ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO
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- Leila Marreiro
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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO SEXTA CÂMARA CIVEL Agravo de Instrumento nº Agravante: Agravado: UTEC URBANISMO TERRAPLANAGEM E CONSULTORIA LTDA Relatora: DESEMBARGADORA TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. FALÊNCIA DO EXECUTADO. INDEFERIMENTO DE INCLUSÃO DOS SÓCIOS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA NO PÓLO PASSIVO. 1. A responsabilidade pessoal dos sócios será apurada pelo juízo da falência em ação própria que observará o rito ordinário. 2. A falência de uma sociedade não decorre necessariamente da má administração, não se podendo presumir a má gestão para, assim, atingir o patrimônio pessoal do sócio de responsabilidade limitada. Jurisprudência da Corte Superior já pacificou o entendimento no sentido de condicionar a responsabilidade pessoal do sócio-gerente à comprovação da atuação dolosa ou culposa na administração dos negócios, em decorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatuto. 3. Mero inadimplemento em relação ao recolhimento de um tributo enseja tão somente a mora da sociedade, não podendo acarretar o redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios de responsabilidade limitada. Inteligência enunciado nº 430 da Súmula do STJ. 4. Não restou demonstrada atuação fraudulenta dos sócios ou dissolução irregular da sociedade, devendo ser mantida a decisão atacada, até porque a falência é meio legal de extinção da sociedade empresarial. 5. A Fazenda não se sujeita ao plano de recuperação judicial (art. 6º, 7º da Lei nº. fag 1
2 11.101/2005), prosseguindo o curso normal as execuções fiscais, o que não autoriza, todavia, o redirecionamento da execução em face dos sócios de responsabilidade limitada. Precedentes desta Corte. Recurso a que se nega seguimento, na forma do art. 557, caput, CPC. Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo ESTADO DO RIO DE JANEIRO em face de UTEC URBANISMO TERRAPLANAGEM E CONSULTORIA LTDA, nos autos de ação de execução fiscal, contra a decisão do juízo da 11ª Vara de Fazenda Pública, que indeferiu o pedido de inclusão dos sócios gerentes da sociedade executada no polo passivo, fundado exclusivamente na decretação de falência. Alega o Agravante às fls. 02/15, em breve síntese, que o fundamento da responsabilidade pessoal do sócio gerente reside na ocorrência de fato típico definido como crime. Sustenta que a decretação da falência não constitui óbice à pretensão executória do Estado, até porque a má gestão e a má administração são fatos notórios e independem de prova, ressaltando que o inadimplemento de obrigação tributária enseja responsabilidade pessoal do administrador com a exposição de seu patrimônio pessoal. Acrescenta que a execução fiscal tem origem na falta de pagamento de ICMS incidente sobre a venda de mercadorias, imposto recebido pela executada dos compradores de suas mercadorias, que não repassou aos cofres públicos, constituindo crime (artigo 2º, II da Lei nº 8.137/90 c/c artigo 137 do CTN). Por fim, requer a reforma da decisão para que se prossiga a execução, incluindo-se os sócios gerentes no polo passivo da execução fiscal. O juízo a quo prestou informações às fls. 85/88. A parte Agravada não ofertou contrarrazões (certidão de fl. 89). fag 2
3 Parecer da Procuradoria de Justiça às fls. 91/96, oficiando pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Passo a decidir. O recurso interposto é tempestivo, e guarda os demais requisitos de admissibilidade, de forma a trazer o seu conhecimento. A hipótese vertente comporta solução monocrática, nos termos a que alude o art.557, caput do CPC. Não assiste razão ao Agravante. O argumento do agravante de que a má gestão e a má administração são fatos notórios e independem de prova não lhe socorre. Dispõe o artigo 82 da Lei nº /2005 que a responsabilidade pessoal dos sócios será apurada pelo juízo da falência em procedimento que observará o rito ordinário. Portanto, a suposta gestão temerária da sociedade por seus sócios e administradores deve ser apurada pelo juízo da falência, em ação própria, com respeito ao contraditório e ampla defesa. Cumpre destacar que a falência de uma sociedade não decorre necessariamente da má administração, há uma série de outros fatores que podem acarretar a falência de uma empresa, não se podendo presumir a má gestão para, assim, atingir o patrimônio pessoal do sócio de responsabilidade limitada, como pretende o agravante. Ademais, a jurisprudência da Corte Superior já pacificou o entendimento no sentido de condicionar a responsabilidade pessoal do sócio-gerente à comprovação da atuação dolosa ou culposa na administração dos negócios, fag 3
