SALÁRIO E REMUNERAÇÃO
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- Camila Caetano Bergler
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1 1 SALÁRIO E REMUNERAÇÃO Onerosidade da relação de emprego - deve ser entendida como regra, da qual cabem poucas exceções, ditadas normalmente pela natureza da atividade empreendida (mães crecheiras, patronagem de CTG, etc). É um dos elementos configuratórios da relação empregatícia Salário - "é a retribuição devida e paga pelo empregador ao empregado, como contraprestação dos serviços prestados" ou "é a retribuição devida pelo empregador ao empregado, em equivalência subjetiva ao valor da contribuição deste na consecução dos fins almejados pelo empreendimento econômico." Remuneração - CLT, 457 " é o conjunto de todas as retribuições recebidas pelo empregado em virtude do contrato de trabalho, sejam elas provindas do empregador ou de terceiros". Salário básico pgf. 1 º CLT "importância fixa estipulada", sobre a qual são calculadas todas as outras parcelas, integrantes ou não do salário (com exceção dos adicionais de insalubridade). Integram o salário: comissões (percentagens), gratificações ajustadas - desde que habituais (adicionais por tempo de serviço, prêmios* por desempenho, produtividade, assiduidade, participação nos lucros das empresas*), diárias para viagens*, desde que ultrapassem 50% do valor do salário do empregado (En 101, TST) * = com algumas condições.
2 2 Não integram o salário: ajudas de custo, salário família, gorjetas, salário maternidade, vale-transporte, etc (integram a remuneração). Salário Complessivo (ou completivo) : consiste em fixar uma determinada importância fixa para remunerar várias rubricas. Ex: 300,00 que pagam o salário fixo, horas extraordinárias e adicional noturno - indiscriminadamente. Impossibilita a verificação da retidão no pagamento de todas as parcelas (e suas oscilações) e por isso, a inclinação dos Tribunais é no sentido de decretar a nulidade do pagamento. Súmula 91 TST. Salário mínimo : fixado e reajustado de acordo com a política nacional de salários e conforme o art. 7 º inc. IV CF/ , CLT. Salário Profissional : estipulado legalmente para determinadas profissões (advogados - Lei 8906/94, médicos e afins /61, engenheiros - Lei 4950-A/66, etc) Salário da Categoria: estipulado via instrumento coletivo (acordos, convenções e/ou dissídios) para valer especificamente para a categoria profissional em questão, em sua circunscrição territorial (piso salarial), pode estabelecer níveis salariais diferenciados de acordo com as atividades. Pode assumir as seguintes tipologias: PISO SALARIAL: é o valor mínimo que pode ser pago em uma categoria profissional ou a determinadas profissões numa categoria profissional. O piso é um acréscimo sobre o salário mínimo e é fixado, via de regra, de maneira convencional.
3 3 SALÁRIO NORMATIVO: é aquele fixado em sentença normativa proferida em dissídio coletivo pelos Tribunais do Trabalho. Expressa-se como uma forma de garantir os efeitos dos reajustamentos salariais coletivos porque impede a admissão de empregados com salários menores que o fixado pela sentença. SALÁRIO DE FUNÇÃO: é aquele garantido por sentença normativa como mínimo que pode ser pago a um empregado admitido para ocupar vaga aberta por outro empregado despedido sem justa causa. Como a dispensa sem justa causa gera a presunção de dispensa obstativa da aplicação dos reajustamentos salariais coletivos, garante-se ao novo empregado o valor que o empregador pagava na função, tomando-se por base o menor salário da função (Instrução Número 1 do TST, ex-prejulgado 56). A CLT conceitua... ACORDO COLETIVO / CONVENÇÃO COLETIVA art.611 DISSÍDIO COLETIVO art. 859 e ss. Salário utilidade (458, CLT): Primitivamente, o trabalhador laborava em troca de utilidades. Atualmente, as utilidades são admitidas somente como complemento/parte do salário pago em dinheiro, sendo que as despesas com habitação não poderão exceder 25% e as com alimentação 20% do salário contratual (art. 458, 3 o.) Também chamadas de prestações "in natura", as utilidades integram o salário para todos os efeitos, inclusive para efeitos de recolhimentos previdenciários e FGTS. Hipóteses mais comuns de utilidades: alimentação (inclusive vale-refeição En 241 TST), transporte, vestuário, habitação. O uniforme, os EPIS e a maquiagem (comerciárias, vg) não constituem-se salário "in
4 4 natura" eis que o trabalhador os utiliza para e no próprio trabalho, por imposição do empregador, não constituindo-se, portanto, em vantagem. COMISSÕES (ou percentagens) 466 CLT: constituem modalidade de retribuição condicionada ao serviço realizado pelo trabalhador. Corresponde, normalmente, a uma percentagem ajustada sobre o valor do serviço ou negócio executado ou encaminhado pelo trabalhador. A obrigação de pagar a comissão independe do resultado líquido (lucro) auferido pela empresa, bem como da perfectibilizaçao do crédito oriundo dessa venda (compensação do cheque, por ex.), porque é salário, sempre que o comissionista for um empregado (comissões sobre vendas - regulado pela Lei 3207/57). Gratificação contratual: a gratificação é uma remuneração especial, quer dizer, recompensa por serviços prestados ou pela colaboração do empregado - de natureza salarial : a gratificação ajustada - de natureza premial ou gratuita : gratificação liberalidade (não ajustada). Somente as gratificações ajustadas integram o salário. As gratificações estabelecidas de modo tácito, devem Ter forma comprobatória objetiva, consistente em critérios como habitualidade, periodicidade e uniformidade. (v. Sum 459 STF) Prêmios: suplemento à remuneração do empregado, destinado a recompensá-lo pela eficiência na prestação dos serviços, pela assiduidade com que comparece ao trabalho, etc. É uma verba de incentivo, que visa ao melhor rendimento e comportamento do empregado, alguns doutrinadores entendem que por isso se caracteriza mera liberalidade do empregador que não integra o salário do obreiro para qualquer efeito.
