CONSUMO DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS EM CRIANÇAS DE UNIDADE ESCOLAR PÚBLICA DA CIDADE DE JACARACI-BA
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- Osvaldo Fonseca Chaves
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1 CONSUMO DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS EM CRIANÇAS DE UNIDADE ESCOLAR PÚBLICA DA CIDADE DE JACARACI-BA Andressa Guerra Domingues* Adriana da Silva Miranda** Renata Ferreira Santana*** RESUMO O alimento é indispensável no crescimento e desenvolvimento da criança, tornando-se um fator essencial na prevenção de distúrbios nutricionais na infância e vida adulta. Objetivo: Avaliar o consumo de alimentos industrializados e saudáveis por crianças em unidade escolar da cidade de Jacaraci-Ba. Método: A pesquisa foi realizada aplicando-se questionário de frequência de consumo alimentar em 100 alunos de ambos os sexos matriculados nas turmas de 4º e 5º ano, matutina e vespertina em Resultados: Observou-se que ambos os produtos foram consumidos, porém os industrializados tiveram um índice maior, destacando-se bolos, biscoitos recheados e guloseímas. Foi verificado o baixo consumo no período semanal de cereais e leguminosas, ingestão alimentar esta que apresentou vulnerabilidade na população em estudo, pois, são alimentos base da alimentação brasileira. Conclusão: Pesquisa mostra a necessidade de mais estudos, pois a população estudada no que se refere ao padrão de consumo alimentar necessita de ajustes, uma vez que a adequação da dieta previne deficiências nutricionais específicas que acarretam agravos à saúde e ao estado nutricional do infante. Palavras-chave: Escolares. Preferência Alimentar. Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar. relatos de pesquisa *Nutricionista, Faculdade de Tecnologia e Ciências, Vitória da Conquista - BA. **Nutricionista (2001), docente desde de Mestrado (2009). FAINOR (DESDE DE 2012) colegiados de Odontologia e Estética e Cosmética, pesquisador do Grupo de Pesquisa FAINOR. adrinut@gmail. com. ***Docente, Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC, Vitória da Conquista - BA. Nutricionista, Mestre em Engenharia de Alimentos - UESB, Especialização em Nutrição Humana e Saúde UFLA. rena_nutri@yahoo.com.br. 1 INTRODUÇÃO A melhor forma para o contato com o alimento é através da prática alimentar, que se caracteriza por ações que têm inicio no momento em que o individuo decide se alimentar, onde o mesmo possui suas preferências e aversões que contribuem para uma melhor aceitação (PHILIPPI, 2009). 206 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
2 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana A formação dos hábitos alimentares têm uma grande influência de fatores como cultura, local, horário de consumo e das refeições, modo de preparo e utensílios. Estes integram o conceito de comportamento alimentar, que por sua vez, interferem no mesmo de forma positiva ou negativa (PHILIPPI, 2009; VITOLO, 2008; BRASIL; DEVINCENZI; RIBEIRO, 2007). A promoção de uma alimentação balanceada tem o inicio desde a infância com aleitamento materno, que é fundamental para o crescimento saudável, desenvolvimento intelectual e prevenção de distúrbios nutricionais futuros (PONTES; COSTA, 2009; CONCEIÇÃO et al., 2010). Os hábitos alimentares se definem durante a infância, por isso há necessidade de uma alimentação adequada no que se refere ao valor energético, teor de carboidratos, proteínas, lipídios, sais minerais e vitaminas, para obter um crescimento infantil adequado, repondo as demandas energéticas e reduzindo as possíveis deficiências nutricionais (CONCEIÇÃO et al., 2010; PONTES; COSTA, 2009; BRASIL; DEVINCENZI; RIBEIRO, 2007). Na idade escolar (7 a 10 anos) as crianças já iniciam sua decisão quanto às preferências, principalmente por preparações diferentes e sofisticadas, compatíveis com o estilo de vida escolar e familiar. É nesta fase que os hábitos se definem e perduram por toda vida. Deste modo o estabelecimento de uma alimentação adequada depende de todos os fatores positivos envolvidos, desde a