A experiência da Multicanal TV a cabo na cidade de Santos

Transcrição

1 A experiência da Multicanal TV a cabo na cidade de Santos Robson Bastos da Silva * * Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor de Comunicação Comparada nas Universidades de Taubaté (UNITAU) e Universidade Santa Cecília (Unisanta) - Santos.

2 RESUMO: Este Trabalho aborda a recente experiência da empresa Multicanal de TV a cabo ao instalar seu serviço na cidade de Santos. A cidade se tornou um fenômeno em assinaturas atingindo índices considerados altíssimos para o padrão nacional. Os números cresceram tanto que quase 50 % da população aderiu ao sistema em menos de 5 anos de instalação. Inicialmente os telespectadores ficaram muito motivados com a possibilidade de ampliar seu espaço para o lazer, principalmente as classes mais dependentes da programação tradicional. Mas com o passar do tempo, os telespectadores perceberam que a quantidade de canais não garantiria a qualidade dos programas. Espera-se com esse Trabalho causar uma reflexão maior ao analisar o início desse serviço sobre qual o papel que a TV a cabo deve desempenhar no nosso país, principalmente pelo seu franco crescimento no Brasil nestes últimos anos.

3 INTRODUÇÃO: A experiência do grupo Multicanal na cidade de Santos possui um significado importante para o estudo da implantação desse serviço no Brasil. Apesar de estar atrasado há várias anos, o país tem se tornado um grande chamariz para as empresas de TV por assinatura ou serviços de canal fechado. O sistema a cabo chegou ao Brasil com um atraso de 20 anos. Na América Latina há muito tempo já existiam emissoras na Argentina, Chile e Equador. Nos últimos anos, o mercado consumidor de televisão no país amadureceu e se tornou bastante sofisticado. Passou a exigir uma melhor qualidade de programação. Esse processo coincidiu com a abertura de novos canais, que foi autorizada pelo Ministério das Comunicações. No Governo Collor foram distribuídas 110 concessões. Em 1997, setenta já estavam operando. Destas, 42 estavam ligadas a Rede Globo, RBS e Multicanal. A abrangência das três empresas atinge nove das dez capitais autorizadas pelo Ministério das Comunicações. A concorrente destas empresas, a TV A do grupo Abril, ficou com 11 concessões. As demais autorizações ficaram com pequenos grupos distribuídos no interior do país. Estas emissoras deram início ao novo mercado que ficou dividido da seguinte forma: cabo, microondas (MMDS), satélite e parabólica. 1 Os dois maiores conglomerados de comunicação, o grupo Globo e a editora Abril, acabaram ficando com a maior fatia desse novo sistema. Foram criados alguns novos canais, mas de modo geral a programação veiculada é importada das redes americanas, mexicanas e européias. O cabo cresceu tanto no Brasil, que ele já é considerado o país mais importante da América do Sul. A programação dos canais abertos decaiu muito no sentido de qualidade, nestes últimos anos e principalmente a veiculada aos domingos. As grandes redes passaram a investir em setores mais seguros para ter um bom retorno financeiro. O mercado acabou optando pelas novelas, shows e programas de auditório. Desta forma, a classe média perdeu o interesse pela programação das Tvs. abertas ou convencionais e passou a procurar novas formas de programação. Inicialmente foram utilizadas parabólicas de grande tamanho, mesmo causando alguns inconvenientes com a instalação, o perigo de atrair raios ou manutenção. Ainda assim havia alguns inconvenientes ligados a programação veiculada. Devido ao fato das imagens serem captadas diretamente do satélite brasileiro (Brasilsat) não era possível receber os comerciais locais ou os telejornais regionais, deixando assim um grande vazio na hora da veiculação destes programas. 1 Suzy dos Santos, Implantação da TV a cabo no Brasil, In: Revista INTERCOM - Vol.XX- nº 1 - Janjun.97. p.101.

