DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA EM SEMENTES DE TUCUMÃ

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1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA EM SEMENTES DE TUCUMÃ Waldemir Romulo Brito da Silva 1 ; Walnice Maria Oliveira do Nascimento 2 ; José Edmar Urano de Carvalho 2 ; Maria do Socorro Padilha de Oliveira 2 ; Leonardo de Lucena Martins 1 ; Cartiane Rubishirley Macêdo da Rocha 1 1 Acadêmico do curso de Agronomia da UFRA, Engº Agrº. 2 Pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP , Belém, PA, Brasil, romulinho@hotmail.com; urano@cpatu.embrapa.br; walnice@cpatu.embrapa.br; spadilha@cpatu.embrapa.br INTRODUÇÃO O tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.) pertence a família Arecaceae, conhecido como tucumã-do-pará, é palmeira de crescimento em touceiras com quatro estipes em média com bastante espinho. Os frutos são comestíveis in natura ou na forma de suco, usado na fabricação de licor ou sorvete, ricos em vitaminas, possui elevado potencial de pro-vitamina A. São encontrados frutos de forma ovalada ou arredondada, com variação no comprimento de 31,2 mm até 54,2 mm e no diâmetro de 25,0 mm a 48,0 mm (LIMA et al., 1986). A polpa do fruto produz 37,5% de óleo amarelo e a amêndoa de 30-50% de óleo branco, ambos comestíveis (CAVALCANTE, 1996). Apresenta elevado potencial produtivo para frutos e óleo sendo considerada espécie promissora para a produção do biodiesel na Amazônia. Entretanto, seu cultivo na região amazônica ainda é inexpressivo. Dentre os fatores que contribuem para esse fato estão, provavelmente, a dificuldade na germinação e a impossibilidade da propagação vegetativa (SÁ, 1984; FERREIRA; GENTIL, 2006). A unidade de propagação é o caroço, o qual é constituído pelo endocarpo e a semente. Em casos raros são encontradas caroços com duas e até três sementes. A semente é arredondada tendo sido encontradas amêndoas variando de 6,0 mm a 22,9 mm de diâmetro (LIMA et al., 1986). Quando se utiliza os caroços como unidade de propagação, a germinação é lenta e desuniforme, com início aos 180 dias. No caso do tucumã-doamazonas (Astrocaryum aculeatum) é sugerido a remoção do endocarpo e a embebição das sementes em água para acelerar a germinação (FERREIRA; GENTIL, 2006). A determinação do teor de água em sementes é fundamental para indicação das condições de semeadura e armazenamento propiciando a manutenção da qualidade fisiológica das

2 sementes. O teor de água é destacado como fator importante na manutenção da viabilidade das sementes armazenadas e particularmente para aquelas que são estocadas por longos períodos. De acordo com Carvalho et al. (2001), as sementes de tucumã são consideradas recalcitrantes. Sabe-se que as sementes recalcitrantes perdem a viabilidade quando seu grau de umidade é reduzido abaixo de certos valores, dependendo da espécie. Portanto, a informação precisa do teor de água das sementes é imprescindível para a conservação das sementes recalcitrantes. Entretanto, a maioria dos experimentos com determinação do teor de água de sementes de palmeiras tropicais, utilizam o caroço na obtenção do grau de umidade, isto é, endocarpo contendo a semente (NASCIMENTO et al., 2007; MARTINS et. al., 1999). Contudo, os valores encontrados não correspondem ao teor de água das sementes e sim da unidade de propagação usada (caroço). Visando obter informações sobre o teor de água das sementes de Astrocarym vulgare, o presente trabalho foi desenvolvido. MATÉRIAL E MÉTODOS O experimento foi executado no Laboratório de Ecofisiologia e propagação de plantas da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA). Foram utilizadas amostras de frutos coletados no Banco de Germoplasma de tucumã da Embrapa. Inicialmente os frutos foram imersos em água por cinco dias, com troca diária da água, a fim de facilitar a remoção da polpa aderida ao endocarpo. A limpeza constituiu em fricção dos frutos em peneira de malha de ação e raspagem com faca e lavagem em água corrente. Após a secagem foi retirado uma amostra de 25 sementes e feito a determinação do teor de água inicial. Em seguida os caroços foram colocados para secar em ambiente com temperatura média de 22ºC e umidade relativa do ar média de 60%, até que a maioria das sementes soltasse do endocarpo, verificado pela movimentação dos pirênios. Após 72 e 90 horas do início do período de secagem foi retirada amostras e feito a determinação do teor de água. Para a determinação do teor de água das sementes e endocarpos separados, procedeu-se a extração das sementes com a quebra do caroço, com ajuda de um equipamento mecânico conhecido como "morsa". Como medida de segurança o caroço foi envolto por uma tira de borracha, após o envolvimento o caroço foi prensado e ao trincar o endocarpo era retirado da morsa e feito a extração da semente (FERREIRA; GENTIL, 2006). Os endocarpo foram separados da semente e feito a determinação do teor de água de ambos (semente e endocarpo) separadamente. Utilizou-se o delineamento inteiramente

