Influência de diferentes métodos de remoção da sarcotesta na germinação e na aquisição de água em sementes de romã

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1 Influência de diferentes métodos de remoção da sarcotesta na germinação e na aquisição de água em sementes de romã Influence of different sarcotesta removal methods on the germination and the acquisition of water pomegranate seeds LARISSA VINIS CORREIA¹; RAFAELLE DE ALMEIDA SILVA 2 ; LORENE ARIANE PEREIRA GULARTE 3 ; DEIVED UILLIAN DE CARVALHO 4 ELISETE APARECIDADE FERNANDES OSIPI 5 1,2,3 Graduanda, UENP - CLM; PIBIC; 4 Mestrando da UEL 5 Profa. Dra., Universidade Estadual do Norte do Paraná, CLM. *loreneariane@hotmail.com RESUMO Este trabalho objetivou avaliar o efeito de métodos de extração da sarcotesta na germinação e aquisição de água de sementes de romã. As sementes foram submetidas à remoção da sarcotesta pelos métodos: Cal; Ácido sulfúrico; Fermentação e Peneira. Após a secagem as sementes foram imersas em água destilada por 0, 30, 60,..., 240 minutos para obtenção da aquisição de agua. Foram realizados os testes de teor de água e de germinação, com posterior teste de viabilidade (tetrazólio) nas sementes duras remanescentes. Foram avaliados o teor de água das sementes, os percentuais de germinação (plântulas normais), plântulas anormais e de sementes dormentes, vivas e mortas. O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 5 repetições para os testes de germinação e viabilidade, utilizando 50 e 25 sementes por parcela; e em esquema fatorial 4 x 9 para o teste teor de água. Os percentuais de germinação variaram de zero a 12,4%. Os métodos peneira e fermentação proporcionaram melhor aquisição de água pelas sementes, e maior viabilidade. A remoção com H 3 SO 4 matou as sementes. As sementes permitiram a entrada de água indicando ausência de barreira física tegumentar. Os resultados apontam alto grau de dormência nas sementes testadas. Palavras-chave: Aquisição de água, germinação, sarcotesta, métodos de remoção 466

2 INTRODUÇÃO A romãzeira, é um arbusto lenhoso, ramificado, pertencente à família Punicaceae, originária da região do Oriente Médio (MARTINS, 1995). Tem sido utilizada como planta frutífera, ornamental (parques e jardins) além de reunir propriedades medicinais (CORREA, 1978). Apresenta folhas pequenas, rijas, brilhantes e membranáceas, flores vermelho alaranjada arranjadas no extremos dos ramos, origina frutos esféricos, com muitas sementes em camadas as quais se acham envolvidas em arilo (LORENZI & SOUZA, 2001; FERREIRA, 2004) Segundo Marin et al. (1987), a sarcotesta, por ser um material gelatinoso que envolve a semente, pode vir a comprometer ou não sua germinação, tornando-a lenta e desuniforme. A extração da sarcotesta das sementes pode ser feita por métodos físicos, químicos, mecânicos e biológicos. Segundo Dias & Barros (1993), a fermentação é um processo químico que ocorre de forma natural, por reações de hidrólise, o que facilita a remoção da mucilagem durante a lavagem, sendo recomendado para sementes de romã a imersão em solução de água e açúcar a 10% por 72 horas (LOPES, 2001). Silva (1988) destaca outros tratamentos com ácido sulfúrico, ácido clorídrico e cal virgem. Segundo o autor, estes métodos são recomendados pois promovem uma escarificação química das sementes, causando o rompimento ou abrasão da película que as envolvem, o que irá aumentar a permeabilidade à água à água e consequentemente estimular a germinação. Aumentar a permeabilidade da semente a água é de suma importância, pois ela exerce grande influência no processo germinativo. Para que isso aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível adequado de hidratação, que permita sua reativação metabólica, quanto maior a disponibilidade de água para as sementes, mais rápido é o processo de embebição (Carvalho & Nakagawa, 2000). Ainda há grande necessidade de um tratamento eficiente para a superação da dormência das sementes de romã bem como a determinação das condições ótimas para se obter expressões máximas de germinação e vigor, uma vez que as Regras para Análise de Sementes não incluem informações para a germinação das sementes desta espécie. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência de métodos de extração do arilo na aquisição de água e na germinação de sementes de romã. 467

