QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

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Maria das Dores Azenha
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1 QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA Vicente de Paula Queiroga 1, Daniel da Silva Ferreira 2, Lílian Batista de Queiroz Castro 3, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia 4, (1) EMBRAPA-SNT, Rua Osvaldo Cruz 1143, Centenário, Campina Grande, PB, (2) EMBRAPA-SNT, Rua Osvaldo Cruz 1143, Centenário, Campina Grande, PB, daniel@cnpa.embrapa.br ; (3) Universidade Federal de Campina Grande, UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, CEP , Campina Grande, PB, (4) Universidade Federal de Campina Grande, UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, CEP , Campina Grande, PB. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar as sementes do algodoeiro herbáceo das cultivares BRS Verde e CNPA 7H (branca) armazenadas em condições de câmara seca (10ºC de T e 40 % e UR). Foram avaliadas as seguintes variáveis: germinação e vigor, através dos testes de primeira contagem de germinação, comprimento de plântulas e envelhecimento precoce. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, usando-se o esquema fatorial 2 x 5, com quatro repetições, e os fatores constituíram-se de duas cultivares de algodão (BRS Verde e CNPA 7H) e cinco períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9, e 12 meses). Com base nos resultados obtidos, concluiu-se que as sementes de algodão cultivar BRS Verde apresentaram maiores germinação e vigor, avaliado pelo teste de comprimento de plântulas, ao longo do armazenamento em relação à cultivar CNPA 7H. INTRODUÇÃO Na Paraíba, já foi formado um consórcio de empresas de confecção (Natural Fashion) para criação de uma coleção de moda com o algodão colorido (marrom, bege, verde e outros). Mesmo assim, este mercado ainda é considerado restrito. Os preços obtidos com o algodão colorido no mercado internacional, variaram de US$ 3,79 a US$ 5,00 por fibra/kg para o de cor verde, enquanto o algodão branco alcançou preço médio de US$ 1,65 por fibra/kg (EMBRAPA- Algodão, 2002). Atualmente, se o mercado paga R$ 60,00/arroba de pluma branca, sem dúvida tem condições de pagar R$ 90,00/arroba de pluma colorida, porque a coloração natural dispensa o tingimento artificial que polui o meio ambiente e valoriza os novos produtos por serem ecologicamente corretos, sendo estes produtos bastantes consumidos por pessoas alérgicas a corantes sintéticos. Diante de sua importância para o mercado, as sementes do algodão colorido ainda não foram devidamente pesquisadas com relação ao seu comportamento ao longo do armazenamento. Bruno et al. (2001) observaram que as sementes com línter de algodão colorido tiveram sua viabilidade favorecida durante o armazenamento em câmara seca. Estes resultados são contraditórios quando comparados com os trabalhos de pesquisa realizados por Patriota (1996) e com as afirmações dadas por Queiroga et al. (1997) de que as sementes de algodão não mantiveram a sua qualidade fisiológica durante o armazenamento. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica das sementes de algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum r. latifolium, L.) das cultivares BRS Verde e CNPA 7H (branca), armazenadas durante 12 meses em condições de câmara seca.

2 MATERIAL E MÉTODOS As sementes de algodão herbáceo obtidas das cultivares BRS verde e CNPA 7H de cor branca (algodão tradicional), utilizadas no presente trabalho foram provenientes de campos irrigados de produção de sementes básicas da EMBRAPA-Algodão, coletadas no ano de 2000, no município de Touros-RN, propriedade Bebida Velha. Enquanto os ensaios foram conduzidos no Laboratório de Sementes do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão CNPA pertencente a EMBRAPA de Campina Grande-PB. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, usando-se o esquema fatorial 2 x 5, com quatro repetições, e os fatores constituíram-se de duas cultivares com línter de algodão herbáceo BRS verde e CNPA 7H e cinco períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9 e 12 meses). Este armazenamento das sementes de algodão foi realizado em condições controladas de 10ºC de temperatura e 40% de umidade relativa, na câmara seca existente na EMBRAPA-Algodão de Campina Grande-PB. Inicialmente e a cada 90 dias de armazenamento, utilizaram-se as determinações de germinação (Brasil, 1992) e de vigor (Vicente & Carvalho,1994). RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias relativas à germinação encontram-se na Tabela 1. Observam-se valores significativamente diferentes da germinação de sementes de algodão entre cultivares, após 12 meses de armazenamento. A cultivar BRS Verde apresentou maior germinação (66,81%) em relação a cultivar tradicional CNPA 7H (63,67%). Estes resultados coincidem com os dados obtidos por Bruno et al. (2001), de que as sementes de algodão colorido com línter conservou melhor sua viabilidade durante o armazenamento. Considerando os distintos períodos de armazenamento (Tabela 1), destaca-se uma ligeira tendência de aumento da germinação das sementes de algodão da cultivar BRS Verde ao longo do armazenamento. Enquanto, na cultivar CNPA 7H (branca) ocorreu um ligeiro decréscimo na germinação das sementes de algodão armazenadas. Para este aumento da viabilidade das sementes da cultivar BRS Verde ao longo do armazenamento, provavelmente deve-se a algum mecanismo natural de quebra de dormência que tenha favorecido estas sementes. Para decréscimo da viabilidade no armazenamento ocorrido com as sementes da cultivar CNPA 7H (branca), estes resultados estão de acordo com os dados obtidos por Patriota (1996) e com as afirmações de Queiroga et al. (1997), de que a qualidade da semente não melhora durante o armazenamento. Os valores médios do vigor, representados pelos testes de primeira contagem da germinação, comprimento de plântulas e envelhecimento precoce, encontram-se na Tabela 2. Observa-se que as sementes das cultivares CNPA 7H (branca) e BRS Verde foram significativamente mais vigorosas nos testes de primeira contagem da germinação (65,23%) e de comprimento de plântulas (12,73 cm) respectivamente. Enquanto, no teste de envelhecimento precoce não detectou diferença significativa entre cultivares. Popinigis (1977), considera que o teste de comprimento de plântulas é mais preciso na avaliação do vigor em relação ao de primeira contagem de germinação. Analisando os diferentes períodos de armazenamento, observa-se (Tabela 2) algumas oscilações nos valores do vigor das sementes de algodão, mas de certo modo apresentando uma tendência de incremento, em ambas cultivares, nos parâmetros referentes aos testes de primeira contagem da germinação e de comprimento de plântulas. Já no teste de envelhecimento precoce, houve um ligeiro incremento do vigor ao longo do armazenamento das sementes apenas da cultivar CNPA 7H (branca), enquanto na cultivar BRS Verde os dados do vigor ficaram relativamente estáveis desde o início até o final do armazenamento, devido ao ambiente controlado. Esta última situação das sementes de algodão é possível de ocorrência em outra espécie, principalmente quando se compara com os resultados de pesquisa obtidos por

