A intenção com que se lê o texto é tida pela autora como os objetivos da leitura: a necessidade e vontade do leitor serão os objetivos da leitura
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- Moisés Belém Faria
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1 FATI_ARAPOTI PR ADMINISTRAÇÃO XVI PROJETO REENCONTRANDO O PORTUGUÊS 08/2013 PROF PAULO ROBERTO BARBOSA CONCEITO DE LEITURA A importância da leitura na nossa vida, a necessidade de se cultivar o hábito de leitura entre crianças e jovens, bem como o papel da escola na formação de leitores competentes, são questões frequentemente discutidas. No bojo dessa discussão, destacamse questões como: O que é ler? Para que ler? Como ler? Essas perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos. E as respostas dependerão dos seguintes pontos de vista.. A língua como representação do pensamento. Neste sentido a leitura é entendida como a atividade de captação das idéias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. Língua como estrutura ou como código. Nesta concepção, o texto é visto como simples produto de codificação e decodificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado. Língua como interação autor-texto-leitor. Os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que dialogicamente- se constroem e são construídos no texto. Nessa perspectiva, a leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor; e exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo. A INTERAÇÃO: AUTOR-TEXTO-LEITOR A autora expõe a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Dialogando com um trecho extraído dos PCNs de Língua Portuguesa a autora reforça o papel do leitor enquanto construtor de sentido, na atividade de leitura, utilizando, para tanto, de estratégias de leitura como a seleção, antecipação, inferência e verificação. Desse leitor, espera-se que processe, critique, contradiga, ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê (Sole, 2003, p. 21). A título de exemplificação, a autora propõe uma simulação de como os leitores, recorrem a uma serie de estratégias no trabalho da construção de sentido, através da seleção e analise de alguns textos específicos. A intenção com que se lê o texto é tida pela autora como os objetivos da leitura: a necessidade e vontade do leitor serão os objetivos da leitura Koch e Elias (2006 p.13) expõem a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Dialogando com um trecho extraído dos PCNs de Língua Portuguesa
2 as autoras reforçam a discussão sobre o papel do leitor enquanto construtor de sentido, na atividade de leitura, utilizando, para tanto, de estratégias de leitura como a seleção, antecipação, inferência e verificação. As autoras apontam as estratégias de leituras como importantes para o ensino de leitura. Cita como exemplo a autora Solé (2003, p. 21) Desse leitor, espera -se que processe, critique, contradiga, ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê. Sendo assim, as autoras destacam que não devemos esquecer de que a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção com que se lê o texto. Nesse ponto, elas apontam os objetivos da leitura como um norte para o modo de ler os textos. LEITURA E PRODUÇÃO DE SENTIDO Durante o processo de leitura, o leitor desempenha papel ativo, sendo as inferências um relevante processo cognitivo nesta atividade. A capacidade central do ser humano de dar direção às coisas do mundo permite ao indivíduo fazer sentido do que ouve ou lê, indo muito além do que está explícito ou prontamente acessível, pois o sentido não reside apenas no texto, mas depende sempre de um interpretador, a saber, o leitor. Por essa razão fala-se de um sentido para o texto, não do sentido, visto que, na atividade de leitura, ativa-se: lugar social, vivências, relações com o outro, valores da comunidade e conhecimentos textuais. Dessa forma, o significado não está embutido ou inscrito totalmente no texto oral ou escrito. Embora o texto carregue um sentido pretendido pelo autor, ele é polissêmico e, como tal, oferece possibilidades de ser