Sindicato das Misericórdias e Entidades Filantrópicas e Beneficentes do Estado do Rio de Janeiro.

Transcrição

1 1 Circular 22/2015 Rio de Janeiro, 12 de maio de Ref: Projeto de Lei da Terceirização Ilmo Provedor / Presidente / Diretor O Senado Federal lançou, na internet, uma pesquisa sobre o projeto de lei que regulamenta a terceirização de serviços, incluindo aqueles vinculados à atividade-fim da empresa. O projeto original (PL 4330/2014) foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 22 de abril e tramita desde o dia 28 do mesmo mês no Senado sob o número 30/2015. Até o momento, cerca de 80% dos que se manifestaram em relação à pesquisa realizada pelo Senado mostraram-se contra o PL Ocorre que, sob nosso ponto de vista, é importante que se conheça os detalhes do Projeto de Lei. Em virtude deste fato, pinçamos algumas mudanças introduzidas pela nova lei, sem qualquer juízo de valor, deixando tal valoração a cargo de cada entidade. Projeto de Lei nº 4.330/ O PL regula os contratos de terceirização e as relações de trabalho dele decorrentes no âmbito das empresas privadas. As disposições da Lei não se aplicam aos contratos de terceirização no âmbito da administração pública direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 2. A PL apresenta os conceitos da Terceirização, Contratante e Contratada, inclusive, como já mencionado acima, a possibilidade de terceirizar serviços inerentes à atividade fim da empresa; 3. Podem figurar como contratantes o produtor rural pessoa física e o profissional liberal no exercício de sua profissão. Por outro lado, não podem figurar como contratadas: a pessoa jurídica cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado da contratante; a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade; a pessoa jurídica cujos

2 2 titulares ou sócios tenham, nos últimos 12 (doze) meses, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados; 4. A contratante será solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias devidas pela contratada, caso não fiscalize o cumprimento dessas obrigações. Caso a contratante tenha fiscalizado corretamente a contratada, e não obstante alguns entendimentos contrários, a responsabilidade será subsidiária, ou seja, neste caso, a contratante só será responsável se o patrimônio da contratada não for suficiente para o adimplemento das obrigações (entendimento já exposto em recente evento pelo Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, Dr. Leonardo Dias Borges); 5. Em caso de inadimplemento, a contratante deverá realizar diretamente aos funcionários da contratada o pagamento dos salários, recolhimentos fiscais e previdenciários e depósito do FGTS. Nesse caso, não poderá ser reconhecido o vínculo empregatício entre prestador de serviço integrante do quadro da contratada e a contratante. Em caso de pagamento direto pela empresa contratante, o Sindicato representante da categoria do trabalhador deve ser notificado para acompanhamento; 6. Existe um rol fechado quanto aos itens que obrigatoriamente devem ser fiscalizados pela contratante, a saber: pagamento de salários, adicionais, horas extras, repouso semanal remunerado e décimo terceiro salário; concessão de férias remuneradas e pagamento do respectivo adicional; concessão do vale transporte, quando for devido; depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; pagamento de obrigações trabalhistas e previdenciárias dos empregados dispensados até a data da extinção do contrato de terceirização; recolhimento de obrigações previdenciárias; 7. A obrigatoriedade de a pessoa jurídica contratada apresentar garantia de valor correspondente a 4% (quatro por cento) do valor do contrato, limitada a 50% (cinquenta por cento) do valor equivalente a 01 (um) mês de faturamento do contrato. Para os contratos em que o valor da mão-de-obra corresponda a 50% (cinquenta por cento) do total, a garantia deverá corresponder a 4% (quatro por cento) do valor do contrato, limitada a 130 % (cento e trinta por cento) do valor equivalente a um mês de faturamento;

