LEITURA E ENSINO: ESTUDO DE CASO COM CRIANÇAS AUTISTAS EM TUBARÃO/SC Talita Reis Cortez 1 ; Dra. Andréia da Silva Daltoé (orientadora) 2
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1 LEITURA E ENSINO: ESTUDO DE CASO COM CRIANÇAS AUTISTAS EM TUBARÃO/SC Talita Reis Cortez 1 ; Dra. Andréia da Silva Daltoé (orientadora) 2 INTRODUÇÃO Os três primeiros anos da escolarização formal das crianças, que costumam se voltar para a aprendizagem inicial da leitura, são fundamentais para que ela se aproprie do sistema de escrita: déficits nessas capacidades repercutem em toda a escolarização, explicando muito do considerado fracasso dos estudantes na sua vida escolar. Para tanto, nossa pesquisa visou relatar o processo de alfabetização de uma criança com aspectro autista, subtipo de Asperger, matriculada no ensino municipal o em Tubarão/SC. Palavras-chave: Autismo Infantil. Alfabetização. Ensino Regular. OBJETIVOS Capacitar estudantes e profissionais da área da saúde a: lidarem com crianças autistas, melhorando relação destes com pacientes com esse tipo de dificuldade social; repassarem informações aos pais/ responsáveis pelas crianças autistas sobre novas possibilidades de aprendizagem da leitura aquém das tradicionais nas escolas; promover a comunicação entre áreas da Saúde e Educação para melhor compreendimento e desenvolvimento social de crianças autistas, focado na aprendizagem da leitura que consequentemente promoverá progressãoo da interação social destas, tendo como parte de um tratamento clínico de inclusão social esse processo de aquisição interpretacional de textos. METODOLOGIA Adotamos a metodologia de pesquisa de natureza qualitativa, em que no estudo de caso, por ser de natureza descritivista, o alvo são as características que o caso tem de único e singular ou particular (Rauen, 2002). Participaram de nossa pesquisa 24 crianças e adolescentes matriculados no 6º. Ano do Ensino Fundamental num Colégio Municipal da cidade de Tubarão/SC, com idade entre 11 e 15 anos, cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Como instrumento de avaliação do desempenho em leitura, utilizamos as questões de avaliação oficial, 1 Acadêmica de Medicina da UNISUL, bolsista do PIBIC. 2 Doutora em Linguagem do Discurso, docente do Mestrado Ciências da Linguagem da UNISUL. andreia.daltoe@unisul.br.
2 segundo o MEC: a Provinha Brasil 2012 para o 5º ano, bloco 03 de Língua Portuguesa, num total de 11 questões. Esta atende a uma meta estabelecida no Plano Nacional de Educação, visando a investigar habilidades relacionadas ao processo de alfabetização; norteia-se a partir dos seguintes objetivos: avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do ensino fundamental; oferecer às redes de ensino um resultado da qualidade da alfabetização, prevenindo, assim, o diagnóstico tardio dos déficits de letramento; contribuir para a melhoria da qualidade de ensino e para a redução das desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional (BRASIL, 2009b, p.7). Propõe, também, que os resultados ajudem a compreender os conhecimentos que os alunos já adquiriram sobre a língua escrita, bem como quais aspectos dos conteúdos ainda deverão ser desenvolvidos; também se espera que os resultados contribuam para o aperfeiçoamento, reorientação e redimensionamento da prática pedagógica do professor, visando à redução das desigualdades e à melhoria da qualidade de ensino. Aplicamos a em 24 alunos matriculados no 6º. ano, da mesma turma que um aluno autista de 12 anos, alfabetizado, para posteriormente avaliarmos o desempenho deste em relação aos demais colega e também relatar habilidades das questões aplicadas em que o estudante autista obteve êxito, e as quais houve discordância parcial (50%) e total. Todos conseguiram executar a prova, na qual número de acertos será demonstrado adiante. A Provinha Brasil foi aplicada, na escola focalizada neste estudo, pela própria professora da turma acompanhada por uma pessoa da equipe pedagógica da própria escola e pelo bolsista-pesquisador. As crianças foram motivadas a responder à prova sem cobranças e/ou notas; e, de modo geral, gostaram muito de responder à Provinha. Ressalta-se que dentre escolas do município de Tubarão/SC encontrou-se somente um aluno autista na faixa etária proposta (7 a 15 anos) alfabetizado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após análise da Provinha Brasil 2012 para o 5º ano, bloco 03 de Língua Portuguesa, num total de 11 questões, aplicada aos 24 alunos do 6º. ano deste colégio municipal, já incluso o estudante autista, fizemos um levantamento do número de acertos das questões aplicadas em relação com o número de alunos que as responderam
