DECISÃO MONOCRÁTICA RELATÓRIO

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NONA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º AGRAVANTE: TRANSTURISMO REI LTDA AGRAVADA: PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS RELATOR: DESEMBARGADOR GILBERTO CAMPISTA GUARINO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. REGRESSO DA SEGURADORA POR SUB-ROGAÇÃO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. DECISÃO QUE DETERMINOU QUE, EM 05 (CINCO) DIAS, A EMPRESA RÉ, ORA AGRAVANTE, ACOSTASSE AOS AUTOS DOCUMENTO EMITIDO PELO DETRAN/RJ, CONTENDO DADOS DA TITULARIDADE DO COLETIVO (PLACA LRK 0416), ESPÉCIE ÔNIBUS, NA DATA DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. IRRESIGNAÇÃO. CÓPIA DO CERTIFICADO DE REGISTRO DE VEÍCULO (C.R.V.), SEM A FIRMA DO COMPRADOR. FALTA DE TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE NA AUTARQUIA DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 134 DO C. T. B.. INEXISTÊNCIA DA COMUNICAÇÃO ADMINISTRATIVA DA AFIRMADA VENDA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO MÍNIMA, APTA A EMBASAR O LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ, CUJA BASE É A PROVA PRODUZIDA. PRECEDENTES DESTE E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE, QUE SE DESPROVÊ, COM BASE NO ART. 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO MONOCRÁTICA RELATÓRIO 01. Tem-se agravo de instrumento da interlocutória de fls. 78 que, nos autos da ação de procedimento comum sumário, ajuizada por PORTO SEGURO CIA DE SEGUROS GERIAS, em face de TREL TRANSTURISMO REI LTDA, determinou que, no prazo de 05 (cinco) dias, a autora e agravante acostasse aos autos documento expedido pelo

2 DETRAN/RJ, contendo informação sobre a titularidade do veículo (placa LRK 0416), espécie ônibus, na data do acidente de trânsito. 02. Irresignado (Minuta de fls. 02 a 08), alega o agravante, em síntese, que o veículo coletivo envolvido no acidente ocorrido aos 10/04/2010, não pertencia mais a sua frota desde setembro de 2007, tendo sido vendido para a empresa Transporte e Turismo Machado LTDA., conforme comprova a cópia da CRV em anexo. (Sic). 03. Quer, portanto, a concessão de efeito suspensivo, e, ao final, o provimento do agravo, com a reforma da interlocutória, nessa exata extensão. 04. Às fls. 82, deferi, ad cautelam, o efeito suspensivo do processo, até o julgamento do recurso. 05. Às 87 usque 90, contraminuta do agravado, em prestígio da decisão. 06. O recurso é tempestivo e está corretamente preparado (cf. fls. 80). É o relatório. DECIDO 07. Conheço do agravo, que preenche os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal. 08. Com efeito, é intuitivo que o documento que comprova a propriedade do bem em foco é o Certificado de Registro de Veículo C.R.V E, compulsados os autos, verifica-se que a agravante, ao suscitar a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, acosta aos autos cópia do C.R.V. (fls. 57/v.), datado do mês de setembro de 2007, de

3 cujo verso se depreendem preenchidos os dados do comprador, qual seja, Transporte e Turismo Machado LTDA Todavia, tal documento não tem validade, pois não está firmado pelo aludido comprador, que levaria à concordância com o negócio jurídico afirmadamente celebrado entre as empresas, não havendo, portanto, prova inequívoca da tradição do bem. 11. Ressalte-se que o art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro dispõe ser dever do vendedor comunicar a transferência do bem ao DETRAN, sob pena de responsabilizar-se solidariamente com o comprador por eventuais penalidades impostas após a alienação, mas antes da formalização da operação no órgão competente. Confira-se: Art No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da copmunicação. Corte de Justiça: 12. Nesse sentido, traz-se a lume julgados desta colenda DES. CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA. Julgamento: 08/10/2012. NONA CÂMARA CÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE DA PROPRIEDADE DE VEÍCULO. DETRAN. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DO DIREITO DO AUTOR. MANUTENÇÃO. 1. Na hipótese em tela não se vislumbra de plano a verossimilhança das alegações autorais, como bem avaliou o magistrado de primeiro grau, eis que o presente agravo de instrumento não se encontra instruído com documento apto a comprovar inequivocamente a alegação de que o veículo marca FIAT, modelo Elba 1.6 IE, placa KPC 4474, tenha sido, de fato, alienado

