Dimensão e medição da pobreza extrema na Paraíba e no Brasil
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- Giulia Giuliana de Oliveira Penha
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1 Dimensão e medição da pobreza extrema na Paraíba e no Brasil Rafael Guerreiro Osorio Pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do IPEA João Pessoa, 30 de maio de 2011
2 Dimensão e medição da pobreza extrema
3 Qual problema a ser enfrentado como prioridade? Attençao a idosos, Mortalidade infantil, Analfabetismo, desemprego juvenil, Pobreza, Desigualdade, etc Pobreza O que é? Qual pobreza? Extrema, absoluta, rural, etc. Pobreza extrema Por que? Qual Meta estabelecer? Diminuir ½; diminuir ¼; erradicar Erradicar a pobreza extrena O que significa? Qual o instrumento de referência para delimitar o problema? Linha nacional de monitoramento da pobreza extrema O que é?
4 Definindo a pobreza O que é a pobreza extrema? É o estado de privação de um indivíduo cujo bem-estar é inferior ao mínimo que a sociedade a qual ele pertence julga obrigada a garantir. Como medir o bem-estar? Como definir o mínimo?
5 Enfoques para linha? Pobreza Índices Multidimensionais Considera que a pobreza é um fenômeno complexo, que envolve outras dimensões além da renda (como o acesso a serviços, o exercício da cidadania etc) e/ou que a renda medida pelas pesquisas domiciliares não é bom indicador de bem-estar Insuficiência de renda Considera a pobreza um fenômeno complexo, mas julga que a renda é o indicador mais importante do bem-estar e/ou que está intimamente associada com as outras dimensões do fenômeno Seleção das variáveis Normalização Ponderação Linha de corte Necessidades Básicas Insatisfeitas (NBI) Índice Marginación (México) Índice de Pobreza Humana (IPH1 e IPH2) Bens representativos Linhas objetivas Método calórico direto Método calórico indireto Linhas subjetivas Linhas oficiais/administrativas Bolsa Familia BPC/LOAS Banco Mundial Linha Nacional de Pobreza Absoluta Bens relacionais Capacidades e comodidades Amartya Sen Relativa
6 Qual linha? Pré-requisitos Transparência: facilidade de cálculo a partir das informações disponíveis Adequação ao problema: delimitar claramente os grupos de interesse Aproveitar os sistemas de dados e informação existentes Linha de pobreza extrema Linha de elegibilidade de ações ou programas Separa os elegíveis dos não elegíveis ao programa Permite o monitoramento do ações ou programas Linha nacional Linha de monitoramento Delimita os extremamente pobres Quantos são? Quem são? Onde estão? Permite o monitoramento da extrema pobreza Como evolui? Sistema de indicadores auxiliares
7 Quais são os parâmetros da linha? Parâmetros para linhas de pobreza com objetivos diferentes Linha para estudos e pesquisas Linha de elegibilidade de ações e programas Linha de nacional pobreza extrema Pode ser fixa ou não Valor pode ou não ter como base algum ano anterior Pode ou não ser ajustada por um índice de preço As restrições orçamentárias são apenas téoricas Não precisa ser fixa Valor não precisa ter como base algum ano anterior Pode ser mas não precisa de reajustes por um índice de preço Pode ser elevada quando se desejar e/ou se tiver condições orçamentárias É fixa Valor deve ter como base algum período anterior ao ínicio da estratégia A linha deve ser ajustada por um índice de preço adequado Dever ser exequivel e focar no problema selecionado
8 O que significa erradicar? É chegar a zero? Sim Não Zero pessoas estão abaixo da linha Na prática, isso é impossível Diferente de zero Por quê? Renda das famílias évolátil As melhores estimativas disponíveis sugerem algo em torno de 8 % dos pobres extremos inciais Ou seja, a extrema pobreza poderia ser considerada erradicada caso restassem apenas 0,08*N pessoas da situação incial de extrema pobreza Quanto deve ser? Apenas residual, mas é difícil estimar com precisão Não há fontes de dados adequadas no momento Volatilidade de longo alcance Famílias sem perfil de pobre que ficam momentaneamente sem renda em um mês específico Volatilidade de curto alcance Novas famílias caem na pobreza a cada mês e a política pública sempre demora um tempo para cadastrar e atender novos beneficiários
