FINITUDE E HERMENÊUTICA: DUAS ONTOLOGIAS NA OBRA

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1 FINITUDE E HERMENÊUTICA: DUAS ONTOLOGIAS NA OBRA DE MICHEL FOUCAULT RESUMEN Este trabalho é a articulação de dois momentos da obra de Michel Foucault. O primeiro, nos anos sessenta, na experiência da literatura e da transgressão, e o segundo, nos anos oitenta, nas pesquisas sobre a Antiguidade greco-latina com a ideia de cuidado de si. Nesses, temos propostas de alterações do sujeitos sobre si mesmo e sobre seus próprio limites políticos e subjetivos. Palabras- Chave: Foucault finitude transgressão hermenêutica cuidado de si Bacharel e Licenciada em Filosofia pela PUC-Rio, Mestre em Filosofia pela UFRJ, Doutoranda em Filosofia pela UFRJ. jnaidin@gmail.com

2 INTRODUÇÃO No contexto da década de sessenta, Foucault escreve alguns textos sobre a experiência da literatura através de escritores como Bataille, Blanchot, Roussel, Artaud e Klossowsky. Nestes, podemos ver o anuncio de um tipo de experiência que o que o homem pode fazer a partir da relação que ele estabelece com seus próprios limites, configurando um novo gênero de experiência no ato da transposição, da violação, da destruição que homem é capaz de viver em seu próprio corpo e em seu próprio espírito. Nesses textos a ideia de transgressão aparece num sentido muito específico indicando a visada de um espaço além dos limites do ser. Trata-se de uma experiência na qual o sujeito opta por se colocar em perigo através da prática de um dilaceramento, de um desmoronamento de si enquanto sujeito pelo desejo da loucura. O que podemos ver na análise que Foucault faz destes escritores é que, na experiência moderna da literatura, se anuncia uma verdadeira ontologia crítica fundada na ideia de transgressão. O importante para começarmos a compreender a proposta de Foucault é que tal ideia não deve ser entendida como uma atitude, com um comportamento, tampouco como uma ética ou uma moral. Ao invés, a transgressão é da ordem do acontecimento e ocorre nos limites do ser, justamente na experiência que o sujeito faz ao violá-los. Trata-se de um tipo de experiência que não considera mais o sujeito como uma instância a formar e a proteger, mas, ao invés, a supliciar e destruir. Reencontra-se assim, através da experiência moderna da linguagem e da literatura, a expressão violenta de um desvanecimento do homem. Vinte anos depois da publicação desses textos, nos últimos anos de sua vida, Foucault volta a falar de ontologia - de limites e de violação, de ultrapassagem e de transformações que o sujeito é capaz de operar em si mesmo. Num referencial teórico e estilo todo outro, o autor nos apresenta uma vasta série de pesquisas sobre o mundo greco-romano. De 1980 a 1984 o autor formula o que pode ser compreendido como um legado espiritual na forma de uma surpreendente resposta às inquietações apresentadas na década de setenta em seus textos sobre teoria política, que Foucault chama de cuidado de si, referindo-se a um amplo, complexo e variado conjunto de práticas e exercícios que afirmam a possibilidade de contestação no lugar em que um sujeito se elabora ao se desvencilhar de amarras históricas e identitárias. Em ambos os momentos, vemos a filosofia de Foucault desenvolvendo-se em torno das questões do ser e de seus limites. A proposta deste trabalho é pensar as aproximações e diferenças destes dois momentos da obra de Foucault, tendo como referências da década de sessenta, as Palavras e as Coisas e Prefácio à Transgressão e na década de oitenta, os escritos sobre ética do Ditos e Escritos, os cursos Hermenêutica do Sujeito, os dois 83

3 volumes do Governo de Si e dos Outros e os dois últimos volumes da História da sexualidade. É fundamental na proposta do presente trabalho notar a presença de Kant nos trabalhos de Foucault sobre esses respectivos domínios. Nos interessam aqui, particularmente, dois grandes pontos de manifestação explícita da importância de Kant à filosofia de Foucault: o primeiro, centrado na década de sessenta, principalmente com As palavras e as coisas, na Introdução que Foucault escreve à Antropologia de Kant e no Prefácio à Transgressão, sobre a literatura de Bataille, e o segundo, na fase ética de Foucault, principalmente quando, em 1984, Foucault escreve, O que é o Iluminismo?. Este é, assim, mais um elo entre os dois momentos que parecem, de algum modo, se comunicar, na obra do filósofo francês. Na Introdução de Foucault à Antropologia de Kant encontramos a ideia de que, além do projeto crítico no qual se insere, o livro se dedica a uma série de pesquisas antropológicas que estavam sendo desenvolvidas na segunda metade do século XVIII na Alemanha. Segundo Foucault, o significado do novo campo teórico a antropologia que emergia neste momento não deve ser compreendido simplesmente como uma ciência do homem ou um novo campo do saber. Sua especificidade consiste justamente em trata-se de uma ciência que busca definir, limitar e orientar o conhecimento humano. O objeto da antropologia, portanto, não se restringe a uma reflexão sobre o homem enquanto animal, nem tampouco sua consciência de si. Ao invés, a proposta é a de um pensamento sobre a natureza do ser do homem, através de seu modo de vida, assim como das leis de suas possibilidades e condições à priori do seu conhecimento. O autor Roberto Nigro explica da seguinte maneira: Por um lado, a antropologia concerne ao homem enquanto ser natural, suas determinações animalescas; por outro, ela constitui o conhecimento do conhecimento do homem de si mesmo e, assim sendo, envolve um interrogação do homem sobre si mesmo, investigando seus próprios limites 1. Na Introdução de Foucault, vemos uma distinção importante na obra kantiana entre dois tipos de conhecimento sobre o homem: o fisiológico, entendido como o modo pelo qual o homem compreende sua natureza, e o pragmático, entendido como o âmbito da liberdade, como a articulação entre o que ele faz, o que ele pode fazer e o que ele deve fazer; atualidade, possibilidade e dever. O que o trabalho de Kant (assim como o de Foucault) nos indica é que, em última análise, cabe perguntarmo-nos em que medida a natureza do homem é esse próprio questionar-se sua condição? Vemos como a Antropologia de um Ponto de Vista Pragmático não fala sobre o ser humano, mas sobre a ação humana, sobre modos de vida, sobre o que o homem faz dele 1 NIGRO, R. From Kant s Anthropology to the Critique of the Anthropological Question: Foucault s Introduction in context. Ed. Semiotext(e), New York, 2008, p

