Aspectos Contratuais: Introdução

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1 Aspectos Contratuais: Introdução A prática comercial demonstra que o sucesso de um produto depende, em boa parte, de promoção adequada e de uma eficiente rede de distribuição, que abarque toda a região com potencial de comercialização. Sem a chegada do bem ao consumidor, é possível que de nada adiante a sua qualidade ou mesmo o preço conveniente. Por esta razão, é cada vez maior a atenção que as empresas dispensam ao sistema de escoamento de sua produção, buscando otimizar seus resultados mediante a escolha do melhor método disponível. Considerando que um vasto leque de opções se apresenta para a mesma função econômica de escoamento dos produtos, qual a melhor solução para o meu negócio?

2 PANORMA LEGISLATIVO TRABALHO RURAL Constituição Federal 1988 equiparação entre trabalhadores urbanos e rurais. Lei nº 5889/73 regula o trabalho rural. CLT aplicação subsidiária (desde que compatíveis com as peculiaridades rurais) Normas Regulamentadoras (NR 31)

3 DIREITOS - TRABALHADORES RURAIS Aviso Prévio Proporcional: 30 dias + 3 dias por ano trabalhado. Salário Mínimo e/ou Salário Normativo. FGTS. Jornada de Trabalho: 8 horas diárias e 44 semanais. Adicional de Horas Extras: 50% ou aquele definido em CCT e/ou ACT. Horário Noturno (pecuária): das 20h00 às 04h00. Adicional Noturno: mínimo de 25% (não há redução ficta da hora noturna). Horas in itinere.

4 DIREITOS - TRABALHADORES RURAIS Repouso Semanal Remunerado: preferencialmente aos domingos. 13º Salário. Férias + 1/3. Estabilidade Gestante. Licença Paternidade. Seguro Desemprego. Intervalo Interjornada (11 horas) e Intrajornada (observados os usos e costumes da região art.5º da Lei 5589/73 x 1 hora art.71 da CLT).

5 DIREITOS - TRABALHADORES RURAIS Adicional de Insalubridade ou Periculosidade, se o caso. Fornecimento de Habitação e Alimentação com possibilidade de desconto em folha, desde que previamente autorizadas pelo trabalhador. Para não caracterizar salário in natura (integração à remuneração do rurícola), imprescindível a (i) existência de ajuste escrito, (ii) assinatura de duas testemunhas, (iii) notificação ao Sindicato dos trabalhadores rurais.

6 OBRIGAÇÕES EMPREGADOR RURAL Assegurar os direitos trabalhistas, inclusive os assegurados em Convenção Coletiva de Trabalho. Assegurar condições dignas de trabalho (transporte, moradia e higiene satisfatórios e adequados, água potável, alimentação balanceada, liberdade de ir e vir não aprisionamento por dívida, respeito ao limite máximo da jornada, fornecimento de equipamentos de proteção, ambiente de trabalho seguro, entre outros). Fornecer ferramentas de trabalho. Fornecer e fiscalizar o uso de EPI s e ferramentas. Observância das normas de segurança e medicina do trabalho (NR-31 encampou as antigas NRR s). Propriedades com mais de 50 famílias - manutenção de escola aos filhos menores dos rurícolas empregados (educação gratuita).

7 NORMA REGULAMENTADORA NR- 31 Qual o objetivo desta Norma Regulamentadora? Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho (NR 31 item ). Principais regras estabelecidas: CIPATR, SESTR, Agrotóxicos e Produtos Afins, Meio-Ambiente e Resíduos, Ergonomia, Ferramentas Manuais, Máquinas e Implementos Agrícolas, Silos, Acesso e Vias de Circulação, Transporte de Trabalhadores, Trabalho com animais (item 31.18), Fatores Climáticos, Medidas de Proteção Pessoal, Edificações Rurais, Instalações Elétricas, Área de Vivência, Instalações Sanitárias, Locais para Refeição, Alojamentos, Lavanderia, Moradia)

