tem por objetivo fazer avaliação de alguns dos principais efeitos que essa medida provocará.
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- Manuela Conceição Azenha
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1 DISTORÇÕES NA ANÁLISE FINANCEIRA, NO CÁLCULO DE DIVIDENDOS E DE IMPOSTOS PROVOCADAS PELA FALTA DE RECONHECIMENTO DA INFLAÇÃO NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. INTRODUÇÃO O Brasil já acumula aproximadamente 40 anos de experiência na atualização monetária das demonstrações contábeis, sendo que de 1964 a 1995 os procedimentos para reconhecimento da inflação foram aplicados pelas empresas de forma compulsória. Nesse período, nossa legislação passou por diversas mudanças e a grande melhoria de qualidade ficou por conta da Lei n º 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) e da metodologia que a inspirou. A experiência acumulada pelos profissionais e pesquisadores brasileiros nos proporcionou a possibilidade de grande evolução técnica nesse assunto, a ponto de termos o reconhecimento de instituições internacionais, tais como IASC - International Accounting Standards Committee e ONU - Organização das Nações Unidas, nos classificando como os possuidores de um dos modelos mais avançados que se tem conhecimento para reconhecimento da inflação nas demonstrações contábeis. A partir do Plano Real, em julho de 1994, o Brasil passou a vivenciar a estabilidade da moeda que diversos planos econômicos editados anteriormente buscaram sem sucesso. Conseguimos reduzir nossas taxas inflacionárias a níveis bastante baixos para os padrões vividos nos últimos 25 anos. Porém, deve-se ressalvar que os níveis de inflação de hoje ainda são extremamente altos e em curto espaço de tempo provocarão grandes perdas de capital às empresas. Tais perdas terão sua origem na edição da Lei n º 9.249/95, que em seu artigo 4º estabelece: Fica revogada a correção monetária das demonstrações financeiras de que tratam a Lei n.º 7.799, de 10 de julho de 1989 e o art. 1º da Lei n.º 8200, de 28 de junho de Parágrafo único - Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção monetária de demonstrações financeiras, inclusive para fins societários. Com essa proibição de reconhecimento da inflação, as demonstrações contábeis das empresas que entendem proibido divulgar tudo o que a lei não obrigaperderão muito da capacidade de auxiliar na análise e administração financeira das empresas. Além disso, todas as empresas passarão a pagar impostos e/ou distribuir lucros e dividendos sobre resultados irreais. Nosso trabalho, que será desenvolvido através de exemplos numéricos, 1
2 tem por objetivo fazer avaliação de alguns dos principais efeitos que essa medida provocará. Como se sabe, o modelo legal brasileiro, que pela sua simplicidade pode ser considerado genial, reconhece os efeitos da inflação através da atualização monetária do ativo permanente e patrimônio líquido. Após 1976, data da publicação da Lei n.º 6.404, outras contas, mesmo classificadas fora desses dois grupos, passaram a ter o mesmo tratamento. Para exemplificar: aplicações em ouro, terrenos de empresas imobiliárias quando classificados no circulante ou realizável da longo prazo, operações de mútuo entre partes relacionadas, adiantamentos para futuro aumento de capital etc. De acordo com a estrutura de capital da empresa os valores da correção monetária poderão resultar em saldo credor ou devedor, o que significa receita ou despesa decorrentes da exposição, à inflação, de passivos ou ativos monetários, respectivamente. A seguir, apresentaremos dois exemplos, o primeiro onde o patrimônio líquido é maior que o ativo permanente e, portanto, o saldo da correção monetária será devedor, indicando despesa. O segundo é exatamente o contrário. 2