5 5 Abonos salariais (457, 1 º ): integram o salário para todos os efeitos legais. Visam manter o poder aquisitivo do salário. Diárias de viagem : também é tema controverso, com jurisprudência para todos os gostos. "Tem por fim indenizar despesas de viagem e manutenção do empregado, quando forçado a realizá-las para a execução do seu contrato de trabalho." Em verdade, conforme o En. 101 TST., não se incluem no salário as diárias de viagem que não excedam a 50% do salário mensal do empregado. Ajudas de Custo (470 CLT): destinam-se a indenizar as despesas do empregado, oriundas da sua transferência para local diverso daquele que têm domicílio. Constituem um único pagamento, para atender as despesas resultantes da transferência. Têm caráter indenizatório e não salarial. Gorjetas: são a retribuição paga por aqueles que se utilizam dos serviços da empresa, aos empregados que os executam. As gorjetas não representam salário, mas sim parcela da remuneração (457 CLT). Gratificação natalina: também conhecida como 13 º salário. Condições de pagamento: até o dia 20/12 de cada ano (metade deve ser antecipada até novembro - L. 4090/62 e 4749/65). Seu cálculo baseia-se na média salarial dos últimos 12 meses (parte fixa + parte variável - comissões, adicionais extraordinários, etc). A Jurisprudência do TST orienta-se no sentido de que as gorjetas não integram o cálculo da média referida. Em caso de rescisão contratual antes de seu pagamento, o funcionário faz jus a recebê-lo proporcionalmente, quando do pagamento das verbas rescisórias.
6 6 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE o empregado deve exercer sua atividade em local salubre, isento de qualquer elemento nocivo à saúde. Não sendo possível isso, deve receber um adicional de insalubridade que variará de acordo com o grau da condição ou agente insalutífero encontrado (grau mínimo: 10%, grau médio: 20% e grau máximo: 40%) e será calculado sobre a base do salário mínimo 1 ou salário regional da categoria quando assim existir 2-192, CLT e CF/88 7 º XXIII. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE o empregado que trabalhar exposto permanentemente 3 (ou de forma intermitente) a perigo de vida, em contato com explosivos, inflamáveis ou eletricidade (notadamente pública ou subestações de energia), faz jus ao adicional de periculosidade que corresponde ao acréscimo de 30% sobre seu salário contratual normal. art. 193, CLT + CF/88 (idem) TST Não cumuláveis entre si (necessidade de opção: 193 pgf 2 º ). Perícia ex officio : 195 pgf 2 º CLT + En 236 TST 1 Existe entendimento atual do STF dando conta que o adicional de insalubridade incide sobre a remuneração, em que pese o Enunciado 228 do TST dizer o contrário. Nº ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO - NOVA REDAÇÃO O percentual do adicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo de que cogita o art. 76 da CLT, salvo as hipóteses previstas no Enunciado nº O TST através do Enunciado 137 assim pronuncia-se sobre o assunto. Nº ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - CANCELADO É devido o adicional de serviço insalubre, calculado à base do salário mínimo da região, ainda que a remuneração contratual seja superior ao salário mínimo acrescido da taxa de insalubridade. Ex-prejulgado nº 8. 3 Enunciado do TST fala da possibilidade do empregado fazer jus ao adicional de periculosidade mesmos quando exposto ao agente periculoso de forma intermitente. Nº ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICITÁRIOS. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE O trabalho exercido em condições perigosas, embora de forma intermitente, dá direito ao empregado a receber o adicional de periculosidade de forma integral, porque a Lei nº 7.369, de não estabeleceu nenhuma proporcionalidade em relação ao seu pagamento.
