Palavras-chave: Pibid, ensino de sociologia, jogos educativos.

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1 RELATO DE EXPERIÊNCIAS: ENSINO DE SOCIOLOGIA ATRAVÉS DE JOGOS EDUCATIVOS Mirian Gomes de Souza 1 Vanessa Porfirio 2 Silene Pereira da Silva 3 Jéssica Santos 4 Joel Silva dos Santos 5 Bianca Nascimento 6 Ana Claudia Coutinho 7 Kelem Ghellere Rosso 8 Resumo: Este trabalho consiste num relato das atividades realizadas para intervenção do PIBID de Ciências Sociais, do Instituto Federal do Paraná, Campus Paranaguá, no Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga - Ensino Médio e Profissional, direcionadas aos alunos do terceiro ano. A proposta da intervenção foi a aplicação de uma oficina ao final do segundo bimestre, abordando os temas estudados durante todo o processo de ensino médio da disciplina de sociologia, com o objetivo de fixar conceitos e temáticas trabalhadas em sala de aula. Num primeiro momento, será exposto o processo inicial de discussões que culminou na proposta de elaboração do jogo Perfil Sociológico. Num segundo momento, o processo de confecção desempenhado pelos bolsistas que seguiu as seguintes etapas: produção de um tabuleiro de papelão e E.V.A. e das fichas de conteúdo. O jogo se baseia num percurso, onde os participantes devem responder as perguntas com o auxílio das fichas contendo informações sobre os conteúdos estruturantes. O jogo tem o intuito de recuperar os conhecimentos e exercitar a capacidade de estabelecer relações nos alunos de forma lúdica e a partir de recurso próximo ao cotidiano dos jovens. Os bolsistas serão os mediadores do jogo. Assim, suscita-se nos alunos a compreensão dos conteúdos sociológicos, a fim de instrumentalizar os conceitos, partindo de uma perspectiva prática, viabilizando um processo facilitador de discussão e apreensão dos temas trabalhados. Ao final das atividades desenvolvidas, espera-se que o objetivo principal do trabalho seja atingido, qual seja o de ampliar o senso crítico e a visão de mundo desses alunos, possibilitando a formação de cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres, pilares para uma sociedade melhor. Portanto, com este trabalho, analisar-se-ão os resultados que serão obtidos na aplicação da oficina numa via de mão dupla, tanto na perspectiva dos alunos no sentido de obtenção de conhecimento, quanto no processo de aprimoramento dos bolsistas, caracterizando o papel principal do projeto em sua gênese. Palavras-chave: Pibid, ensino de sociologia, jogos educativos.

2 II Seminário Estadual PIBID do Paraná 1. INTRODUÇÃO Quando a disciplina de Sociologia é sancionada através da Lei /08 como obrigatória no ensino médio; surgem muitas incógnitas, como a falta de professores e de estrutura para se aplicar a mesma. Professores não graduados na área no exercício da docência, carência de material didático e de estratégias bem sucedidas de ensinoaprendizagem e equívocos dos estudantes, com o desconhecimento dos conteúdos tratados na sociologia (BARBOSA; MANGABEIRA, p. 127). Passa-se assim a reprodução de um conceito classista preestabelecido por uma classe dominante, que visa a doutrinar seus discentes para aquilo que a sociedade reproduz não fazendo-os pensar e desnaturalizar conceitos impostos pela própria sociedade. Para reintroduzir-se no Ensino Médio a Sociologia precisa reafirmar sua identidade crítica e contestadora, auxiliando assim o processo de transformação social por meio da educação (BARBOSA; MANGABEIRA, p. 130). A partir dessas problemáticas encontradas no desenvolvimento da disciplina, pensou-se na realização de oficinas de jogos a partir do projeto PIBID, para auxiliar docentes e formandos na aplicação dos conteúdos da disciplina. Assim, a teoria de David Ausubel serviu de base para nortear os estudos, pois este propõe uma aprendizagem significativa na qual pode-se estimular a aprendizagem por meio da descoberta e por meio da repetição, do ponto de vista da explicação e do delineamento do ensino. O processo de aprendizagem pode ocorrer de maneira distinta em cada sociedade e em cada época. Todavia, é fundamental para a formação do indivíduo. Diante disso, é necessário que essa aprendizagem seja verdadeiramente significativa a ponto de formar pessoas conscientes, críticas e capazes de lutar por seus ideais. Através dos séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de aproveitar-se das experiências e das descobertas das gerações anteriores, como também, por sua vez ofereceu sua contribuição para o crescente patrimônio do conhecimento e das técnicas humanas." (CAMPOS, 1983, p.15). A sociologia se coloca nesse contexto como disciplina ideal para a formação do pensamento dos indivíduos, desnaturalizando concepções e explicações de fenômenos sociais existentes, demonstrando que estes fenômenos possuem um conceito histórico e que possivelmente nem sempre foram assim, são, portanto, decorrentes dos interesses e das decisões das sociedades em dado momento. 2