4 mesmo. Diferentemente de uma ontologia, que buscaria pelo ser do Homem, em nenhum momento do livro é colocada a questão especificamente referida ao ser do humano. A antropologia busca pelo que o homem faz de si mesmo no mundo. Foucault mostra que, na filosofia de Kant a Antropologia funciona como um momento de transição entre a crítica e a filosofia transcendental. É importante termos em mente o quanto o pensamento kantiano se constitui justamente em torno do problema de fundamentar a finitude, como uma espécie de demarcação do território do númeno e do fenómeno no homem. Por isso, no centro da filosofia kantiana, temos a antropologia apresentada como a questão do limite do que se inscreve na observação empírica da natureza do homem para demarcar o terreno do conhecimento legítimo e o da filosofia transcendental. A antropologia fala somente a partir deste limite e dessa negatividade. Ela jamais poderia, portanto, se constituir como um campo positivo que servisse de base para as ciências humanas. Em As palavras e as coisas, Foucault nos apresenta a célebre tese de que o homem é uma invenção recente com fim próximo. Devemos ter muito claro que esta ideia nada possui de niilista ou apocalíptica. Não é o homem, enquanto espécie, que estaria em vias de se desfazer. O que o autor nos indica é a eminência do fim de uma maneira especifica pela qual o homem compreende sua própria experiência existencial, se define e se designa. A hipótese que aqui se esboça é a de que desde o anúncio do fim do homem, na parte final d As palavras e as coisas, através de Kant, Foucault nos apresenta a experiência da finitude como epicentro da emergência de uma nova ontologia do sujeito que cabe a nós compreender. Neste livro, Foucault mostra que, tanto o Racionalismo do mundo Clássico quanto o Humanismo do Renascimento, colocavam o homem num lugar privilegiado na ordem do mundo, ao preço de não poderem questioná-lo enquanto tal. É a partir do pensamento de Kant e da emergência dos saberes do século XIX que, no lugar do cogito cartesiano e do ordenamento do mundo clássico, entra em cena a imponente e enigmática figura da finitude : A finitude do homem se anuncia e de uma maneira imperiosa na positividade do saber; sabe-se que o homem é finito a mesmo título que se conhece a anatomia do cérebro, o mecanismo dos custos de produção, ou o sistema da conjugação indo-europeia 2 Conforme o homem passa a se auto-conhecer ele se percebe numa posição ambígua: por um lado, constituído e limitado por forças e estruturas que o antecedem e, por outro, finito enquanto homem da modernidade, capaz de se compreender a partir de saberes que o dizem quem ele é, constituindo seu próprio processo de conhecimento, saberes que falam do homem e o conformam, condicionando-o a seu próprio desvelamento. De fato, é a partir da experiência empírica do desenvolvimento das ciências humanas que indicam também 2 FOUCAULT, M. Les Mots et les Choses. Gallimard, Paris, 1966, p

