ESCLARECIMENTOS TERMINOLÓGICOS
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- Elza Amaral Garrido
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2 ESCLARECIMENTOS TERMINOLÓGICOS Linguagens especializadas (< ing. language: linguagem, língua ). Language for Special Purposes (LSP) didáctica de línguas. Línguas especializadas ou línguas de especialidade
3 LINGUAGEM E LÍNGUAS Informaçom (< lat. Informatio: dar forma, conceber ideia ): elemento de conhecimento suscetível de ser transmitido e conservado graças a um suporte e/ou um código. Comunicaçom (< lat. Communicatio: pôr em comum, participar ): Processo mediante o qual os organismos intercambiam informaçom por diversos meios: Linguagem: Num sentido amplo designa qualquer sistema de comunicaçom, incluindo as linguagens dos animais, linguagem nom-verbal humana, etc.
4 SINTOMAS, SÍMBOLOS E SIGNOS Sintomas (ou indícios): Informaçom obtida de fenómenos ou acontecimentos associados a outros pola sua própria natureza. A transmissom de informaçom é involuntária. Símbolos: Objetos ou representações que apresentam umha certa similitude formal com o seu referente. Podem apresentar motivaçom natural ou cultural. Signos: Objectos ou representações que empregamos para referir umha realidade, mas que carecem de qualquer similitude ou motivaçom com essa realidade. Som, portanto, completamente convencionais.
5 O SIGNO LINGUÍSTICO Ferdinand de Saussure e o nascimento da Linguística moderna O conceito de signo lingüístico: Relaçom arbitrária entre um significante (imagem acústica) e um significado (conceito, imagem mental). Portanto, o signo linguístico nom apresenta um carácter material, mas puramente formal (relacional). A língua consiste, de facto, num sistema ou estrutura de natureza formal constituída por múltiplos signos linguísticos.
6 CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO Arbitrariedade: A relaçom entre significante e significado é convencional. Linearidade: do significante: Os significantes aparecem sequencialmente na cadeia falada, nom sobrepostos ou em paralelo. Imutabilidade: A conexom entre significante e significado está estabelecida por cada comunidade lingüística, de modo que nengum usuário pode modificar individualmente de maneira intencional tal conexom. Se o fai, pode nom ser compreendido. Mutabilidade: A convencionalidade da associaçom entre o significante e o significado fai com que a conexom entre o significante e o significado poda ver-se afetada pola passagem do tempo e a evoluçom. A mudança lingüística pode afetar tanto o significante como o significado. Pode, também, ser iniciada por um indivíduo, mas só será relevante no momento de ser aceita pola comunidade.
7 O SIGNO LINGUÍSTICO E AS PEÇAS DO XADREZ Saussure emprega para ilustrar a natureza do signo lingüístico umha comparaçom com as peças do jogo do xadrez. Estas nom se definem polo material de que estám feitas, e podem mesmo apresentar umha certa variabilidade desde que nom chegue a ocasionar ambiguidades com outras peças com valor diferente. As peças do xadrez definem-se assim pola sua funçom no jogo do xadrez e caracterizam-se polo valor opositivo que apresentam frente às peças com diferente funçom:
8 A LÍNGUA COMO SISTEMA Os signos linguísticos relacionan-se entre si formando sistemas opositivos nos quais o valor de cada elemento procede da sua posiçom no sistema. P.ex: Adjetivos para indicar temperatura em galego: gélido <> frio <> fresco <> temperado <> morno <> quente <> tórrido Oposiçom em castelhano entre pez e pescado (nom acontece em galego nem em inglês) Oposiçom em galego entre sono e sonho (nom acontece em castelhano) Comparaçom com o xadrez: A partir do comportamento derivado da funçom de cada peça do xadrez e pola combinaçom delas surge um sistema de regras que definem como se joga ao xadrez.
9 A LÍNGUA COMO SISTEMA O signo linguístico, portanto, apresenta um valor diferencial, relativo e negativo. Ambiguidade referencial, solapações cfr: Aristóteles: os conceitos nom designam, mas assinalam Acontece isso no caso dos repertórios terminológicos planificados próprios das línguas de especialidade?