4 Os Novos caminhos para o mercado televisivo Para o jornalista Nelson Hoineff, autor do artigo O futuro bate à porta, o cabo descentraliza a informação, aprimora a economia da televisão, segmenta o setor e desmassifica o veículo. Ele afirma que nas primeiras quatro décadas da história da tevê, a opção foi pela massificação do produto. 2 Este novo mercado tem crescido de forma assustadora nos últimos anos. Para a publicidade a tevê paga se tornou um novo filão. Somente no ano passado o mercado publicitário investiu US$ 60 milhões. Cerca de 0,8% das verbas. Estima-se que em dois anos o faturamento venha a dobrar. Uma das vantagens desse setor, é a seleção do público; dirigidos diretamente para as classes A e B. A quantidade menor de intervalos comerciais também é uma grande vantagem para o anunciante. Como exemplo, o diretor de publicidade da TV A, Roberto Nascimento, afirma que o canal da HBO - filmes - exibe comerciais de 2 minutos a cada 2 horas, enquanto que na tevê aberta exibem em média 12 minutos a cada hora. 3 O público da tv por assinatura no Brasil ainda é pequeno. Porém, após às 22 horas o número de espectadores se aproxima da tv aberta. Segundo Ricardo Beneti gerente de mídia da agência Talent, um comercial de 30 segundos no programa Jô Soares Onze e Meia custa R$ 24,7 mil, enquanto que o mesmo anúncio no horário nobre veiculado no Telecine (Net e Multicanal) custaria R$ 1,9 mil. Todavia, ele lembra que apenas 5% dos espectadores possuem assinatura (1,8 milhão das 35 milhões residências com tv), enquanto que o SBT chega a 97 % das casas. 4 As projeções de assinaturas para o ano apontam para a cifra de US$ 2,9 bilhões no Brasil. Em 1997 a NET São Paulo, tinha 400 quilômetros de cabos instalados na capital e atingia 130 mil residências pretendendo atingir para 1998 a cifra de 300 mil residências ou mais de pessoas ( quase 10 milhões de habitantes). No Distrito Federal, com uma população de 1 milhão de habitantes a Net Brasília possuía em 1995, 25 mil assinantes com um investimento de US$ 5 milhões, e para os próximos anos o montante seria de US$ 8 milhões. 5 2 Nelson Hoineff, O futuro bate à porta, In: Sidney Rezende e Sheila Kaplan (org), Jornalismo eletrônico ao vivo, Petrópolis, Vozes, 1994, p Suzy dos Santos. Implantação da TV a cabo no Brasil. In : Revista Intercom, Vol. XX, nº 1, jan-jun.97, p Eduardo Elias. Jornal O estado de S.Paulo, 20 de abril de p. T Suzy dos Santos, op.cit., p.105.

5 Segundo a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) existia no ano passado mais de 6 milhões de residências cabeadas, representando 35 mil quilômetros de cabos. No início de 97 as projeções eram de que haveria assinantes no Brasil e no final do ano em todo o País. O investimento gasto foi de US$ 6 bilhões, sendo que as empresas já faturaram US$ 1,5 bilhão. Para os próximos quatro anos a ABTA espera alcançar 7 milhões de assinaturas e faturar US$ 5 bilhões. 6 O mercado brasileiro de televisão é bastante centralizador, fazendo parte apenas 5 ou 6 grandes redes de canal aberto. Estas atingem mais de 98 % do território ou quase os 160 milhões de habitantes. Com o advento do cabo as novas concessionárias operadores, passaram a transmitir canais (abertos ou fechados) e programas de sua propriedade ou de terceiros. As empresas passaram a criar planos diferenciados para seus assinantes. O básico com os canais convencionais das redes, como Globo, Manchete, SBT, Bandeirantes, Record, Cultura e CNT e Brasil e mais alguns canais internacionais, como a Fox, Discovery, Sony entre outros. E um plano denominado de Advanced que teria uma assinatura mais cara e canais exclusivos de filmes ou desenhos animados, esporte, jornalismo. 6 Jornal da Tarde - Caderno de TV p.4

6 O Caso Multicanal Santos A criação da Regulamentação na área da televisão a cabo deveria servir para divulgar e democratizar o serviço para a sociedade civil. Porém, na prática nem sempre as coisas ocorreram dessa forma. O caso de Santos é um exemplo. A empresa Multicanal foi a primeira concessionária da cidade. O cabo chegou na cidade em 1.993, começando pelos bairros de classe A e B situados na orla da praia. A cidade possuía, segundo o Censo de 1996 do IBGE, 412 mil habitantes e 28 bairros. A instalação do sistema em Santos foi relativamente fácil devido a três fatores: 1 - O fato da cidade ser é plana; 2 - Existência de uma classe média bastante significativa, estando entre eles, muitos aposentados com um bom padrão de vida; 3 - Grande densidade urbana. Existe um grande aglomerado de prédios, principal - mente na orla da praia e nos bairros mais desenvolvidos onde a especulação imobiliária agiu com mais força nos últimos anos. TABELA DA MULTICANAL E NET MUNICíPIO POPULAÇÃO DOMICÍLIOS ASSINATURAS São Paulo Rio de Janeiro Santos (IBGE) Economicamente, a cidade demonstra ter um padrão de vida superior da maioria das cidades brasileiras. Segundo estimativas da Prefeitura Municipal, Santos possui uma frota de 120 mil automóveis, cerca de 98 % das residências possuem serviços de água e esgoto e existem mais de 100 mil linhas telefônicas residenciais. Também, cerca de que 25 % da 7 Net - Atlas de cobertura/ Jan.97.