4 pelo agravante em 12/05/ Com efeito, o único documento trazido pelo agravante como evidência da alienação do referido veículo, é tão somente um recibo de compra de outro veículo, marca GM, modelo Vectra Milenium, ano 2001, placa KMV 7724 (fl. 21), onde o veículo objeto dos presentes autos consta como parte do pagamento, no campo de observações. 3. Todavia, como o próprio agravante confessa, a transferência junto ao agravado teria ficado a cargo da concessionária, no momento em que o veículo Fiat fosse vendido a um terceiro, o que não restou comprovado neste recurso. 4. Fato é que o agravante não carreou nenhum outro documento da aludida transação aos autos, e sequer comprovou a comunicação administrativa da suposta venda ao DETRAN, o que lhe incumbia nos termos da lei de trânsito. 5. Assim, ao menos em sede de cognição sumária, não se vislumbra a verossimilhança do direito alegado, o que impede a concessão da tutela antecipadamente, por ausência de pressuposto legal. Aplicação da súmula n. 59 do TJERJ. NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO, MONOCRATICAMENTE DES. MARIO ASSIS GONCALVES. Julgamento: 05/12/2012. TERCEIRA CÂMARA CÍVEL. Agravo Interno em Agravo de instrumento. Ação obrigação de fazer. Transferência de titularidade do veículo junto ao DETRAN-RJ. Tutela antecipada. Deferimento. Aplicação do verbete sumular nº 59 do TJERJ. Alega o autor a ocorrência de defeito na medida em que a ré deixou de tomar as providências necessárias para transferência da propriedade do veículo junto ao DETRAN, nos prazos e termos legais. A ré, por sua vez, refuta a tese autoral, afirmando inexistência do referido dever. Nos termos do artigo 123 da Lei 9.503/97 será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando houver transferência da propriedade, devendo o proprietário, ou seja, o comprador do bem, adotar as medidas cabíveis no prazo de 30 (trinta) dias. O Código de Trânsito Brasileiro prevê, ainda, em seu artigo 134, o dever do vendedor comunicar a transferência do bem ao DETRAN, sob pena de responsabilizar-se, solidariamente, com o comprador por eventuais penalidades impostas após a alienação, mas antes da formalização da operação junto ao órgão competente. Possível concluir, portanto, que não obstante deva o vendedor, antigo proprietário, comunicar a alienação de bem ao DETRAN para evitar responsabilidade solidária por

5 eventuais penalidades impostas após a efetivação do negócio jurídico, incumbe ao comprador providenciar a alteração do cadastro do veículo e a emissão da nova documentação. Este Tribunal de Justiça firmou entendimento de que apenas se deve reformar decisão que concede a antecipação da tutela em casos de evidente contrariedade às provas trazidas aos autos ou à lei. Verbete sumular nº 59 do TJRJ. A expedição de ofício ao DETRAN-RJ não foi objeto de análise na decisão de primeiro grau, o que impede a sua apreciação em sede recursal, sob pena de grave disfunção processual consubstanciada na supressão de instância, o que é vedado. Recurso ao qual se nega provimento DES. MARIO DOS SANTOS PAULO Julgamento: 28/02/2012. QUARTA CAMARA CIVEL. 1. Agravo de Instrumento. 2. Indeferimento de antecipação de tutela, que visava à suspensão das cobranças de infrações administrativas, bem como da pontuação em sua Carteira Nacional de Habilitação, tudo referente ao veículo que alega ter vendido, sem que, contudo, tenha havido a transferência da titularidade.3. Matéria que demanda dilação probatória. Precedentes. 4. Incidência da Súmula nº 59 deste Tribunal.5. Recurso manifestamente improcedente, ao qual se nega seguimento, na forma do Art. 557 do C.P.C DES. PEDRO SARAIVA ANDRADE LEMOS. Julgamento: 17/01/2012. DÉCIMA CÂMARA CÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação ordinária com pedido de tutela antecipada. Transferência da titularidade do veiculo e desvinculação do nome da Autora Agravante das multas relativas ao carro vendido ao 2º Réu. Ausência dos requisitos ensejadores da concessão da tutela antecipada na espécie. Verossimilhança da alegação inicial não demonstrada de forma cabal e inequívoca. Necessidade de dilação probatória no caso concreto. Teor da Súmula nº 59 do TJRJ. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. 13. Assim, a decisão judicial está correta, porque há necessidade de comprovação mínima, apta a embasar o livre convencimento do Juiz em relação à preliminar de ilegitimidade passiva.

6 14. Tudo bem ponderado, nego provimento ao recurso, manifestamente improcedente, e revogo o feito suspensivo, à vista do disposto no art. 557, caput, do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro, 06 de junho de Desembargador GILBERTO GUARINO Relator