V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

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1 O JOGO RELAÇÕES ECOLÓGICAS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO. Crislaine de Almeida, Mariana da Silva Lopes, Taitiany Kárita Bonzanini Universidade de São Paulo USP/ Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ Eixo 5: Ciências Biológicas RESUMO Os jogos, como recursos de ensino, são importantes ferramentas que facilitam a aprendizagem por serem mecanismos lúdicos que instigam a curiosidade e o interesse dos alunos. Além disso, permitem o desenvolvimento das relações sociais entre os alunos, da cognição e da afeição. Para que cumpram seu papel da forma esperada, os jogos devem estar inseridos dentro de um objetivo bem determinado, com uma sequência didática préestabelecida. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta uma sequência didática sugerida para ser utilizada junto a alunos do ensino médio, enfocando como tema Relações Ecológicas. Tal sequência, dentre outros recursos apresenta um jogo elaborado para utilização como recurso complementar a aprendizagem, material esse produzido durante uma disciplina obrigatória do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Foi idealizado no intuito de possibilitar uma revisão dos conteúdos anteriormente abordados, além de discussões sobre os conhecimentos entre os alunos e o trabalho em equipe. Esse jogo foi avaliado pelos Licenciandos e pela professora da disciplina durante a qual foi produzido, sendo considerado como um adequado recurso para revisão dos conteúdos sobre o tema, além do grande potencial para despertar a curiosidade dos alunos por ser uma atividade lúdica e que foge à rotina tradicional das aulas de Ciências. INTRODUÇÃO Em uma sala de aula da Educação Básica, os alunos possuem maneiras diferentes de aprender os conhecimentos expostos, e o que determina o que cada estudante irá aprender são as diferentes metodologias utilizadas pelo professor para ensinar. Dentre diversos recursos conhecidos, o lúdico pode ser utilizado para garantir resultados mais eficazes na educação, mas para isso deve haver um planejamento e execução cuidadosos. Dentre as atividades lúdicas, o jogo aparece como uma das atividades mais trabalhadas pelos professores, por sua facilidade na elaboração e condução a resultados satisfatórios. Segundo Rizzo (2001) os jogos, pelas suas qualidades intrínsecas de desafio à ação voluntária e consciente, devem estar, obrigatoriamente, incluídos entre as inúmeras opções de trabalho escolar, ou seja, os jogos podem ser uma importante ferramenta didática e não podem ser ignorados no planejamento escolar da escola e do professor. De forma

2 geral, trabalhar com jogos em sala de aula possibilita ao professor atingir diversos objetivos junto aos alunos: desenvolvimento da criatividade, sociabilidade e das inteligências múltiplas; participação ativa; estímulo ao relacionamento entre os alunos; reforço dos conteúdos já aprendidos; desenvolvimento de novas habilidades; lidar com regras de convívio social; estímulo à suas próprias descobertas por meio do brincar; desenvolvimento de uma postura mais participativa e espontânea perante os colegas de classe; aumento da interação e integração entre os participantes; desenvolvimento de autoconfiança e concentração (Lisboa, M. apud in Portal Brinquedoteca). O professor pode utilizar jogos disponíveis em portais da internet, em livros didáticos ou desenvolvidos por outros professores, mas ele pode também criar seus próprios jogos, até mesmo a partir de materiais simples, como embalagens plásticas ou de papelão, desde que os jogos atendam aos seus objetivos e se relacionem aos conteúdos trabalhados. Porém, para que os jogos não se tornem atividades completamente dissociadas do contexto escolar, o que seria algo negativo aos alunos e aos conceitos que o professor busca explorar, os jogos devem estar associados aos conteúdos e objetivos da aula, sendo um recurso que torna o ensino mais prazeroso, utilizado com o fim de trabalhar conceitos científicos e auxiliar uma melhor compreensão por parte dos alunos. Nesse contexto, foi idealizado o Jogo das relações ecológicas, e sugere-se que o mesmo possa ser utilizado dentro do planejamento de uma sequência didática, como uma atividade lúdica capaz de resgatar nos estudantes conceitos anteriormente explorados e estimular seu pensamento crítico, pois ao mesmo tempo em que estimula o caráter de jogo, traz também conceitos que devem ser corretamente compreendidos pelos alunos para que eles possam avançar no jogo. MATERIAIS E MÉTODOS Durante uma disciplina obrigatória do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, foi proposta como uma das atividades avaliativas para a disciplina a construção de materiais que pudessem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem de forma mais instigante e motivadora. Além da construção de um material, o mesmo deveria ser inserido em um planejamento de aulas, como uma proposta de possível execução para um professor da Educação Básica. Nesse contexto foi produzido o Jogo das Relações Ecológicas, com a proposta de ser utilizado dentro de uma sequência didática de seis aulas, planejadas para a 1ª série do Ensino Médio. Dessa proposta, foi possível executar as quatro primeiras aulas em uma escola da rede pública estadual, atividade que se relacionou também a uma disciplina