7 população mil pessoas - é composta de aposentados das empresas estatais e indústrias químicas da região e trabalhadores do porto. Este grande contingente forma um público em potencial para a implantação da tv a cabo. A alta densidade demográfica da cidade é demonstrada pela área urbana do município, que fica na ilha de São Vicente. São apenas 68 Km quadrados, sendo 7 quilômetros de praia. A população na grande maioria reside em prédios, principalmente nos bairros considerados mais nobres. A soma de todos esses fatores favoreceu a implantação do sistema, que em poucos meses atingiu toda a cidade. Santos acabou se tornando um fenômeno nacional no serviço de cabo, vindo a atingir em 1997, segundo a empresa Multicanal, o número de assinantes ou uma média de 240 mil habitantes. 8 Com estes números mais de 50 % da população foi atingida pelo serviço da concessionária. Segundo os dados da concessionária, esta cifra não foi alcançada em nenhuma outra cidade no Brasil. A empresa aproveitou todas as vantagens listadas anteriormente, e traçou uma campanha de marketing bastante agressiva, conseguindo em pouco tempo conquistar novos clientes. A experiência atingiu pessoas de todas as classes sociais. O cabeamento demorou um pouco mais para chegar a alguns bairros mais distantes da praia ou do centro. Porém assim mesmo, alguns morros e a zona noroeste - região onde residem trabalhadores portuários e operários - não ficaram de fora do serviço. O fenômeno se tornou tão grande que até mesmo algumas locadoras de bairros, principalmente os mais populares, acabaram fechando. Em muitos casos, o telespectador deslumbrado com os novos canais e a diversidade de programação - mais de 40 emissoras inicialmente - preferia assistir alguns filmes inéditos na tv ou acompanhar o seu time de futebol nos canais especializados, ao invés de recorrer ao antigo hábito de alugar vídeos nos finais de semana. O entusiasmo inicial dos assinantes foi diminuindo, quando começaram a surgir os problemas de transmissão. Inicialmente os problemas envolviam queda do sinal do satélite, interrompendo a transmissão, ou interrupção da programação, causada por problemas nos cabos ou na central. A qualidade e repetição de alguns programas, também começaram a irritar os espectadores que passaram a ligar para a concessionária e enviar cartas para os jornais locais. Os consumidores não compreendiam que a empresa apesar de ter responsabilidade em transmitir os canais, não poderia modificar o conteúdo da grade de programação. Muitas reclamações começaram a surgir porque, muitos canais não tinham nenhum padrão de qualidade. Maiores críticas eram as emissoras mexicanas, ligadas a rede Televisa - entre eles o Canal das Estrelas, Ritmosom entre outros. O assinante após se dar conta de que quantidade de canais não significava necessariamente melhor qualidade de programação, tentou modificar o pacote de canais, mas percebeu que a empresa não possibilitava a livre escolha desse serviço. As reclamações 8 Internet -

8 foram de modo geral não apenas em Santos, mas nas principais cidades onde a Multicanal e a Net atuavam. Procurando solucionar a baixa qualidade das emissoras mexicanas, as duas empresas coligadas resolveram no ano passado lançar um novo pacote oferecendo novos canais como Telecine, Fox kids, CNN espanhol entre outros. Criaram também o sistema pay-per-view, onde as poderiam solicitar quando pudessem assistir os filmes disponíveis nos horários convenientes. Caso o espectador desejasse receber estes canais, precisaria pagar mais caro a sua assinatura, praticamente o dobro do pacote convencional. PROGRAMAÇÃO MULTICANAL - SANTOS FILMES TELECINE USA FOX TNT TELEUNO ESPORTES ESPN SPORTV NOTÍCIAS CNN I CNN Espanhol GLOBO NEWS ECO TELE NOTÍCIAS DOCUMEN DISCOVERY GNT TRAVEL TÁRIOS DESENHOS CARTOON COMPRAS SHOPTIME VARIEDA DES VARIEDA DES 2 CANAL RURAL REDE VIDA SONY WARNER MULTI SHOW REDE MULHER RTPI PORTUGAL TV SENA DO WORLD NET TVE ESPANHA TV 5 DEUTSCH E WELLE CA NAL DE LAS EST REL LAS 1 - REDE CULTURA 2 - TV BRASIL (SBT) 3 - TV TRIBUNA (GLOBO) 4 - RECORD 5 - CNT- GAZETA 6 - TV MAR (MANCHETE 7 - BANDEIRANTES 8 - MTV 9 - TV E (RJ) 10 - TV SANTA CECÍLIA (TV E - RJ) 11 - CANAL DA CIDADE 12 - AGENDA ELETRÔNICA - MULTICANAL REDES NACIONAIS E CANAIS LOCAIS

