CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO COM DEFICIÊNCIA DE UMA CIDADE DE PEQUENO PORTE: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESCOLARIDADE E INCLUSÃO EDUCACIONAL
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- Margarida Martins Figueiredo
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1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO COM DEFICIÊNCIA DE UMA CIDADE DE PEQUENO PORTE: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESCOLARIDADE E INCLUSÃO EDUCACIONAL Silas de Oliveira Damasceno 1 Cássia Regina Saade Pacheco 2 José Henrique Piedade Cardoso 1 Eliane Ferrari Chagas 1 FCT/UNESP Presidente Prudente/SP 1 UNIP Assis/SP 2 Eixo temático: Aspectos sociais das deficiências Palavras-chave: pessoas com deficiências; escolaridade; inclusão educacional Introdução Estudos populacionais são importantes para mapear, conhecer, compreender e diagnosticar características da população como um processo fundamental na elaboração de políticas públicas e desta forma poder fornecer referências para subsidiar ações nas diferentes áreas (HONÓRIO, 2008). Uma das direções da política pública atualmente é da intervenção na desigualdade social e nas necessidades que uma população em maior pobreza, tenha dificuldades em acesso a serviços públicos ou tenha fragilidades para a manutenção e sobrevivência. Nesta perspectiva, há várias questões ainda a serem conhecidas para a população com deficiência e, nesse conjunto, em municípios de pequeno porte, muitas informações ainda necessitam ser exploradas (SOBRINHO, 2010). Perante a abrangência da deficiência, este assunto se torna complexo, porém diversos estudos têm contribuído para entender o processo que é histórico, que traz diversas características que circunda a sociedade e que implica nos comportamentos e características da coletividade (FERNANDES;
2 SCHLESENER; MOSQUERA, 2011). Assim, a preocupação em realizar este trabalho passa pelas questões necessárias para conhecer uma população que, na cidade de Maracaí/SP, ainda não tem sido exploradas. Nesta vertente, Maracaí, uma cidade localizada a 473 km da capital São Paulo, com uma área estimada em 533 km² e que consta com uma população, segundo o último Censo, de habitantes e é dotada, em sua maior parte, em uma faixa etária de 30 a 39 anos. No que diz respeito à população com deficiência, os dados do IBGE mostram que há 4340 casos com algum tipo de deficiência e, dentre elas, cerca de 1000 pessoas com grande dificuldade ou completa incapacidade para enxergar, ouvir e movimentar-se e ainda com deficiência intelectual (IBGE, 2010). Diante destes números, o presente estudo buscou verificar aspectos a partir de dados da população com deficiência, sobre trabalho, renda e em especial a escolaridade no município de Maracaí/SP. Objetivos Apresentar características da população com deficiência na cidade de Maracaí/SP e no que diz respeito à escolaridade. Métodos Este é um estudo de campo, de caráter transversal, quanti-qualitativo. O levantamento dos dados ocorreu após a aprovação da Comissão de Ética e Pesquisa - CEP, sob o parecer de número e a participação foi voluntária e com a assinatura prévia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O procedimento consistiu em percorrer os bairros da cidade, coletando dados de casa em casa dentro do perímetro urbano sobre pessoas com deficiência (física, visual, auditiva, intelectual ou mental, motora ou múltipla). Como instrumento de coleta, foi utilizado um questionário estruturado e validado por uma equipe especialista da área. Este questionário foi composto por dados sobre aspectos gerais da deficiência, dados pessoais, de saúde, de educação, de transporte e de lazer. Os resultados foram apresentados de forma descritiva, apresentando média e desviopadrão para dados nominais e em percentuais para os dados numéricos.
3 Resultados O levantamento sobre os casos de pessoas com deficiência correspondeu a 66,64% dos bairros da cidade de Maracaí/SP. Nesta, foram identificadas 42 pessoas com deficiências, sendo 32 aceitaram participar da pesquisa. Na sua totalidade, 59,37% eram do sexo feminino e 40,62% do sexo masculino, tendo média de idade média de 44, ±23,80 anos. Na Figura 1, estão apresentados os diferentes tipos de deficiências encontradas. Tipos de Deficiência (n=32) Auditiva Física Mental Múltipla Visual 12,5% 6,25% 6,25% 28,12% 46,87% Figura 1 - Percentual dos tipos de deficiências da população participante (n=32). No que diz respeito ao trabalho e renda, 87,5% não exerciam função remunerada. Destes, 50% tinham aposentadoria e outros 17,8% recebiam outros benefícios. No entanto, 28,57 não recebiam nenhum rendimento. Os rendimentos eram, em 93,75% dos casos, até um salário mínimo. Na questão relativa à escolaridade, 37,5% dos entrevistados não estudaram, 43,75% tinham apenas o ensino básico, assim como foi visto percentuais para o ensino fundamental e escola especial, sendo estes dados supracitados e os demais percentuais estão expressos na Figura 2.