3 1º EXEMPLO - SALDO DE CORREÇÃO MONETÁRIA DEVEDOR Para elaboração do exemplo assumiremos as seguintes hipóteses: a) A empresa inicia suas atividades ao final de 1995 com capital de $ 2.100, dos quais $ são imediatamente aplicados na aquisição de imobilizado e os $100 restantes permanecem como recursos disponíveis no Caixa; b) taxa de depreciação aplicada ao imobilizado de 20% ao ano; c) taxa anual de inflação de 7%, que significa uma taxa acumulada de 40,26% para o período de 5 anos - (escolhemos este percentual por ser inferior ao de 1996 e estar próximo das expectativas de alguns dos principais institutos de pesquisas que atuam na área de comportamento dos preços); d) alíquota de imposto de renda e contribuição social de 30%; e) receitas e despesas crescem a uma taxa nominal de 10% ao ano; f) não há renovação dos ativos imobilizados; g) o imposto de renda, as receitas e as despesas são realizados em dinheiro; h) não há distribuição de dividendos. Assim, os balanços e demonstrações de resultados são apresentados na seqüência. 3
4 Lei 9249/95 - sem correção monetária BALANÇO Caixa/Outros Ativos Imobilizado (-) Deprec.Acumulada (400) (800) (1.200) (1.600) (2.000) Total do Ativo Exigíveis Capital Lucros Acumulados Total do Passivo + PL Receitas/Despesas Depreciação (400) (400) (400) (400) (400) Lucro AIR/CS Prov. IR/CS (30%) (270) (309) (352) (399) (451) Lucro Líquido As informações simplificadas que constam das demonstrações apresentadas anteriormente são de muito fácil compreensão e nos permitem elaborar algumas observações, dentre as quais destacamos as seguintes: Ao final do ano 2000 a empresa apresentava em sua conta Caixa/Outros Ativos a importância de $ Esse valor apresentado no Caixa/Outros Ativos corresponde, no final do ano 2.000, ao capital inicial de $ e o valor dos lucros de $ que foram se acumulando por operações realizadas no período 1996/2000. Admitindo-se que a empresa, ao final do ano 2000, encerrasse suas atividades e entregasse todos seus ativos (Caixa/Outros Ativos) para seus acionistas, estes estariam recebendo $ como devolução do capital e $ a título de distribuição de resultados. As rentabilidades de cada período e acumulada, medidas pelo lucro líquido do exercício e patrimônio líquido do início do ano, estão apresentadas no quadro a seguir: ANOS ACUMU LADA RENTABILIDADE 30,0% 26,4% 23,8% 21,8% 20,2% 197,9% Em termos nominais, os acionistas estariam obtendo como resultado de seus investimentos o equivalente a 197,9% {[($6.256/2100)-1]x100}. Camuflando a inflação de 7% ao ano como se fosse inexistente esse valor de aproximadamente 198% seria totalmente considerado, para os acionistas menos prudentes, como retorno sobre 4