9 A democratização da Mídia Um dos avanços mais importantes na transmissão a cabo, foi a possibilidade de democratizar a mídia eletrônica abrindo espaço para grupos organizados da sociedade. A legislação previu a necessidade da criação de canais que serviriam de utilidade pública, como: Universitário, Legislativo e Comunitário. Estes deveriam e priorizar a informação e a prestação de serviços para sua região. A Lei nº de 1.995, dispõe sobre o serviço de Cabo, afirma que a operadora deverá criar os seguintes serviços: 1 - Canais básicos: a) Destinados a distribuição obrigatória da programação das emissoras geradoras locais de radiodifusão de sons e imagens em VHF ou UHF abertos e não codificados. b) Um canal Legislativo municipal/estadual. c) Um canal reservado para a Câmara dos Deputados. d) Um canal reservado para o Senado Federal. e) Um canal Universitário, reservado para o uso compartilhado entre as Universidades localizadas no município. f) Um canal educativo/cultural, reservado para os órgãos que tratam de educação e cultura nos governos federal, estadual ou município. g) Um canal Comunitário aberto para a utilização livre por entidades não governamentais. Algumas emissoras são geradas de Brasília ou São Paulo, porém outras não foram criadas ainda, havendo espaço disponível na programação. 9 Todavia, o canal Comunitário, passou a funcionar no Multicanal em Santos, com o nome de Canal da Cidade. A princípio, deveria se tornar um veículo voltado para a população santista. Este fato acabou não acontecendo, pois, foram criados alguns programas, que divergiam totalmente da legislação. Estes tratavam de vendas a varejo ou colunismo social. Uma das experiências mais significativas que conseguiu se adequar ao objetivo da Legislação, ocorreu em O programa se denominava Eco TV e a sua temática era o investimento e desenvolvimento do turismo ecológico. Para os produtores esta deveriam ser a grande alternativa para a economia local, tendo em vista que Santos tem uma grande área verde na parte continental do município. A veiculação do programa era semanal sendo patrocinado por uma agência de turismo especializada em passeios ecológicos. Ele seguia os moldes do Repórter Eco da Rede Cultura de Televisão. Havia muita informação sobre preservação e educação ambiental e roteiros alternativos para passeios na região. Apesar de não possuir novidades na forma, sendo bastante simples na apresentação, procurava descobrir novos caminhos e valorizar o 9 Os canais Legislativo e Universitário são gerados pela TV Senado (Brasília) e TV Universitária (São Paulo).