5 limitações concretas à existência do homem que se descobre uma finitude, marcada pela espacialidade do corpo, pelo vazio do desejo, pelo tempo da linguage 3. No fato da morte, que ronda anonimamente nossa vida cotidiana, na efemeridade do desejo e na frágil e contingente concretude da linguagem, a finitude emerge como um elemento tanto empírico como existencial de modo incontornável. Em última análise, o modo pelo qual o homem se compreende na modernidade segue a mesma determinação da filosofia crítica:... se o saber do homem é finito... é porque o conhecimento tem formas finitas 4. Foi a antropologia de Kant que, segundo Foucault, inaugurou a descrição do homem moderno como um objeto do conhecimento portanto, de relativo desconhecimento e transferiu o lugar da análise da representação para o homem em sua finitude, para as possibilidades do homem de conhecer a si. DESFAZER-SE DE SI Em "Prefácio à transgressão", texto contemporâneo a As Palavras e as Coisas, Foucault apresenta uma nova proposta para a filosofia a partir da experiência moderna dos limites, falando de uma ontologia da transgressão que consiste justamente na tarefa de buscar pela própria ultrapassagem. Ou seja, a partir dos saberes antropológicos, que se caracterizam por atribuir ao homem seu âmbito, contorno e lugar circunscritos por sua possibilidade de conhecimento que se sabe de antemão limitada - Foucault nos apresenta uma outra experiência do sujeito. Uma experiência de natureza tal que não se circunscreve nos âmbitos dos saberes humanos que nos delimitam, pelo contrário. Através da literatura, com autores como Bataille, Blanchot e Klossowsky, Foucault apresenta a transgressão como: Essa existência tão pura e tão embaralhada, para tentar pensá-la, pensar a partir dela e no espaço em que ela abarca, é necessário desafogá-la das suas afinidades suspeitas com a ética. Libertá-la do que é escandaloso ou subversivo, isto é, do que é animado pela potência do negativo. A transgressão não opõe nada a nada, não faz nada deslizar no jogo da ironia, não procura abalar a solidez dos fundamentos; não faz resplandecer o outro lado do espelho para além da linha invisível e intransponível. É justamente porque ela não é violência num mundo partilhado (num mundo ético) nem triunfa sobre os limites que ela apaga (num mundo dialético ou revolucionário), que ela toma no âmago do limite, a medida desmesurada da distância que se abre neste limite e desenha o traço fulgurante que o faz nascer 5. Assim vemos como na filosofia de Foucault da década de sessenta existe uma íntima relação entre antropologia, ontologia e transgressão. Uma relação apresentada por uma 3 Ibíd., p Ibíd., p FOUCAULT, M. Dits et écrits I. Gallimard, Paris, 2001, p

6 ontologia que emerge com o surgimento do homem resultante dos saberes apresentados por seus próprios limites. A Antropologia é, portanto, uma positividade e uma negatividade, uma abertura a um desenvolvimento e um limite. Foucault nos fala sobre a impossibilidade de separar o limite da transgressão: eles só fazem sentido em conjunto. É a transgressão que expõe o limite ao rompe-lo, como podemos ver ainda no Prefácio: A transgressão é um gesto relativo ao limite; é aí, na tênue espessura da linha, que se manifesta o fulgor de sua passagem, mas talvez também a trajetória em sua totalidade, sua própria origem. A linha que ela cruza poderia também ser todo o seu espaço (...) O limite e a transgressão devem um ao outro a densidade de seu ser: inexistência de um limite que não poderia absolutamente ser transposto 6. Tudo que é, é limitado. Em contrapartida, o ser só se desvela inteiramente no momento em que suas fronteiras aparecem em plena luz. Por isso, a transgressão não pode ter um conteúdo positivo. Sua positividade é exclusivamente sua força. Ainda neste texto, a propósito desta tensão constituinte entre limite e transgressão, Foucault faz um interessante paralelo da relação entre Kant e Sade. A filosofia na alcova surge oito anos depois da Crítica da Razão Prática. A distância entre os dois autores iluministas, como veremos, é apenas aparente. Tratam-se de dois livros mais do que compatíveis; eles são, na verdade, complementares. Além disso, quatro meses antes da aparição do "Prefácio..." sobre Bataille, no número da revista Critique, Jacques Lacan publicara, no número 191 da mesma revista, seu artigo "Kant com Sade". Curiosamente, quase no mesmo momento que Foucault, Lacan notou a íntima relação entre os dois autores. Assim sendo, se podemos dizer que Kant é, por excelência, o pensador do limite e da legitimidade, podemos dizer que temos, com Sade, numa espécie de espelho inverso, o fundador exemplar da profanação sem Deus. Para Foucault, isto une os dois autores, já que o limite e a transgressão só existem juntos, em referencia, em tensão e em relação. São conceitos que se constituem reciprocamente, da mesma forma como seus autores fundadores estabelecem um diálogo inevitável e fortalecedor. Limite e transgressão são acoplados em sua significação, pois só podem ser inteiramente compreendidos no instante em que coincidem. Uma ultrapassagem significa, sem dúvida, uma violação, mas que não pode existir fora do atravessar das fronteiras que as iluminam. Por isto, Foucault nos diz que o conhecimento das linhas que definem um Ser jamais pode ser compreendido somente à partir de seu interior. Só se conhece plenamente o 6 Ibíd., pp