5 o capital investido. Não podemos nos esquecer de que, no período em que o investimento foi realizado, tivemos inflação acumulada de 40,26% e essa taxa de retorno não está levando esse fato em consideração. Para que se possa comparar e avaliar os efeitos da não correção monetária do balanço, na seqüência apresentamos as demonstrações contábeis do período 1996/2000, de acordo com a legislação vigente até 1995, considerando-se os efeitos da inflação de 7% ao ano. Com correção monetária e imposto de renda calculado conf. legislação anterior BALANÇO Caixa/Outros Ativos Imobilizado (-) Deprec.Acumulada - (428) (916) (1.470) (2.097) (2.805) Total do Ativo Exigíveis Capital Lucros Acumulados Total do Passivo + PL Receitas/Despesas Depreciação (428) (458) (490) (524) (561) Despesas Financeiras Correção monetária (7) (80) (161) (252) (353) Lucro AIR/CS Prov. IR/CS (30%) (260) (268) (277) (286) (297) Lucro Líquido Os valores da correção monetária do balanço foram apurados da seguinte forma: CORREÇÃO MONETÁRIA VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO Imobilizado Deprec. Acumulada 0 0 (428) (30) (916) (64) (1.470) (103) (2.097) (147) Capital (157) (168) (180) (193) Lucros Acumulados (42) (89) (140) (197) Receita (Despesa) líquida (7) (80) (161) (252) (353) Por simplificação, nessa simulação, a despesa de depreciação foi reconhecida pelo valor atualizado para moeda de final de exercício, o que não altera os resultados finais. Das demonstrações corrigidas queremos fazer os seguintes destaques: Ao final do ano 2000 a empresa apresentava em sua conta Caixa/Outros Ativos a importância de $ Observe-se que quando a correção monetária não foi efetuada o saldo de Caixa/Outros Ativos totalizava $
6 O valor apresentado no Caixa/Outros Ativos, ao final do ano 2.000, correspondia ao capital inicial de $ 2.100, atualizados monetariamente para $ 2.945, e dos lucros de $3.705 que foram se acumulando no período 1996/2000. Tomando-se a mesma hipótese de encerramento de atividades ao final do ano 2000 e entrega de todos os ativos da empresa (Caixa/Outros Ativos) aos acionistas, estes estariam recebendo $ como devolução do capital e $ a título de distribuição de resultados. A rentabilidade real de cada ano e a acumulada deve ser calculada pela relação entre o lucro do exercício e o patrimônio líquido do início do ano, atualizado monetariamente para moeda de final de exercício. Assim, temos: ANOS ACUMU LADA RENTABILIDADE 27,0% 20,5% 16,4% 13,6% 11,6% 125,8% Em termos reais, os acionistas estariam obtendo como resultado de seus investimentos o equivalente a 125,8% {($ 6.650/2945)-1}x100). Esse valor de aproximadamente 126% é o que deverá ser considerado, para os acionistas, como o efetivo retorno sobre o capital investido. O quadro a seguir demonstra de forma comparativa, ano a ano, as rentabilidades dos investimentos dos acionistas, com e sem os efeitos da inflação. RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS ANOS ACUMU LADA 30,0% 26,4% 23,8% 21,8% 20,2% 197,9% Legislação atual - Sem Correção Monetária Legislação anterior - Com Correção Monetária 27,0% 20,5% 16,4% 13,6% 11,6% 125,8% Através da simples observação visual, pode-se perceber que, à medida que o tempo vai passando, as diferenças de rentabilidade são crescentes e, cada vez mais, acentuadas. No ano 2000 a rentabilidade real de 11,6% representa praticamente a metade da rentabilidade nominal de 20,2% ao ano. Os credores, investidores, os sindicatos, as autoridades reguladoras e os demais usuários de demonstrações contábeis precisarão estar muito atentos para essas distorções. 6