3 obrigatória do curso de Licenciatura, disciplina relacionada a metodologia e estágio supervisionado. Já as duas últimas aulas da sequência didática foram propostas para a realização do jogo criado, porém aida não executadas com alunos do ensino médio. De acordo com a proposta, a primeira e segunda aulas da sequência são introdutórias e devem ser realizadas em uma aula dupla, com o objetivo de introduzir conceitos do tema Relações Ecológicas, a partir de atividades de reconhecimento das relações nas imagens, para verificar os conhecimentos prévios dos alunos. Com as imagens selecionados, propõe-se que os alunos sejam divididos em nove grupos de 3 a 4 alunos, cada grupo ficando com duas a três imagens de uma mesma relação. Os grupos estariam relacionados com as seguintes relações ecológicas: competição intraespecífica, sociedade, colônia, competição interespecífica, parasitismo, predatismo, comensalismo, protocooperação e mutualismo. Após um tempo de análise das imagens, propõe-se que cada grupo explique o que observou nas imagens para toda a sala, e o professor introduz os nomes das relações através das explicações dos alunos. Aspectos da ecologia e comportamento podem ser discutidos. A terceira aula seria expositiva dialogada, para esclarecer os conceitos das relações ecológicas, através de uma revisão com base na aula introdutória, e atividades presentes no material Curricular do Estado de São Paulo. Para a quarta aula, os alunos seriam divididos em grupos de quatro alunos e cada grupo receberia um texto interdisciplinar (pode ser música, poema, etc) que envolva mais de uma relação ecológica, as quais eles deveriam identificar. Em seguida, seria realizada uma discussão com a sala toda. Para a última aula dentro do tema Relações Ecológicas, foi proposto o jogo, com os objetivos de verificar o aprendizado dos alunos que pode ter sido interiorizado ao longo da sequência didática, bem como trazer novas informações a respeito das inúmeras relações ecológicas, além de tornar o aluno apto a identificar os diferentes tipos de relações com exemplos de diversas situações. O jogo relações ecológicas foi elaborado contendo as seguintes partes: um tabuleiro (figura 1), feito no programa PowerPoint, e três tipos de cartas elaboradas no programa Word. Conforme se joga um dado o jogador pode ocupar diferentes casas no tabulareis, tais como: casa Quem sou eu?, nessa casa o jogador deve retirar uma carta que contém uma questão a ser respondida, que o aluno deve responder corretamente para avançar no jogo. Existem também as cartas de benefícios ou penalidade, com as quais o jogador avança ou volta casas. O tabuleiro foi formulado com o objetivo de não permitir que um único jogador consiga jogar várias vezes seguidas, assim os dados possuem as faces de 1 a 3 para que o

4 máximo de perguntas possam ser respondidas, e também devido ao pequeno número de casas do tabuleiro. Os dados podem ser confeccionados pelos próprios alunos com papel cartolina. No caso dos peões, que representam cada jogador, o professor pode improvisar utilizando: grãos ou materiais escolares como borrachas e apontadores coloridos. Para o jogo, a proposta é dividir os alunos em duplas, e cada dupla receber um kit do jogo. As instruções devem ser lidas pelo professor junto aos alunos, que devem jogar segundo as instruções. O professor deve passear pelos grupos para auxiliá-los, bem como para poder avaliar o aprendizado. É indicado que o professor assista pelo menos quatro jogadas por dupla (jogadas em que o aluno caia nas casas de perguntas). O jogo pode ser utilizado como um método avaliativo que fornece um feedback do que foi trabalhado até o momento para verificar os eventuais pontos que necessitam ser retrabalhados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Atualmente, as demandas da sociedade contemporânea requerem que a escola revise as práticas pedagógicas e tal revisão passa pela reorganização dos conteúdos trabalhados, abandonando aqueles sem significação e elegendo um conjunto de temas que sejam relevantes para o aluno. Além disso, é necessário repensar as estratégias metodológicas visando à superação da aula meramente expositiva, substituindo-a por práticas pedagógicas capazes de auxiliar a formação de um sujeito competente, apto a reconstruir conhecimentos e utilizá-los para qualificar a sua vida (BORGES et al., 2007). Dessa forma, o jogo é importante também no contexto de envolver os alunos e estimular seu pensamento e reflexão. Após o desenvolvimento das quatro primeiras aulas da sequência didática proposta, observou-se boa aceitação pelos alunos participantes, cumprindo com seus objetivos. O jogo construído, com o tema Relações Ecológicas, deveria ser utilizado em atividades futuras servindo de apoio aos professores para realização de uma revisão para os alunos de uma forma divertida, como uma atividade lúdica capaz de resgatar conceitos anteriormente explorados e estimular seu pensamento crítico de forma prazerosa. Até o momento não foi possível aplicar o jogo junto aos alunos da rede pública de ensino, os quais participaram das primeiras aulas da sequência didática planejada. Entretanto, foi realizada uma avalição teste com os discentes da disciplina do curso de Licenciatura possíveis correções e aprimoramentos, e tal avaliação enfatizou o potencial para a revisão de conteúdo, além do potencial para despertar a curiosidade dos alunos por ser uma atividade lúdica e diferenciada das aulas meramente expositivas.

5 De uma forma geral, o jogo foi elaborado para que o aluno entenda os conceitos biológicos e faça a conexão do cotidiano com o conhecimento científico sem decorar os conceitos, mas construindo o conhecimento junto aos colegas e ao professor. Além disso, foi de fácil elaboração e confecção, sendo possível ser reproduzido por qualquer professor e até mesmo adaptado para o trabalho com outros temas e conteúdos. Figura 1: Tabuleiro do jogo de relações ecológicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O jogo das relações ecológicas parte de uma visão construtivista que considera o aluno como responsável pela construção de seus conhecimentos, e, assim, no seu desenvolvimento buscou-se a melhor maneira de fazer com que o aluno revise e entenda os conceitos biológicos de tal forma que consiga fazer a conexão com o conhecimento científico sem decorar o conteúdo e sim construir seu conhecimento de forma crítica e efetiva. Espera-se que essa proposta possa utilizada por demais professores e contribua significativamente para o processo de ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS BORGES, R. M. R.; LIMA, V. M. R. (2007). Tendências contemporâneas do ensino de Biologia no Brasil. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.6, n.1. Portal Brinquedoteca. A importância do lúdico na aprendizagem, com auxílio dos jogos (Monalisa Lisboa). Disponível em: RIZZO, G. Jogos Inteligentes: A construção do raciocínio na Escola Natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2001.