10 CÓDIGO E MENSAGEM > LÍNGUA E FALA A diferença que podemos realizar no seio da Teoria da Informaçom entre o código e a mensagem tem o seu reflexo na linguagem humana mediante a oposiçom entre a língua e a fala, também salientada por Ferdinand de Saussure. Língua: sistema de natureza relacional formado por um conjunto de signos linguísticos e umhas regras de combinaçom. Tem um carácter abstrato e psicológico. É o objeto de estudo da linguística. Fala: Atualizaçom concreta e material do código linguístico. Seguindo a analogia com o xadrez proposta por Saussure, equivaleria a cada umha das partidas que se podem jogar fazendo uso das regras do xadrez.
11 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA LINGUÍSTICO Articulaçom: Apresenta um carácter articulado Dous modos de articulaçom: 1ª articulaçom: unidades com apenas significante ou apenas significado 2ª articulaçom: unidades com significante e significado (signos linguísticos) Carácter estratificado: Cada um dos modos de articulaçom corresponde-se com diversas camadas ou estratos de análise: morfemas > palavras > frases > orações Recursividade: A partir de certos estratos de análise manifesta-se a recursividade, umha propriedade que multiplica até o infinito as possibilidades referenciais da língua. Consiste no facto de umha unidade linguística poder estar constituída directa ou indirectamente por outras de igual ou superior nível: O cam amarelo > O cam da cor da qual tu gostas
12 LÍNGUA E SOCIEDADE A língua serve como instrumento de comunicaçom a umha determinada comunidade linguística. Além disso, também serve para identificar e dar coesom a tal comunidade. As diferentes sociedades nom som homogéneas. Dentro de cada comunidade é possível identificar diversos grupos sociais e diversos âmbitos de uso linguístico característicos. Por esta razom, as línguas costumam apresentar diversas variedades específicas consolidadas que refletem normalmente a variaçom existente dentro do seu conjunto de usuários. Do estudo da variaçom da língua em funçom das diversas circunstâncias sociais ocupa-se a sociolinguística.
13 VARIEDADES INTERNAS DAS LÍNGUAS Variedades diatópicas (dialectos): Em sentido amplo identifica aquelas variedades caracterizadas por variações que têm a sua origem em razões de tipo geográfico. Variedades diacrónicas (cronolectos): Refere-se àquelas variedades características de um período temporal determinado. Variedades diastráticas (sociolectos): Identificam e caracterizam a fala dos diversos grupos sociais que existem dentro da comunidade. Variedades diafásicas (registros): Fai mençom às variações que se produzem na língua dos indivíduos em funçom do contexto e da finalidade de uso.
14 LÍNGUA PADROM OU LÍNGUA STANDARD Em muitas sociedades existe umha ou mais variedades de compromisso, normalmente identificadas com a língua escrita, que acabam por definir os usos gerais ou nom marcados no seio da comunidade. Costumam ser apresentadas aos falantes como formas mais prestigiosas e, num processo que pode ser mais ou menos gradual, acabam por homogeneizar os usos linguísticos em torno a elas. A imposiçom da língua padrom reduz significativamente, mas nom elimina, as variações diatópicas, diastráticas e diafásicas que puderem existir no seio da comunidade.
15 VARIEDADES DIASTRÁTICAS Polo seu interesse para situar as línguas especializadas interessa-nos realizar umha classificaçom prévia dos principais níveis de uso da língua: Nível culto : correcçom, precisom, coerência, riqueza vocabular. Nível padrom ou standard: subconjunto do anterior que respeita as normas de correçom, mas sem extremar as exigências cultas. Define normalmente os usos gerais ou nom marcados. Níveis nom padrom ou vulgares: Apresentam um código parcialmente diferente da língua padrom e costumam carretar determinadas conotações sociais: vulgaridade, falta de instruçom, etc.
