INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA NA SUSCETIBILIDADE DE PLANTAS DE SOJA À INFECÇÃO POR PHAKOPSORA PACHYRHIZI
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1 INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA NA SUSCETIBILIDADE DE PLANTAS DE SOJA À INFECÇÃO POR PHAKOPSORA PACHYRHIZI Daiane Cristina Martins Barros (UEL-Bolsista PROIC /Fundação Araucária), Sheila Ariana Xavier, Marcelo Giovanetti Canteri (Orientador), Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Agronomia/Londrina, PR. Ciências Agrárias-Fitossanidade/Fitopatologia Palavras-chave: Ferrugem asiática, Glycine max, estádios fenológicos. Resumo O trabalho tem como objetivo avaliar a influência da idade da folha de soja na suscetibilidade à infecção por P. pachyrhizi. Foram conduzidos dois experimentos em casa de vegetação na Universidade Estadual de Londrina no ano safra de 2009/2010. A semeadura foi realizada em duas datas distintas, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com três tratamentos e cinco repetições para cada experimento. O trifólio mais velho apresentou maiores valores de severidade da doença quando comparado com trifólios mais novos, nos dois experimentos. Observou-se maior eficiência de infecção de P. Pachyrhizi nas plantas de soja do experimento 1 (plantas mais novas) em relação ao experimento 2 (plantas mais velhas). A germinação dos esporos de P. Pachyrhizi não foi influenciada pelo estádio fenológico e idade dos trifólios de plantas de soja. Introdução Além da sua importância em valores econômicos, a soja apresenta valiosas características nutricionais, sendo amplamente utilizada na alimentação humana e animal (ANUÁRIO BRASILEIRO DE SOJA, 2006). Entretanto, o potencial produtivo e de utilização da cultura atualmente alcançados, ficam muito aquém do desejado, devido à problemas climáticos e a ocorrência da ferrugem asiática da soja, que estão entre os principais entraves para o melhor desempenho da sojicultura brasileira. A ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., descrito pela primeira vez na Ásia. Estudos sobre o efeito da idade da planta na suscetibilidade à infecção para a ferrugem asiática ainda são pouco conhecidos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência da idade da folha de soja na suscetibilidade à infecção por P. pachyrhizi. Materiais e métodos Foram realizados dois experimentos conduzidos na Universidade Estadual de Londrina-UEL em casa de vegetação. As plantas utilizadas nos experimentos foram semeadas em vasos plásticos de 10 L, utilizando-se
2 como substrato a mistura de terra argilosa, areia e terra vegetal na proporção 2:1:2; utilizou-se na semeadura a cultivar BRS 232. Utilizou-se delineamento experimental inteiramente casualizado, com 3 tratamentos e cinco repetições, para ambos os experimentos. Os tratamentos foram definidos pela idade do trifólio no momento da inoculação e cada repetição consistiu de um vaso com duas plantas. Os experimentos diferiram entre si, pelo estádio fenológico no qual as plantas foram inoculadas e pela idade do trifólio avaliado. Em ambos os experimentos foram avaliados os trifólios 4, 5 e 6. A determinação dos estádios fenológicos foi realizada utilizando-se a descrição de Ritchie et al. (1982) adaptada por Yorinori, Foram realizadas duas semeaduras sucessivas em intervalo de 30 dias (13/11/09 e 13/12/09), para a obtenção dos diferentes experimentos. A coleta dos esporos e inoculação das plantas foi realizada no dia 12/01/2010; no momento da inoculação as plantas dos experimentos 1 e 2 encontravam-se em estádio R4 e V6 respectivamente. Os trifólios 4, 5 e 6 apresentavam a idade de 31, 26 e 22 dias para o primeiro experimento. No segundo experimento a idade dos trifólios era de 11, 7 e 4 dias para os trifólios 4, 5 e 6 respectivamente. Para a inoculação utilizou-se suspensão de 4x10 5 esporos/ml de água destilada + Tween 20, 0,05% (oito gotas por litro de água destilada). O inóculo foi obtido em plantas de soja da cultivar CD 219, provenientes da área experimental do setor de Fitopatologia da EM- BRAPA- SOJA, Londrina-PR. Após a inoculação as plantas foram mantidas em câmara úmida, por 24 horas. A câmara úmida foi criada envolvendo os vasos em sacos plásticos transparentes umedecidos. Aos 7 e 13 dias após a inoculação (d.a.i) os folíolos 4; 5 e 6 foram avaliados quanto a severidade, com o auxílio da escala diagramática proposta por Godoy et al. (2006). Aos 15 d.a.i os folíolos foram destacados e avaliou-se o número de esporos viáveis. As avaliações foram realizadas na superfície adaxial dos