reconstruído a partir do universo de sentidos do receptor, que lhe atribui coerência através de uma negociação de significados. Na leitura, entendida como um encontro à distância entre leitor e autor via texto, ambos constituem-se e são constituídos através desse encontro e confronto de significados gerados em interação de cada qual com seu mundo. Na interação que mantém com o autor, via texto, o leitor, ao compreendê-lo, vai modificando, ajustando e ampliando as suas concepções, as quais exercem um impacto sobre a sua percepção. O mundo transforma-se aos olhos do sujeito quando este é transformado. Assim, ao atribuir sentido ao texto, o indivíduo o constitui, transformando-o em algo novo e diferenciado e atribuindo vida ao texto, sendo o seu significado modificado com as várias leituras por ele realizadas. Entretanto, o leitor tem liberdade para construir sentidos, mas ele também é limitado pelos significados trazidos pelo texto e pelas suas condições de uso. O texto é gerado a partir dos significados atribuídos pelo autor quando em interação com seu mundo de significação, e é recontextualizado pelo leitor, que busca atribuir-lhe significado a partir da relação que mantém com o seu próprio mundo e com o autor, o qual delimita as possibilidades de construção de novos significados. FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA A leitura envolve a integração de múltiplos fatores relacionados à experiência do indivíduo, habilidades e funcionamento neurológico. O ato de ler compreende desde a decodificação dos símbolos gráficos até a análise reflexiva de seu conteúdo. A compreensão
3 de um texto não se resume à capacidade de memória, mas também à capacidade de inferir fatos que não são apresentados explicitamente no texto. A compreensão em leitura implica a criação de uma representação mental coerente do texto. Entretanto, a criação dessa estrutura mental pode ser prejudicada por inúmeros aspectos, entre eles a falta de conhecimento prévio sobre o assunto do texto e a falta de familiaridade com o código escrito, entretanto, mesmo que o leitor tenha familiaridade com o código escrito, mesmo que conheça o gênero textual, que possua conhecimento prévio sobre o assunto, ainda assim a compreensão não está garantida. É necessário que o leitor tenha uma atitude ativa de cooperação para a construção da estrutura, a fim de que seja capaz de fazer as devidas inferências, de identificar ironias e, principalmente, de aprender através da leitura. ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO Contexto é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem - lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, e que permitem sua correta compreensão. Também corresponde onde é escrita a palavra, isto é, a oração onde ela se encontra. O texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstancias da escrita podem ser diferentes das da leitura, interferindo na produção de sentido. TEXTO E LEITURA Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser absolutamente diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), fato esse que interfere na produção de sentido. Pode acontecer também que o texto venha a ser lido num lugar muito distante daquele em que foi escrito ou pode ter sido reescrito de outras formas, mudando consideravelmente o modo de constituição e escrita. Se o autor apresenta um texto incompleto, por pressupor a inserção do que foi dito em esquemas Cognitivos compartilhados, é preciso que o leitor o complete, por meio de uma série de contribuições. Assim, no processo de leitura, o leitor aplica ao texto um modelo cognitivo, ou esquema, baseado em conhecimentos armazenados na memória. O esquema inicial pode, no decorrer da leitura, se confirmar ser mais preciso, ou pode se alterar rapidamente. Sendo assim, a compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir dinamicamente. REFERÊNCIA KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Leitura, texto e sentido. In Ler e compreender: os sentidos do texto. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2006.