criança até seu alimentador (VITOLO, 2008; OLIVEIRA; BRASIL, 2009; BRASIL; DEVINCENZI; RIBEIRO, 2007). Na infância as necessidades nutricionais são mais evidentes e é nesta fase que ocorre uma maior influência da escola, família e da mídia na formação dos hábitos de consumo alimentar (PONTES; COSTA, 2009; CONCEIÇÃO et al., 2010). Assim, como a criança passa o maior tempo na escola, criou-se o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que no intuito de melhorar os hábitos alimentares dos escolares preconiza a adoção de resolução que visa o maior controle na comercialização de alimentos no ambiente escolar (DANELON; DANELON; SILVA, 2006). Os pais também exercem funções importantes no que se trata de formação de hábitos alimentos, estes são os grandes influenciadores das práticas C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
3 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA alimentares, uma vez que os filhos são estimulados a consumir o que os mesmos ingerem, são na verdade seus exemplos (VITOLO, 2008). Deste modo, o estabelecimento de regras como horários para a realização das refeições, a variedade, e o consumo de produtos saudáveis são aspectos essenciais para que a criança faça escolhas corretas, tornando assim o seu crescimento adequado e saudável, e por conseqüência não sofrer de transtornos alimentares futuros (OLIVEIRA; BRASIL, 2009). Com relação à ingestão de alimentos industrializados, não existem recomendações específicas para seu consumo tanto em quantidade quanto na periodicidade semanal. Órgãos governamentais competentes preconizam o consumo de uma maior variedade de alimentos in natura (AQUINO; PHILIPPI, 2002; BRASIL, 2014). No entanto, com a queda do preço dos alimentos processados houve um aumento no consumo de lanches rápidos e salgadinhos (OLIVEIRA; BRASIL, 2009; BRASIL, 2007a). Para facilitar o processo de escolha no consumo alimentar foi desenvolvido o Guia Alimentar para a População Brasileira, instrumento que fornece informações, visando a Promoção da Alimentação Saudável, da Atividade Física e consequentemente a saúde do indivíduo (GUIMARÃES; GALISA, 2008; PHILIPPI, 2009; BRASIL, 2014). A fim de avaliar o consumo alimentar de escolares sugere-se a utilização de instrumento adequado, para que o mesmo demonstre a situação alimentar do público investigado. Segundo Salvo e Gimeno (2002), em estudos epidemiológicos, o Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA) é um método freqüentemente, utilizado para verificar a associação de dieta e saúde do indivíduo, é usado na abordagem do indivíduo sobre seu consumo de determinados alimentos. Buscando associar o consumo de alimentos industrializados e alimentos saudáveis da criança em idade escolar, o principal objetivo é avaliar o consumo de produtos industrializados e saudáveis por crianças de uma unidade escolar do município de Jacaraci-Ba. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo transversal, qualitativo, quantitativo e de campo, realizado com 100 alunos de ambos os sexos matriculados nas turmas de 4º e 5º ano, matutina e vespertina em 2013, de unidade escolar municipal. 208 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
4 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana O presente estudo foi submetido e aprovado em 09/12/2013, pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Instituto Mantenedor de Ensino da Bahia (IMES), com parecer nº , obedecendo aos princípios éticos que constam na resolução 466/12. Os pesquisados foram esclarecidos quanto aos objetivos do trabalho, ficando assim livres para colaborar com sua participação, uma vez aceito, levaram o TCLE para o responsável pelo investigado assinar no domicílio. Com o TCLE assinado iniciou-se a coleta de dados. Foram validados os questionários das crianças da faixa etária de 7 a 10 anos. A avaliação qualitativa do consumo de alimentos foi realizada por QFCA, que apresentava as opções de consumo diário, semanal, não consumo. Composto por uma lista de alimentos apresentados em grupo que representavam o padrão alimentar de crianças. Para