10 turismo regional. A experiência acabou este ano, quando o programa saiu do ar por falta de patrocínio, deixando a região sem nenhuma alternativa cultural neste espaço comunitário. A programação do Canal da Cidade se restringe atualmente - 1º semestre de a uma grade totalmente desvinculada do objetivo principal. O quadro que permanece mais tempo no ar é a agenda eletrônica, chamada de Multiúltil. A apresentação é feita com slides que veiculam apenas serviços, como: endereços das feiras livres, telefone da prefeitura, linhas de ônibus, horário do caminhão do lixo e diversos outros serviços públicos. À noite e nos finais de semana, o canal apresenta um programa de vendas a varejo com diversos apresentadores oferecendo desde automóveis e roupas até eletrodomésticos ou animais. Outro quadro noturno é o colunismo social, que é reprisado em outra emissora local. Mais recentemente foi criado um programa esportivo que tem como enfoque principal o futebol, principalmente o time do Santos e da Portuguesa santista.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS A reflexão sobre o mau uso dessa nova Mídia na região preocupa bastante, principalmente pelo fato da cidade possuir dezenas de sindicatos de trabalhadores portuários, administrativos e funcionários públicos. Ao se procurar algumas respostas para esse desinteresse ou apatia, se poderia traçar diferentes algumas hipóteses, como: a falta de intimidade ou confiança com o meio eletrônico, desconhecimento do potencial do veículo, falta de profissionais preparados para a sua utilização, ou escassez de capital para produzir novos programas. O mercado local possui um bom potencial de trabalho na área do jornalismo e produção televisiva. Somente as cidades de Santos e São Vicente, possuem quatro emissoras de televisão, 10 um jornal diário com 104 anos de existência (A Tribuna- Santos) e diversas rádios AM e FM. Porém, o fato mais intrigante ocorre com formação de profissionais capacitados para atuarem na área. A cidade abriga três Universidades particulares e dois Centros Universitários, com um contigente de mais de 25 mil alunos. 11 Dentro desse contexto, existem três cursos de Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, que formam a cada ano uma centena de profissionais para o setor. As quatro emissoras locais produzem programação regional bastante diferenciada, e às vezes muito criativa, como é o caso da TV Mar ou da TV da Universidade Santa Cecília. A Tribuna e a SBT, dispõem de pouca abertura para personalizar a sua grade. As lideranças locais freqüentam os telejornais e programas de debates veiculados por essas emissoras. Possivelmente a soma desses fatores, acaba colaborando de forma indireta para esvaziar o real papel que o Canal da Cidade deveria fazer. O jornalismo local, se tornou um poderoso veículo de proteção e informação para o telespectador comum. Este procura resolver os problemas dos moradores através de denúncias que são feitas no ar, cobrando desta feita repostas das autoridades aos seus anseios mais imediatos. Existem uma série de temas e programas que poderiam ser feitos pelo Canal da Cidade. Os problemas não faltam e nem a busca de soluções. A região passa por transformações profundas na relação trabalho-capital, na área portuária, onde a privatização e o desemprego chegaram provocando grandes mudanças. A cidade também possui um potencial turístico muito grande, tanto na área ecológica como para eventos. Um dos principais pontos que se coloca em questão neste análise, é o fato de que não basta apenas haver uma legislação moderna e avançada para democratizar os Meios. É necessário discutir o Sistema de Comunicação como um todo, procurando aproximá-lo das 10 TV Tribuna - São Vicente -(Globo), TV Mar - Santos (Manchete), TV Brasil- São Vicente (SBT) e TV Santa Cecília- Santos (Universitária e TV E). 11 UniSantos ( Universidade Católica de Santos), Unisanta (Universidade Santa Cecília), Unimes (Universidade Metropolitana de Santos), Unimonte (Centro Universitário Monte Serrat - antiga AELIS -) e Unilus (Centro Universitário Lusíada).

12 pessoas. A TV a cabo apesar de estar bastante difundida em Santos, ainda está longe das pessoas em todo o seu potencial. Para a maioria dos assinantes, a opção pelo serviço está ligada diretamente ao lazer. É mais uma diversão fácil e barata; uma forma de fugir das televisões convencionais que exibem uma programação pasteurizada e sem criatividade.. A partir deste ano, existe uma nova esperança para o setor, pois o monopólio da Multicanal deixa de existir. A Canbrás, uma empresa canadense, ligada a TV A, já recebeu autorização do Ministério das Comunicações e já começou a cabear a cidade. Ela promete disputar o mercado, exatamente investindo no ponto fraco da concorrência, que é a qualidade da programação. Esta briga pelo consumidor, poderá talvez melhorar os serviços e quem sabe, talvez abrir novos oportunidades para a cidade. Apenas o tempo dirá.

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, Eduardo de Melo. TV a cabo no Brasil: mudança apenas quantitativa ou nova dimensão na comunicação social? In: Revista Intercom Vol. XIX - nº 1 - Jan/Jun Intercom: São Paulo. HERSCOVICI, Alain. Televisão brasileira: a modernidade acabada In: Revista Intercom Vol. XV - nº 2 - Jul./Dez HOINEFF, Nelson. O futuro bate à porta In: Sidney Rezende e Sheila Kaplan (org.). Jornalismo eletrônico ao vivo. Petrópolis: Vozes NET - Atlas Cobertura. SILVA, Robson Bastos. Uma Análise Semiótica da Rede Cultura de Televisão. São Paulo: PUC-SP. (Tese de doutoramento). SQUIRRA, Sebastião. O século dourado. São Paulo: Summus, SUZY, dos Santos. Implantação da TV a cabo no Brasil. In: Revista Intercom. Vol.XX - nº 1 - Jan/Junh.97. Jornais: O estado de S.Paulo - 20/4/97. Jornal da Tarde Internet