7 7 ADICIONAL DE HORAS EXTRAS O trabalho extraordinário (além da 8 ª hora diária ou da 44 ª semanal, cf o caso), deverá ser sempre remunerado com o adicional nunca inferior a 50% (art. 7 º XVI). Em caso de trabalho em dia de rsr, o adicional extraordinário devido será de 100%. Horas Extras habituais: integram o salário do obreiro. TST 115 E 151 Supressão de horas extras habituais: 291, TST E se o acordo, convenção ou dissídio estabelecer percentuais maiores como adicionais extraordinários? Banco de Horas: sempre deve ser estabelecido por instrumento coletivo ( 2 º e 3 º do art. 59 CLT). Sobreaviso: 244 CLT aplicação analógica para funcionários com bip* (orientação jurisprudencial SDI TST 49 diz que não caracteriza sobreaviso, mas ainda existem muitos posicionamentos recentes, entendendo o contrário), celular, mobi ou residentes no local da prestação do serviço (1/3 das horas em expectativa independente de tê-las trabalhado ou não = apenas por estar de prontidão = não mais se entende que esteve 24hs à disposição do empregador). Compensação de horário: originalmente prevista para o trabalho do Sábado. Vige ainda a exigência do art. 60 CLT / 349 TST 4 : dispensável a inspeção prévia, mas necessária a avença via instrumento coletivo. ADICIONAL NOTURNO Compreende-se por horário de trabalho noturno aquele entre as 22hs de um dia e as 5hs do outro, nos centros urbanos. Nesses casos, o trabalhador terá hora de 52m30seg. e receberá adicional mínimo de 20% 4 Nº ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO EM ATIVIDADE INSALUBRE, CELEBRADO POR ACORDO COLETIVO. VALIDADE A validade de acordo coletivo ou convenção coletiva de compensação de jornada de trabalho em atividade insalubre prescinde da inspeção prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho (art. 7º, XIII, da CF/1988; art. 60 da CLT).
8 8 sobre a hora normal. (Agrícola: 21 às 5 e pecuário: 20 às 4 = acréscimo de 25% e hora de 60 minutos Lei 5889). O pagamento com habitualidade tb integra o salário do obreiro. Aos menores de 18 anos é proibido o trabalho noturno. HORAS IN ITINERE O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, e para o seu retorno, é computável na jornada de trabalho. (TST, 90) + TST, 320. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA o empregado não pode ser transferido de seu local de trabalho, salvo em casos expressos e previstos em lei (ou em virtude de instrumento coletivo) Adicional mínimo de 25% enquanto perdurar a situação. V. 469 e pgf 3 º CLT CLT (ajuda de custo, vg) PROTEÇÃO DO SALÁRIO DO EMPREGADO A proteção legal do salário do trabalhador brasileiro se opera em virtude de diversos agentes, a saber: a) DO EMPREGADOR: IRREDUTIBILIDADE E CONTROLE DOS DESCONTOS: 7 º VI da CF/ , CLT INALTERABILIDADE (quanto à forma e não à quantidade) 468, CLT. PAGAMENTO DIRETO: 464, CLT (forma de prova processual, inclusive). PAGAMENTO EM MOEDA DE CURSO LEGAL: 463, CLT (nulidade de pagamentos em dólar, títulos diversos, etc), 464 pgf único (o empregado deve manifestar, previamente, sua concordância quanto à forma de recebimento).
9 9 PONTUALIDADE: 459, CLT (até o 5 º dia útil do mês subseqüente ao trabalhado/vencido). A principal sanção quanto à não observância consiste em poder o empregado considerar rescindido o contrato de trabalho, por justa causa do empregador (483, d + pgf 3 º 483 CLT). PAGAMENTO EM HORÁRIO E LOCAL DE TRABALHO: 465, CLT. EQUIPARAÇÃO SALARIAL: 461, CLT (requisitos) b) DOS CREDORES DO EMPREGADOR: CRÉDITO PRIVILEGIADO: na falência ou dissolução judicial da empresa. CRÉDITO INALCANÇÁVEL: na concordata. c) DOS CREDORES DO EMPREGADO: IMPENHORABILIDADE: o valor relativo a salários é impenhorável por dívidas comuns (até mesmo as fiscais). Exceptuam-se, portanto, as dívidas oriundas de pensionamentos alimentícios (advindas de qualquer vínculo marital ou parental [filial ou colateral], desde que determinadas por juízo compentente provisória ou definitivamente ou pactuadas pelas partes).
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