8 NORMA REGULAMENTADORA NR Trabalho com Animais O empregador rural ou equiparado deve garantir: a) imunização, quando necessária, dos trabalhadores em contato com os animais; b) medidas de segurança quanto à manipulação e eliminação de secreções, excreções e restos de animais, incluindo a limpeza e desinfecção das instalações contaminadas; c) fornecimento de desinfetantes e de água suficientes para a adequada higienização dos locais de trabalho Em todas as etapas dos processos de trabalhos com animais devem ser disponibilizadas aos trabalhadores informações sobre: a) formas corretas e locais adequados de aproximação, contato e imobilização; b) maneiras de higienização pessoal e do ambiente; c) reconhecimento e precauções relativas a doenças transmissíveis É proibida a reutilização de águas utilizadas no trato com animais, para uso humano No transporte com tração animal devem ser utilizados animais adestrados e treinados por trabalhador preparado para este fim.

9 TRABALHO ANÁLOGO À CONDIÇÃO DE ESCRAVO Fonte: Canal Rural 11/2014

10 TRABALHO ANÁLOGO À CONDIÇÃO DE ESCRAVO O trabalho análogo à condição de escravo não se encontra bem definido e/ou conceituado pelo ordenamento jurídico pátrio, não obstante, o Código Penal tipifica como crime a sua prática. Cenário Internacional: OIT Convenção nº 29 art.2º traz o conceito de trabalho forçado: todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente. Código Penal - Art reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

11 TRABALHO ANÁLOGO À CONDIÇÃO DE ESCRAVO Cenário Legislativo PL A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento Desenvolvimento Rural aprovou, em abril do corrente ano, proposta que define o que é trabalho escravo no Brasil, e altera, por conseguinte, a redação do art.149 do Código Penal. Pelo Projeto de Lei 3842/12, do ex-deputado Moreira Mendes, a expressão "condição análoga à de escravo, trabalho forçado ou obrigatório" compreende o trabalho ou serviço realizado sob ameaça, coação ou violência, com restrição de locomoção e para o qual a pessoa não tenha se oferecido espontaneamente.

12 TRABALHO ANÁLOGO À CONDIÇÃO DE ESCRAVO Trabalho escravo x Expropriação Imobiliária (EC 81) A Emenda Constitucional 81/2014 prevê a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde for constada a prática de trabalho escravo, por isso é de suma importância bem conceituar o que é condição de trabalho análoga à de escravo. Art As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.

13 PANORAMA LEGISLATIVO Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (1993): limita a terceirização aos serviços de limpeza, vigilância e aos serviços considerados atividade-meio (que não são o foco do negócio) em vigor. Responsabilização subsidiária da tomadora do serviço em vigor. Projeto de Lei 4330/2004, autoria Sandro Mabel (PL/GO) aprovado pela Câmara Federal em 08/04/2015 (324 votos favoráveis, 137 votos contrários, e 2 abstenções), com principais destaques para a possibilidade de terceirizar qualquer atividade (meio e fim) e responsabilidade solidária da tomadora de serviço. (240 emendas foram apresentadas ao PL, originariamente o texto contava com 19 artigos, e após aprovado pela Câmara dos Deputados o PL contempla 28 artigos)

14 TERCEIRIZAÇÃO VÁCUO LEGISLATIVO O instituto da TERCEIRIZAÇÃO ainda não está definido em lei, e não há, até o presente momento, uma norma jurídica VIGENTE que regulamente a matéria. O Projeto de Lei nº 4330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel (PL/GO) em tramitação há mais de uma década, foi votado e aprovado pela Câmara Federal, no último dia 08/04/2015, porém, ainda está pendente de votação pelo Senado. Se sofrer alteração em razão de emendas, retornará à Câmara Federal, para somente após seguir para sanção presidencial.

15 MUDANÇAS À VISTA!!! SÚMULA 331 DO TST PL redação final Câmara Federal I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ILEGAL, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de ). Conceito de terceirização: a transferência feita pela contratante da execução de parcela de QUALQUER DE SUAS ATIVIDADES à contratada para que esta a realize na forma prevista nesta Lei. (art.2, I) III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de ) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à ATIVIDADE-MEIO do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. Contrata: associações, sociedade, fundações e empresas individuais que SEJAM ESPECIALIZADAS e que prestem serviços determinados e específicos a parcela de qualquer atividade da contratante e que possuam QUALIFICAÇÃO TÉCNICA para a prestação do serviço contratado e capacidade econômica compatível com a sua execução.

