AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
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- Matilde Quintanilha Coradelli
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1 -1- EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL DIREITO DO CONSUMIDOR INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NULIDADE PRECEDENTES DO STJ. A decisão que determina ou não a inversão do ônus da prova deve ser devidamente fundamentada, com a análise dos requisitos legais do inciso VII do art. 6º do CDC no caso concreto. Assim, é nula a decisão que determina a inversão do ônus da prova apenas por constatar a existência de relação de consumo. Precedentes do STJ. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento Nº da Comarca de JUIZ DE FORA, sendo Agravante (s): UNIBANCO - UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A e Agravado (a) (s): F S DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA. E OUTROS, ACORDA, em Turma, a Décima Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais DE OFÍCIO, DECLARAR NULIDADE DA DECISÃO, VENCIDO O DESEMBARGADOR RELATOR. Presidiu o julgamento o Desembargador JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES (2º Vogal) e dele participaram os Desembargadores UNIAS SILVA (Relator vencido) e MOTA E SILVA (1º Vogal e Relator para o acórdão).
2 -2- Belo Horizonte, 23 de junho de DESEMBARGADOR UNIAS SILVA Relator vencido DESEMBARGADOR MOTA E SILVA 1º Vogal e Relator para o acórdão DESEMBARGADOR JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES 2º Vogal
3 -3- V O T O S O SR. DESEMBARGADOR MOTA E SILVA: Sr. Presidente, pela ordem. De ofício, suscito preliminar de nulidade da decisão que inverteu o ônus da prova, por ausência de fundamentação. O artigo 6º da Lei 8.078/90, em seu inciso VIII, assim preceitua: Art. 6º- São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência. O inciso do artigo acima mencionado condiciona o deferimento da inversão do ônus da prova ante a presença de dois requisitos, quais sejam, a hipossuficiência do consumidor e a verossimilhança dos fatos alegados. Esses requisitos para a inversão do ônus da prova, devem estar cumulativamente presentes e demonstrados. O MM. Juiz a quo, ao prolatar a decisão agravada, de fls. 80, quanto ao ônus da prova, assim se manifestou:
4 -4- Por reconhecer o vínculo consumerista entre as partes, defiro o pedido de inversão do ônus da prova. Assim sendo, se verifica que o MM. Juiz a quo inverteu o ônus da prova sem qualquer fundamentação nos requisitos exigidos em lei, apenas assinalando a existência de relação de consumo. Ora, a inversão do ônus da prova não é automática. É dizer, nem toda relação de consumo apresenta verossimilhança do alegado nem hipossuficiência do consumidor. São requisitos que precisam ser verificados no caso concreto, e concedidos ou negados em decisão devidamente fundamentada. Neste sentido, vai a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. CONSUMIDOR. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, VIII DA LEI Nº 8.078/ A inversão ou não do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII da Lei nº 8.078/90, depende da análise de requisitos básicos (verossimilhança das alegações e hipossuficiência do consumidor), aferidas com base nos aspectos fático-probatórios peculiares de cada caso concreto. 2 - Omisso o acórdão quanto a este mister, reconhece-se violação ao art. 535, II do CPC. 3 - Recurso conhecido e provido para, anulando o acórdão, determinar ao Tribunal de origem o suprimento da mácula. (RESP /RJ, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em , DJ p. 261).
5 -5- SERVIÇOS DE MECÂNICA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ARTIGOS 6, VI, E 39, VI. PRECEDENTES. 1. A inversão do ônus da prova, como já decidiu a Terceira Turma, está no contexto da facilitação da defesa dos direitos do consumidor, ficando subordinada ao "'critério do juiz, quando for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências' (art. 6, VIII). Isso quer dizer que não é automática a inversão do ônus da prova. Ela depende de circunstâncias concretas que serão apuradas pelo juiz no contexto da 'facilitação da defesa' dos direitos do consumidor." (REsp nº SP, da minha relatoria, DJ de 24/8/98). 2. O art. 39, VI, do Código de Defesa do Consumidor determina que o serviço somente pode ser realizado com a expressa autorização do consumidor. Em conseqüência, não demonstrada a existência de tal autorização, é imprestável a cobrança, devido, apenas, o valor autorizado expressamente pelo consumidor. 3. Recurso especial conhecido e provido, em parte. (RESP /RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em , DJ p. 184) A decisão de fl. 80, que determinou a inversão do ônus da prova, não foi devidamente fundamentada com a análise dos requisitos legais do inciso VII do art. 6º do CDC, sendo, portanto, nula. Assim sendo, com os fundamentos acima, DE OFÍCIO, DECRETO A NULIDADE DA DECISÃO que determinou a
6 -6- inversão do ônus da prova, por ausência de fundamentação. Custas pelos agravados. O SR. DESEMBARGADOR UNIAS SILVA: Rejeito a preliminar levantada pelo douto Desembargador 1º Vogal, para manter, em seus exatos termos, a decisão recorrida que, embora sucinta, exprime o que a lei determina e a vontade do Julgador. Inclusive, não é demais ressaltar, que a referida decisão forneceu elementos suficientes e inteligíveis à parte para formular o seu recurso, pelo que, rejeito a preliminar argüida. O SR. DESEMBARGADOR JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES: Fiz uma análise dos autos e constatei que a decisão não tem fundamento algum. Então, concordo inteiramente com o Desembargador 1º Vogal sobre a nulidade da decisão agravada.
7 AGRAVO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº «agravo_num» «data» - «comarca» -7- ed/mps
Superior Tribunal de Justiça
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