avaliação do consumo alimentar, considerou-se o número de vezes em que cada grupo de alimentos foi citado como consumido na dieta pelo pesquisado. Posteriormente os alimentos foram agrupados de acordo com a Pirâmide Alimentar Adaptada à População Brasileira de acordo com Guimarães e Galisa (2008) os seguintes grupos: carnes e ovos; leite e produtos lácteos; leguminosas; açúcares e doces (chicletes, balas, pirulitos, bolos, biscoitos recheados, goma de mascar, chocolates, salgadinho de pacote, sorvetes, refrigerantes); frutas (incluídos os sucos naturais); legumes; verduras cozidas; frituras; embutidos; hortaliças e pães, cereais, raízes e tubérculos. Os resultados foram apresentados por meio de figuras e tabelas, apresentando frequência absoluta e relativa para caracterização do consumo da amostra. Para análise dos dados em termos estatísticos, utilizou-se o programa SPSS, versão 20.0 da IBM. Para a avaliação da associação das variáveis (sexo e consumo de grupos alimentares), utilizando o teste Qui-quadrado de Pearson considerando a significância estatística p <0,05. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre as 100 crianças avaliadas, 53% eram do sexo masculino. No estudo em questão aborda que 36% das crianças fizeram as refeições com a família na mesa, concordando de forma positiva com as literaturas apresentadas. A Figura 1 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
5 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA mostra o ambiente onde os investigados realizavam suas refeições diárias. Figura 1 Ambiente de refeição familiar de crianças matriculadas em escola pública de Jacaraci, Bahia, feminino, respectivamente, realizavam as refeições junto à família na mesa, aspecto este, considerado positivo pelos pesquisadores. A Figura 2 apresenta o número de refeições citadas como realizadas ao dia pelos investigados, onde 34% faziam cinco a seis refeições ao dia, estes por sua vez estão atendendo ao preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2007b; PHILLIPI, 2009; BRASIL, 2014). Fonte: Pesquisa de Campo (2013). Phillipi (2009), preconiza que se faça as refeições em local apropriado, tranqüilo e confortável. Deve-se desligar a televisão (TV) na hora das refeições, tendo família reunida em volta da mesa (BRASIL, 2007b; BRASIL, 2014). Aproveitando assim o momento de refeição, pois torna-se oportunidade da convivência social e familiar. Vale ressaltar que, fazer as refeições em frente à televisão ou com a mesma ligada em local próximo, o indivíduo perde a sensibilidade em relação à saciedade. Ao avaliar a associação entre os sexos e a forma com que são feitas as refeições não encontrou significância estatística (p = 0,192), porém, observouse que 22% e 10% do sexo masculino e Figura 2 Número de refeições realizadas pelas crianças matriculadas em escola pública de Jacaraci, Bahia, Fonte: Pesquisa de campo (2013). Aquino e Salvino (2007), em seu estudo avaliaram 26 crianças, na faixa etária de 0 a 9 anos, sendo 61,56% (16) do sexo masculino, no município de Cabedelo-PB. Identificaram quanto ao número de refeições realizadas ao dia que 46,15% das crianças pesquisadas faziam de uma a três refeições diárias, e um número importante de crianças (42, 210 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
6 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana 31%), faziam entre três e seis refeições diárias. De acordo com Chaves et al. (2008), no seu estudo avaliando 480 escolares com faixa etária de 4 a 18 anos, dando prioridade as crianças de 10 anos do município de Juiz de Fora-MG, 28% das crianças realizaram cinco refeições diárias. No estudo em questão foram observados resultados semelhantes aos demais já apresentados, onde encontrouse 26% das crianças faziam cinco e 10% seis refeições diárias. A Tabela 1 apresenta a frequência de consumo alimentar semanal dos investigados. Tabela 1 Frequência de Consumo alimentar semanal de crianças matriculadas em escola pública de Jacaraci segundo os grupos alimentares, Bahia, Consumo Alimentar Semanal Grupos de Diá Nenhum Alimentos/ Periodicidade