3 casualizado com 25 repetições com uma semente cada, adotou-se o método da estufa a 105±3ºC por 24 horas (BRASIL, 1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 está representada a redução do grau de umidade da semente e do endocarpo durante o processo de secagem. Verifica-se que nos primeiros três dias de secagem houve redução no teor de água da semente. Enquanto que, para o endocarpo a variação foi mínima em todo o período de secagem Teor de água (%) semente endocarpo 0 72 horas 90 horas Tempode secagem (hora) FIGURA 1 - Redução do grau de umidade de sementes e endocarpo de A. vulgare, em função do tempo de secagem. Nos caroços de A. vulgare o processo de secagem dos pirênios até o desprendimento foi relativamente rápido e intenso, reduzindo em 13,36% o teor de água das sementes, passando de 29,85% (inicial) para 16,49% (final). Enquanto que, a secagem do endocarpo foi menos intensa com redução de 4,04% no teor de água, passando de 15,15% para 11,21% após 90 horas de secagem (Tabela 1). Nos resultados encontrado por Ferreira e Gentil (2006) com pirênios de Astrocaryum aculeatum, a secagem dos caroços do tucumãdo-amazonas levou em média 30 dias para perder 9% de água.

4 TABELA 2 - Média do teor de água da semente e do endocarpo de A. vulgare, submetidos a diferentes períodos de secagem. Tempo de secagem Teor de água (%) (horas) Endocarpo semente 0 15,25 A 29,85 A 72 12,80 B 19,46 B 90 11,21 C 16,49 C CV (%) 6,51 15,56 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. A secagem dos caroços no período de 90 horas, propiciou maior facilidade na extração das sementes. Contudo, o percentual de sementes de tucumã danificadas ainda foi considerado alto, em torno de 11%, apesar dos cuidados adotados por ocasião da extração. Contudo, para a determinação do teor de água o método pode ser empregado, uma vez que as Regras para Análise de Sementes citam que algumas espécies podem ser utilizadas sementes moídas. CONCLUSÃO Nos diferentes períodos avaliados, o tempo de secagem por 90 horas é recomendado para determinação do teor de água das sementes Astrocaryum vulgare. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FINEP-CT-AGRO/3718/2006 pelo apoio financeiro na execução do experimento. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: CLAV/DNDV/MA, p. CARVALHO, J. E. U. de; ÜLLER, C. H.; NASCIMENTO, W. M. O. do Classificação de sementes de espécies frutíferas nativas da Amazônia de acordo com o comportamento no armazenamento. Belém: Embrapa, p. (Comunicado Técnico, 60).

5 CAVALCANTE, P. Frutas comestíveis da Amazônia. Belém: CEJUP, p. FERREIRA, S.A.N. ; GENTIL, D.F.O. Extração, embebição e germinação de sementes de tucumã (Astrocaryum aculeatum). Acta Amazônica, Manaus, v. 36, n. 2, p , LIMA, R. R.; TRASSATO, L. C.; COELHO, V. O tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.). Principais características e potencialidade agroindustrial. Belém: Embrapa-CPATU, p. (Boletim de Pesquisa, 75). MARTINS, C. C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M. L. A. Tolerância à dessecação de sementes de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes). Revista Brasileira de Botânica, Brasília, v. 22, n. 3, p , NASCIMENTO, W. M. O. CICERO, S. M.; NOVEMBRE, A. D. L. C. Conseqüências fisiológicas da dessecação em sementes de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 29, n. 3, p , SÁ, S. T, V. Superação de dormência de sementes de tucumã (Astrocaryum tucuma Mart.) Manaus f. Monografia (Graduação de Engenharia Agronômica) - Universidade Federal do Amazonas _084228