9 Diferenças nos resultados? Ideal é fazer o monitoramento a partir de uma única base Censo, PNAD, POF e outras Fontes diferentes = Números diferentes Por que? Desenho amostral e projeção de população Seleção de municípios e setores censitários Flutuações amostrais Atualizações de projeções Perguntas diferentes sobre renda Em geral, quanto mais detalhadas, maior a renda média Inclusão ou não da renda não-monetária Períodos de referência distintos Sazonalidade PNAD: só renda do último mês POF: renda de vários meses
10 Por que extrema pobreza? Referência internacional Metas do Milênio (ODM 1) Linha de US$ 1,25 por dia PPP equivale em 2011 a cerca de R$ 70 per capita por mês Focalizar nos que mais precisam Caso a linha seja alta, o grupo que mais precisa o mais difícil de ser tirado da extrema pobreza tende a se diluir nas estatísticas Restrição orçamentária O custo é um múltiplo do Hiato de Pobreza O Hiato de Pobreza aumenta de forma não linear Pequenos aumentos no valor da linha geram grandes aumentos no Hiato Hiato de pobreza (bilhões de R$ de set/2009) Linha de Pobreza (R$ set/2009)
11 Evolução da pobreza extrema no Brasil e na Paraíba
12 A incidência de pobreza extrema na Paraíba caiu 38% de 2004 a A pobreza extrema no Brasil caiu 48%, com redução de aprox. 6 milhões de pessoas Pobreza extrema % 16 redução de aprox. 200 mil pessoas, em 2009, 4% dos ext. pobres do Brasil Brasil Paraíba
13 O Bolsa-Família passou a responder por 39% da renda média dos extremamente pobres na Paraíba. routras Bolsa Família rprev>1sm rtrab>1sm rbpc rprev<=1sm rtrab=1sm rpbf rtrab<1sm Brasil Paraíba
14 O Programa Bolsa-Família cobre 73% das famílias extremamente pobres da Paraíba Cobertura dos extremamente pobres pelo Bolsa Família % Brasil Paraíba
15 Na Paraíba, a inatividade econômica aumentou, mas o desemprego diminuiu entre os extremamente pobres Brasil Paraíba Empregadores Produtores agrícolas Empreendedores Empregados formais Empregados informais Desocupados Inativos pia Pia/população
16 O analfabetismo absoluto caiu de 35 para 27% da população de 15 a 64 anos extremamente pobre paraíbana 57% 26% 48% 18% 37% 35% 27% 45% analf. abs. analf. abs. e fun Brasil Paraíba
17 O acesso a Brasil Paraíba escola das crianças extr. Particular pobres da Pública a 3 anos Paraíba é Total similar ao Particular nacional, Pública a 6 anos segundo as taxas de Total escolarização Particular por faixas 7 a 14 anos Pública etárias Total
18 Brasil Paraíba Qualidade (paredes, teto, canos, ban.ex.) Água de rede Água Banheiro Rede ou fossa séptica coleta de lixo eletricidade gas p/ coz Celular Fogão Radio TV Geladeira Lava roupas Computador
19 Apesar de a pobreza extrema ser em termos relativos o dobro da nacional, e 10% da população do estado, apenas 4% dos extremamente pobres brasileiros estão na Paraíba em torno de 400 mil pessoas em 2009 Em quase todos os indicadores a população em situação de extrema pobreza na Paraíba está próxima ou se apresenta quase idêntica a do Brasil Em geral, as conclusões sobre a evolução da pobreza no Brasil contidas no perfil da pobreza elaborado pelo Ipea, valem também para a Paraíba
20 As mudanças na distribuição de renda no período 2004 e 2009 foram em grande parte motivadas: pela estabilidade conferida pela política macroeconômica e pelo momento positivo da economia internacional, que criaram um ambiente propício para o crescimento econômico e a geração de empregos. Também ajudaram as mudanças demográficas e o lento aumento da escolaridade da população adulta, e outros determinantes menos diretos poderiam ser lembrados. Mas a grande novidade no período foi a transformação da política social em protagonista dos processos de redução da desigualdade de renda e da mudança no perfil da pobreza via: aumentos reais do salário mínimo expansão das transferências focalizadas de renda
