CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DE SEMENTES DE MAMONA CV. AL GUARANY 2002 COLHIDOS EM DIFERENTES ALTURAS DE RACEMO

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1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DE SEMENTES DE MAMONA CV. AL GUARANY 2002 COLHIDOS EM DIFERENTES ALTURAS DE RACEMO Eberson Diedrich Eicholz 1, João Guilherme Casagrande Jr. 2, Sergio Delmar dos Anjos e Silva 3, Marcel Diedrich Eicholz 4 1SPAF/UFPel Embrapa Clima Temperado, eeicholz@gmail.com, 2 Embrapa, Bolsista DTI CNPq, 3Embrapa Clima Temperado, 4 FAEM/ UFPel Embrapa Clima Temperado. RESUMO - O objetivo deste trabalho foi verificar as diferenças físicas e fisiológicas nas sementes de mamona localizadas na parte superior, intermediária e inferior do racemo na primeira floração na cultivar AL Guarany 2002, em dois locais do Rio Grande do Sul. Para a avaliação, foram colhidos, ao acaso, os racemos com os frutos totalmente secos em 20% das plantas por parcela. Dos racemos colhidos retirou-se a parte basal sem frutos masculina e dividindo-se o racemo em três partes (superior, intermediária e inferior). De cada uma das partes procedeu-se a contagem dos frutos. Separou-se uma amostra para verificar a percentagem de grãos e o restante foi debulhado. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três repetições. Foram avaliadas as variáveis: peso de 1000 sementes, volume aparente das sementes, conteúdo de óleo, germinação e vigor (1ª contagem do teste de germinação e classificação do vigor da plântula). Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o número de frutos de mamona é maior na parte basal do racemo, diminuindo na direção do ápice. A localização de fruto no racemo não influencia na qualidade fisiológica e vigor da semente. Palavras Chave: mamona, semente, localização. INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus Communis L.) é uma espécie com boa adaptação às condições edafoclimáticas do Rio Grande do Sul. Considerando-se seus bons índices de desenvolvimento e produtividade em cultivos no estado, constitui-se em uma alternativa promissora para desenvolvimento econômico e social na Região Sul. Além das altas produtividades e rendimento de óleo, que pode chegar até 52% do peso do grão, o óleo tem inúmeras aplicações, sendo matéria prima para diversos produtos de valor agregado na indústria, bem como para a produção de biodiesel (SILVA et al., 2007). A área plantada diminuiu da safra 2005/06, de ha para 1200 ha, na safra 2007/2008, sendo a falta de sementes de qualidade para atender a demanda, um dos principais fatores limitantes à expansão da cultura no estado. Da mesma forma, não existem resultados de pesquisa e informações sobre produção de sementes desta espécie no Rio Grande do Sul. A preocupação com a qualidade das sementes nos cultivos agrícolas ainda não é uma regra geral entre os agricultores brasileiros. É comum observar-se a utilização de materiais de baixa

2 qualidade que, por conseguinte, geram baixas produtividades. Com relação à cultura da mamona (Ricinus communis L.), a situação não é diferente. Neste último caso, deve-se citar o agravante representado pela marginalização da cultura durante quase toda a década de 1990, desestimulando, inclusive, a produção de sementes de qualidade (ALVES et al., 2004). Mais recentemente, as discussões sobre a perspectiva de utilização do óleo de mamona como fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel, tem estimulado os agricultores a retomarem a produção comercial de mamona, principalmente na região Nordeste. Entretanto, é provável que tais agricultores estejam correndo sério risco de prejuízos, devido à possibilidade de escassez de sementes de qualidade no mercado (NETO; CARVALHO, 2006). O objetivo deste trabalho foi verificar as diferenças físicas e fisiológicas nas sementes de mamona localizadas na parte superior, intermediário e base do racemo na primeira floração na cultivar AL Guarany 2002, produzidas em dois locais do Rio Grande do Sul. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho de campo foi desenvolvido junto a agricultores familiares ligados a UNAIC (União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu e Região) e as analises de laboratório foram realizadas no Laboratório de Análise de Sementes da Embrapa Clima Temperado (Estação Experimental Terras Baixas). Foi utilizada a cultivar AL Guarany, de porte médio, semeada em dois locais em Canguçu, 02 de novembro de 2006 no local 1 (Passo do Quilombo,! distrito) e 04 de novembro no local 2 (Florida, 2 distrito). A semeadura foi manual utilizando-se duas sementes por cova, permanecendo uma planta após o desbaste, realizado aos 15 dias da emergência. Em cada local foram utilizadas 3 parcelas de 4 linhas de 16 metros, com o espaçamento 0,8 x 1,5 metros. O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com três repetições. A adubação utilizada foi 250 kg/ha da fórmula aplicada na linha e, em cobertura, foram aplicados 100 kg/ha de uréia 40 dias após a emergência das plantas. Para a avaliação, os racemos foram colhidos com os frutos totalmente secos, e ao acaso, em 20% das plantas por parcela. Dos racemos colhidos retirou-se a parte basal sem frutos (masculina) dividindo-se o racemo em três partes (superior, intermediária e inferior). De cada uma das partes procedeu-se a contagem dos frutos. Separou-se uma amostra para verificar a Percentagem de Grãos foram utilizados 200 g de frutos por parcela, debulhados e limpos, sendo novamente pesados e feito o calculo de quantidade de grãos em relação a casca. Também de cada parcela, foi debulhado, cerca de 500 gramas e levado ao Laboratório de Análise de Sementes para avaliação do peso de 1000 sementes, volume aparente das