3 II Seminário Estadual PIBID do Paraná Porém, sabemos que muitas vezes o processo de ensino-aprendizagem não consegue atingir seus objetivos devido a diversos motivos, seja por falta de políticas educacionais, por falta de pessoas capacitadas, por falta de estruturas físicas, ou ainda por falta de uma dinâmica ou metodologia adequada. Para o psicólogo de teoria psicoeducativa David Ausubel esse fato pode ser mais bem explicado usando o conceito subsunçor, segundo o qual esta (falta de) aprendizagem esta associada à aprendizagem mecânica, ou seja: Quando o conteúdo escolar a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já conhecido, quando as novas informações são aprendidas sem interagir com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Assim a pessoa decora fórmulas, leis, mas esquece após a avaliação. (AUSUBEL, 1965, apud RONCA) A estrutura cognitiva tende a ser hierarquicamente organizada com respeito ao nível de abstração, generalidade e inclusividade, aparecimento de novos significados refletindo a subsunção de um material potencialmente significativo por um conteúdo mais inclusivo. Por outro lado, pode existir também uma situação na qual o novo material que é aprendido é uma extensão ou qualificação de conceitos previamente aprendidos (AUSUBEL, 1965, apud RONCA). Segundo a teoria do autor, existem classes diferentes de aprendizagem. Sendo estas: aprendizagem significativa e aprendizagem memorística. Sendo a primeira aprendizagem muito mais vantajosa, pois se utiliza do enriquecimento da estrutura cognitiva do aluno como ponto de vista da lembrança posterior e da utilização para experimentar novas aprendizagens, fatores que delimitam como sendo a aprendizagem mais adequada para ser promovida entre os alunos. Além do mais, de acordo com Ausubel, pode-se conseguir a aprendizagem significativa tanto por meio da descoberta como por meio da repetição, do ponto de vista da explicação da aprendizagem escolar e do delineamento do ensino. Destaca ainda que a aprendizagem significativa pode ocorrer via percepção verbal. Três vantagens da aprendizagem significativa: O conhecimento que se adquire de maneira significativa é retido e lembrado por mais tempo; Aumenta a capacidade de aprender outros conteúdos de maneira mais fácil se a informação original for esquecida; Facilita a aprendizagem seguinte à reaprendizagem. 3

4 2. DESENVOLVIMENTO II Seminário Estadual PIBID do Paraná Um dos aspectos mais importantes da vasta obra de David Ausubel foi sua preocupação em construir uma teoria de ensino que pudesse ajudar os professores no seu desenvolvimento em sala de aula. Novos significados são adquiridos quando símbolos, conceitos e proposições são relacionados e incorporados à estrutura cognitiva de uma forma não arbitrária e substantiva. Sendo assim, deve-se salientar que a identificação da estrutura cognitiva dos alunos e identificação dos conceitos amplos de cada disciplina não pode estar dissociada do conhecimento da realidade na qual a escola e aluno estão inseridos. Seguindo esse modelo de aprendizagem foi desenvolvida uma proposta de intervenção com os alunos do terceiro ano do ensino médio e profissional do Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, por meio de uma oficina que foi realizada ao final do bimestre. Num primeiro momento foi realizada uma reunião para definição do que cada bolsista ficaria responsável em fazer. Ficou definido que ficaria dividido entre as seguintes funções: 1. Confecção do tabuleiro 2. Elaboração de fichas com perguntas. Os tabuleiros foram confeccionados de papelão reciclável e E.V.A., conforme FIGURA 01 anexa. As questões referentes às perguntas foram feita com a divisão do livro didático, Sociologia em Movimento de onde os bolsistas elaboraram questões relacionadas a cada capítulo que versam sobre: Sociedade, Cultura, Relações de poder, Mundo do trabalho, Globalização e a vida nas cidades do sec. XXI, conforme FIGURA 02 anexa. Após a execução da primeira fase, a supervisora corrigiu todas as fixas confeccionadas e depois realizou uma reunião para pontuar questões pendentes. A aplicação da oficina foi realizada com os alunos do terceiro ano do ensino médio. 4

