O CORDEL NO ENSINO DE GEOGRAFIA URBANA. Rafael Krupiniski 1 Camila Heimerdinger 2 Valdineia de Fátima Lunkes 3 Eliane Liecheski 4 Lia Dorotea Pfluck 5

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1 O CORDEL NO ENSINO DE GEOGRAFIA URBANA Rafael Krupiniski 1 Camila Heimerdinger 2 Valdineia de Fátima Lunkes 3 Eliane Liecheski 4 Lia Dorotea Pfluck 5 Introdução Este trabalho é um relato de experiência que surgiu da necessidade de se discutir o tema Urbanização com alunos do 7º C do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta. A experiência foi realizada por três acadêmicos do curso de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Marechal Cândido Rondon, sendo estes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) financiado pela CAPES. Vale informar que houve contribuição da professora regente da turma, sendo esta também supervisora do subprojeto no devido colégio. A atividade enfatizada trata-se do desenvolvimento de uma Literatura em Cordel sobre o tema urbanização. A ideia de desenvolver esse recurso didático originouse das dificuldades dos alunos em entender o tema urbanização, suas principais características e seus problemas socioambientais. 1 Graduando do 2º ano do Curso de Geografia - UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon-PR. Bolsistas do Subprojeto O ensino da Geografia: da teoria a prática, PIBID/CAPES, 2011/2013; Membro do ENGEO Grupo de Pesquisa em Ensino e Práticas de Geografia, número do Grupo 34953/2011, cadastrado junto a Unioeste. rafaelkrupiniski@gmail.com 2 Graduanda do 4º ano do Curso de Geografia - UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon-PR. Bolsistas do Subprojeto O ensino da Geografia: da teoria a prática, PIBID/CAPES, 2011/2013; Membro do ENGEO Grupo de Pesquisa em Ensino e Práticas de Geografia, número do Grupo 34953/2011, cadastrado junto a Unioeste. camila.heimerdinger@hotmail.com 3 Graduanda do 4º ano do Curso de Geografia - UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon-PR. Bolsistas do Subprojeto O ensino da Geografia: da teoria a prática, PIBID/CAPES, 2011/ valdineialunkes@hotmail.com 4 Professora da rede estadual de Ensino Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta - Bolsista PIBID/CAPES/UNIOESTE. Supervisora do Subprojeto: O Ensino da Geografia: da teoria à prática, do PIBID, 2011/ elianelie@yahoo.com.br 5 Docente do curso de Geografia/UNIOESTE/MCR Coordenadora do Subprojeto: O Ensino da Geografia: da teoria à prática, do PIBID, 2011/2013. Membro líder do ENGEO Grupo de Pesquisa em Ensino e Práticas de Geografia, número do Grupo 34953/2011, cadastrado junto a Unioeste. liafluck@yahoo.com.br

2 De acordo com isso ressalta-se que a melhor forma de um aluno entender um conteúdo explicado é trazer para a sala de aula diferentes ideologias, metodologias e recursos para instigá-los e chamar a atenção, tornando assim o processo de aprendizagem prazeroso. Neste sentido concorda-se com Kaercher (2002, p. 49) que, ao discutir alternativas para o ensino de Geografia propõe não apenas renovar mas [...] romper com a visão cristalizada e monótona da geografia como a ciência que descreve a natureza e/ou dá informações gerais sobre uma série de assuntos e lugares, sem permitir que o aluno perceba qual a importância do espaço na constituição de sua individualidade e da(s) sociedade(s) em que ele faz parte (escola, família, cidade, país, etc.). Por isso, envolver a realidade de vida geralmente traz resultados positivos nas aulas de Geografia, afinal essa disciplina é construída cotidianamente, portanto é válido explorar a bagagem de conhecimentos de cada aluno para a aprendizagem, não somente importando-se com conceitos definidos. Desta forma utilizou-se esse recurso diferente, pouco conhecido e utilizado nas salas de aulas. Além disso, a Literatura de Cordel contém imagens que contribuem de forma significativa para o entendimento do que se busca esboçar, pelo fato de ocorrer a representação do conceito através do visual. Objetivos A princípio é importante definir-se o conceito de Urbanização que, de acordo com Rolim (2006) é o processo da transição de uma sociedade rural para outra cada vez mais urbanizada. É nesse contexto que foram trabalhados e explicados os subtemas mais importantes da urbanização como cidade, município, metrópole, região metropolitana, megalópole, megacidades, conurbação, cortiço, ilha de calor, êxodo rural, favelas, violência urbana, deslizamentos, poluição do ar, lixo, desemprego, enchentes e áreas de ocupação irregular. Com o objetivo de uma melhor compreensão do conteúdo pelos alunos, a Literatura de Cordel interveio como um incentivo e auxílio na interpretação do tema Urbanização, que é fundamental e necessário para os alunos. Isso porque a urbanização está presente na vida dos mesmos e a cada dia se desenvolve mais devido incentivos econômicos. Além disso, entender o que é urbanização é entender um braço da ciência