3 Bruno et al. (2000), os quais consideram que as sementes de amendoim armazenadas em ambiente controlado (20 C e 65% UR) mantiveram os valores de TPG e IVG aproximados àqueles antes do armazenamento. CONCLUSÃO As sementes de algodão da cultivar BRS Verde foram favorecidas na viabilidade ao longo do armazenamento, tendo as sementes da BRS Verde sido mais vigorosas quando avaliadas pelo teste de comprimento de plântulas, considerado mais preciso em relação ao de primeira contagem de germinação. Tabela 1. Percentagem de germinação (TPG) obtida em duas cultivares de algodão herbáceo, em função dos períodos de armazenamento. Campina Grande PB, 2001 TPG (%) Cultivares Médias BRS Verde 56,87bB 57,40bB 71,48aA 72,79aA 75,49aA 66,81 a CNPA 7H 67,86aA 70,31aA 61,84bB 59,28bB 59,08bB 63,67 b DMS Colunas 3,13 DMS Linhas 4,40 Médias seguidas pela a mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

4 Tabela 2. Valores médios de vigor (1ªCTPG, CP e EP) obtidos em duas cultivares de algodão herbáceo, em função dos períodos de armazenamento. Campina Grande PB, ªCTPG (%) CP (cm) EP (%) Cultivares Médias Médias Médias BRS Verde 51,68bD 48,79bD 55,96bC 63,91aB 75,88aA 59,24b 14,22aB 6,80aD 10,73aC 14,96aB 16,97aA 12,73a 72,02aA 75,97aAB 79,27aA 72,80aB 72,97bB 74,60a CNPA 7H 67,24aB 72,52aA 62,95aCD 59,53bD 63,92bBC 65,23a 3,85bCD 2,75bD 5,55bBC 7,23bB 10,53bA 5,98b 72,17aB 75,02aAB 77,10aA 60,52bC 77,27aA 72,41a DMS Colunas 3,03 1,38 2,95 DMS Linhas 4,26 1,95 4,16 Médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: DNDV/CLAV p. BRUNO, R. L. A.; LOPES K. P.; LIMA, A. A.; QUEIROGA, V. P.; SOUZA, A. A. Qualidade de sementes do algodoeiro colorido e tradicional da cv. CNPA 7H. In: III Congresso Brasileiro de Algodão. Campo Grande-MS, ANAIS... p EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande,PB). BRS verde. Campina Grande, Folder PATRIOTA, T. R. A. Avaliação da qualidade fisiológica das sementes de algodão (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch) armazenadas em função de diferentes tratamentos e teores de umidade. Campina Grande PB, p. (Dissertação de Mestrado). POPINIGIS, F. Fisiologia da Semente. AGIPLAN p. QUEIROGA, V. P, BELTRÃO, N. E. M., AZEVEDO, M. R. Q. A. Influência das embalagens e condições de conservação na germinação de sementes de gergelim (S. indicum L.) armazenadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, Curitiba. Anais... Curitiba: ABRATES, v. 2. p. 56, (Informativo ABRATES, ½). VIEIRA, R. D.; CARVALHO, N. M. de. Teste de vigor em sementes. FUMEP p.

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