião, o possuidor somente pode acrescentar à sua posse a de seus antecessores quando a aquisição da posse decorrer de sucessão decorrente de morte do antecessor. 02) No que se relaciona à usucapião urbana coletiva do Estatuto da Cidade, assinale a alternativa incorreta. a) Abrange áreas urbanas com mais de 250 metros quadrados, ocupada por população de baixa renda, para moradia, por cinco anos ininterruptos e sem oposição. b) A área a ser objeto de usucapião deve ser de propriedade particular. c) Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal do terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe. d) O condomínio especial criado pelo Estatuto da Cidade pode ser extinto, dependendo da deliberação, no mínimo, de 1/3 dos condôminos. 03) Quanto à usucapião de bens imóveis (forma originária de aquisição de bens), aponte a alternativa INCORRETA: A) Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boafé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. B) Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. C) Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. D) Aquele que exercer, por 10 (dez) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou excompanheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 04) Assinale a alternativa correta, no que se refere à ação de usucapião: a) deve ser obrigatoriamente citado somente aquele em cujo nome esteja registrado o imóvel usucapiendo.

6 b) deve ser obrigatoriamente citado aquele em cujo nome esteja registrado o imóvel usucapiendo, os confinantes, devendo também ser intimados os representantes da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal e Município. c) o cônjuge do autor não intervém no feito. d) não há necessidade de intervenção obrigatória do Ministério Público.