7 2º EXEMPLO - SALDO DE CORREÇÃO MONETÁRIA CREDOR Para a elaboração deste exemplo tomamos as mesmas hipóteses e informações utilizadas na construção do primeiro (saldo de correção monetária devedor), mudando-se apenas a estrutura do capital. Aqui, assumimos que o permanente, representado pelo imobilizado, no início do período, é bastante superior ao valor do patrimônio líquido. Assumimos também, nesse exemplo, que os exigíveis têm custo nominal de 12% ao ano e serão mantidos pelo mesmo valor nominal durante o período de 1996/2000. As despesas financeiras respectivas serão pagas no próprio exercício. Lei 9249/95 - sem correção monetária BALANÇO Caixa/Outros Ativos Imobilizado (-) Deprec.Acumulada (400) (800) (1.200) (1.600) (2.000) Total do Ativo Exigíveis Capital Lucros Acumulados Total do Passivo + PL Receitas/Despesas Depreciação (400) (400) (400) (400) (400) Despesas Financeiras (216) (216) (216) (216) (216) Lucro AIR/CS Prov. IR/CS (30%) (205) (244) (287) (334) (386) Lucro Líquido As observações efetuadas para o 1º Exemplo também são válidas aqui, mas como há mudanças nos valores, para fins didáticos, a seguir vamos reapresentá-las. Ao final do ano 2000 a empresa apresentou em sua conta Caixa/Outros Ativos a importância de $ Se os exigíveis de $ forem liquidados teremos como saldo final de caixa a importância de $ Esse valor apresentado no Caixa/Outros Ativos corresponde, no final do ano 2.000, ao capital inicial de $ 300 e o valor dos lucros de $ que foram se acumulando por operações realizadas no período 1996/2000. Admitindo-se que a empresa, ao final do ano 2000, encerrasse suas atividades e entregasse todos seus ativos (Caixa/Outros Ativos) para seus acionistas, estes estariam recebendo $ 300 como devolução do capital e $ a título de distribuição de resultados. 7
8 As rentabilidades de cada período e acumulada, medidas pelo lucro líquido do exercício e patrimônio líquido do início do ano, estão apresentadas no quadro a seguir: ANOS ACUMULADA RENTABILIDADE 159,7% 73,2% 49,7% 38,6% 32,2% 1.133,3% Em termos nominais, os acionistas estariam obtendo como resultado de seus investimentos o equivalente a 1.133,3% {($ 3.700/300)-1)x100}. Esse valor de aproximadamente 1.150% seria considerado, para os acionistas menos prudentes, como retorno sobre o capital investido. Os efeitos da não correção monetária do balanço estão apresentados na seqüência, através das demonstrações contábeis do período 1996/2000, de acordo com a legislação vigente até 1995, considerando-se a taxa de inflação de 7% ao ano. Com correção monetária e imposto de renda calculado conf. legislação anterior BALANÇO Caixa/Outros Ativos Imobilizado (-) Deprec.Acumulada - (428) (916) (1.470) (2.097) (2.805) Total do Ativo Exigíveis Capital Lucros Acumulados Total do Passivo + PL Receitas/Despesas Depreciação (428) (458) (490) (524) (561) Despesas Financeiras (216) (216) (216) (216) (216) Correção monetária (8) (85) (172) Lucro AIR/CS Prov. IR/CS (30%) (233) (245) (258) (271) (286) Lucro Líquido Os valores da correção monetária do balanço estão a seguir demonstrados: 8
9 CORREÇÃO MONETÁRIA VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO VALOR BASE CORREÇÃO Imobilizado Deprec. Acumulada 0 0 (428) (30) (916) (64) (1.470) (103) (2.097) (147) Capital (22) 343 (24) 368 (26) 393 (28) Lucros Acumulados (38) (81) (128) (182) Receita (Despesa) líquida (8) (85) (172) A seguir apresentamos algumas das principais observações. Ao final do ano 2000 a empresa apresentou em sua conta Caixa/Outros Ativos a importância de $ Subtraindo-se a dívida representada pelos exigíveis de $ 1.800, temos um saldo final de $ Esse valor corresponde, ao final do ano 2.000, ao capital inicial de $ 421 ($ 300 atualizados monetariamente) e o valor dos lucros de $ que foram se acumulando por operações realizadas no período 1996 a Admitindo-se que a empresa, ao final do ano 2000, encerrasse suas atividades e entregasse todos seus ativos (Caixa/Outros Ativos) para seus acionistas, estes estariam recebendo $ 421 como devolução do capital e $ a título de distribuição de resultados. As verdadeiras rentabilidades de cada período e a acumulada, medidas pelo lucro líquido do exercício e patrimônio líquido do início do ano em moeda de final, estão apresentadas no quadro a seguir: ANOS ACUMU LADA RENTABILIDADE 169,2% 61,8% 37,6% 26,9% 20,9% 819,5% Em termos nominais, os acionistas estariam obtendo como resultado de seus investimentos o equivalente a 819,5% {[($ 3.864/421)-1]x100}. Conforme já alertado anteriormente, esse valor de aproximadamente 820% seria considerado, para os acionistas menos prudentes, como retorno sobre o capital investido. Mais uma vez, queremos enfatizar que não podemos nos esquecer de que, no período, tivemos inflação acumulada de 40,26%. O quadro comparativo apresentado a seguir demonstra as rentabilidades dos investimentos considerando-se ou não os efeitos da inflação. RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS ANOS ACUMU LADA Legislação atual - Sem Correção Monetária Legislação anterior - Com Correção Monetária 159,7% 73,2% 49,7% 38,6% 32,2% 1.133,3% 169,2% 61,8% 37,6% 26,9% 20,9% 819,5% 9
10 Mais uma vez demonstra-se que as taxas de rentabilidade são bastante diferentes. No ano 2000, a rentabilidade real, de 20,9%, representa praticamente a metade da rentabilidade nominal de 32,2% ao ano. 10
11 O IMPOSTO DE RENDA SOBRE O CAPITAL Além das distorções que as demonstrações financeiras passarão a apresentar, algumas delas descritas anteriormente neste trabalho, uma das principais conseqüências provocadas pela proibição do registro da correção monetária será a tributação sobre o capital das empresas. Essa tributação, sem qualquer tipo de autorização constitucional, é uma imposição feita às empresas de forma indireta e será materializada através do pagamento do imposto de renda e da contribuição social incidentes sobre lucros nominais. O lucro da empresa, em última análise, pertence aos sócios ou acionistas e esse valor deve ser representado pela diferença dos fluxos de caixa aplicados e recebidos, durante determinado período de tempo, em valores reais, isto é, descontados os efeitos da inflação. Os efeitos dos pagamentos de imposto de renda sobre o capital podem ser avaliados pela análise do comportamento do Caixa (em nosso exemplo Caixa/Outros Ativos). Senão, vejamos: No primeiro exemplo, quando comparamos os saldos de caixa apresentados no ano 2000, verificamos que há uma diferença de $ 394, conforme demonstramos a seguir: CONCILIAÇÃO CAIXA Com Correção Monetária Sem Correção Monetária Diferença 394 Essa diferença de $ 394 a menor, apresentada quando não se utiliza a correção monetária do balanço, é provocada pelo pagamento a maior de imposto de renda que acaba ocorrendo pela não atualização do capital inicial e dos lucros que foram se acumulando. A seguir apresentamos uma tabela que demonstra esses cálculos. FALTA DE CORREÇÃO MONETÁRIA Atualização do Capital x(1,07 5-1) Atualização Lucro de x(1,07 4-1) Atualização Lucro de x(1,07 3-1) Atualização Lucro de x(1,07 2-1) Atualização Lucro de x(1,07 1-1) Atualização Lucro de x(1,07 0-1) Total Imposto de Renda 30% 394 Na seqüência, demonstramos os valores da diferença do caixa para o exemplo cujo saldo da correção monetária do balanço é credor. 11