7 limite quando se o ultrapassa. Limite e transgressão não existem em si, possuem seu sentido apenas em função do outro pois, como vimos, não existe limite intocável nem tampouco transgressão independente de limites. Em 1963 Foucault define transgressão como a desconsideração de objetos, seres ou espaços sagrados. A sexualidade aparece, neste contexto, como a única separação ainda possível. Não por resignificar antigas práticas, mas antes, por autorizar uma profanação sem objeto, vazia. Uma profanação num mundo que não confere mais sentido positivo ao sagrado. A palavra e o lugar que o homem moderno confere à sexualidade emerge a partir de Kant e Sade, experiência contemporânea, portanto, em tempo e estrutura àquela pela qual nós nos anunciamos a morte de Deus. Porém, devemos pensar aqui o que significa matar um Deus que não existe? Pode ser justamente matar Deus porque que ele não existe. Matar Deus para emancipar a existência dessa forma que a limita, e leva-la de volta à busca de seus limites a serem descobertos, uma vez apagada a sombra de uma Existência Ilimitada. A morte de Deus não nos conduz a um mundo limitado e positivo, mas sim a um mundo que se desvenda na própria experiência do limite, fazendo-se e desfazendo-se conforme o excesso que o ultrapassa. Portanto, é o excesso, entendido enquanto a ultrapassagem do limite, que descobre e que conecta sexualidade e morte de Deus, como um deslocamento da profanação e do sagrado, como a única separação possível de uma existência fundamentalmente deslegitimada. Como podemos ver, o "Prefácio à transgressão" lança a filosofia num novo solo: depois do pensamento de Kant e da fundamentação do limite, e de Sade, com a experiência moderna da ultrapassagem, cabe ao homem acolher e levar mais longe esta experiência. Quando a filosofia kantiana inaugurou a crítica enquanto a busca pelo uso legítimo da razão e Sade instaurou a sexualidade como profanação num mundo que não reconhece mais um sentido positivo ao sagrado, temos a experiência da finitude e do ser, do limite e da transgressão como uma nova possibilidade de movimento do homem em relação à si mesmo introduzida em nossa cultura. Podemos ver como a experiência moderna da sexualidade, apresentada pela literatura de Sade a Bataille, funciona como pilar inaugural para uma teoria da transgressão que se forma no regime do excesso e da violência, e chega no suplício do sujeito e na afirmação da possibilidade e no desejo da loucura e do delírio. Longe de pretender constituir-se como uma ética, este pensamento se institui como Crítica e como Ontologia, e nos indica uma possibilidade de pensar, a partir de outro lugar e outra linguagem, a finitude e o ser. Podemos dizer que este pensamento parte da abertura efetuada por Kant na filosofia ocidental, quando ele articula, ainda que de um modo enigmático, o discurso metafísico e a reflexão sobre os limites de nossa razão bem como 88

8 a medida pela qual estes limites podem ou devem ser ultrapassados. Esta mesma abertura, o próprio Kant fecha ao formular a questão antropológica, à qual faz referência todo seu trabalho crítico. Podemos ver, portanto, como a forma pela qual Foucault apresenta o sentido de transgressão à partir do Prefácio se insere num contexto muito específico. Ela não deve ser pensada no terreno dos valores, e sim no do próprio ser, enquanto este se oferece à nós como limitado. A fronteira da transgressão é o limite que informa ao ser seu contorno e sua possibilidade de abertura. O texto de Roberto Nigro sobre a relação entre Kant e Foucault nos indica uma forte influencia na leitura que Foucault faz da obra de Kant. Trata-se do livro de Martin Heidegger Kant et le problème de la metaphisique, de Segundo Heidegger, a fundamentação da filosofia kantiana repousa sobre a afirmação de uma conexão necessária entre antropologia e metafísica. Isto significa dizer que a metafísica deve ser fundamentada pela finitude, isto é, pela percepção que o homem tem de seus próprios limites (conforme a apresentação da antropologia kantiana). Além disso, segundo Heidegger, a antropologia de Kant não resolve o problema do transcendental. Este é o movimento que leva o autor à sua investigação que organiza a formulação do Dasein: o fundamento da metafísica como fundamento ontológico, a partir da finitude humana como ponto de partida 7. Esta é a marca que podemos identificar nos textos de Foucault da década de sessenta. O que eles nos indicam é a mudança de todas as formas de positividade que se referiam ao modelo clássico do homo natura de modo a recolocar a questão do ser a partir de uma reflexão ontológica, que toma a existência, o Dasein, como objeto fundamental. Vinte anos depois de Foucault escrever estes importantes textos sobre a íntima relação entre antropologia e finitude e formular uma ontologia do ser a partir da transgressão, ele nos apresenta uma ética que se constitui numa luta subjetiva em prol da insubordinação moral. Este movimento pessoal, como pretendemos indicar, possui diferenças fundamentais em relação ao movimento apresentado pela experiencia da transgressão da década de sessenta. Entretanto, o objetivo do presente trabalho não é absolutamente expor contradições ou incoerências na obra de um autor como Michel Foucault. Pelo contrário, como já foi dito, trata-se de tentar compreender uma nova posição, a introdução de novos elementos e deslocamentos operados num mesmo terreno a ser problematizado: a relação do sujeito com ele mesmo. Como Foucault diz inúmeras vezes, o retorno aos gregos não deve ser entendido como a promessa de uma terra originária, de um solo primeiro no qual se resolveriam nossas oposições ou fossem solucionados nossos problemas contemporâneos. São, 7 HEIDEGGER, M. Kant et el problème de la métaphysique. Gallimard, Paris, 2011, p

