EFEITO DO USO DE EXTRATO AQUOSO DE TIRIRICA (Cyperus rotundus) NA FISIOLOGIA DE PLANTAS

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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA- PROPESQ COORDENAÇÃO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA CITEC Programa Institucional de Bolsa em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação - PIBITI EFEITO DO USO DE EXTRATO AQUOSO DE TIRIRICA (Cyperus rotundus) NA FISIOLOGIA DE PLANTAS Reijane Batista Nunes 1, Daniela Vieira Chaves 2 1 bolsista PIBIT, Engenharia Florestal; Campus Professora Cinobelina, Elvas; reijane.reje@hotmail.com 2 Orientadora, Engenharia Agronômica;Campus Professora Cinobelina Elvas;chavesdv@gmail.com Resumo: O objetivo foi avaliar o efeito do extrato aquoso de tiririca (Cyperus rotundus L.) sobre a propagação vegetativa e seminífera de castanha-dogurguéia (Dipteryx lacunifera Ducke). O trabalho foi conduzido em na UFPI/CPCE, em Bom Jesus, PI. Os tratamentos de estaquia foram constituídos pelo extrato aquoso de tubérculos de tiririca nas concentrações de 0; 25; 50 e 100%, e o ácido indolbutírico na concentração de 1000 mg/l. Foram avaliados o número de estacas vivas, massa fresca e seca das raízes. A germinação da castanha-do-gurguéia foi conduzida em B.O.D., utilizando 40 sementes, divididas em quatro repetições de 10 sementes. Os tratamentos foram concentrações do extrato de tiririca (0; 25; 50 e 100%) e formas de aplicação (embebicão no extrato por 12 h; embebição no extrato por 24 h; imersão no extrato a 60 o C por 3 minutos; e imersão no extrato a 60 o C por 5 minutos). O experimento foi instalado em blocos casualizados, com 6 repetições e 3 plantas por parcela. Não houve enraizamento das estacas de castanha-do-gurguéia, mas houve diferença no peso das estacas. Não houve a germinação da castanha-do-gurguéia devido a dificuldade e contaminação microbiológica da espécie. O extrato de tubérculo de tiririca não propagou a espécie, mas é sugerido que novas pesquisas sejam realizadas para comprovar esses resultados. Palavras-chave: germinação, estaquia, castanha-do-gurguéia Introdução A castanha-do-gurguéia (Dipteryx lacunifera Ducke) é uma leguminosa nativa do Meio-Norte brasileiro, sendo encontrada principalmente nos Cerrados Sul e Centro-Sul do Piauí e Maranhão (CARVALHO et al., 2005). Seus frutos são amêndoas comestíveis de alto valor econômico e comercializadas em feiras livres, especialmente na região Sul do Piauí. Entre os métodos de propagação vegetativa destaca-se a estaquia, por ser altamente viável e relativamente simples de ser realizada. Para facilitar o enraizamento das estacas pode-se fazer o uso de produtos que estimulem o processo de desenvolvimento de raízes, denominados

2 fitohormônios, especialmente as auxinas como o ácido indolbutírico (AIB) (HARTMAN et al., 2002). Em condições favoráveis as sementes da castanha-do-gurguéia não germinam, estando, portanto em estado de dormência (IPEF, 1997; MATHEUS; LOPES, 2007). A impermeabilidade do tegumento é um fator que afeta a dormência nas sementes, ou seja, há uma dificuldade na absorção de água e oxigênio impedindo o processo de germinação (IPEF, 1997). Quanto à influência de extratos de tiririca sobre a germinação de sementes, a resposta parece ser de modo geral, dependente da dose, sendo que baixas concentrações são estimulantes e altas concentrações causam efeitos negativos. Para que seja indicada como planta teste, a espécie deve apresentar germinação rápida e uniforme, e um grau de sensibilidade que permita expressar os resultados sob baixas concentrações das substâncias alelopáticas (GABOR; VEATCH, 1981; FERREIRA; ÁQUILA, 2000). Com isso o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do extrato aquoso de tiririca (Cyperus rotundus L.) sobre a propagação vegetativa e seminífera de castanha-do-gurguéia (Dipteryx lacunifera Ducke). Metodologia O trabalho foi conduzido no Laboratório de Fitotecnia e em Casa de Vegetação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), no Campus Professora Cinobelina Elvas (CPCE), em Bom Jesus, PI. Os tratamentos foram constituídos pelo extrato aquoso de tubérculos de tiririca nas concentrações de 25; 50 e 100%, além da testemunha com somente água destilada e do ácido indol butírico (AIB) na concentração de 1000 mg/l. Foram avaliadas as seguintes análises: número de estacas enraizadas, tamanho médio das raízes, massa seca das raízes. O experimento foi instalado e conduzido no delineamento em blocos casualizados, com 6 repetições por tratamento e 3 plantas por parcela. O experimento foi conduzido em germinador tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.), à temperatura constante de 25 C, com fotoperíodo de oito horas. Para cada tratamento forão utilizadas 40 sementes, divididas em quatro repetições de 10 sementes. O trabalho foi composto por 4 tratamentos: embebicão na solução do extrato de tiririca por 12 h; embebição na solução do extrato por 24 h; imersão na solução do extrato de tiririca 60 o C por 3 minutos; e imersão na solução do extrato de tiririca a 60 o C por 5 minutos. As seguintes análises foram analisadas de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009): porcentagem de germinação, primeira contagem de emergência, índice de velocidade de emergência, comprimento de plântulas. Resultados e Discussão As estacas vivas variaram de 1,16 a 2,33, respectivamente nas concentrações de 50 e 25% do extrato de tiririca (Tabela 1). Possivelmente se estas estacas com calos tivessem permanecido mais tempo no substrato