ria x X X X X X a % % % % % % % % Cereais Hortaliças (Verduras/Legu mes) Frutas ou suco da fruta Leite e derivados Carnes Leguminosas Guloseimas Frituras Produtos Industrializados Fonte: Pesquisa de campo (2013) Filho, Aquino e Viana (2006), em seu estudo avaliaram 226 crianças com idade de 7 a 10 anos no município de Princesa Isabel PB, observaram que o consumo de cereais diário, foi citado por 63% das crianças investigadas. Rivera e Souza (2006), avaliaram 141 escolares de comunidade rural (5 a 14 anos), evidenciaram que o consumo de cereais foi de 100% dos escolares todos os dias da semana. Aquino e Salvino (2007), demonstraram em sua pesquisa que 69% investigados consumiram no período diário alimentos do grupo dos cereais. Na presente pesquisa pode verificar dados similares aos encontrados nos estudos supracitados, onde obteve-se um consumo diário, cinco e seis vezes por semana do grupo de cereais, onde o maior índice foi de cinco vezes na semana, com 18% de citações. Rivera e Souza (2006) ressalta que 28,9% dos escolares consumiram hortaliças todos os dias da semana. Segundo Aquino e Salvino (2007), o consumo deste gênero alimentício foi o que mais se destacou de uma a três vezes por semana com 38% dos escolares. De acordo com Kolberg, Chuproski e Tsupal (2009), que avaliaram 64 escolares com faixa etária de 7 a 9 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
7 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA anos do município de Guarapuava-PR, 37,5% a 47,35% consumiram de cinco a sete vezes por semana. Foi observado no estudo em questão que a maior citação de consumo foi de 42%, quatro vezes na semana ficando dentro dos estudos apresentados. Ao analisar a associação entre o número de refeições diárias e o consumo de hortaliças, foi observado um maior consumo do grupo alimentar nos indivíduos que realizavam em torno de quatro refeições ao dia, sendo este resultado estatisticamente significante (p= 0,021). E ao investigar a associação entre o consumo de hortaliças cruas e o sexo, apesar de não ter apresentado significância estatística (p= 0,354), o consumo dos mesmos no sexo masculino foi maior independente da frequência semanal. Ao avaliar o consumo de hortaliças cozidas pode-se constatar que o sexo masculino também consumiu em mais dias na semana, sendo este de relevância estatística na associação (p= 0, 026). Quanto à investigação do consumo de frutas, no estudo em questão 28% das crianças consumiram diariamente, em três vezes ao dia, confirmando semelhança deste resultado com o das pesquisas apresentadas abaixo. Kolberg, Chuproski e Tsupal (2009), Rivera e Souza (2007), verificaram o maior consumo de frutas diariamente, em 67,5% e 27,7%, respectivamente. Aquino e Salvino (2007), relataram que o maior consumo foi de uma a três vezes ao dia, com 35% das crianças investigadas. Vale salientar que o consumo diário de frutas é de extrema importância pelo seu fornecimento na dieta de fibras alimentares, sais minerais e vitaminas, nutrientes estes essenciais para o bom funcionamento do organismo (GERALDO; LUCCA; CERQUIARO, 2013; BRASIL, 2014). Com relação ao consumo do grupo de leite e derivados, 26% das crianças consumiram três vezes ao dia. Abaixo são apresentados estudos cujos resultados corroboraram com os supracitados. Filho, Aquino e Viana (2006) em seu estudo observaram que o consumo de leite e derivados variou de 13 a 53%, no consumo diário das crianças. Segundo Aquino e Salvino (2007), 46% das crianças consumiam leite e derivados, uma a três vezes ao dia. E Rivera e Souza (2007), evidenciaram 60,3% dos escolares consumindo diariamente. Em 34% das crianças pesquisadas o consumo de carnes foi maior na periodicidade de duas vezes ao dia. Rivera e Souza (2007), investigando o 212 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
