Diagnóstico e levantamento olerícola na região de Ribeirão Preto.
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1 Diagnóstico e levantamento olerícola na região de Ribeirão Preto. Sally Ferreira Blat Pesquisador - APTA Regional Centro Leste, Av. Bandeirantes, 2419, CEP: Ribeirão Preto SP. sally@aptaregional.sp.gov.br RESUMO Ribeirão Preto apesar de ser um município tipicamente urbano tem na agricultura da região um papel econômico de destaque. O objetivo deste trabalho foi verificar a demanda olerícola da região de Ribeirão Preto. Para tanto, um diagnóstico foi realizado através da elaboração e distribuição de questionário aos engenheiros agrônomos das Casas da Agricultura dos 15 municípios que fazem parte da regional agrícola. Segundo as informações obtidas, concluiu-se que a olericultura do município caracteriza-se por pequenos produtores e por ser migratória. Grande parte dos problemas ocorridos se devem às precárias noções sobre o manejo adequado as culturas, desatualização dos produtores e utilização de técnicas inadequadas. Palavras-chave: Horticultura, comercialização, cadeia produtiva. ABSTRACT Olericultural diagnosis and survey in the Ribeirão Preto region, Brazil Although Ribeirão Preto is a typically urban city, it plays an important role in regional agriculture. The objective of this study was to examine olericultural demand in the Ribeirão Preto region. To accomplish this, a diagnostic study was conducted by preparing and distributing a questionnaire to agronomists that work at Casas da Agricultura (Agricultural Extension Offices) of 15 municipalities that comprise the Ribeirão Preto regional agricultural district. According to the information obtained, it can be concluded that olericulture in the city is characterized by small producers and by a migratory behavior. A major part of the problems that occurred is caused by poor conceptions about adequate crop management, due to outdated knowledge possessed by producers and the use of inadequate techniques. Keywords: Horticulture, comercialization, produtive chain. INTRODUÇÃO Ribeirão Preto é um município tipicamente urbano, onde suas principais atividades estão centradas no comércio e na prestação de serviços. No entanto, o dinamismo dessas atividades sofre grande influência das atividades produtivas que se desenvolvem ao seu redor. Neste sentido, a agricultura ganha um papel econômico de destaque na região como um todo. Alem da cana, merecem destaque em relação à produção nacional
2 as culturas do amendoim, da manga, do limão, da abóbora, do tomate para indústria, do chuchu, entre outras (Pires, 2004, Tsunechiro et al., 2005). Uma pesquisa realizada na região de Ribeirão Preto em 1994 mostrou que as principais hortaliças produzidas eram cebola, milho verde, tomate, pepino e berinjela, e as principais prioridades de pesquisa foram novas cultivares; controle de pragas e doenças; cultivo protegido; adubação e manejo da irrigação (Trani et al., 1997). Devido às mudanças ocorridas nos últimos anos, é necessário se conhecer melhor a situação atual da cadeia produtiva olerícola da região. O objetivo deste trabalho foi verificar a demanda olerícola da região de Ribeirão Preto, visando atender as necessidades na elaboração de pesquisas adaptadas à região. MATERIAL E MÉTODOS O diagnóstico foi realizado pela Apta Regional Centro Leste, através da elaboração e envio de um questionário aos engenheiros agrônomos ou responsáveis pela área de olericultura das Casas da Agricultura dos 15 municípios que fazem parte da RA de Ribeirão Preto - SP. O questionário continha treze perguntas, sendo oito na forma de múltipla escolha e cinco discursivas. As questões formuladas estão apresentadas na Tabela 1. Os responsáveis de cada Casa da Agricultura tiveram um prazo de quatro meses para responder ao questionário e após a devolução dos mesmos foi efetuada a tabulação dos dados e analise dos mesmos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Setenta e três porcento dos questionários distribuídos foram retornados, sendo esses referentes aos municípios de Cajuru, Cravinhos, Jardinópolis, Luis Antônio, Cássia dos Coqueiros, Ribeirão Preto, Serra Azul, São Simão, Brodowski, Santa Rita do Passa Quatro e Santa Cruz da Esperança. As principais olerícolas apontadas pelos entrevistados como cultivadas nesses municípios foram as culturas da alface, (totalizando as respostas de 100% dos entrevistados), almeirão, abobrinha (com 60%), chuchu, jiló, rúcula (com 50%), chicória, tomate, berinjela e cheiro verde (totalizando 40%). Trani et al. (1997) em sua pesquisa no ano de 2004 mostrou que as principais culturas na região eram cebola, milho verde, tomate, pepino e berinjela. Em relação à área plantada com olerícolas, o principal município foi Brodoski, com 126 ha (representando 1% da área cultivável no município), sendo as principais culturas, a abobrinha, o jiló, o brócolis, a couve-flor, o pimentão, a berinjela, tomate-salada e folhosas de modo geral. Ribeirão Preto ocupou o segundo lugar, com 150 ha de folhosas e 130 ha de legumes e frutos; e Cravinhos foi o terceiro, com 200 ha (representando 0,66% do município), tendo o tomate como a principal cultura. Os demais municípios apresentam somente cerca de 20 ha de
