QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FAVA D ANTA (Dimorphandra mollis BENTH.)

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1 QUEBRA DE DORMÊNCIA E UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FAVA D ANTA (Dimorphandra mollis BENTH.) Roberta Aparecida Dias 1 ; Sebastião Ferreira de Lima 2 ; Ana Paula Leite de Lima 3 ; Lizandra Ferreira de Almeida e Borges 4 1 Aluna do curso de Ciências Biológicas do Unicerp Centro Universitário do Cerrado Patrocínio, MG, roptc@yahoo.com.br; 2 Doutor em Fitotecnia, Eng.Agrônomo UFMS, sebastiaofl.lima@gmail.com; 3 Doutora em Ciências Florestais, UFMS, anapleite@nin.ufms.br; 3 Profa. Dra. do Unicerp, lizandra@unicerp.edu.br; Resumo A fava D anta tem grande importância medicinal e ambiental, principalmente na recuperação de áreas degradadas. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o uso da quebra de dormência e substratos na germinação de sementes de fava d anta. O experimento foi instalado em agosto de 2009, em Patrocínio, MG. Os tratamentos foram constituídos de quatro formas de avaliação de dormência sem escarificação; escarificação química com ácido sulfúrico (98%) por 20 minutos; escarificação química com ácido sulfúrico (98%) por 10 minutos e água quente combinado com cinco tipos de substratos - esterco bovino; dejetos de suínos de biodigestor; dejetos de suínos; adubação química NPK e solo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 4 x 5, com 3 repetições. A maior percentagem de germinação (50%) ocorreu com o substrato solo, seguido dos substratos solo + NPK e solo + dejetos suínos com %. Os dejetos de biodigestor não foram bons condicionantes para a germinação da fava d anta, assim como o esterco bovino. Quanto à percentagem de germinação em função da quebra de dormência verificou-se que o uso de ácido sulfúrico por 20 minutos proporcionou a maior média de germinação (46,7%). Concluiu-se que a germinação da fava d anta foi muito baixa independente dos tratamentos testados. A melhor combinação na produção de muda ocorre com o substrato solo + ácido sulfúrico por 20 minutos para a quebra de dormência. A espécie Dimorphandra mollis apresenta grande valor ambiental e medicinal, necessitando de mais trabalhos para melhorar a germinação dessa espécie. Palavras-chave: áreas degradadas; cerrado; faveiro. Introdução Dimorphandra mollis Benth (Fabaceae - Mimosoideae), também conhecida como fava d anta, faveiro, favela e falso barbatimão, é uma planta decídua, heliófita e pioneira, característica do cerrado (MARTINS et al., 2007). Ocorre nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará e São Paulo, possuindo uma ampla adaptação a terrenos secos e pobres, sendo assim, interessante em programas de recuperação de ambientes degradados (LORENZI, 1992). A fava d danta também é utilizada na extração da rutina, quercetina e ramnose, produtos usados nas indústrias farmacêuticas e de cosméticos (OLIVEIRA et al., 2008). Cerca de 50% da produção mundial de rutina é proveniente desta espécie (CUSATI et al., 2007). Esta substância possui propriedades múltiplas, como proporcionar aumento da absorção de vitamina C pelo organismo, auxiliar o controle da hipertensão arterial, aumentar a resistência dos vasos capilares prevenindo a calvície, possuindo ainda ação diurética, dentre outras. Segundo Gomes e Gomes (2000), Minas Gerais é atualmente responsável por 23% da produção nacional de rutina, sendo que o norte do Estado representa umas das regiões de maior produção.