4 3,1% 12,5% Escolaridade 3,1% 37,5% 43,8% Não Possui Ensino Fundamental Outros (APAE) Ensino Básico Ensino Médio Figura 2 - Percentual relativo à escolaridade da população participante (n=32). Discussão Segundo os dados mais recentes do IBGE, Maracaí possui um percentual de 32,5% de pessoas com deficiências, porém neste estudo o percentual ficou em 0,24% da população total. No que diz respeito aos tipos de deficiência encontrados neste estudo, houve maior percentual de deficiência mental e física. No entanto, o método não enfatizou avaliar toda esta população, mas sim averiguar casos e os aspectos da inclusão e da vida dos sujeitos (IBGE, 2010). Especificamente sobre aspectos educacionais, o baixo grau de escolaridade é um dado ainda presente (SEDPcD, 2012), principalmente para a população mais velha tendo em vista que há pouco tempo atrás, o acesso à escola não era comum ou quando existente, era realizado em escolas especiais. Porém a visão do futuro desponta com positividade, pois uma pesquisa realizada com integrantes do Benefício de Prestação Continuada (BPC), 59% afirmaram que possuem a intenção de matricular seus filhos com deficiência em uma escola, haja vista a melhora no acesso destas vagas nos dias atuais e de projeções vindouras (JÚNIOR; TOSTA 2012; SÃO PAULO, 2010). No BPC em São Paulo (SP), 65% da amostra frequentavam a escola e, 76,6% cursavam o ensino em escola pública e, pelo IBGE, o nível de instrução da população com deficiência no Brasil, 61,1% corresponde aos que não possuem instrução ou que não terminaram o ensino fundamental. Esta taxa também foi observada neste trabalho, alcançando um percentual bem maior no que tange à baixa escolaridade da população analisada, chegando a um patamar de 81,25% (IBGE, 2010). Assim sendo, há ainda muito a
5 ser conquistado na área educacional, porém as mudanças estão ocorrendo e as políticas educacionais têm sido importantes neste processo. Os dados comparativos entre a população mais idosa deste município e a população mais jovem com deficiência apresentada pelo IBGE e em programas como BPC na escola já demonstraram as diferenças de escolaridade para este grupo o que comprovam os avanços na inclusão educacional e social. Conclusão Verificou-se neste município, considerado de pequeno porte, que a população com deficiência pesquisada possui características semelhantes às encontradas no censo brasileiro, porém com diferenças no que diz respeito a maior taxa de deficiência mental e de escolaridade baixa embora ressaltada em população acima de 18 anos. Referências FERNANDES, L. B.; SCHLESENER, A.; MOSQUERA, C. Breve histórico da deficiência e seus paradigmas. Revista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Musicoterapia, Curitiba, [Online]. v.2, p , Disponível em: < Acesso em: 31/03/2016. HONORA, M. Esclarecendo as deficiências: aspectos teóricos e práticos para contribuição com uma sociedade inclusiva. 1ª Ed. São Paulo, SP: Ciranda Cultural, IBGE, Censo Demográfico Características Gerais da População. Disponível em: < pessoas-com-deficiencia.pdf>. Acesso em 04/04/2015. IBGE, Censo Demográfico Características Gerais da População. Disponível em: < ao.pdf>. Acesso em 05/03/2015. SÃO PAULO. Programa BPC na escola: Uma experiência inovadora na cidade de São Paulo. 1ª Ed. Secretaria Municipal de Assistência Social. São Paulo: SMADS, SEDPcD. Relatório mundial sobre a deficiência. 1ª Ed. Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. São Paulo, 2012, 334pp. SOBRINHO, J. D. Democratização, qualidade e crise da educação superior: faces da exclusão e limites da inclusão. Educação Social, Campinas, [Online]. v. 31, p , out-dez Disponível em: < Acesso em 31/03/2016.
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