16 VARIEDADES DIAFÁSICAS Registro formal: Uso rigoroso e planificado da língua. Selecçom dos recursos linguísticos que garantem a coerência e coesom do discurso. Estruturas sintácticas elaboradas. Registro coloquial: Liga-se a situações distendidas e contextos familiares. Emprego espontâneo e nom planificado dos recursos linguísticos. Frequente acompanhamento da linguagem nom verbal. Vocabulário restrito. Jargões: Partem do registro formal, mas apresentam elementos característicos de um uso peculiar, ligado a um âmbito especializado. Para alguns autores coincidiriam com o que conhecemos como línguas de especialidade. P.ex: jargom da medicina. Gírias e calões: Diferenciam-se dos anteriores por oporem-se ao registro formal. Caracterizam os linguajares de certos grupos sociais ou profissões, às vezes com finalidade críptica. P.ex: gíria juvenil, gíria dos marinheiros, calom dos delinquentes
17 QUE SOM AS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS? Nom existe consenso na hora de caracterizar e definir a relaçom das denominadas línguas especializadas com a língua e com a sua variedade padrom: 1. Para alguns autores seriam simples registros ou variedades funcionais (jargões) da língua geral. 2. Para outros autores fariam parte da língua geral, diferenciando-se exclusivamente polo emprego de um léxico determinado (p.ex: Rondeau, Rey, Quemada).
18 QUE SOM AS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS? 3. Para outros autores trataria-se de códigos diferenciados ( línguas independentes ) por meio de regras e unidades específicas (p.ex: Hofmann). 4. Outros autores definem-nas como subconjuntos pragmáticos da linguagem, ontologicamenee independentes da língua geral com a qual se identificam (p.ex: Sager, Dungworth, Beaugrande ). Atualizariam-se em determinados contextos específicos. 3. Subconjuntos reais (Varantola, Sager et al., Pitch & Draskau) 4. Subconjuntos virtuais (Cabré Castellví)
19 QUE SOM AS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS? Todos coincidem em defini-las como produções linguísticas sobre temas relacionados com o saber descritivo ou procedural, sobre parcelas específicas do conhecimento. Deste ponto de vista, todas as áreas científicas, técnicas ou profissionais seriam âmbitos de comunicaçom especializada.
20 LÍNGUAS ESPECIALIZADAS Conjunto de meios linguísticos que, em diversos níveis (lexical, morfo-sintáctico ) permitem a organizaçom e classificaçom de conteúdos especializados próprios de determinados âmbitos e a sua transmissom entre os indivíduos, sejam ou nom especialistas. As suas características linguísticas específicas situam-se sobretudo no componente lexical e, em menor medida, no morfosintáctico. Contudo, também se caracterizam pola sua estruturaçom textual, por aspectos de tipo paralinguístico e polo uso dos recursos extralinguísticos.
21 CARACTERÍSTICAS DAS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS Terminologia própria (tecnolectos) Monossemia Procura da objetividade e a impersonalidade. Concisom, precisom Objetivo epistemológico ou pragmático Variabilidade interna: variam segundo as situações comunicativas > diferentes níveis Cada língua especializada apresenta características linguísticas peculiares. Estám em contínua evoluçom, à medida que se produzem avanços ou mudanças nos diversos âmbitos de especialidade. P. ex: terminologia informática, reformas legislativas ou administrativas, etc.
22 LÍNGUAS ESPECIALIZADAS E LÍNGUA GERAL Dous pontos de vista acerca da relaçom entre as línguas especializadas e a língua geral: A) Existria umha diferenciaçom clara e bem delimitada entre o discurso especializado e o geral (Sager et al., 1980) B) Entre os dous discursos dá-se um contínuo. Poderia-se falar em diversos graus de especializaçom. É o posicionamento mais seguido polos diferentes autores.
23 O LÉXICO DAS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS Dous pontos de vista acerca dos termos especilizados: A) Termos e palavras, embora pertencentes ao componente lexical, seriam unidades diferentes. B) Ainda com características específicas cada umha delas, termos e palavras seriam o mesmo tipo de unidade. Funcionalmente, parece claro que fam parte do mesmo sistema, mas ontologicamente podem ser salientadas diferenças importantes.
24 O LÉXICO DAS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS Unidades de Conhecimento Especializado (UCE) unidades. léxicas ling. nat. unidades fraseológicas ling. artificial: símbolos, fórmulas, nomenclaturas, etc.
25 CLASSIFICAÇOM DAS LÍNGUAS ESPECIALIZADAS 1. Línguas sectoriais 2. Línguas científico-técnicas
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