3 geográfica, como propõe Milton Santos (1994, p. 90): entender o espaço como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistema de ações. Quanto a Literatura de Cordel, considera-se um conjunto de poesias populares que geralmente são impressas e divulgadas em folhetos através do processo de xilogravura 6. Resumidamente, é importante esboçar que possui este nome porque em Portugal era exposto aos povos amarrados em cordões em pequenas lojas ou mercados, sendo que chegou ao Brasil no século XVIII com os portugueses. Atualmente a mesma é popular principalmente na região nordeste do Brasil. Vale informar que, entre os principais assuntos encontrados nesse tipo de literatura estão à política, brigas, morte, amor etc., e até mesmo assuntos da área geográfica como a vida dos cangaceiros e as secas. Ao conhecer os conceitos que envolvem os processos de urbanização e relacioná-los com os problemas urbanos, a Literatura em Cordel possibilita a imaginação e criatividade do aluno, sendo um meio para o entendimento e compreensão do assunto. É importante ressaltar ainda a importância da leitura, pois ao o aluno ler textos e interpretá-los para criação de uma Literatura em Cordel, coloca-se no espaço como sujeito, desta forma vivendo a realidade de transformações. Metodologia A atividade foi realizada em cinco etapas consecutivas, da seguinte maneira: A primeira etapa foi realizada no dia 11 de Junho de 2013 onde foram apresentados slides em power point-ppt aos alunos, nos quais estava exposto o que é a Literatura de Cordel, além de imagens relacionadas a urbanização e seus principais problemas, sendo que em aulas anteriores a professora de Geografia da turma já havia trabalhado cada conceito individualmente. Vale informar que, as imagens foram exibidas para os alunos se lembrarem dos conceitos e desta forma contribuírem para a formação de ideias criativas na confecção da Literatura de Cordel. Os conceitos apresentados com imagens foram cidade, município, metrópole, região metropolitana, megalópole, megacidades, conurbação, cortiço, ilha de calor, êxodo rural, favelas, violência urbana, deslizamentos, poluição do ar, lixo desemprego, enchentes e áreas de ocupação irregular (Figura 1 e 2). Neste dia foram necessárias três aulas para os pibidianos apresentarem os conceitos com as imagens e organizarem os alunos em duplas para o desenvolvimento do Cordel. De 6 Processo de Xilogravura é uma gravura obtida pela técnica de xilografia. Xilografia segundo Larousse, Ática, é a arte de gravar em madeira. Técnica de impressão em que o desenho é entalhado com goiva, formão, faca ou buril em uma chapa de madeira.

