Pré-condicionamento em sementes de Punica granatum L.com diferentes tipos de secção para coloração com tetrazólio

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1 Pré-condicionamento em sementes de Punica granatum L.com diferentes tipos de secção para coloração com tetrazólio Lorene Ariane Pereira Gularte(PICV//UENP)Rafaelle de Almeida Silva (PICV/UENP) Larissa Vinis Correia(PIBIC/UENP) Elisete Aparecida Fernandes Osipi(orientador) Centro de Ciencias Agrárias - Campus Luiz Meneghel - Universidade Estadual do Norte do Paraná Elisete@pibic.br Resumo Este trabalho teve como objetivo avaliar 4 procedimentos de secção no preparo da semente de Punica granatum L, visando proporcionar a difusão de tetrazólioem seu interior para evidenciar coloração. O experimento foi conduzido em laboratório no Setor de Produção Vegetal, CCA-UENP-CLM-Bandeirantes-PR. Foram utilizadas sementes de 10 frutos maduros cuja remoção do arilo foi realizada em malha de peneira de aço sob água corrente com posterior secagem à sombra, sobre papel absorvente durante 3 dias. As sementes foram imersas em água destilada à temperatura de 25ºC, em câmara BOD durante 24 horas e submetidas a 4 procedimentos de corte: secção longitudinal e lateral ao embrião;secção transversal no ápice e também na base da semente; secção transversal na base e secção transversal. Após, foram embebidas com Cloreto TrifenilTetrazólioà 0,5% durante18 horas e na sequência, seccionadas longitudinalmente através do embrião e avaliadas individualmente de acordo com a coloração e a proporção da coloração nos tecidos. Aquelas com 100% dos tecidos em tonalidade rosa foram consideradas viáveis de alto vigor, as com 50% ou menos dos tecidos de coloração rosa, viáveis de baixo vigor e as 100% de coloração branca, mortas. O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 5 repetições, totalizando 20 parcelas, tendo cada parcela 25 sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo programa sasmagri, e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Fundamentação teórica A romã (Punica granatum L.) é uma espécie economicamente importante de regiões tropicais e subtropicais do mundo devido às suas características para utilização farmacêuticas e ornamental, além de suas deliciosas frutas comestíveis (JAYESH; KUMAR, 2004). A propagação da romãzeira, comumente feita de forma sexuada esbarra no obstáculo da presença de dormência e baixos índices de germinação em suas sementes (RAWAT et al., 2010) que também é um obstáculo para seu cultivo. O teste de tetrazólio, usado como técnica para estimar a viabilidade e o vigor das sementes (DESWAL; CHAND,1997), tem sido considerado como uma alternativa promissora, devido à rapidez e à eficiência de seus resultados, evidenciando-se a necessidade de desenvolver e/ou aprimorar testes que possibilitem a avaliação da qualidade das sementes, principalmente das espécies que requerem um longo período para completar o teste de germinação (MCDONALD, 1998), como o romã.

2 O teste de tetrazólio baseia-se na atividade das enzimas desidrogenases, particularmente a desidrogenase do ácido málico, que reduz o sal 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio nos tecidos vivos da semente, onde íons de hidrogênio são transferidos para o referido sal (DELOUCHE et al., 1976). Quando a semente é imersa na solução de tetrazólio, esta se difunde através dos tecidos, ocorrendo nas células vivas, a reação de redução, resultando na formação de um composto vermelho, não difusível, conhecido como trifenilformazan, indicando haver atividade respiratória nas mitocôndrias e, consequentemente, que o tecido é viável (vivo). Tecidos mortos (não viáveis) não reagem com a solução conservando sua cor natural (LAZAROTTO et al., 2011). A intensidade e localização das partes coloridas e descoloridas são utilizadas para a interpretação do teste. As sementes viáveis tendem a absorver a solução de tetrazólio lentamente, desenvolvendo coloração mais suave do que sementes deterioradas, que adquirem coloração rosa forte. Os tecidos mortos, nos quais não há atividade dessas enzimas, são caracterizados pela coloração branca ou amarelados e textura flácida (FRANÇA NETO, 1999). Em geral, as sementes devem ser pré-embebidas em água antes de serem submetidas à imersão na solução de tetrazólio, com o objetivo de ativar o metabolismo enzimático, uma etapa conhecida como pré-condicionamento. Após o pré-condicionamento, muitas espécies ainda necessitam de técnicas preparatórias, que envolvem, frequentemente, a punção, o corte e/ou a remoção do tegumento (COSTA; SANTOS, 2010). Para as espécies arbóreas hortícolas não existem metodologias para a realização do teste de tetrazólio. A literatura não apresenta informações que contribuam para o desenvolvimento de uma metodologia para a avaliar a viabilidade das sementes de romã através do teste de tetrazólio. Desta forma, para contribuir com informações que venham a possibilitar o desenvolvimento deste teste para sementes de romã, este trabalho teve como objetivo, no preparo da semente, avaliar 4 procedimentos de secção, visando proporcionar a difusão de tetrazólio no interior da mesma, para a evidenciar coloração nas viáveis. Materiais e métodos O experimento foi conduzido em laboratório no Setor de Produção Vegetal, CCA- UENP, CLM-Bandeirantes-PR, em junho de As sementes de romã foram extraídas manualmente de 10 frutos fisiologicamente maduros, obtidos de 10 plantas de pomares domésticos. A remoção do arilo das sementes foi realizada manualmente esfregando as sementes na malha de peneira de aço sob água corrente, procedendo na sequência a secagem à sombra, sobre papel absorvente durante 3 dias. Com base em Brasil (2009), as sementes foram imersas em água destilada à temperatura de 25ºC, em câmara BOD durante 24 horas, após a realização de pré-testes para determinação do período de imersão que permitisse maior facilidade para cortar as sementes. Na sequência, as sementes foram preparadas para a coloração sendo submetidas a 4 procedimentos de corte sem atingir áreas críticas: secção longitudinal e lateral ao embrião;secção transversal no ápice e também na base da semente, eliminando uma pequena porção em cada secção; secção transversal na base e eliminação de pequena porção, na base; e secção transversal e eliminação de pequena porção, no ápice. As sementes foram acondicionadas em Placas de Petri (25/placa), com ausência de luz, a 25ºC em BOD, para a embebição com Cloreto TrifenilTetrazólioà 0,5 %. Após 18 horas as sementes foram lavadas em água corrente, seccionadas longitudinalmente através do centro do eixo embrionário e avaliadas individualmente de acordo com a coloração e a proporção