21 A composição da renda média dos estratos pobre e extremamente pobre mudou substancialmente de 2004 a 2009: Devido ao aumento real, receber 1SM (trabalho, previdência ou assistência) se tornou praticamente um seguro contra a extrema pobreza. Somente famílias com grande número de dependentes (7!) podem ter uma pessoa com salário mínimo e continuarem extremamente pobres A renda dos extremamente pobres passa a ser composta principalmente pela renda do trabalho remunerado por menos de um salário mínimo e pelas transferências do PBF, que de 2004 a 2009 passam de 15 a 39% da média do estrato As transferências do PBF também ganham importância para a composição da renda dos pobres não extremos
22 As mudanças na composição da renda estão relacionadas a mudanças na PIA A parcela de desocupados e inativos na PIA dos extremamente pobres passa de 42,3 a 50,7% Esse aumento é compensado pela redução da porcentagem de todas as categorias de ocupados, ao mesmo tempo em que a PIA aumentava como porcentagem da população do estrato. As mudanças na composição da renda e da PIA dos estratos sugerem que quem estava ocupado ou conseguiu um emprego formal no início do período escapou à extrema pobreza, ou talvez à pobreza ou à vulnerabilidade, sem sair do lugar, apenas pela elevação da renda do trabalho O mesmo ocorreu para os beneficiários da previdência e da assistência social que recebiam salário mínimo. Exceção feita aos produtores agrícolas, as demais categorias de ocupados, mesmo os empregados informais e os pequenos empreendedores não agrícolas se beneficiaram dos aumentos da renda do trabalho diminuindo sua concentração nos extremamente pobres.
23 As características da Política social produziram mudanças no perfil demográfico dos estratos: A cobertura quase integral dos idosos por transferências da previdência e da assistência social com benefícios de piso atrelado ao salário mínimo se tornou para eles, e para os membros de seu grupo doméstico, um verdadeiro seguro contra a pobreza extrema, e mesmo contra a pobreza. Os benefícios do PBF vinculados à presença de crianças e jovens foram a complementação para que várias famílias escapassem à extrema pobreza ou à pobreza Aumentou o número de famílias sem crianças entre os extremamente pobres Mas embora relativamente mais famílias com crianças tenham passado para o estrato acima, as crianças continuam a ser o grupo etário mais representado na pobreza e na pobreza extrema.
24 A política social foi muito importante para a mudança no perfil da pobreza no período , mas sem o crescimento e a geração recorde de empregos formais: o aumento real do salário mínimo teria menos efeitos e talvez nem fosse possível o crescimento da cobertura da previdência e do BPC teriam sido relativamente mais onerosos em relação à arrecadação e o PBF teria sido menos efetivo, uma vez que a ascensão social só é possível para famílias beneficiárias que têm outra fonte de renda. A mola da mudança estrutural na distribuição da renda que provocou a melhoria global de bem-estar foi o crescimento com distribuição via inclusão no mercado de trabalho. Por meio dos empregos formais criados no período, conjugados ao aumento do mínimo, e graças à melhor remuneração de todos os ocupados, é que a pobreza extrema e a pobreza decresceram. Em segundo lugar em importância na redução da pobreza vieram as transferências da previdência e do BPC. A pobreza passa a se caracterizar mais pela falta de conexão dos adultos ao mercado de trabalho, ou à previdência e à assistência, do que pela baixa remuneração do trabalho ou dos benefícios como no passado O PBF só pôde tirar dos estratos mais baixos famílias que tinham algum membro conectado ao mercado de trabalho ou à previdência ou assistência social. Suas transferências são muito baixas e não são suficientes para p.ex. tirar uma família com renda zero da pobreza extrema.
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