4 em decorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatuto. Assim, o mero inadimplemento em relação ao recolhimento de um tributo enseja tão-somente a mora da sociedade, não podendo acarretar o redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios de responsabilidade limitada. É o que se extrai do enunciado nº 430 da Súmula do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. Nessa mesma direção, a jurisprudência desta Corte, in verbis: AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. BENEDICTO ABICAIR Julgamento: 12/08/ SEXTA CAMARA CIVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. DECISÃO QUE INDEFERIU O REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO PARA OS SÓCIOS.1. A jurisprudência do STJ já pacificou o entendimento no sentido de condicionar a responsabilidade pessoal do sócio-gerente à comprovação da atuação dolosa ou culposa na administração dos negócios, em decorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto.2. O não recolhimento do tributo configura simples mora da sociedade devedora contribuinte, não ensejando o redirecionamento da execução fiscal contra os sóciosgerentes. Verbete sumular nº 430 do STJ. 3. Nenhuma das hipóteses restou comprovada nos autos, sendo certo que a falência é meio legal de extinção da sociedade empresarial.4. Recurso ao qual se nega seguimento, com fulcro no art. 557, caput, do CPC. fag 4
5 AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. ADOLPHO ANDRADE MELLO Julg: 24/08/ DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. FALÊNCIA. INCLUSÃO DE SÓCIOS NO PÓLO PASSIVO. DESCABIMENTO. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE OU ABUSO DE DIREITO. INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PELA SOCIEDADE NÃO INDUZ, POR SI SÓ, A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SÓCIO-GERENTE. ENUNCIADO Nº 430 DO STJ. DESPROVIMENTO.1. Recurso contra decisão que indeferiu a inclusão dos sócios diretores de sociedade empresária em estado falimentar no polo passivo de execução fiscal. Argumentos de insubmissão da cobrança judicial ao juízo falimentar e a responsabilidade pessoal dos diretores da sociedade agravada em razão da má administração.2. A falência é meio regular da dissolução da sociedade empresária e sua decretação não induz, por si só, a ocorrência de fraude ou abuso de direito relacionado à autonomia patrimonial de atos de má administração.3. O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Enunciado nº 430 da Súmula do Egrégio STJ.4. Desprovimento AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. MARIO ASSIS GONCALVES Julgamento: 17/08/ TERCEIRA CAMARA CIVEL Agravo de instrumento. Execução Fiscal. ICMS. Inclusão de sócios no polo passivo. Decretação de falência da executada. Os sócios somente respondem pessoalmente pelos débitos fiscais da sociedade se ficar comprovado que o inadimplemento da obrigação tributária decorreu de dolo ou fag 5
6 fraude por eles praticados. A despeito do inadimplemento da obrigação tributária configurar infração à lei, para que a execução seja redirecionada em face dos sócios-gerentes é imprescindível, além da regular citação destes, que se faça uma análise de cunho subjetivo para verificar a prática de alguma das condutas previstas no mencionado artigo 135 do Código Tributário Nacional. No que tange ao ônus probatório a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de caber ao exequente a prova de que o sócio agiu com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto, nos casos em que a execução for promovida contra a pessoa jurídica e apenas posteriormente for requerido o redirecionamento contra sócio cujo nome não conste da Certidão de Dívida Ativa. A matéria, inclusive está consolidada no âmbito do referido Tribunal Superior através do enunciado sumular nº 430. Da análise dos autos, em sede de cognição sumária, não se verifica que a decretação da falência decorreu da má gestão ou conduta temerária dos administradores, bem como da ocorrência das demais hipóteses previstas no referido artigo 135 do Código Tributário Nacional, estando correta a decisão agravada. Recurso a que se nega seguimento. Dessa forma, uma vez que não restou demonstrada atuação fraudulenta dos sócios ou a dissolução irregular da sociedade, a decisão hostilizada deve ser mantida, até porque a falência é meio legal de extinção da sociedade empresarial, conforme entendimento consolidado na jurisprudência do STJ. Destaco, ainda, que a Fazenda não se sujeita ao plano de recuperação judicial, por força do art. 6º, 7º, da Lei nº /2005, ou seja, terão curso normal as execuções fiscais, entretanto, isto não autoriza o redirecionamento da execução em face dos sócios de responsabilidade limitada, como acima exposto. fag 6
7 Por tais fundamentos conheço e nego seguimento ao recurso, com fulcro no artigo 557, caput, CPC, mantendo na íntegra a decisão agravada. Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES DESEMBARGADORA RELATOR fag 7 Certificado por DES. TERESA CASTRO NEVES A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço Data: 23/02/ :44:48Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: Tot. Pag.: 7
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