3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em laboratório do setor de Produção vegetal na Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Bandeirantes PR. No dia 20 de junho foram coletados 20 frutos fisiologicamente maduros (pericarpo amarelado com manchas vermelhas), provenientes de 20 pomares, localizados no município de Bandeirantes Pr, em junho As sementes, depois de extraídas dos frutos, foram homogeneizadas e, em seguida, procedeu-se à extração do arilo de acordo com os seguintes tratamentos: dispersão com água, cal virgem e semente nas proporções de 1: 1,5: 2,5 por 24 horas (cal); imersão em Ácido sulfúrico concentrado por 5 minutos (ácido sulfúrico); imersão em solução de água destilada e açúcar á 10% durante 72h (fermentação) e; fricção manual sobre malha de arame em peneira (testemunha) para remoção do arilo. Na sequência as sementes foram lavadas em água corrente e submetidas à secagem à sombra, em condições de laboratório durante 72 horas. Após realizou-se o teste de germinação, o qual foi conduzido em rolo de papel, câmara de germinação do tipo B.O.D., temperatura constante de 25ºC, com ausência de luz. As contagens de plântulas normais (% de germinação), plântulas anormais, sementes duras e mortas foram realizadas aos 42 dias após a semeadura, baseando-se em (Brasil, 2009). Concomitante à instalação do teste de germinação, para verificar a aquisição de água, 4 repetições de 50 sementes de cada método de remoção do arilo, foram submetidas à nove períodos de imersão em água destilada a cada 30 minutos, até completar 240 min. A determinação do grau de umidade foi realizada utilizando-se o método da estufa a 105 ± 3 C, durante 24 horas Brasil (2009), empregando-se quatro sub amostras de 50 sementes por tratamento. Ao final do teste de germinação, as sementes duras remanescentes foram submetidas a teste de viabilidade (Tetrazólio), sendo submetidas à secção transversal no ápice e também na base, eliminando uma pequena porção do tegumento em cada região, Após foram submersas por 18 horas em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio (ph 6,5 a 7,0) na concentração de 0,5%, em B.O.D a 25ºC, com ausência de luz. As sementes foram avaliadas uma a uma, seccionando-as longitudinalmente através do centro do eixo embrionário com auxílio de bisturi, sendo avaliadas pela coloração adquirida e classificadas em: Sementes viáveis (100% de coloração rosa) e sementes mortas (100% coloração branca). 468

4 Todos os delineamentos experimentais aplicados foram inteiramente casualizados sendo no caso da aquisição de água em esquema fatorial 4x9 (quatro métodos de remoção com nove períodos de imersão em água e 4 repetições); no teste de germinação e tetrazolio 4tratamentos e 5 repetições com 50 e 25 sementes por parcela respectivamente. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância pelo programa assistat e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com exceção do teste de germinação, pelo fato das sementes praticamente não terem germinado. RESULTADOS E DISCUSSÃO O percentual médio de germinação obtido entre os métodos de remoção do arilo foi de 2,4 na peneira; 12,4 no de fermentação; 3,6 no de cal e zero no de ácido sulfúrico indicando uma provável dormência das sementes, pois, como verificado pelo teste de tetrazolio, elas se apresentaram com alto percentual de viabilidade (tabela 1). Tabela 1 Percentual de sementes consideradas mortas e viáveis mediante o teste tetrazólio aplicado nas sementes, 42 dias após a semeadura. Tratamentos % Mortas % Viáveis Peneira 2,8 c 97,8 a Fermentação 10 bc 90,0 ab Cal virgem 11,6 b 88,4 b Ácido Sulfúrico 100 a 0,00 c DMS 7,68 7,68 CV% 13,64 6,16 Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste tukey ao nível de 5% de probabilidade. A provável dormência apresentada pelas sementes de romã não seria exógena, uma vez que, houve absorção de água pelas sementes em todos os tratamentos (tabela 2), não existindo portanto impermeabilidade de tegumento. Nota-se também que no decorrer de todo o período de embebição, os métodos de remoção do arilo por fermentação e por peneira possibilitaram melhor aquisição de água, demonstrando superioridade em relação aos demais tratamentos, sendo isso endossado pelos maiores percentuais de viabilidade de sementes verificados no teste de tetrazólio. Neste teste, o método do cal proporcionou viabilidade das sementes similar ao da fermentação. 469