9 amostras, exemplos, possibilidades de diferentes modos de ser, diferentes relações sujeitoverdade que cada qual pode aplicar à si, de acordo com o próprio tempo, as próprias possibilidades e urgências. A ÉTICA DO CUIDADO DE SI Nos cursos que o autor profere na década de oitenta, vemos sua filosofia se debruçar sobre um novo referencial teórico e seus textos adquirindo nova abordagem e novo estilo. Foucault apresenta uma nova ontologia do sujeito através da pesquisa de práticas políticoespirituais da Antiguidade clássica. Nesses textos, há um extenso trabalho sobre variados regimes de prescrições morais que os sujeitos atribuíam a eles mesmos na busca por um determinado modo de ser. No início do curso Hermenêutica do sujeito Foucault afirma que mais uma vez seu interesse é pela questão da relação entre sujeito e verdade, sob as diferentes formas que esta relação pode adquirir a partir do momento em que o sujeito decide se dedicar a um trabalho incansável sobre seu próprio ser e sua própria vida. De imediato, devemos ter em mente que qualquer nomenclatura que utilizemos para abarcar este conjunto tão vasto e variável seria imprecisa. O termo cuidado de si, embora se refira a um período específico da história da ética, a saber os séculos I e II D.C. do Império Romano, é utilizado pelo próprio Foucault para referir-se a diferentes momentos e práticas, de modo que temos a impressão que o próprio autor usa a noção de modo geral, o que nos autoriza a mesma prática. A entrada neste novo universo temático de Foucault nos demanda cuidado e atenção: temos a publicação de três cursos, dois livros e inúmeras entrevistas e textos avulsos que nos apresentam esse novo movimento filosófico de modo extraordinariamente variável. A direção escolhida pelo autor é o que ele chama de técnicas de si, entendidas como os procedimentos pelos quais são prescritas aos indivíduos modalidades de fixação e de desprendimento de sua própria identidade, de modo a mantê-la ou transformá-la em função de um certo conjunto de objetivos morais. À grosso modo, trata-se do questionamento acerca do que cada um deve fazer com a própria vida, qual tipo de trabalho cada um deve elaborar sobre si, qual a melhor maneira de se governar, quais os critérios de avaliação a seguir. Com a questão da constituição do sujeito em primeiro plano vemos com a Hermenêutica do Sujeito, com O Governo de Si e dos Outros I e II e com a História da Sexualidade II e III, um retorno radical ao mundo greco-romano, no qual a questão fundamental da experiência do homem era o exercício ético de uma problematização moral, uma preocupação e uma ocupação do indivíduo num trabalho que é uma poiesis da própria vida. Neste ponto, não podemos deixar de mencionar que esse ocupar-se de si, vigente na Antiguidade, é radicalmente distante do individualismo da burguesia surgida no século 90

10 XIX, que entende o cuidado-de-si como segurança social, defesa da propriedade, vida estável, conforto econômico, família conjugal, por exemplo. O que estava em cena na pólis implicava a criação de novos valores e de outras possibilidades de formas de vida, sujeitas a uma problematização moral num processo individual e socialmente inserido que implicava necessariamente um nível de distanciamento e de independência em relação à moral de seu tempo e sua cena social. Tratava-se, justamente, de uma reflexão crítica sobre a medida da dependência e da independência de cada sujeito em relação às formas sociais historicamente estipuladas. Tal reflexão remetia à elaboração de um estilo, de uma forma de vida experimental, uma vez que o homem da Antiguidade procurava se compreender e se constituir em suas relações éticas e sociais, num mundo onde toda educação, toda Paidéia, era compreendida em sua dimensão política. Tal reflexão tinha ainda como parte integrante de seu processo a elaboração pessoal de um conjunto composto pelo questionamento filosófico e pela demanda das condições pelas quais o trabalho sobre si mesmo almejado poderia acontecer. Um duplo movimento, portanto, teórico e prático, em direção a auto transformação num trabalho racional, afetivo e político, pois existe, de fato, um âmbito político e libertário nesse exercício. Tal exercício ético, para os gregos e latinos, consistia num trabalho sobre os limites de si-mesmo. Um trabalho que consistiria justamente em questionar estes limites para extrapolá-los, colocando-se em situações extremas, questionando as necessidades e as possibilidades de transformação e desenvolvimento da própria existência. Trata-se portanto de uma outra ontologia, mas que ainda mantem o mesmo espírito de trabalho sobre si e de infração do próprio contorno histórico, socialmente instituído. Para conseguirmos compreender melhor a relação entre estas duas ontologias que Foucault apresenta, devemos olhar mais de perto as distintas pesquisas que o autor fornece sobre as práticas espirituais na Antiguidade. A morte prematura de Foucault deixou sua história da sexualidade inacabada. Ele diz em algumas entrevistas que tinha como objetivo esquematizar uma história que iria até a modernidade. Do que de fato temos, podemos identificar três correntes distintas. No curso A Hermenêutica do sujeito, de 1981, temos expressos três diferentes modelos de práticas de si, em três épocas, bem como a apresentação de seus contrastes que devem ser compreendidos. É neste curso que se apresenta pela primeira vez a ideia de cuidado de si como preceito da vida filosófica e moral antiga, como uma atitude geral de relação a si mesmo pela formulação de um conjunto de práticas de transformação de si. Além disso, Foucault fala da importância de atentarmos à indeterminação e da variedade de caráteres 91