8 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana consumo diário de carnes verificaram percentuais que variaram de 7,1% a 68,1% entre os escolares. Segundo Aquino e Salvino (2007), 69% das crianças consumiam uma a três vezes ao dia. Filho (2006), 45% consumiam diariamente. E Kolberg, Chuproski e Tsupal (2009), o consumo de carne variou de 50 a 57,7%, uma a três vezes ao dia. A pesquisa em questão observou um baixo percentual de citação em relação ao consumo de leguminosas, diariamente, (17%) das crianças investigadas. Já Aquino e Salvino (2007), Filho e Aquino (2006), Rivera e Souza (2007), Kolberg, Chuproski e Tsupal (2009), o consumo maior de leguminosas diariamente foi de 69%, 55%, 93% e 70%, respectivamente. O reduzido consumo de leguminosas e cereais é o perfil alimentar na população em estudo, que reflete o consumo da população brasileira (BORJES; GREGOL, 2013), fato este preocupante uma vez que a mistura destes grupos alimentares é responsável pela oferta de perfil aminoacídico, que caracteriza a ingestão de proteína de alto valor biológico. Além disso, os mesmos apresentam em sua constituição fibras, sais minerais e vitaminas importantes para a dieta do indivíduo. Preocupante foram os resultados encontrados no presente estudo no que se refere ao consumo do grupo de doces e gorduras, onde percentual encontrado na periodicidade de duas vezes ao dia, tanto nos doces quanto nas gorduras apresentou uma variação de 18 a 28%. Vale ressaltar que, mesmo sendo elevada a citação de consumo no estudo em questão, os resultados evidenciados mostraram-se inferiores aos estudos encontrados na literatura. Segundo Aquino e Salvino (2007), 80% das crianças pesquisadas consumiam doces e gorduras na freqüência de três a quatro vezes ao dia. Rivera e Souza (2007), em seu estudo, as gorduras e doces foram consumidos por todas as crianças, sendo que 48,9% os consumiram diariamente. Filho e Aquino (2006), mostra em seu estudo consumo diário de açúcares e gorduras variando de 45% a 54%. Kolberg, Chuproski e Tsupal (2009) observaram em sua pesquisa 45 a 72,5% dos escolares consumiram de uma a quadro vezes por dia. O consumo de alimentos industrializados no Brasil teve um acréscimo a partir da década de 50 com as mudanças no estilo de vida e alimentar. Estes passaram a incorporar C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
9 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA hábitos alimentares típicos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, como bebidas açucaradas, fast foods, embutidos, guloseimas e macarrão instantâneo, por conta da sua praticidade, rapidez, baixo custo e durabilidade (NOGUEIRA; SICHIERI, 2009; SANTOS, 2010). A Tabela 2 apresenta a frequência de consumo alimentar em relação aos alimentos industrializados. Tabela 2 Frequência de Consumo alimentar semanal de crianças matriculadas em escola pública de Jacaraci segundo os grupos alimentares produtos industrializados e frituras, Bahia, Consumo Alimentar Semanal Grupos de Alimentos/ Periodicidade Diári o 1 x 2 X 3 X 4 X 5 X 6 X % % % % % % % % Nenhum a Bolo e Biscoitos Recheados Guloseimas Salgadinho de pacote Maionese, Catchup e Mostarda Embutidos Refrigerante ou Sucos Industrializad os Frituras Fonte: Pesquisa de Campo (2013). Ao analisar o consumo de guloseimas, frituras, embutidos ou refrigerantes e sucos industrializados, a citação variou de 20% a 28%, na periodicidade de duas vezes na semana. E ao estimar a associação entre os sexos e o consumo dos alimentos supracitados, pode-se observar que o consumo foi sempre maior entre os meninos independente da frequência, resultado este não significativo estatisticamente. Ao investigar o consumo de alimentos industrializados bolo e biscoitos recheados relacionados ao de guloseimas, evidenciou-se associação de significância estatística (p= 0,000). Os escolares investigados que consumiam o grupo dos bolos e biscoitos recheados, também consumiam na mesma frequência o grupo das guloseimas. Evidenciando o consumo inadequado de alimentos ricos em calorias vazias e gorduras no período semanal. No decorrer do tempo a tendência foi a redução do consumo dos alimentos essenciais como o feijão, arroz, legumes, leite, hortaliças, frutas, e um aumento cada vez maior do consumo de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, sanduíches e guloseimas em geral. Tais mudanças observadas no consumo dos indivíduos podem repercutir negativamente no estado de saúde dos indivíduos/população, ocasionando um aumento da obesidade e de outras doenças crônicas não transmissíveis (RIVERA; SOUZA, 2006; TARDIDO; FALCÃO, 2006; FRIZON, 2008). 214 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