4 acordo com isso, ressalta-se que cada dupla recebeu dois conceitos sobre urbanização, sendo que cada conceito já estava definido para cada aluno. Posteriormente, ambos tiveram que decidir quem faria o desenho do seu conceito e quem desenvolveria a colagem com imagens de revistas. Na segunda etapa realizada no dia 18 de Junho de 2013, cada dupla estava com seus conceitos definidos, deste modo foram disponibilizadas duas aulas para que os alunos pudessem desenvolver as rimas e posteriormente, o desenho e o recorte de revistas para construção da Literatura de Cordel. Portanto, nessa data os acadêmicos bolsistas juntamente com a professora da turma e supervisora auxiliaram os alunos a criarem suas rimas. Na terceira etapa ainda no segundo dia, os alunos haviam terminado as rimas, portanto alguns começaram a desenhar e outros procurar imagens nas revistas para representar seu conceito. Esta etapa estendeu-se até o começo da aula no terceiro dia, porém, a maioria dos alunos conseguiu terminar o desenho ou recorte em casa. Na quarta etapa da atividade no terceiro dia, sendo 20 de Junho de 2013, os alunos com o auxílio dos acadêmicos bolsistas realizaram a montagem do Cordel. Por último na mesma data, sendo esta a quinta etapa, foi realizada a finalização do cordel onde cada aluno fez uma pequena apresentação referente à sua rima e seu desenho ou recorte. (Figura 3 e 4) Figura 1 Acadêmicos expondo uma Literatura de Cordel criada pelas acadêmicas Ivone Lodi e Salete Baltazar do 3 ano do curso de Geografia. Fonte: LIECHESKI, Eliane. (11 Jun/2013) Figura 2 Acadêmicos explicando os conceitos de urbanização e seus problemas.

5 Fonte: LIECHESKI, Eliane. (11 Jun/2013) Figura 3 Cordel finalizado. Fonte: HEIMERDINGER, Camila. (20 Jun/2013) Figura 4 Aluna apresentado seu respectivo Cordel para turma. Fonte: HEIMERDINGER, Camila. (20 Jun/2013) Resultados e Discussão Quanto aos resultados, não foram satisfatórios como esperado pelos bolsistas. Isso porque não se obteve total participação dos alunos, sendo que a maior parte mostrou-se desinteressado na efetuação da atividade. Embora, há especificidades em

6 sala de aula que faz com que a atividade torne-se prazerosa e um estímulo para a sua efetuação novamente. Outro fato diagnosticado foi uma expressiva dificuldade dos alunos em escrever as rimas, mais especificadamente as relacionar e envolver com o conceito de urbanização. Portanto, nesse momento foi importante os bolsistas ajudarem os alunos a relacionar a teoria com a prática. De modo geral, essa foi uma experiência para os bolsistas, pois nem sempre os professores terão resultados significativos e o que é positivo para uma turma com outra pode ser insatisfatório. Além disso, percebe-se que falta um pouco de motivação nos alunos, sendo que aparentemente nem os mesmos acreditam em sua própria capacidade de fazer um trabalho diferente, criativo, ilustrativo nas aulas de Geografia. Conclusões Conforme visto, o principal objetivo deste trabalho esteve pautado em evidenciar que a utilização de um recurso didático (Literatura em Cordel) no ensino de Geografia proporcione ao aluno uma maior motivação e, consequentemente, facilidade em compreender o conteúdo. Além disso, buscou-se contribuir na formação de professores de Geografia que estejam interessados em modificar constantemente suas metodologias. Destarte, com esse recurso torna possível a associação da teoria com a prática, concretizando os conhecimentos a partir da realidade vigente. Portanto, constitui-se de extrema utilidade e importância o uso de recursos didáticos nas aulas de Geografia, assim como em outras disciplinas, pois além de auxiliar o trabalho docente, facilita a aprendizagem do aluno. Destaca-se ainda que, a utilização de recursos didáticos permite ir além das teorias em sala de aula. Referências Bibliográficas KAERCHER, Nestor André. A geografia é o nosso dia-a-dia. In: CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos et al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Ed. 4. Porto Alegre: UFRGS; Associação dos Geógrafos Brasileiros, p ROLIM. Cássio, F. C. Urbanização: Cidades, Desenvolvimento, Sistemas Urbanos, Curitiba: SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: HUCITEC, 1994.