AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO DO ADUBO VERDE (CROTALARIA SPECTABILIS) NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE (LYCOPERSICON ESCULENTUM MILL)

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1 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO DO ADUBO VERDE (CROTALARIA SPECTABILIS) NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE (LYCOPERSICON ESCULENTUM MILL) Helem Fernandes Naves Peixoto 1,3 Severino de Paiva Sobrinho 2,3 Mariane de Carvalho Vidal 2,4 1 Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG 2 Pesquisador orientador 3 Curso de Ciências Biológicas, Unidade Universitária de Porangatu, UEG 4 Embrapa Hortaliças Resumo O trabalho teve como objetivo avaliar o potencial alelopático de C. spectabilis na produção de mudas de tomate (Lycopersicon sculentum). Os tratamentos utilizados na produção das mudas de tomate foram: a testemunha que continha apenas plantmax; substrato com 10% de C. spectabilis; substrato com 20% de C. spectabilis e substrato com 40% de C. spectabilis. As mudas foram mantidas nas bandejas até 35 dias após o semeio, quando foram retiradas para a determinação da matéria seca. A C. spectabilis se mostrou inibidora de germinação das sementes de tomate, tanto sua parte aérea com suas raízes, porém a parte aérea só apresenta efeito inibidor a partir de 11% desta no substrato. A matéria seca da mudas de tomate sofreu um decréscimo linear em função da elevação de C. spectabilis na composição do substrato, sendo que ocorreu uma redução maior para os tratamentos que utilizaram à parte das raízes de C. spectabilis na composição do substrato. Palavras Chave: Alelopatia, Crotalaria spectabilis, adubo verde. Introdução As substâncias alelopáticas estão presentes em todos os tecidos das plantas, incluindo folhas, flores, frutos, raízes, rizomas, caules e sementes (Putnan & Tang 1986). Para Friedman (1995), todos os órgãos da planta têm potencial para armazenar aleloquímicos, mas a quantidade e o caminho pelos quais são emitidos diferem de espécie para espécie. Com a intenção de avaliar o potencial alelopático de adubos verdes, Peixoto et al (2004) testaram diferentes concentrações de extratos utilizando a parte aérea em sementes de tomate, averiguaram que o extrato de Crotalaria

2 spectabilis e Canavalia brasiliensis a 8%, e a concentração 4% e 8% de C. spectabilis e Mucuna aterrimum foram os maiores inibidores. Com a intenção de avaliar o potencial alelopático de adubos verdes, Diniz et al (2004) testaram diferentes concentrações de extratos utilizando a parte aérea em sementes de tomate, averiguaram que o extrato de Canavalia brasiliensis a 4% reduziu a germinação em 50% e a 8% o extrato inibiu completamente a germinação. Vidal et al. (2003) ao utilizarem extrato aquoso da parte aérea de plantas empregadas como adubos verdes na germinação de sementes de tomate, observaram que o extrato de C. spectabilis estimulou a germinação das sementes em até 92,5%, Erasmo et al. (2002) observaram os efeitos da matéria verde dos adubos verdes no crescimento das culturas de alface e da planta daninha capim-colchão (Digitaria horizontallis), verificou que as espécies de feijão de porco e C. spectabilis proporcionaram maiores reduções na matéria seca da parte aérea na cultura da alface enquanto o sorgo proporcionou maior redução de crescimento da planta daninha. Pouco se conhece sobre efeitos alelopáticos de leguminosas no estabelecimento de culturas hortículas, portanto é importante a realização de pesquisas nesse campo para se conhecer as relações alelopáticas entre espécies. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial alelopático de C. spectabilis na produção de mudas de tomate (Lycopersicon esculentum) utilizando substrato com diferentes porcentagens de C. spectabilis. Matérias e Métodos O trabalho foi desenvolvido na UEG, Unidade de Porangatu, no período de abril a maio de Para obtenção do extrato de C. spectabilis foram colhidas plantas na Embrapa de Hortaliças, em seguida separada em parte aérea e raiz e posta para secar e depois triturada separadamente. As mudas foram produzidas em bandejas de isopor de 128 células com substrato composto de extrato de C. spectabilis e plantmax, as sementes utilizadas foram da variedade viradouro. Os tratamentos foram distribuídos em bloco inteiramente casualizados (DIC), sendo cada tratamento constituído de três repetições, cada uma com 56 células e cada uma dela continha apenas uma semente. Os tratamentos utilizados na produção das mudas foram: a testemunha que continha