2 As sementes tropicais apresentam algum tipo de dormência que impede a germinação em ambientes não favoráveis ao desenvolvimento da semente/plântula, tornando a dormência um mecanismo de defesa, condição em que esta permanece até que o ambiente se torne favorável para sua germinação (MELO et al., 1998; CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Segundo Santos et al. (2003), a dormência é um fator limitante para a germinação de espécies arbóreas do cerrado, criando-se, dessa forma, a necessidade da quebra da mesma para obtenção de melhores resultados na produção de mudas. Para tanto, Labouriau (1983) descreve vários tipos de tratamentos pelos quais se elimina a impermeabilidade do tegumento, tais como a escarificação com lixa ou outros instrumentos metálicos, aquecimento e fervura em água, imersão em ácido sulfúrico e lavagem com etanol. Resolvida a questão de dormência, outro ponto fundamental refere-se à escolha dos substratos mais adequados à germinação das sementes. Segundo Toledo (1992), muitos materiais de origem vegetal e animal têm sido utilizados no preparo de compostos orgânicos para produção de mudas, mas a escolha do substrato, quando da sua formulação, deve ser feita em razão da disponibilidade de materiais, suas características físicas e químicas, seu peso e custo. Camargos et al. (2007) trabalhando com três substratos na produção de mudas de faveiro (terra de mata seca; terra de cerrado arenosa e terra de cerrado argilosa), verificaram que a germinação das sementes variou entre os tratamentos, bem como o índice de velocidade de germinação. Sementes germinadas no substrato de cerrado arenoso apresentaram os melhores resultados em germinação e índice de velocidade de germinação. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o uso da quebra de dormência e substratos na germinação de sementes de fava d anta. Metodologia O experimento foi instalado em agosto de 2009, em casa de vegetação, no Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP), no município de Patrocínio, MG. As sementes utilizadas para a formação das mudas de Dimorphandra mollis Benth foram coletadas em julho de 2009, em área rural deste município. Os tratamentos foram constituídos de quatro formas de avaliação de dormência sem escarificação; escarificação química com ácido sulfúrico (98%) por 20 minutos; escarificação química com ácido sulfúrico (98%) por 10 minutos e água quente combinados com cinco tipos de substratos - esterco bovino; dejetos de suínos de biodigestor; dejetos de suínos; adubação química NPK e solo. O NPK utilizado foi o formulado , com diluição de 100 g em 2 L de água. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 4 x 5, com 3 repetições, perfazendo 60 parcelas. Cada parcela foi composta por três saquinhos com uma muda de faveiro por saquinho. A composição dos substratos nos saquinhos foi de: somente solo; solo mais um terço de esterco bovino; solo mais 200 ml de dejetos suínos, retirados diretos da granja ou de biodigestor e solo mais 20 ml de solução de NPK. Foi avaliada a percentagem de germinação: Contagem do número de sementes que, no final da avaliação, tinham germinado. Considerou-se como germinadas apenas as plântulas normais. Resultados e Discussão A germinação total do experimento foi baixa. Apenas 31,7% dos tratamentos germinaram, correspondendo a uma parcela muito pequena dos dados. Considerando todas as plantas, 10% germinaram e morreram logo em seguida, não propiciando nem a tomadas de medidas. Em todo o experimento foram 18,3% de plantas mortas. Isso vem de encontro à afirmação de Giuliano et al. (2005) que relata que as sementes

3 de fava d anta são portadoras de microrganismos que interferem na germinação e causam a morte das mesmas, sendo que uma grande percentagem de plantas morre logo após a germinação. Camargos et al. (2007) encontrou maior mortalidade de plântulas quando utilizou o solo de mata seca como substrato, além de verificar a presença de fungos sobre as sementes. A maior percentagem de germinação (50%) ocorreu com o substrato solo (FIG. 1), seguido dos substratos solo + NPK e solo + dejetos suínos com %. A menor germinação foi obtida com o substrato solo + dejetos do biodigestor com 16,7%. Esses resultados indicam que os dejetos de biodigestor não foram bons condicionantes para a germinação da fava d anta, o mesmo ocorrendo com o esterco bovino. Por outro lado, é interessante notar que apenas o uso de solo como substrato proporcionou bons resultados para a germinação. O solo usado apresentava-se pouco ácido, mas com bons teores de K, Ca e matéria orgânica. Já o esterco bovino apresentava altos teores de Fe, Mn e Na. Quanto à percentagem de germinação em função da quebra de dormência verificou-se que o uso de ácido sulfúrico por 20 minutos proporcionou a maior média de germinação (46,7%), seguido pela testemunha (%). A menor média foi encontrada com o uso da água quente a 70º C que propiciou apenas 20% de germinação (FIG. 2). Rocha et al. (2005) também obtiveram alta taxa de germinação de fava d anta trabalhando com ácido sulfúrico concentrado por 20 e 10 minutos. Segundo esses autores o ácido sulfúrico reduziu a espessura do tegumento das sementes de fava d anta permitindo a entrada de água e facilitando a germinação Germinação (%) , , , T1 T2 T3 T4 T5 Substratos Figura 1 Germinação de plantas de fava d anta em função dos substratos utilizados. T1 = solo; T2 = solo + NPK; T3 = solo + esterco bovino; T4 = solo + dejetos do biodigestor e T5 = solo + dejetos suínos