3 cultivo. O nível tecnológico dos produtores da região foi considerado por 55% dos entrevistados como regular e por 45%, bom. Entre os principais problemas citados, a falta de organização na comercialização e as dificuldades na distribuição dos produtos foram os que mais se destacaram, com 28% e 24% respectivamente das opiniões. Analisandose o manejo da cultura, os principais problemas citados foram relacionados a pragas e doenças e, irrigação, contemplando 35% e 30% das respostas respectivamente. Dentro do manejo da irrigação, dificuldades no volume da água a ser aplicado foi mencionado em 64% dos municípios, concordando com Trani et al. (1997). Esses dois fatores estão extremamente relacionados, uma vez que o encharcamento do solo ocasiona o aumento das doenças do solo. Cinqüenta porcento dos entrevistados constatou que a prática da rotação de cultura é feita apenas por menos de 20% dos produtores. Segundo 70% dos engenheiros agrônomos, esses produtores baseiam-se para a escolha da cultura, única e exclusivamente na rentabilidade econômica a ser obtida, concordando mais uma vez com Trani et al. (1997). A procura pela assistência técnica também foi considerada baixa por 60% dos entrevistados, sendo feita apenas por 20% dos produtores e em média de uma única vez por mês. Entre as principais prioridades de pesquisa, alternativas para agregação de valor ao produto, contemplaram 24% das respostas e identificação e controle de pragas e doenças, 16%. Um último questionamento sobre o interesse da instituição em colaborar com a implantação de um programa de olericultura urbana foi feito e obteve-se um consenso afirmativo de 80% demonstrando o interesse nessa parceria. É extremamente necessário e benéfico haver a integração entre os setores de pesquisa, ensino e assistência técnica oficiais para o fortalecimento do setor produtivo. LITERATURA CITADA PIRES, J.M Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto: Um espelho de 100 anos. Gráfica São Francisco: Ribeirão Preto, p TRANI, P.E.; GROPPO, G.A.; SILVA, M.C.P.; MINAMI, K.; BURKE, T.J Diagnóstico sobre a produção de hortaliças no estado de São Paulo. Horticultura Brasileira Brasília 15: TSUNECHIRO, A.; COELHO, P.J.; CASER, D.V., AMARAL, A.M.P.; MARTINS, V.A.; BUENO, C.R.F.; GHOBRIL, C.N Valor da produção agropecuária do Estado de São Paulo em Informações econômicas São Paulo 35:4. AGRADECIMENTOS Aos Eng. Agrônomos das Casas da Agricultura da Região pelo apoio. Tabela 1. Diagnóstico hortícola nas RAS de Ribeirão Preto. QUESTÕES TOTAL
4 1. Quais as principais olerícolas cultivadas no município e/ou região? Alface=100%, Almeirão, abobrinha=60%, Chuchu, jiló, rúcula=50%, Chicória, tomate, berinjela, cheiro verde=40% 2. Qual a área plantada com olerícolas (hortaliças) no município? E quanto isso representa (%)? Cravinhos=200ha 0,66%, Rib. Preto=150ha folhosas, 130ha legumes e frutos, Brodoswi=126ha 1%, Demais < 20ha 3. De maneira geral qual o nível tecnológico dos olericultores da sua região? a) muito bom a) 0 b) bom b) 45% c) regular c) 55% d) ruim d) 0 4. Quais os principais problemas observados na olericultura do município? a) baixa tecnificação dos produtores a) 16% b) alto custo de produção e/ou baixo preço de venda dos produtos b) 20% c) dificuldades na distribuição dos produtos (comercialização) c) 24% d) falta de organização na comercialização d) 28% e) falta de assistência técnica e) 4% f) baixa produtividade e/ou qualidade dos produtos f) 8% g) clima da região g) 0 5. Quais os principais problemas relacionados ao manejo da cultura? a) qualidade das sementes a) 0 b) qualidade da mudas (no caso de compra das mudas) b) 0 c) pragas e doenças c) 35% d) irrigação d) 30% e) plantas daninhas e) 15% f) colheita e pós-colheita f) 20% 6. Com relação a irrigação: a) não existem problemas técnicos no manejo da irrigação a) 18% b) existem problemas técnicos no volume de água aplicado b) 64% c) a qualidade da água de irrigação é insatisfatória c) 18% 7. Com relação à rotação de culturas com outra hortaliça ou outra cultura: a) é feita por menos de 20% dos olericultores a) 50% b) é feita por 20 a 50% dos olericultores b) 40% c) é feita por 50 a 80% dos olericultores c) 10% d) é feita por mais de 80% dos olericultores d) 0 8. Os olericultores que fazem rotação de cultura baseiam-se para escolha da cultura: a) exclusivamente na rentabilidade econômica a ser obtida a) 70% b) na rentabilidade econômica e benefícios técnicos (controle de erosão, pragas, etc) b) 10% c) nas informações fornecidas pelo agrônomo sobre qual a melhor cultura c) 10% d) por necessidade do mercado, não sabe que está fazendo rotação d) 10% 9. Qual a porcentagem de produtores que procuram pela Assistência técnica? a) menos de 20% dos produtores a) 60% b) de 20 a 50% dos produtores b) 30% c) de 50 a 80% dos produtores c) 0 d) mais de 80% dos produtores d) 10% 10. Baseado na questão acima, com que freqüência os produtores procuram a assistência? Raramente=70%, 1 a 2 vezes/mês=20%, 20%=10% 11. Qual (is) a (s) principal (is) necessidade (s) de pesquisa para o município? a) identificação e controle de pragas e doenças a) 16% b) identificação e controle de plantas daninhas b) 8% c) manejo da irrigação c) 13% d) técnicas de conservação do solo d) 5% e) colheita, armazenamento e comercialização e) 13% f) técnicas de cultivo protegido f) 13% g) técnicas pós-colheita g) 8% h) alternativas para agregação de valor ao produto h) 24% 12. Colaboraria com a implantação de um programa de Olericultura peri-urbana? Sim=80%, Sem resposta=20
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