3 para enraizamento, a indução radicial poderia ter ocorrido, uma vez que os calos podem formar raízes em estaquia. Tabela 1: Valores médios do número de estacas vivas, peso fresco e peso seco das estacas de castanha-do-gurguéia submetidas às diferentes concentrações do extrato de tiririca. Concentração Número de Peso fresco da Peso seco da extrato tiririca (%) estacas vivas estaca (g) estaca (g) 0 1,83 4,88 2, ,33 6,10 2, ,16 3,22 1, ,33 5,01 2,94 Comumente, quando as estacas são induzidas ao enraizamento, ocorre a formação de calos, por meio dos quais as raízes emergem. Porém, a formação das raízes adventícias e dos calos são processos independentes. A ocorrência simultânea se explica pelo fato que em ambos os processos ocorre a divisão celular, dependendo das condições internas e ambientais similares (ALVARENGA; CARVALHO, 1983; HARTMANN et al., 2002). O maior valor de peso fresco das estacas de castanha-do-gurguéia foi verificado na concentração de 25% do extrato aquoso de tubérculos de tiririca, alcançando 6,10 g de peso fresco (Tabela 1). O tratamento com o extrato a 50% proporcionou os menores valores de peso fresco, ou seja, igual a 3,22 g. Resultados semelhantes foram observados por Bastos (2002), em caramboleira. O autor não observou aumento significativo na sobrevivência de estacas com a aplicação do regulador de crescimento. Martins (1998), em lichieira verificou não haver influência positiva do AIB na sobrevivência das estacas dessa espécie. É possível afirmar que o substrato utilizado areia lavada não contribuiu para o enraizamento da castanha-do-gurguéia. Também foi verificado em trabalhos com a estaquia do vassourão onde foi utilizado substrato diferente deste da estaquia da castanha-do-gurguéia no caso a vermiculita e que possui algumas características semelhantes a areia lavada, a vermiculita utilizada como substrato também se mostrou como inadequada ás necessidades da espécie,embora reúna características desejáveis como uniformidade na composição, baixa densidade, capacidade de retenção de água, porosidade para manter a aeração,ser livre de patógenos e viabilidade econômica(wendling et al.,2002). Podendo afirmar que tanto a areia lavada e a vermiculita se mostraram como substrato inadequado para estaquia dessas espécies.

4 Figura 1: Estacas de castanha-do-gurguéia submetidas aos diferentes tratamentos com extrato de tiririca. Não houve germinação de castanha-do-gurguéia, devido a dificuldade da espécie em germinar e a contaminação microbiológica por parte dos fungos nas sementes de castanha-do-gurgueia. Figura 2: Germinação da castanha-do-gurguéia Conclusões Não houve enraizamento das estacas de castanha-do-gurguéia, mas houve diferença no peso das estacas. Não houve a germinação da castanha-do-gurguéia devido a dificuldade e contaminação microbiológica da espécie. O extrato de tubérculo de tiririca não propagou a espécie, mas é sugerido que novas pesquisas sejam realizadas para comprovar esses resultados. Agradecimentos Os autores agradecem á Universidade Federal do Piaui pela bolsa de Iniciação Cientifica (PIBIT/UFPI). Referências Bibliográficas ALVARENGA, L. R.; CARVALHO, V. D. Uso de substâncias promotoras de enraizamento de estacas frutíferas. Informe Agropecuário, v.9, n. 101, p , BASTOS, D.C. Efeito da época de coleta, estádio do ramo e do tratamento com IBA no enraizamento de estacas de caramboleira (Averrhoa carambola L.) f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.

5 CARVALHO, M. G.; SOUZA, V. A. B.; LIMA, A. C.; BRITO, E. S.; ALVES, R. E.; BEZERRA, T. S. Características nutricionais de três tipos de nozes nativas do Meio-Norte. In: Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, 3, Gramado, Anais... Gramado: Embrapa Trigo/SBMP, CD-ROM. GABOR, W.E.; VEATCH, C. Isolation of phytotoxin from quackgrass (Agropyon repens) rhizomes. Weed Science, v.29, p , HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIS JUNIOR, F. T.; GENEVE, R. L. Plant propagation: principles and practices. 7 ed., New York: Englewood Clipps, p. IPEF. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Métodos de quebra de dormência de sementes. IPEF, Disponível em: < tecsementes/dormencia.asp>. Acesso em: 05 jun MARTINS, A. B. G. Enraizamento de estacas enfolhadas de três variedades de lichia (Litchi chinensis Sonn) f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, WENDLING, I.; GATTO, A. Substratos, adubação e irrigação na produção de mudas. Viçosa, MG: Aprenda fácil, 2002, 166p.