3 da coloração nos tecidos. As sementes com 100% dos tecidos em tonalidade rosa foram consideradas viáveis de alto vigor, as com 50% ou menos dos tecidos de coloração rosa, viáveis de baixo vigor e as 100% de coloração branca, mortas. O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 5 repetições, totalizando 20 parcelas, tendo cada parcela 25 sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo programa sasmagri e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados A secção longitudinal foi a que melhor proporcionou a difusão do tetrazólio, indicando 92% de sementes viáveis vigorosas e pequenospercentuais de sementes viáveis pouco vigorosas ou mortas (Tabela1). Isto se insere à afirmação de Costa e Santos, 2010 de que é necessário que a solução de tetrazólio seja adequadamente absorvida pelas sementes, para que os resultados do teste sejam satisfatórios. Por outro lado, esse procedimento possibilitou o desprendimento entre o material interno e o tegumento (Figura 1), em várias sementes, dificultando a avaliação, o que talvez não ocorresse com a diminuição do tempo de exposição da semente ao tetrazólio, daquele aqui utilizado. Tabela 1. Médias em percentual da viabilidade de sementes de romã (Punica granatum L.), preparadas com diferentes procedimentos de secção, para serem embebidas com solução de tetrazólio a 5% por 18h a 25 C. Secção 100% rosa 50% ou menos, rosa 100% branca Longitudinal 92,0 a 3,2 c 4,8 a Transv.Basal e Apical 56, 8 b 38,4 b 4,8 a Transv. Região Basal 40,0 c 52,0 a 8,0 a Transv. Região Apical 37,6 c 46,4 ab 16,0 a DMS 15,58 13,46 4,14 CV% 15,20 21,23 108,85

4 Figura 1. Sementes de romã (Punica granatum L.), após coloração com solução de Cloreto TrifenilTetrazólio a 5% por 18h a 25 C, submetidas aos cortes: A-secção longitudinal e lateral ao embrião;b-secção transversal no ápice e também na base da semente, eliminando uma pequena porção em cada secção;c-secção transversal na base e eliminação de pequena porção, na base;d-e secção transversal e eliminação de pequena porção, no ápice Na sequência apresenta-se o procedimento com cortes transversais em ambas as extremidades, com percentual de sementes viáveis vigorosas (56,8) inferior ao anterior, mas com as viáveis pouco vigorosas, estatisticamente superior àquele. Poderia aqui ser aventada a possibilidade de que, com esse procedimento de secção (2 extremidades), assim como, para os outros com cortes transversais, não tenha ocorrido a difusão adequada do tetrazólio, já que o caminho difusional da solução na semente é maior. Fica evidente que novas investigações devem ser realizadas, para aprimorar as técnicas aqui testadas. O fato das sementes mortas não diferirem e se apresentarem em percentuais similares para os diferentes tipos de secções testadas, é um indicativo de boa condução na experimentação, tanto com relação aos procedimentos operacionais, como em relação aos critérios aplicados. Considerações Finais A secção longitudinal mostrou-se a melhor para indicar a viabilidade de sementes de romã, mas proporcionou o desprendimento das partes internas da semente e tegumento, dificultando a avaliação. Referências BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília, DF: MAPA/ACS p.

5 COSTA, C. J.; SANTOS, C. P.Teste de tetrazólio em sementes de leucena. Revista Brasileira de Sementes, 2010, v.32, n.2, p , 2010 DELOUCHE, J.C.; STILL, T.W.; RASPET, M.; LIENHARD, M. O teste de tetrazólio para viabilidade da semente. Brasília, DF: AGIPLAN, p. DESWAL, D.P.; CHAND, U. Standardization of the tetrazolium test for viability estimation in ricebean (Vignaumbellata (Thunb.)Ohwi e Ohashi) seeds.seed Science and Technology, v.25, p , FRANÇA NETO, J.B.; KRZYZANOWSKI, F.C.; COSTA, N.P. O teste de tetrazólio em sementes de soja. Londrina: Embrapa CNPSo, p. (EMBRAPA-CNPSo. Documentos, 116). JAYESH K.C., KUMAR R Crossability in pomegranate (Punicagranatum L.).Indian Journal Horticulture, v. 61, n.3, p , 2004, LAZAROTTO; M.; PIVETA, G.; MUNIZ, M. F. B.; REINIGER, L. R. S. Adequação do teste de tetrazólio para avaliação da qualidade de sementes de Ceiba speciosa. Semina: Ciências Agrárias, v. 32, n. 4, p , McDONALD, M. B. Seedqualityassessment. Seed Science Research, v.8, p , RAWAT, J. M. S.; TOMAR, Y. K.; RAWAT, V. Effect of stratification on seed germination and seedling performance of wild pomegranate. Journalof American Science, Stanford, v. 6, n. 5, p , 2010.