3 apenas plantmax; substrato com 10% de C. spectabilis; substrato com 20% de C. spectabilis e substrato com 40% de C. spectabilis. Após o semeio as bandejas foram cobertas com palha e irrigadas duas vezes ao dia, após 35 dias as mudas foram retiradas das bandejas e lavadas até remover todo o material de suas raízes para que fosse determinada a matéria seca das mudas. Os parâmetros avaliados foram: percentagem de germinação e matéria seca das mudas aos 35 dias após o semeio. Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão polinomial. Resultados e Discussão A percentagem de germinação das sementes de tomate apresentou valores menores quando se utilizou valores elevados de C. spectabilis, tanto da parte área como da raiz. Na figura 1 observase que a percentagem de germinação dos tratamentos que utilizaram à parte área da crotalária não se ajustou a nenhum modelo de regressão, observa-se também que nos tratamentos o menor valor de germinação ocorreu para o tratamento com 10% de parte aérea de C. spectabilis, porém o resultado pode ter sofrido ação de algum fator não controlado. Os tratamentos que utilizaram a raiz da crotalária se ajustaram a uma equação de regressão polinomial. Através da derivada segunda da equação de regressão estimou-se em 83,40% a germinação de sementes de tomate quando se utiliza 11% de raiz de C. spectabilis na composição do substrato. Para Peixoto et al (2004) a percentagem de germinação era afetada por percentagens bem menores de C. spectabilis. Porém os autores não trabalharam com bandejas, uso de bandeja pode ter facilitar à drenagem dos compostos alelopáticos tornado a composição (C. spectabilis mais Plantmax) menos concentrada e reduzindo seus efeitos alelopáticos sobre a germinação. Vidal et al. (2003) também verificou que a germinação de sementes de tomate e afeta negativamente pela crotalária.

4 Percentagem de germinação substrato da parte aérea Polinômio (substrato de raiz) y = -0,0085x 2 + 0,1868x + 84,243 R 2 = 0, Percentagem de Crotalaria spectabilis Figura 1. Porcentagem de germinação de sementes de tomate em função da porcentagem de C. spectabilis no substrato das mudas. UnUP UEG, Porangatu, O peso da matéria seca das mudas de tomate decresceu tanto para o substrato com raiz como para o substrato com a parte área da C. spectabilis. Observa-se que o efeito foi mais acentuado sobre as mudas produzidas com o substrato que continha raiz de C. spectabilis (Figura 2). Materia seca (5 plantas) 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Substato de parte aérea Substrato de raiz y 1 = -0,0129x + 0,794 R 2 = 0,9872 y 2 = -0,0169x + 0,688 R 2 = 0, percentagem de Crotalaria spectabilis Figura 2. Matéria seca (MS) de mudas de tomate em função da porcentagem de C. spectabilis no substrato das mudas. UnUP UEG, Porangatu, 2005.

5 Erasmo et al. (2002) trabalhando com plantas de alface (Lactuca sativa) também observaram que C. spectabilis provoca redução na quantidade de matéria seca. A utilização de 10% da parte aérea de C. spectabilis na composição do substrato provocou uma redução de 9% na matéria seca de mudas de tomate, contra uma redução de 31% quando os 10% era de raiz. Para o tratamento com 20% da parte área na composição do substrato o peso da matéria seca das mudas sofreu uma redução de 31% contra uma redução de 78% nas mudas que foram produzidas com substrato que continha de 20% de raiz de C. spectabilis. A redução da matéria seca das mudas foi mais acentuada para os tratamentos que utilizaram 40% de crotalária na composição do substrato, sendo que a parte área provocou uma redução de 65% contra uma redução de 87% provocada pelas raízes de C. spectabilis. Conclusão A percentagem de germinação foi afetada negativamente tanto pela parte aérea como pela raiz da C. spectabilis, sendo que a parte área só começa a reduzir a germinação para valores superior a 11%. A raiz da crotalária se mostrou com maior potencial de inibição de crescimento do que a parte área. Bibliografia ERASMO, A. L.; ALVES, P. L.; AZEVEDO, R. W.; CAVALCANTE, G. Efeito da fitomassa de alguns adubos verdes e sorgo forrageiro sobre o crescimento da cultura de alface e Digitaria horizotallis. In: Anais XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, Gramado, Gramado, p. 69. FRIEDMAN, J Allelopathy, autotoxicity, and germination. Pp In: KEGEL, J. & GALILI, G. (eds.). Seed development and germination. Marcel Dekker Inc., New York. PEIXOTO, H.F.N.; DINIZ, B. M.; VIDAL, M. C. Ação alelopática da parte aérea de espécies de adubos verdes na germinação da alface. In: Anais do LV CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, Viçosa, Viçosa, PUTNAN, A.R. & Tang, C.S Pp In: PUTNAN, A.R. & TANG, C.S. The science of allelopathy. John Wiley & Sons, New York.

6 VIDAL, M. C.; DINIZ, B. M.; PEIXOTO, H. F. N. Efeito do extrato de raízes de sementes de adubos verdes na germinação de sementes de tomate. Horticultura Brasileira, Recife-PE, v. 21, n. 2, p , jul. 2003a. Suplemento 1.