10 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana 4 CONCLUSÃO A pesquisa possibilitou uma melhor identificação da amostra, facilitando a caracterização do consumo alimentar das crianças da unidade escolar em estudo. Através da análise dos resultados obtidos, foi notório que a amostra entrevistada consumiu os alimentos de todos os grupos, porém o que prevaleceu em maior escala foram os produtos industrializados aos saudáveis, sendo dados preocupantes, podendo assim trazer sérios riscos para sua saúde. O fato da amostra ser de crianças a ingestão alimentar apresentou vulnerabilidade, pois foi verificado o baixo consumo no período semanal de cereais e leguminosas, alimentos base da alimentação brasileira, além das frutas. Diante do exposto, a identificação dos padrões de consumo alimentar dessas crianças pode servir de subsídios para a implantação de estratégias de educação nutricional, com ênfase na escolha adequada de alimentos no ambiente escolar, sendo a orientação das práticas alimentares saudáveis direcionada aos estudantes e os seus responsáveis. Entretanto, o conteúdo das mensagens deve abranger conhecimentos comuns e específicos da real situação do público alvo. Tais medidas devem ser realizadas pelo profissional apto que é o nutricionista, nas escolas, estes por sua vez objetivam promover mudanças de comportamento que assegurem a formação de hábitos alimentares saudáveis na infância, como meio de promoção da saúde e prevenção de doenças na vida adulta. PROCESSED FOOD CONSUMPTION IN CHILDREN UNIT PUBLIC SCHOOL CITY JACARACI-BA Abstract Food is essential in the growth and development of child, becoming a key factor in the prevention of nutritional disorders in childhood and adulthood. Objective: To evaluate the consumption of processed foods and healthy foods for children of school unit of the city of Jacaraci-Ba food. Method: The research was conducted by applying frequency on daily intake of 100 students of both sexes enrolled in C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
11 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA classes 4 th and 5 th years, morning and afternoon in 2013 survey. Results: We found that both products were consumed, but industrialized foods had a higher rate, especially cakes, sandwich cookies and treats. Was observed low consumption in the weekly period of cereal and pulses, food intake showed that this vulnerability in the study population, therefore, are the staple of the Brazilian diet. Conclusion: Research shows the need of further study, since the study population in relation to food consumption needs adjustments, since the adequacy of the diet prevents nutritional deficiencies that cause specific health problems and the state infant nutrition. keywords: School. Food Preference. Frequency Questionnaire of Food Consumption. REFERÊNCIAS AQUINO, J. S.; SALVINO, E. M. Consumo e Freqüência Alimentar de Crianças no Município de Cabedelo Paraíba Brasil. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, João Pessoa, v.11, fev Disponível em: < /ojs/index.php/rbcs/article/view/3377>. Acesso em: 19 nov AQUINO, R. C.; PHILIPPI, S. T. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Revista Nutrição, São Paulo, ago Disponível em: < rsp/v36n6/13518.pdf>. Acesso em: 10 abr BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentação e Nutrição no Brasil. Brasília: [S.n.], 2007a. Disponível em: <portal.mec.gov.br/s/pdf/profunc/aliment.p df>. Acesso em: 10 abr BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar da População Brasileira. Brasília: [S.n.], 2007b. Disponível em: < os/livros/pdf/05_1109_m.pdf>. Acesso em: 10 abr BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para população brasileira. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: [S.n.], Disponível em: < _2014.pdf>. Acesso em: 10 jun BRASIL, A. L. D.; DEVINCENZI, M. U.; RIBEIRO, L. C. Nutrição Infantil. In: SILVA, S. M. C.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, BORJES, L. C.; GREGOL, M. Consumo de Feijão e Arroz no Cinema Brasileiro entre 1970 e Revista de Nutrição em Pauta, São Paulo, p. 3-7, set./out CONCEIÇÃO, S. I. O. et al. Consumo alimentar de escolares das redes pública e privada de ensino em São Luís, Maranhão. Revista Nutrição, Campinas, nov./dez., Disponível em: < _arttext&pid=s >. Acesso em: 10 ago C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
12 Andressa Guerra Domingues, Adriana da Silva Miranda, Renata Ferreira Santana CHAVES, M. G. A. M. et al. Estudo da relação entre a alimentação escolar e a obesidade. HU revista, Juiz de Fora, jul./set Disponível em: < article/view/85/153>. Acesso em: 20 nov DANELON, M. A. S.; DANELON, M. S.; SILVA, M. V. Serviços de alimentação destinados ao público escolar: análise da convivência do Programa de Alimentação Escolar e das cantinas. Revista Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, Disponível em: < eam/item/62876/1/ alimentacaono-ambiente-escolar.pdf>. Acesso em: 9 abr FILHO, E. V. C.; AQUINO, J. S.; VIANNA, R. P. T. Insegurança e Consumo Alimentar no Município de Princesa Isabel - Paraíba Brasil. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v.10, n. 3, Disponível em: < s/article/view/3480>. Acesso em: 22 nov FRIZON, J. D. Hábitos alimentares e qualidade de vida: uma discussão sobre a alimentação escolar. Paraná: [S.n.], Disponível em: <www. unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/.../ 2/Artigo%2004.pdf>. Acesso em: 9 abr GERALDO, A. P. G.; LUCCA, A.; CERQUIARO, V. Consumo de frutas e hortaiiças nos diferentes ciclos de vida. Revista de Nutrição em Pauta, São Paulo, p , mar./abr GUIMARÃES, A. F.; GALISA, M. S. Cálculos Nutricionais: Conceitos e Aplicações Prática. São Paulo: Editora Med Books, KOLBERG, A. P.; CHUPROSKI, P.; TSUPAL, P. A. Frequência alimentar de crianças em idade escolar de escolas públicas e privadas do município de Guarapuava-PR. Guarapuava-Pr: [S.n.], Disponível em: < centro.br/graduacao/denut/documentos/tcc /2009/TCC% %20(ANA%20PA ULA%20KOLBERG).pdf>. Acesso em: 13 ago NOGUEIRA, F. A. M.; SICHIERI, R. Associação entre consumo de refrigerantes, sucos e leite, com o índice de massa corporal em escolares da rede pública de Niterói. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, Disponível em: < f>. Acesso em: 10 abr OLIVEIRA, M. N.; BRASIL, A. L. D. Alimentação do Pré-escolar e do Escolar. In: PALMA, D.; ESCRIVÃO, M. A. M.; OLIVEIRA, F. L. C. Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência. São Paulo: Editora Manole, PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. São Paulo: Editora Manole, PONTES, T. E.; COSTA, T. F. Propagandas de Alimentos, Embalagens e Rótulos. In: PALMA, D.; ESCRIVÃO, M. A. M.; OLIVEIRA, F. L. C. Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência. São Paulo: Editora Manole, RIVERA, F. S. R.; SOUZA, E. M. T. Consumo alimentar de escolares de uma comunidade rural. Comunidade Ciência Saúde, Distrito Federal, abr Disponível em: < et.br/pesquisa/revista/2006vol17_2art>. Acesso em: 1 abr C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez
13 Consumo de alimentos industrializados em crianças de unidade escolar pública da cidade de Jacaraci-BA SANTOS, L. C. Obesidade na infância e na Adolescência: Atualidades e Desafios. Nutrição em Pauta, São Paulo, p. 11, maio, VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 TARDIDO, A. P.; FALCÃO, M. C. O impacto da modernização na transição nutricional e obesidade. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, São Paulo, abr Disponível em: < _Curso_Capacitacao_Ambulatorial/Materia l_consulta/material_nutricao/o%20impact o%20da%20moderniza%e7%e3o%20na %20transi%E7%E3o%20nutricional%20e %20obesidade.pdf>. Acesso em: 31 mar C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.2, p , jul./dez. 2014
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