11 de compreensão - do si bem como às implicações políticas que tal indeterminação representava. Neste contexto, o cuidado de si é apresentado como novo ponto de partida teórico. Como sabemos, Foucault formula uma relação de filiação entre os conceitos de cuidado de si e o conhece-te a ti mesmo délfico. O autor nos apresenta uma evolução geral do conceito que vai desde sua primeira aparição, no Alcebíades, passando pelo imperativo socrático, até os primeiros textos cristãos. Ao longo de todo o curso, vemos referencias à política, à pedagogia, à ética e à suas presenças constantes acompanhando a totalidade da existência e, ainda, a relação essencial entre cuidado de si e cuidado dos outros em Platão. No ano de 1982 a 1983, Foucault ministra o curso Governo de si e dos outros I. Ele abre seu curso de práticas morais na Antiguidade greco-latina introduzindo, logo na primeira aula, a figura de Kant. Como vemos, através do texto do filósofo alemão O que é o Iluminismo? Foucault propõe um deslocamento, da questão do sujeito para a questão da análise das formas de subjetivação e de analisar estas formas de subjetivação através das técnicas/tecnologias da relação a si ou, se vocês quiserem, através disso que podemos chamar de pragmática de si 8. Isto significa tratar o sujeito como uma espécie de formação resultante de uma série de procedimentos políticos, econômicos e sociais que possuem uma história que deve ser analisada. É neste contexto que Foucault resgata Kant na década de oitenta, para conseguir nos mostrar como devemos compreender a crítica na experiência contemporânea. Ainda nesta mesma aula, o professor é claro ao falar de: uma outra tradição crítica que não coloca mais as questões sobre as condições nas quais um conhecimento verdadeiro é possível, mas sim uma tradição que coloca a questão por: o que é isto que é a atualidade? Qual o campo atual de nossa experiência? Qual o campo atual de nossa experiência possível? Não se trata de uma analítica da verdade, trata-se disto que poderíamos chamar de uma ontologia do presente, uma ontologia da atualidade, uma ontologia da modernidade, uma ontologia de nós mesmos 9. O que vemos, portanto, é que na mesma época em que Foucault escreve seus textos sobre ética antiga, ele volta a escrever sobre Kant, de uma forma distinta do modo como ele o fez na década de sessenta. Foi com o texto kantiano sobre o Iluminismo - sobre o que há de distintivo na atualidade e sobre as amarras e limites que embrenham o sujeito ao momento presente - que, pela primeira vez, se apresenta como tema filosófico uma compreensão sobre o tempo enquanto momento histórico, aberto. O tempo compreendido a partir da busca pela atualidade que ele expressa, por seu distintivo, seu por vir e os limites 8 FOUCAULT, M. Le Gouvernement de soi et des outres. Ed. Du Seuil, Paris, 2008, pp Ibíd., p

12 que cabem ao homem romper. Com efeito, para Kant, as Luzes não designavam um período como outro qualquer, marcado por datas ou acontecimentos históricos. A modernidade é entendida como uma postura, uma disposição por uma crítica ao momento presente. Esta transformação operada por Kant é determinante à filosofia de Foucault, constituindo-se como ideia fundamental que acompanha toda a sua obra. Podemos dizer que nos escritos de Foucault sobre Kant existe um tendência que nos faz tentar compreender a articulação de dois pontos da obra do filósofo alemão, isto é, a relação entre a Crítica e a Antropologia. Tal movimento se faz no intuito de nos situarmos propriamente frente a questão O que é o homem?, mais precisamente, o que o homem pode e deve fazer de si mesmo? Como sabemos Kant define sua filosofia crítica a partir da organização das seguintes questões: 1- O que posso saber?; 2- O que devo fazer?; 3 - O que me é permitido esperar?; 4 O que é o homem?. A primeira questão refere-se ao domínio da metafísica, examinando as fontes do saber humano e dos limites da razão; a segunda diz respeito a ação humana que cada um, enquanto ser racional, constitui enquanto sujeito moral impondo a si mesmo as leis de sua ação; a terceira diz respeito à religião e às expectativas e esperanças legítimas que o sujeito pode ou não nutrir; e a quarta, à antropologia. Kant é decisivo neste momento. Ele nos diz que as três primeiras questões estão contidas na última, uma vez que elas lhe dizem respeito, são formuladas sobre e a partir do homem, considerando-o como sujeito livre e finito. No ano seguinte, , temos o Governo de si e dos outros II a coragem da verdade. O curso é proferido nos últimos meses de vida do autor e questiona a função do dizer-verdadeiro ( dire-vrai ) político, de forma a estabelecer para a democracia, um certo número de qualidades éticas irredutíveis às regras formais do consenso social. Através de um exame detalhado do cinismo antigo como filosofia prática, atletismo da verdade, provocação pública, soberania ascética, o escândalo da fala-franca aparece como uma construção oposta ao platonismo de um mundo transcendente de formas inteligíveis. A dimensão da prática, da modificação e do risco é fundamental à experiência grega apresentada pela coragem de se pôr em perigo, arriscando a tudo perder - inclusive à própria vida - em nome de uma verdade que, como vemos, não é simplesmente discurso, é ethos. Em 1984, ano da morte de Foucault, temos a publicação dos dois últimos volumes escritos da História da sexualidade. No segundo, O Uso dos prazeres, Foucault nos fala de um regime ético pertencente à Grécia de cinco ou seis séculos antes, e utiliza termos como artes da existência, técnicas de si, problematização de si. Ainda na introdução, Foucault diz que seu objetivo, nestas pesquisas, era o de elaborar uma história da experiência, - se entendermos por experiência a correlação, em uma cultura, entre 93