5 Tabela 2 Teor de água adquirido em períodos de 30 minutos por sementes de romã submetidas a diferentes métodos de remoção do arilo Ácido Imersão em água Peneira Fermentação Cal Sulfúrico (min.) a a a a a a a a a a a a a a a a a ab bc c a ab b c a a ab b a ab bc c ab a bc c DMS tempo de embebição 0,0720 DMS métodos de extração CV% 6,47 *Médias seguidas de mesma letra na horizontal não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade Embora pequena, houve alguma germinação das sementes nos tratamentos, com exceção do ácido sulfúrico, onde a mesma foi zero. Isso deve se ao fato do ácido ter matado o embrião como mostrou os 100% de sementes mortas obtidas no teste de viabilidade. Tal fato não corrobora com os resultados obtidos por (GOKTURK et al., 2012), os quais obtiveram, em condições de laboratório, 60,7% de germinação em romã com sementes tratadas por 30 minutos no ácido sulfúrico mais 45 dias de estratificação à frio. CONCLUSÃO - Os percentuais de germinação variaram de zero a 12,4%, o que impossibilitou análise estatística. - Os métodos de remoção por peneira e por fermentação proporcionaram melhor aquisição de água pelas sementes, assim como, maior viabilidade. - A remoção com ácido sulfúrico concentrado no tempo de 10 minutos matou as sementes. - As sementes permitiram a entrada de água indicando ausência de barreira física tegumentar. - Os resultados apontam alto grau de dormência endógena nas sementes testadas. AGRADECIMENTOS 470

6 À fundação Araucária pela concessão da bolsa. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura. Regra de análise de sementes. Brasília: Departamento de Produção Vegetal, p. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4 nd ed. Jaboticabal, FUNEP, p. CORRÊA, P.M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional v.5, p DIAS, M.C.L. de L.; BARROS, A.S. do R. Avaliação de métodos para remoção da mucilagem de sementes de café (Coffea arabica L.). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.15, n.2, p , FERREIRA, A.B.H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3.ed. Curitiba: Positivo, p. GOKTURK, A.; OLMEZ, Z.; KARASAH, B.; SURAT H.. Effects of cold stratification and sulphuric acid pre-treatments on germination of pomegranate (Punica granatum L.) seeds in greenhouse and laboratory conditions. Scientific Research and Essays v. 7, n. 25, p , 2012 LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3.ed. Nova Odessa: Plantarum, p. LOPES, K. P.; BRUNO, R. L.A.,BRUNO, G. B.; AZEREDO, G. A. A. Comportamento de sementes de romã (Punica granatum L.) submetidas à fermentação e secagem. Revista Brasileira de Fruticulttura, Jaboticabal - SP, v. 23, n. 2, p , MARIN, S.L.D., GOMES, J.A., SALGADO, J.S. Recomendação para a cultura do mamoeiro cv. Solo do Estado do Espírito Santo. 3. ed. Vitória: s.ed., p. MARTINS, E. Plantas medicinais. Viçosa: UFV, p SCHMILDT, E.R.; FRONZA, V.; DIAZ, J.L.S.; UNÊDA, S.H.; ALVARENGA, E.M. Comparação de métodos físicos de remoção da sarcotesta e de métodos de secagem de sementes de mamoeiro (Carica papaya L.). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.15, n.2, p ,