16 MUDANÇAS À VISTA!!! SÚMULA 331 DO TST CLT Empresas Prestadoras - Não há disposição sumular. Art. 2º da CLT: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. PL redação final Câmara Federal NÃO podem figurar como prestadora de serviço: A pessoa jurídica cujos titulares ou sócios guarde, cumulativamente, com o contratante do serviço relação de PESSOALIDADE, SUBORDINAÇÃO JURÍDICA, e HABITUALIDADE. (art.2º, 2º, II) A pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos 12 MESES, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício (QUARENTENA), exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados. (art.2º, 2º, III)

17 MUDANÇAS À VISTA!!! SÚMULA 331 DO TST CLT Responsabilidade das Empresas Prestadoras - Não há disposição sumular. Art. 2º da CLT: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. PL redação final Câmara Federal A prestadora de serviço é responsável pelo PLANEJAMENTO e pela EXECUÇÃO dos serviços, nos termos previstos no contrato com a tomadora. (art.3º). A prestadora de serviço CONTRATA, REMUNERA e DIRIGE o trabalho realizado por seus empregados. (art.3º, 2º). A terceirização ou SUBCONTRATAÇÃO pela contratada de parcela específica da execução do objeto do contrato somente poderá ocorrer quando se tratar de serviços técnicos especializados e mediante previsão no contrato original (art.3º, 2º), devendo tal exceção ser comunicada aos sindicatos dos trabalhadores das respectivas categorias profissionais. (art.3º, 3º) hipótese de quarteirização.

18 AFINAL O QUE SE PODE TERCEIRIZAR HOJE? Hoje, por força da jurisprudência trabalhista, reputa-se LÍCITA apenas a TERCEIRIZAÇÃO de atividades consideradas como NÃO finalísticas, essenciais e/ou nucleares da Empresa. ATIVIDADE-FIM é portanto a atividade NUCLEAR ou ESSENCIAL para o desenvolvimento do objeto social, e, a priori, conforme Súmula 331 do TST, NÃO é passível de ser terceirizada. (hipótese que será superada com a aprovação do PL 4.330)

19 O QUE DEVE SER OBSERVADO COM APROVAÇÃO DO PL Para que NÃO exista o vínculo de emprego com a empresa tomadora, é de CRUCIAL importância que a PESSOALIDADE e a SUBORDINAÇÃO JURÍDICA se deem APENAS com a prestadora que fornece a mão-de-obra. Caso o serviço seja feito no estabelecimento da tomadora, deve ser executado SOB AS ORDENS de prepostos da prestadora e não da tomadora, sob pena de formação de vínculo de emprego direto com a tomadora e pagamento dos consectários legais (isonomia quanto ao salário e benefícios concedidos aos trabalhadores diretos).

20 Empregado Direto X Terceirizado EMPREGADO DIRETO Pessoa Física Pessoalidade Caráter NÃO eventual Onerosidade Subordinação jurídica e hierárquica. Observância às normas coletivas da categoria (salário normativo e benefícios) TERCEIRIZADO Pessoa Jurídica (especializada) Não Pessoalidade (pode ser substituído) Caráter NÃO eventual Onerosidade Sem subordinação jurídica e hierárquica em relação ao tomador do serviço. (recebe ordens e trabalha em local e horário designada pela prestadora. Não há equiparação aos salários pagos pela tomadora, nem tampouco observância à norma coletiva aplicada aos trabalhadores diretos, exceto nos casos de contratação de terceirizados que pertençam à mesma categoria econômica da tomadora.

21 PECADOS CAPITAIS DA TERCEIRIZAÇÃO I) Terceirizar atividades que não deveriam ser terceirizadas. II) Selecionar prestadora de serviço errada. III) Redigir um contrato pobre. IV) Subestimar as questões de pessoal. V) Perder o controle da atividade terceirizada. VI) Subestimar os custos ocultos da terceirização. VII) Deixar de planejar uma estratégia de saída. Fonte : Os Sete Pecados Capitais da Terceirização Barthélemy, 2004

22 Agradecimentos Agradecemos a participação de todos, e ficamos à inteira disposição para quaisquer outros esclarecimentos. Veridiana Moreira Police veridiana.police@fius.com.br;