13 domínios do saber, tipos de normatividade e formas de subjetividade 10. Ou seja, as formas e as modalidades de relação que cada homem deve estabelecer com ele mesmo de modo a ser levado a se reconhecer e se designar enquanto sujeito moral, dietético, econômico e erótico. No terceiro volume, - O cuidado de si - temos uma obra que se constitui numa exposição das práticas cotidianas que definiam os tipos de sujeito moral existentes na Antiguidade. Foucault nos apresenta as práticas sexuais deste período histórico como ponto de apoio para a compreensão de discursos, técnicas e procedimentos que visavam defender a saúde e a busca por certo tipo de excelência e tranquilidade da alma, a partir de um movimento que o sujeito opera em si mesmo, aplicando à própria experiência certos princípios definidos segundo critérios próprios da vida que se deseja. Trata-se da proposta por um tipo de relação a si que não é simplesmente consciência de si mas antes, um trabalho de constituição de si como sujeito moral no qual o individuo circunscreve a parte de sua vida que será objeto de sua prática moral, fixando-se assim um certo modo de ser. O conjunto de pesquisa, prática e experimentação que pode ser vivenciado através de purificações, exercícios acéticos, renúncias, conversões de olhar, modificações de existência, etc. na qual cada homem, necessariamente, torna-se diferente do que é, constitui-se como um tipo de experiência que é inseparável de uma aptidão e coragem em executar uma real transformação em si. CONCLUSÃO: ÉTICA, AUTOPOIESES E ESTETIZAÇÃO DA VIDA Quando analisamos os textos sobre a experiência da literatura que Foucault escreve na década de sessenta e as pesquisas do autor sobre a Antiguidade, vemos que conceitos como gasto, excesso, limite e transgressão, que fundamentaram a ontologia da década de sessenta já estavam no centro do pensamento antigo e que originaram diferentes correntes éticas, como podemos ver no título de um capítulo de O Uso dos Prazeres que se chama "O ato, o dispêndio e a morte". É notável a diferença entre o tipo de busca por estabelecer uma relação a si que vemos nas pesquisas da década de oitenta e o que se explicita na teoria da transgressão e do suplício do sujeito na década de sessenta. Isso não significa que tal busca e tal teoria não se inscrevam, ambas, numa problemática comum, pelo contrário. Esses dois momentos são motivados pela mesma preocupação, partilham da mesma questão e não poderiam por isso, estar em contradição nem em oposição. São diferentes tomadas de posição sobre o mesmo terreno problemático. A ética que Foucault apresenta nos anos oitenta mostra uma possibilidade de libertação dos modos de ser estabelecidos nas amarras da ordem e da classificação - conforme apresentados em As Palavras e as Coisas. Assim se formula uma 10 FOUCAULT, M. História da sexualidade II. Graal, São Paulo, 2010, p

14 ontologia crítica liberta do sujeito instituído e composta pelo elemento da autonomia, que Foucault já marcava em Tanto a ética greco-latina quanto a experiência mortificadora e destrutiva da literatura moderna apresentam uma busca pela criação de diferentes modos de sentir e de viver no que concerne às necessidades, a novas formas de vida e prazeres inusitados, num constante reposicionamento do limite. Ambos os movimentos devem ser entendidos como uma escolha crítica pelo modo, pelas escolhas e significados de um verdadeiro desfazer-se do si-mesmo enquanto instituição e ato político. Foucault pretende uma história do pensamento que se situaria entre a história dos comportamentos e das representações: ela se constituiria justamente na definição das condições nas quais o ser humano problematiza o que ele é, o que ele faz e sua relação com o mundo no qual vive. Ao colocar esta pergunta tão geral à cultura greco-latina, o filósofo descobre o que chamará de artes da existência para denominar o conjunto das práticas refletidas e voluntárias através das quais os homens estabelecem suas próprias regras de conduta e buscam, através da definição de uma série de exercícios físicos e práticas morais, transformarem-se em seu ser singular. O objetivo almejado é fazer da própria vida uma obra constituída de valores estéticos segundo critérios próprios de estilo na elaboração do horizonte de um trabalho existencial. O autor descreve as práticas éticas greco-latinas ora como técnicas de si, ora como práticas de si, ora como cuidado de si, ora como estética da existência para se referir a uma tradição, a uma história da ética antiga que possui manifestações totalmente variadas e que não se refere a simplesmente a uma preservação, segurança ou proteção de sujeito moralmente instituído. Antes, temos uma vasta exposição de concepções de éticas entendidas como autopoiesis, uma elaboração feita sob os critérios de autenticidade e pertinência, em conformidade com o nexo entre o que se pensa e o que se faz. O movimento elaborado por Foucault em direção a Antiguidade não deve ser compreendido simplesmente como um novo tema de estudo; antes, o movimento foi uma busca por diferentes modos de relação sujeito-verdade, que dão novo significado a toda sua filosofia do poder e fundam um pensamento ético em seu corpus de trabalho. Esse é o trabalho da elaboração de um modo de vida incansavelmente criativo, onde nos fazemos e nos desfazemos sempre que algo nos impulsione, a partir de um cuidado de si (que na verdade é um descuidado de si), para um outro movimento de condução da vida 11. A partir da apresentação do possível ou iminente fim do homem, cabe pensarmos na função do elemento da transgressão dos limites e formatos do homem nestes dois momentos da obra de Foucault onde se apresenta de forma central a questão da relação do sujeito com ele mesmo. 11 CASTELO BRANCO, G. Kant Foucault: autonomia e analítica da finitude. Campinas, Kant e-print, 2011, p