3 sementes, conteúdo de óleo, germinação e vigor (1ª Contagem do Teste de Germinação e Classificação do Vigor da Plântula). Determinação do peso de 1000 sementes contou-se ao acaso, com auxilio de um contador manual de sementes, oito subamostras de 100 sementes e procedeu-se conforme as Regras para Análise de Sementes RAS (BRASIL, 1992). Volume Aparente - foi obtido pelo método do volume aparente, utilizando-se duas subamostras por parcela. Onde em um recipiente com volume conhecido (150 ml), depejaram-se sementes de mamona a altura de 10 cm do ápice do recipiente enchendo-o tirando o excesso com régua. Pesou-se em balança analítica com precisão de 0,01 gramas e os resultados transformados para kg.m -3. Teste de germinação (%) foi conduzido em rolo de papel Germitest umedecido com quantidade de água na proporção 2,5 vezes o peso do papel seco, sob temperatura constante de 25 ºC, conforme as Regras para Análise de Sementes RAS (BRASIL, 1992). Primeira contagem da germinação (%) foi realizada conjuntamente com o teste de germinação, sendo as avaliações realizadas no sétimo dia após a semeadura. Classificação do vigor da plântula (%) foi conduzido conjuntamente com o teste de germinação. As plântulas foram classificadas nas categorias normais fortes (vigorosas) e normais fracas (pouco vigorosas) conforme Krzanowski et al. (1999). Conteúdo de óleo nas sementes - foi determinado segundo método preconizado por Colnago (1996). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três repetições, em esquema fatorial 2 x 3. As médias dos tratamentos foram comparadas utilizando-se o teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação entre a posição da semente no racemo e o local para todas as variáveis analisadas. Com relação à posição da semente no racemo, o número de frutos por racemo e peso de mil sementes foram as únicas variáveis que apresentaram diferença significativa, no sentido de que o número de frutos por racemo é maior na base e vai reduzindo no sentido do ápice (31,2; 26,9; e 19,7 frutos, respectivamente), dando ao cacho uma configuração de pirâmide. O peso de 1000 sementes da porção intermediária e basal do racemo não diferiu entre si, mas diferiu daquele do ápice (46,57 g; 46,33 g; e 45,07 g) (Tabela 1). Esta diferença se deve ao maior número de frutos na parte basal do racemo, com relação à parte intermediária e apical.

4 O volume aparente, a porcentagem do óleo e o número de frutos apresentaram diferenças entre os locais cultivados, indicando que essas características sofrem efeito do ambiente. Quanto a qualidade fisiológica e vigor não foram detectadas diferenças significativas, tanto em relação a localização no racemo como local de cultivo (Tabela 1). ápice. CONCLUSÃO O número de frutos de mamona é maior na parte basal do racemo, diminuindo na direção do A localização de fruto no racemo não influencia na qualidade fisiológica e vigor da semente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M. O.; SOBRINHO, J. N.; CARVALHO, J. M. M. de. Possibilidades da mamona como fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel no Nordeste Brasileiro. Fortaleza: BNB, BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992, 365 p. COLNAGO, L. A. Análise do teor de óleo em sementes por RMN. São Carlos: Embrapa Instrumentação Agropecuária, p. (Embrapa Instrumentação Agropecuária. Circular técnica, 3). KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J. B Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999, 218 p. NETO, F. L. P.; CARVALHO, J. M. M. Perspectivas para a cultura da mamona no nordeste em CONCRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 14., 2006, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBESR, CD-ROM. SILVA, S. D. dos A, et al. Sistema de produção de mamona para o Rio Grande do Sul, Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007.

5 Tabela 1. Número de Frutos (NF), Porcentagem de Grãos (PG), Peso de Mil Sementes (P1000), Volume Aparente (VA), Porcentagem de óleo nas sementes (Óleo), 1º Contagem do Teste de Germinação (1ºCTG), Classificação do Vigor da Plântula (CVP) e Teste de Germinação (TG), em sementes localizados em diferentes alturas no racemo de mamona da primeira floração da cultivar AL Guarany Pelotas, Segmentação P1000* VA* Óleo* 1ªCTG* CVP* TG* NF* PG* do racemo (g) (kg/m 3 ) (%) (%) (%) (%) Superior 19,7 c 70,1 ns 45,07 b 547 ns 44,0 ns 65 ns 74 ns 83 ns Intermediário 26,9 b 70,6 46,33 a , Inferior 31,2 a 68,6 46,57 a , Média local 1** 25,0 A 70,2 ns 47,51 A 551 A 42,7 B 63 ns 73 ns 84 ns Média local 2** 26,8 B 69,4 44,47 B 534 B 45,1 A CV (%) 4,95 2,57 1,44 1,57 2,69 9,98 7,46 5,83 *: médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (α - 0,05); **: letras maiúsculas referem-se a comparações de médias entre locais; ns: médias não diferem estatisticamente.