12 CONCILIAÇÃO CAIXA Com Correção Monetária Sem Correção Monetária Diferença 165 FALTA DE CORREÇÃO MONETÁRIA Atualização do Capital x(1,07 5-1) Atualização Lucro de x(1,07 4-1) Atualização Lucro de x(1,07 3-1) Atualização Lucro de x(1,07 2-1) Atualização Lucro de x(1,07 1-1) Atualização Lucro de x(1,07 0-1) Total 549 Imposto de Renda 30% 165 Como se pode observar, os efeitos da inflação não poderiam deixar de ser refletidos nas demonstrações contábeis. Não importa se os níveis de inflação são altos ou baixos, o que importa é que, se ela existir, não poderá ser desconsiderada, sob pena de tornarmos os números, dependendo do prazo, absolutamente incompreensíveis ou significativamente discrepantes da realidade. O Plano Real efetivamente conseguiu reduzir nossas taxas de inflação a níveis extremamente baixos, quando comparados aos níveis vividos anteriormente, mas não podemos considerar que os níveis atuais sejam baixos; afinal, inflação anual de 6% significa 140% em 15 anos, ou 220% em 20 anos. Aliás, queremos afirmar que os países chamados industrializados também não têm níveis de inflação que possam ser desconsiderados nas demonstrações contábeis. A esse respeito, apresentamos, a seguir, para avaliação, quadro dos índices inflacionários, para o período 1970 a 1995, de alguns países que representam as principais economias (isoladas ou em conjunto) do mundo contemporâneo (Estados Unidos da América, Japão e Comunidade Econômica Européia). 12
13 INFLAÇÃO ANUAL E ACUMULADA - VARIAÇÃO PERCENTUAL ANOS E.U.A JAPÃO AUSTRIA BÉLGICA FRANÇA ALEMANHA ITÁLIA PORTUGAL ESPANHA SUÉCIA SUIÇA REINO UNIDO Média 1970 base ,30 6,30 4,70 4,30 5,50 5,20 4,90 7,50 8,20 7,40 6,60 9,40 6, ,30 4,90 6,40 5,40 6,20 5,50 5,70 8,90 8,30 6,00 6,70 7,10 6, ,20 11,60 7,50 7,00 7,30 7,00 10,80 10,40 11,40 6,70 8,80 9,20 8, ,00 23,20 9,50 12,70 13,70 7,00 19,10 28,00 15,70 9,90 9,80 15,90 14, ,10 11,80 8,40 12,80 11,80 5,90 17,10 20,40 17,00 9,80 6,70 24,20 12, ,70 9,40 7,30 9,20 9,60 4,30 16,70 18,20 15,00 10,30 1,70 16,50 10, ,50 8,20 5,50 7,10 9,40 3,70 18,50 27,10 24,50 11,50 1,30 15,90 11, ,60 4,20 3,60 4,50 9,10 2,70 12,00 22,70 19,80 9,90 1,10 8,20 8, ,30 3,70 3,70 4,50 10,80 4,10 14,80 23,60 15,70 7,20 3,60 13,50 9, ,50 7,70 6,30 6,70 13,30 5,40 21,30 16,60 15,60 13,70 4,00 18,00 11,84 Acumulado 212,02 236,12 183,77 203,77 250,96 164,00 369,55 529,13 405,39 241,48 162,70 360,37 276,61 Média 7,85 9,10 6,29 7,42 9,67 5,08 14,09 18,34 15,12 9,24 5,03 13,79 10,09 Mediana 7,05 7,95 6,35 6,85 9,50 5,30 15,75 19,30 15,65 9,85 5,30 14,70 8,60 base ,30 4,90 6,80 7,60 13,40 6,30 19,50 20,00 14,50 12,10 6,50 11,90 11, ,20 2,70 5,40 8,70 11,80 5,30 16,50 22,70 14,40 8,60 5,70 8,60 9, ,20 1,90 3,30 7,70 9,60 3,30 14,60 25,10 12,20 8,90 3,00 4,60 8, ,30 2,30 5,70 6,30 7,40 2,40 10,80 28,90 11,30 8,00 2,90 5,00 7, ,60 2,00 3,20 4,90 5,80 2,20 9,20 19,30 8,80 7,40 3,40 6,10 6, ,90 0,60 1,70 1,30 2,50-0,10 5,90 11,70 8,80 4,20 0,80 3,40 3, ,70 0,00 1,40 1,60 3,30 0,20 4,70 9,40 5,30 4,20 1,40 4,10 3, ,00 0,70 1,90 1,20 2,70 1,30 5,10 9,60 4,80 5,80 1,90 4,90 3, ,80 2,30 2,60 3,10 3,50 2,80 6,30 12,60 6,80 6,40 3,20 7,80 5, ,40 3,10 3,30 3,40 3,40 2,70 6,50 13,40 6,70 10,50 5,40 9,50 6,11 Acumulado 158,57 122,39 141,27 155,97 183,74 129,54 254,66 484,41 243,50 207,69 139,76 188,75 200,85 Média 4,74 2,05 3,53 4,58 6,34 2,64 9,91 17,27 9,36 7,61 3,42 6,59 6,50 Mediana 4,15 2,15 