trifólios expandidos, denominados de acordo com a idade 4; 5 e 6; no sentido base-ápice. Para a quantificação do número de esporos viáveis, os folíolos centrais dos trifólios avaliados foram varridos sobre placas de petri contendo meio de cultura Agar-água (2%). As placas com os esporos foram mantidas em câmara climatizada (BOD) em temperatura de 20ºC, no escuro. A avaliação foi realizada após 6 horas de incubação, tomando-se 100 esporos ao acaso visualizados com o auxílio de microscópio óptico com aumento de 100 vezes. O esporo foi considerado germinado quando o tubo germinativo apresentou o comprimento maior que o diâmetro do esporo. A análise estatística foi realizada através da análise de variância e as médias comparadas pelos testes de Scott-Knott e Duncan ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o software SASM-Agri (Canteri et al., 2001). Resultados e Discussão Em ambos os experimentos os valores obtidos para porcentagem de severidade apresentaram diferença significativa entre os tratamentos 1, 2 e 3, sendo que os maiores valores foram observados no tratamento 1 (trifólio
3 nº 4) (Tabela1), para os dois experimentos. Esses resultados são correspondentes aos obtidos por Furtado (2007), que observou que o trifólio mais velho apresentou maiores valores de severidade da doença quando comparado com trifólios mais novos. Assim, acredita-se que a maior suscetibilidade das folhas mais velhas juntamente com maiores períodos de molhamento, podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da doença no sentido base-ápice das plantas de soja, em condições de campo. Considerando-se que no experimento 1 as plantas encontravam-se em estádio reprodutivo; que nestas os valores de severidade foram superiores aos observados no experimento 2 (estádio vegetativo) e sabendo-se que em condições de campo as epidemias da ferrugem asiática aumentam a partir do florescimento das plantas; os maiores valores de severidade observados no experimento 1 (Figura 1), podem ser explicados devido ao fato de que na fase reprodutiva, a maior concentração de esporos, propiciou maiores taxas de infecção e, consequentemente, maior severidade da ferrugem asiática. Tabela 1: Valores de severidade média e viabilidade de esporos de P. Pachyrhizi em dois experimentos conduzidos em casa de vegetação; UEL- Londrina, 2009/2010. Figura 1 - Severidade Média (%) x Idade da folha na suscetibilidade à infecção por Phakopsora pachyrhizi em planta de soja, conduzidas em dois experimentos. UEL-Londrina, 2009/2010. Para a viabilidade de esporos, observou-se nos dois experimentos valores que não diferiam estatisticamente quando submetidos a comparação pelo teste de Scott-knott (Figura 2). Os tratamentos 1, 2 e 3 do experimento 1 apresentaram porcentagem média de germinação dos esporos de 85,50; 88,60 e 87,40 respectivamente. No experimento 2 os valores encontrados foram 88,3; 88,8 e 89,9 para os tratamentos 1, 2 e 3 respectivamente. Portanto, o estádio fenológico e a idade dos trifólios não exerceram influência na germinação dos esporos de P. Pachyrhizi.
4 Figura 2 - Relação entre idade da folha e viabilidade de esporos de Phakopsora pachyrhizi em plantas de soja, conduzidas em dois experimentos. UEL-Londrina, 2009/2010. Conclusões Referências 1. A ferrugem asiática da soja foi mais severa nos trifólios mais velhos de plantas de soja quando comparado com trifólios mais novos; 2. O estádio fenológico reprodutivo (R4) foi mais suscetível à ocorrência da ferrugem asiática que o estádio vegetativo (V6); 3. A germinação dos esporos de P. Pachyrhizi não foi influenciada pelo estádio fenológico e idade dos trifólios de plantas de soja. ANUÁRIO BRASILEIRO DE SOJA. Santa Cruz do Sul, p CANTERI, M.G.; ALTHAUS, R.A.; VIRGENS FILHO, J.S.; GIGLIOTI, E.A.; GODOY, C.V. SASM Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v.1, n.2, p GODOY, C.V. SASM Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v.1, n.2, p FURTADO, G.Q. Ferrugem asiática da soja: métodos de preservação dos urediniósporos e fatores relacionados à infecção do hospedeiro p. Dissertação (mestrado em Fitopatologia) Universidade de São Paulo- Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, São Paulo, GODOY, C.V.; KOGA, L.J.; CANTERI, M.G. Escala diagramática para avaliação da ferrugem da soja. Fitopatologia Brasileira, v. 31, p
5 RITCHIE, S.; HANWAY, J.J.; THOMPSON, H.E. How a soybean plant develops. Ames: Iowa State University of Science and Technology, Coop. Ext. Serv., Special Report, p. 20. Adaptado por YORINORI, 1996.
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