3 para avaliarmos em específico o desempenho do aluno autista em relação aos demais colegas de classe. A Provinha Brasil é elaborada, de acordo com sua Disciplina, por habilidades (subtemas) em que as atividades pedagógicas são organizadas através de temáticas definidas nos documentos norteadores (SÃO JOSÉ, 2007); dentro de cada temática, os professores são convidados pela equipe pedagógica da escola a elaborar as sequências didáticas para cada série, de forma conjunta; tendo como os assuntos discorridos nestas 11 questões : (1); distinguir um fato da opinião relativa a esse fato; (2) sentidos conotativos; (3) inferir uma informação implícita em um texto; (4) sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações; (5) relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto; (6) estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc; tendo acerto total em (1), (3) e (5), acerto parcial (50%) em (2) e (4); nenhum acerto em (6). O aluno autista estudado apresentou rendimento similar aos demais alunos, como demonstra Tabela 1, tendo um total de 8 acertos das 11 questões aplicadas. Tabela 1 Relação no. Alunos/ no. Acertos questões. CONCLUSÕES Visto que o aluno avaliado representa bom entendimento de leitura e compreensão de textos, estabelece-se a relação de que este será um adulto apto a interação social em vista de conseguir compreensões discursivas não-verbais -neste caso, a escrita. A provinha Brasil foi desenvolvida para apreender população matriculada no Ensino Regular, sem necessidades especiais, o qual nosso estudo de caso revela que o aluno autista está atendendo as expectativas de estudantes ditos regulares (não-especiais); inclusive nos indagando a possibilidade de revisão diagnóstica deste, se realmente tem a síndrome aspectro austista, do subtipo de Asperger, por avalição de demais profissionais da saúde, auxiliado pela amostra do bom desempenho no questionário aplicado. Para o professor alfabetizador, esse dado, por si só, já é riquíssimo, pois mostra a heterogeneidade das crianças, ou seja, já confirma a
4 necessidade de considerar os sujeitos em sua individualidade, como preconiza a teoria vigotskiana (através dos conceitos de zonas de desenvolvimento) e o modelo ideológico de letramento (STREET, 2003). A partir desta pesquisa, abriu-nos como tema para uma continuação do estudo, na qual analisaremos os métodos aplicados pelos profissionais pedagogos que lidam no processo de Ensino de crianças autistas matriculadas no Ensino Regular, acompanhando a evolução social destes alunos, para posteriormente incentivarmos a inclusão social de portadores desta síndrome no Ensino Regular: capacitando pedagogos, pais e profissionais da saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Provinha Brasil: orientações gerais: teste 1: primeiro semestre. Brasília, 2012a. Provinha Brasil: passo a passo: teste 1: primeiro semestre. Brasília, 2012b. Provinha Brasil: guia do professor(a) aplicador(a): teste 1: primeiro semestre. Brasília, 2012c. Provinha Brasil: guia de correção e interpretação dos resultados: teste 1: primeiro semestre. Brasília, 20012d. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Provinha Brasil: orientações gerais: teste 1: primeiro semestre. Brasília, 2009b. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. 2ª edição: Brasília, RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora da Unisul, SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princípios do sistema alfabético do português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003a.. Guia prático de alfabetização. São Paulo: Contexto, 2003b. SÃO JOSÉ. Rede Municipal de Ensino. Ensino Fundamental de 9 anos: organização curricular na perspectiva do direito à infância e à juventude. Caderno Pedagógico, São José, p STREET, B. V. Abordagens alternativas ao letramento e ao desenvolvimento. [S.l], out Teleconferência Unesco Brasil sobre letramento e diversidade. Disponível em: < Acesso em: 20 jan FOMENTO O trabalho teve a concessão de Bolsa pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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