3 3 8. A liberação da garantia dependerá da comprovação, pela contratada, do cumprimento das obrigações previdenciárias e trabalhistas relativas aos empregados alocados na prestação de serviços. A garantia terá validade por 90 dias após o encerramento do contrato, para fins de pagamento das obrigações trabalhistas e previdenciárias; 9. Autorização para a quarteirização de parte do serviço contratado, desde que: o serviço subcontratado seja um serviço técnico especializado; haja previsão no contrato original; bem como, que tal procedimento seja comunicado aos sindicatos dos trabalhadores. 10. O objeto social da contratada deve ser único e compatível com o objeto do contrato, sendo permitido mais de um objeto social, desde que as atividades desenvolvidas sejam relacionadas à mesma área de atuação ou especialização; 11. Na celebração do contrato, também deve ser exigida a apresentação, pela contratada, dos seguintes documentos: contrato social atualizado com capital integralizado compatível com a execução dos serviços; inscrição no CNPJ; registro no órgão competente (Junta Comercial ou cartório); 12. No contrato deverá constar: a descrição do objeto social da contratada; a especificação do serviço a ser prestado; o local e o prazo para prestação dos serviços, quando for o caso; a obrigatoriedade de a contratante fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias (inclusive exigindo a comprovação de pagamentos de salários, adicionais, horas extras, repouso semanal remunerado, 13º salário, férias, vale transporte, FGTS, verbas rescisórias, etc.); a possibilidade de interrupção do pagamento, pela Contratante, se constatado o inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias indicadas no item anterior; a possibilidade da retenção das verbas necessárias ao adimplemento das obrigações; 13. A obrigatoriedade de o serviço contratado ser especializado, inclusive com demonstração da aptidão da contratada, a indicação das instalações, equipamentos e pessoal disponível para realização dos serviços e a indicação da qualificação dos membros da equipe técnica. 14. A contratação de pessoas jurídicas que atuem em área que exijam qualificação específica, como os serviços médicos, de enfermagem, biomedicina, dentre outros, dependerá do registro prévio da pessoa jurídica contratada no conselho profissional competente e a anotação dos profissionais legalmente habilitados;

4 4 15. Vedação à alocação dos empregados da contratada em atividades que não às indicadas no contrato; 16. Será nula cláusula que proíba ou imponha condição à contratação pela contratante de empregado da contratada; 17. Obrigatoriedade de a contratante notificar o sindicato do setor envolvido na prestação dos serviços acerca da celebração do contrato, no prazo de 10 dias contados da data da assinatura do instrumento legal; 18. Havendo celebração de contrato de prestação de serviços entre empresas que pertençam à mesma categoria econômica, os empregados da contratada envolvidos no contrato serão representados pelo mesmo sindicato que representa os empregados da contratante; 19. Nos serviços continuados em que haja alocação de trabalhadores integralmente voltados à execução do contrato, o PL 4330/2004 permite que o contrato contenha previsão que autorize o depósito, em conta específica, dos valores relacionados ao cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias. Nesse caso, a conta só poderá ser movimentada por ordem da contratante. (o PL define como serviços continuados aqueles que sejam prestados por mais de um exercício financeiro); 20. Aos empregados da contratada, quando e enquanto executarem os serviços nas dependências da contratante ou em local por ela designado, serão garantidas as mesmas condições: de alimentação fornecida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitório; de transporte, quando fornecido pelo empregador; atendimento médico ou ambulatorial existente na contratante ou em local por ela designado; treinamento adequado, quando a atividade exigir; sanitárias, de proteção à saúde e segurança do trabalho. 21. Nos casos em que a contratação de terceiros for igual ou superior a 20% do número de empregados da contratante, poderá ser disponibilizado aos empregados da contratada alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais, desde que sejam apropriados e de igual padrão de atendimento, a fim de viabilizar o funcionamento dos serviços já existentes. 22. Os contratos de prestação de serviços já existentes terão que ser adequados no prazo de 180 dias a partir da publicação da lei, caso a mesma venha a ser aprovada no Senado.

5 5 A presente circular tem por único objetivo apresentar resumo do tema para que essa entidade possa se manifestar de forma favorável ou desfavorável ao Projeto de Lei que se encontra em Trâmite no Senado. No entanto, é de suma importância ressaltarmos que os termos do Projeto ainda não foram aprovados ou rejeitados, motivo pelo qual, a questão da terceirização ainda permanece sem regulamentação, e, por conseguinte, prevalece o posicionamento já consolidado pelos Tribunais quanto à vedação de terceirização de serviços vinculados à atividade fim da empresa. Atenciosamente Dra. Maria Cristina Feistauer Assessora Jurídica Rosaura Lima Vice- Presidente