4 Germinação (%) ,7 26,7 20,0 E1 E2 E3 E4 Quebra dormência Figura 2 Germinação de plantas de fava d anta em função da forma de quebra de dormência utilizados. E1 = Ácido sulfúrico, 10 Min; E2 = Ácido sulfúrico, 20 min; E3 = Água quente 70º C; E4 = Testemunha Na interação, observa-se que o melhor resultado ocorreu com o uso de solo x ácido sulfúrico por 20 minutos. Considerando-se o uso do substrato T1 (solo), a quebra de dormência com ácido sulfúrico por 10 e 20 minutos e sem quebra de dormência apresentam as mesmas percentagens de germinação. No entanto, quando se utiliza o ácido sulfúrico por 20 minutos, para quebra de dormência, independe o uso dos substratos solo; solo + NPK e dejetos suínos, pois propiciaram os mesmos resultados para germinação. Tabela 1 - Interações para germinação de plantas de fava d anta em função de substratos e quebra de dormência Substratos Quebra de dormência (%) E1 E2 E3 E4 T1 66,7 66,7 0 66,7 T2 0 66,7 T3 0 66,7 0 T4 0 0 T5 66,7 0 T1 = solo; T2 = solo + NPK; T3 = solo + esterco bovino; T4 = solo + dejetos do biodigestor e T5 = solo + dejetos suínos. E1 = Ácido sulfúrico, 10 Min; E2 = Ácido sulfúrico, 20 min; E3 = Água quente 70º C; E4 = Testemunha Conclusões A germinação da fava d anta foi muito baixa independente dos tratamentos testados. Mesmo com a baixa germinação das sementes é possível produzir mudas de fava d anta, obtendo-se melhor resultado quando se combina o substrato solo com ácido sulfúrico por 20 minutos para a quebra de dormência das sementes desta espécie. A espécie Dimorphandra mollis apresenta grande valor ambiental e medicinal, portanto, ressalta-se a necessidade de se desenvolverem trabalhos buscando melhorar a germinação dessa espécie.

5 Referências CAMARGOS, M. G.; CHAVES, A. P. G.; FAGUNDES, M. Efeitos de diferentes substratos na germinação das sementes e no estabelecimento de plântulas de Dimorphandra mollis Benth (Mimosoideae). In.: CONGRESSSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 8, 2007, Caxambu. Anais... Caxambu: SBE, CARVALHO, M. N.; NAKAGAWA, J. Sementes: Ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP, CUSATI, R. C.; CASALI, V. W. D.; DEMUNER, A. J.; FINGER, F. L.; MONTEIRO, C. F.; RODRIGUES-DAS-DORES, R. G. Determinação de teor de rutina em folhas de fava d anta (Dimorphandra mollis Benth).In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUIMICA, 30., 2007, Águas de Lindóia. Resumos... Águas de Lindóia: SBQ, GIULIANO, I. et al. Identificação de fungos em sementes de Dimorphandra mollis e efeito de diferentes tratamentos. Fitopatologia Brasileira, v. 30, n. 5, p. 553, GOMES, L. J.; GOMES M. A. O. Extrativismo e biodiversidade: o caso fava d anta. Ciência Hoje, v. 27. n LABOURIAU, L. F. G. A germinação de sementes. Washington: OEA, LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Editora Plantarum, MARTINS, L. V.; MARTINS, G. T.; OLIVEIRA, D. A. de; PIMENTA, M. A. S. Prospecção Fitoquímica Preliminar de Dimorphandra mollis Benth. (Fabaceae-Mimosoideae). Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p , jul MELO, J. T. et al. Coleta e propagação e desenvolvimento de espécies cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: Ambiente e flora. Planaltina: Embrapa CPAC, OLIVEIRA, D. A. de; PAULA, M. F. B. de; PIMENTA, M. A. S. et al. Variabilidade genética de populações de fava d'anta (Dimorphandra mollis) da região norte do Estado de Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, v.32, n.2, mar./abr., ROCHA, E. A.; BRAGA, R. F.; Santos, M. R.; NUNES, Y. R. F.; OLIVEIRA, D. A.; BRAGA, D. de L. Comparação de métodos de escarificação de sementes de Dimorphandra mollis Benth coletadas em três localidades do Norte de Minas Gerais. In: VII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 2005, Caxambu/ MG. Anais do VII Congresso de Ecologia do Brasil, SANTOS, M.R.A.; PAIVA, R.; GOMES, G.A.C.; PAIVA, P.D.O.; PAIVA, L.V. Estudos sobre superação de dormência em sementes de Smilax japecanga Grisebach. Ciência e agrotecnologia, Lavras, v. 27, n. 2, p , TOLEDO, A. R. M. Efeito de substratos na formação de mudas de laranjeira (Citrus sinensis (L.) OSBECK cv. Pêra Rio ) em vaso f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura de Lavras,