5 ANALISE E RESULTADOS II Seminário Estadual PIBID do Paraná Após aplicação da atividade foi realizada uma roda de conversa com os alunos a fim de apontar pontos positivos e negativos do jogo. Dentre as respostas, as que se destacavam foram: 1. Adoraram o jogo; 2. Aprenderam por meio dele; 3. Havia questões difíceis, principalmente relacionadas com biografias e datas dos autores; 4. Adorariam utilizar essa técnica em sala de aula; 5. A atividade proporcionou aproximação e gosto pela disciplina; 6. Aproveitaram essas dicas para provas, concursos e vestibulares; 7. Relacionavam as dicas das fichas com outras disciplinas, principalmente historia; 8. Revisavam conteúdos; 9. Sentiram por não terem participado da atividade antes do ENEM; 10. No primeiro momento acharam chato, mas depois com maior entrosamento e informações, tornou-se dinâmico e legal; 11. O percurso de 15 casas do tabuleiro foi muito longo. O mais adequado seriam 10 casas, pois no caso de o mediador permanecer por mais uma jogada tiraria a chance dos demais jogadores pontuarem. A aplicação da atividade ocorreu com os alunos do 3º D, composto por 21 alunos, onde podemos perceber uma grande interação entre os participantes, destacando a comunicação proativa, a motivação, o companheirismo, o reconhecimento dos esforços de todos os participantes, a alegria e o desenvolvimento de um diálogo sadio e pertinente ao que se pretendia com o desenvolvimento da atividade. Essa ferramenta de ensino pode ser utilizada como alternativa às aulas convencionais (expositivas), principalmente quando determinadas disciplinas apresentam uma densidade grande de conteúdos. Pode contribuir no sentido de haver maior fixação de conteúdos e consequentemente maior aprendizagem, maior participação dos alunos em sala de aula, estreitamento da relação professor-aluno, entre outros. 5

6 II Seminário Estadual PIBID do Paraná Para os bolsistas serviu também como experiência para agregar valores e também poder verificar in loco como se dá o processo de planejamento de aula, separação de conteúdo por ano e por série, e que, um conteúdo estruturante pode ter vários desdobramentos para analise da disciplina de sociologia. Na imagem abaixo vemos a interação dos alunos durante a aplicação da oficina. 6

7 FIGURA 01 Tabuleiro de papelão e E.V.A. II Seminário Estadual PIBID do Paraná 7

8 FIGURA 02 Fichas das questões II Seminário Estadual PIBID do Paraná 8

9 II Seminário Estadual PIBID do Paraná REFERÊNCIAS BARBOSA, L. M. A.; MANGABEIRA, W. C. A incrível historia dos homens em suas relações sociais. CAMPOS, D. M. de S. Psicologia da Aprendizagem. Vozes (RJ), 1983, 14ª edição. KERN, E. B.; SANTOS, F. R. dos; BECKER, N. Sociologia e Educação: A experiência do programa de iniciação à docência em ciências sociais. Revista Todavia, Ano 1, nº 1, jul. 2010, p PELLIZARI, A.; KRIEGL, M. de L.; BARON, M. P.; FINCK, N. T. L.; DOROCINSKI, S. I. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v. 2, p , jul jul RONCA, A. C.C. Teorias de ensino: A contribuição de David Ausubel. Temas em Psicologia (1994), Nº 3, p Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 9