4 Alguns lembretes sobre o ato de ler: 1. Fazer anotações à margem do texto. 2. Correr os olhos pela página. 3. Usar o dicionário. 4. Fazer o rastreamento do texto em busca de uma informação específica. 5. Reler o segmento que não foi compreendido. 6. Pronunciar os segmentos mais difíceis. 7. Parafrasear mentalmente um determinado trecho, com suas próprias palavras. 8. Identificar a função retórica (ex.: "Aqui o autor está dando uma definição"). 9. Identificar a macroestrutura de um segmento do texto (ex.: Nestes parágrafos o autor está concluindo que a alfabetização é um problema político"). 10. Relacionar informação do texto com conhecimento prévio. 11. Avaliar a importância de cada segmento lido. 12. Planejar a leitura de um texto (ex.: "Vou ler o título e subtítulos para obter uma idéia geral primeiro"). 13. Ajustar a velocidade da leitura de acordo com a dificuldade do texto. 14. Relacionar a informação nova do texto com a informação anterior do próprio texto. 15. Ignorar as palavras desconhecidas, prosseguindo na leitura. 16. Tentar decompor palavras maiores em suas partes menores para chegar ao significado. 17. Fazer inferências sobre possíveis significados. 18. Reordenar as informações do texto. 19. Decompor frases complexas em proposições simples. 20. Identificar os marcadores de coesão implícitos. ETAPAS DE LEITURA DECODIFICAÇÃO: É a primeira etapa do processo, porém não menos importante, pois ela é resultante do reconhecimento dos símbolos escritos, e de sua ligação com os significados. É a leitura literal do texto. A decodificação, para ser considerada como uma etapa no processo de leitura, deve ser aliada à compreensão, iniciando o processo de apreensão de significados. Decodificação mal feita implica compreensão mal sucedida. Cabral (1986, apud Menegassi,1995: p.87)
5 COMPREENSÃO: Capacidade de o aluno entender e captar a estrutura e temática do texto, reconhecer e captar os tópicos principais, conhecer as regras textuais e depreender as significações de palavras novas, fazendo inferências sobre o sentido do texto. Pois, por meio das inferências o leitor amplia seus conhecimentos É o ato ou a faculdade de entender a idéia proposta, permitindo-lhe apreender seu sentido ou significado. INTERPRETAÇÃO: A interpretação é a capacidade de o leitor utilizar o julgamento crítico no momento da leitura. Esta capacidade pode ser ampliada mediante os conhecimentos de mundo, e através deles o leitor pode reformular seus conceitos sobre o tema abordado. No qual expande sua leitura, faz ligações com os conhecimentos que possui, ao fazê-lo ele estabelece a interpretação, extraindo o sentido, retira conclusões, fazer considerações, julgar, avalia e fazer uma nova leitura a partir das inferências realizadas. RETENÇÃO: E por último a retenção que é o armazenamento das informações mais importantes, na memória em longo prazo. A retenção é resultante da interpretação e pode ocorrer em dois níveis, sendo que o primeiro ocorre logo após a compreensão, no momento em que ocorre a observação da temática do texto. O segundo nível ocorre após a interpretação em caráter mais profundo, considerando a maior exigência no processo de retenção. Kato (1999: P. 106) Afirma que a leitura pode ser entendida como um conjun to de habilidades que envolvem estratégias de vários tipos, e Kleiman (2002, P.15) ressalta que, para formar leitores, devemos ter paixão pela leitura, pois citando Bellenger, comenta um texto do autor no qual faz o seguinte questionamento: Em que se baseia a leitura? No desejo. Esta resposta é uma opção. É tanto o resultado de uma observação como de uma intuição vivida. Ler é identificar-se com o apaixonado ou com o místico. É ser um pouco clandestino, é abolir o mundo exterior, deportar-se para uma ficção, abrir o parêntese do imaginário. Ler é muitas vezes trancar-se (no sentido próprio e figurado). É manter uma ligação através do tato, do olhar, até mesmo do ouvido (as palavras ressoam). As pessoas leem com seus corpos. Ler é também sair transformado de uma experiência de vida, é esperar alguma coisa. É um sinal de vida, um apelo, uma ocasião de amar sem a certeza de que se vai amar. Pouco a pouco o desejo desaparece sob o prazer. Kleiman (2002, apud Bellenger, 2002). Kleiman reflete que a leitura em sala de aula nada tem a ver com a atividade prazerosa descrita por Bellenger, e por mais legitimada que seja pela tração escolar, de fato, não é leitura. Como se vê, leitura implica ir além da decodificação, não é algo simplista e não pode ser feita sem prazer o que poderá descaracterizá-la.
6 Como leitor competente, compreendemos o leitor capaz de entender o que lê, que sabe estabelecer relações entre os textos lido. É o leitor que consegue inferir sobre o humor contido nas piadas e atribuir sentido ao que lê, é crítico sobre o conteúdo do texto lido. A leitura pode também ser entendida de três formas: 1. a extração de dados fornecidos pelo texto; 2. a atribuição que são as informações que o leitor leva para o texto ; 3. a interação que é o processo de extrair e atribuir informações ao texto no momento em que se processa a leitura.
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