15 Portanto, ainda que com todas as diferenças que devemos levar em conta entre a década de sessenta e a década de oitenta, através outros referenciais teóricos e até mesmo outros posicionamentos, existe um mesmo universo problemático e elemento fundamental de trabalho: o corpo e seus limites ou, colocado de outra forma, os limites do ser e sua relação com a ética ora de distanciamento, ora de aproximação na elaboração de uma ontologia na obra de Foucault. Enfim, as lutas para as quais Foucault nos chama a atenção no fim de sua vida repousam sobre a pergunta introduzida por Kant: quem somos nós hoje? No intuito de atacar regras transcendentais, princípios formais, universalidades racionais apriorísticas que fundamentam os sistemas moralizantes de aprisionamentos subjetivos e atrofiamentos emotivos, Foucault apresenta uma ética que não é uma letra morta no céu das ideias, mas uma concreta e efetiva construção de si, em constante estado de reinvenção. Numa contracorrente das práticas de assujeitamento que constituem sujeitos determinados e objetivados pelos saberes da modernidade, Foucault nos indica a possibilidade do exercício sobre si mesmo, entendido como a possibilidade de contestação política no lugar em que um sujeito se elabora, se desfaz, ao desvencilhar-se de sua identidade instituída. Tal possibilidade ressoa como uma espécie de resposta ao fim do homem anunciado em As palavras e as coisas: o fim do homem determinado e objetivado que pode se tornar-se um agente de um cuidado de si contemporâneo. Não é possível conceber uma crítica da finitude que seria liberadora, seja em relação ao homem, seja em relação ao infinito, e que mostraria que a finitude não é o termo, mas a curva e o nó do tempo no qual o fim é o começo? A trajetória da questão: Was ist der Mensch? no campo da filosofia termina na resposta que a recusa e a desarma;: der Übermensch 12. Não seria esse o papel que Foucault conferiu a Baudelaire no texto O que é o Iluminismo?, como um dândi da modernidade, que glorifica o presente ao mesmo tempo que o viola? Talvez o que esteja indicado na filosofia de Foucault na década de oitenta é que poderíamos, de alguma maneira, pensar a possibilidade de um cuidado de si contemporâneo a partir de retorno à ideia da elaboração de uma estética da existência que abra novas possibilidades éticas e políticas, como uma espécie de linha de fuga das relações poder/saber do capitalismo contemporâneo. Fora das estruturas de dominação que de determinam as condições do sujeito finito, temos a possibilidade de transposição para um sujeito do cuidado de si, que se constrói e realiza sua autopoiesis ao longo de toda sua vida. Se o homem é uma invenção recente com fim próximo, podemos seguir as pistas do próprio 12 FOUCAULT, M. Les mots et les choses. Gallimard, Paris, 1966, p

16 Foucault em direção a um super homem que crie para si seus próprios valores em novos modos de ser. Tanto na década de sessenta quanto na de oitenta - apesar de um referencial teórico, estilo e conceitos distintos, separados por vinte anos, toda uma filosofia do poder de caráter genealógico e diferentes engajamentos políticos - Foucault fala de um outro homem, que ainda não sabe o que pode fazer de si, quais limites romper e qual novo mundo instaurar. Ainda que todas as diferenças entre estes dois momentos da obra de Foucault mereçam ser compreendidas, a grande questão que ocupou os últimos anos da vida do autor, à saber, a ética do cuidado de si - que deve ser entendida como um descuido, como um engajamento do sujeito em desfazer-se de si mesmo enquanto instituição resultante e reprodutiva dos mecanismos de poder - possui uma íntima conexão com ideias presentes em seus primeiros escritos. Nestes, assim como nos últimos, encontramos elementos que enriquecem uma compreensão global do que Foucault pretende nos apontar com o surgimento de seu pensamento ético: uma estetização da própria vida, uma estética da existência, que deve ser composta com critérios de coragem e audácia para romper com os próprios limites de acordo com os próprios critérios, sempre a serem renovados, em vias de um novo homem. *** REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELO BRANCO, G., Kant Foucault: autonomia e analítica da finitude. Campinas: Kant e-print, 2011: ftp://ftp.cle.unicamp.br/pub/kant-e-prints/vol /1_castelo_julho_2011_-_revisado_finalizado.pdf FOUCAULT, Michel, Les mots et les choses, Gallimard, Paris, Dits et écrits I, Gallimard, Paris, Le gouvernement de soi et des outres, Paris, Ed. Du Seuil, História da sexualidade II, Albuquerque, Graal, São Paulo, HEIDEGGER, Martin, Kant et el problème de la métaphysique, Traducción de A. de Waelhens e W. Biemel. Gallimard, Paris, NIGRO, Roberto, From Kant s Anthropology to the Critique of the Anthropological Question: Foucault s Introduction in context. Ed. Semiotext(e), New York,

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