3,25 4,15 4,65 2,55 7,85 16,35 8,80 7,70 3,10 5,55 5,20 base ,20 3,30 3,30 3,20 3,20 3,50 6,50 11,40 5,90 9,30 5,80 5,90 5, ,00 1,70 4,00 2,40 2,40 4,00 5,30 8,90 5,90 2,30 4,00 3,70 3, ,00 1,30 3,60 2,80 2,10 4,10 4,20 6,50 4,60 4,60 3,30 1,60 3, ,50 0,70 3,30 2,40 1,70 0,50 4,10 5,30 4,80 2,60 0,80 2,90 2, ,80-0,10 2,30 1,50 1,80 1,80 5,20 4,10 4,70 2,50 1,80 3,40 2,65 Acumulado* 116,48 107,06 117,62 112,91 111,71 114,64 127,97 141,63 128,72 123,00 116,63 118,71 119,76 Média 3,10 1,38 3,30 2,46 2,24 2,78 5,06 7,24 5,18 4,26 3,14 3,50 3,64 Mediana 3,00 1,30 3,30 2,40 2,10 3,50 5,20 6,50 4,80 2,60 3,30 3,40 3, ,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100, /80 212,02 236,12 183,77 203,77 250,96 164,00 369,55 529,13 405,39 241,48 162,70 360, /90 158,57 122,39 141,27 155,97 183,74 129,54 254,66 484,41 243,50 207,69 139,76 188, /96 119,86 107,06 119,73 112,91 113,49 116,25 127,97 146,72 133,48 123,00 117,33 121,21 Acum. total** 402,97 309,40 310,83 358,85 523,34 246, , , ,61 616,87 266,81 824,43 ** Até agosto de 1996 FONTE: Estadísticas Financieras Iternacionales FMI - Fondo Monetario Internacional Febrero/94 e Noviembre/96 13
14 CONCLUSÕES Nossas observações e principais conclusões já foram sendo apresentadas ao longo deste trabalho, mas podemos resumi-las da seguinte forma: O Brasil deu grande contribuição à contabilidade internacional quando criou uma forma extremamente simples de reconhecimento da inflação nas demonstrações contábeis. A proibição da utilização da correção monetária imposta por lei provocará pagamentos adicionais de imposto de renda e contribuição social às empresas. Esses pagamentos adicionais afetarão, no curto, médio e longo prazos, todas as empresas, indistintamente, tenham elas saldo devedor ou credor de correção monetária. Para as empresas que têm saldo devedor de correção monetária a perda é imediata, enquanto que, para as empresas que têm saldo credor há um aparente benefício no início, que logo em seguida será compensado com as perdas que se seguirão. O governo, ao proibir as empresas de reconhecerem em suas demonstrações contábeis os efeitos da inflação, acabou criando o que poderíamos chamar de imposto de renda sobre o capital. As demonstrações contábeis perderão muito de sua capacidade informativa, mesmo mantendo-se os atuais níveis de inflação. A rentabilidade dos acionistas apresentará grandes distorções e isso se acentuará, quanto maior o prazo utilizado para análise. 14
15 BIBLIOGRAFIA FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras - Aprendendo Contabilidade em Moeda Constante, São Paulo, Atlas, IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens - Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, 4ª Edição, São Paulo, Atlas, MARTINS, Eliseu - Contabilidade versus Fluxo de Caixa, São Paulo, Caderno de Temática Contábil e Balanços - IOB nº32, SANTOS, Ariovaldo dos - Alguns Efeitos da Utilização de Índices Inadequados na Correção dos Balanços de Empresas Estrangeiras no Brasil, Tese de Doutoramento, FEA- USP, SANTOS, Ariovaldo dos e CARVALHO, L. Nelson - Efeitos Societários e Fiscais: Falta de correção monetária provocará distorções nos resultados e aumentará a carga tributária das Empresas - In Informativo Dinâmico - IOB, Edição n.º 80, novembro de SANTOS, Ariovaldo dos e NOSSA, Valcemiro - Fim da Correção Monetária, Revista de Contabilidade do CRC - SP, Ano I, n.º 1, abril de
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