Balanço dos 20 Meses do Real
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- Sabrina Antunes Ramires
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1 Balanço dos 20 Meses do Real Desempenho dos Índices de Preços No dia primeiro de março de 1996, a Unidade Referencial de Valor (URV), que preparou o caminho para o lançamento da nova moeda - o Real -, e o plano de estabilização mais bem-sucedido dentre todos os até aqui implementados no Brasil estarão completando, respectivamente, dois anos de criação e o vigésimo mês de existência. Índices de Preços (%) * Terceira quadrissemana do mês A inflação encontra-se, atualmente, entre 1 e 1,7% ao mês. Sua média mensal - medida pelos quatro índices de preços mais utilizados - foi de 1,45% ao longo de 1995; 0,91% em outubro, 1,30% em novembro e 0,96% em dezembro do ano passado; e 1, 70% em janeiro de
2 Inflação Acumulada e Média Mensal Anualizada (%) A situação presente contrasta com a de junho de 1994, ou seja, com a do mês que antecedeu o lançamento do Plano Real. A inflação média acumulada havia alcançado 758,77% no primeiro semestre de 1994, que representa uma inflação média mensal de 47,70%, equivalente a uma taxa anual de 7.274,8%. Inflação Média Anual -Tabela No segundo semestre de 1994, a inflação acumulada, considerando-se os quatro índices mais conhecidos, foi de 17,90%, com uma média mensal de 2,78%. Deve-se ter em mente, no entanto, ao analisar a evolução das taxas, que os índices de julho e agosto de 1994 ainda estavam "contaminados" pela inflação do Cruzeiro Real observada nos dois meses anteriores (maio e junho). A inflação acumulada em julho e agosto de 1994 foi de 9,05%, com um taxa mensal média de 4,43 %, não refletindo, porém, com precisão, o que aconteceu com o poder aquisitivo nos dois meses iniciais do plano. Somente a partir de setembro de 1994 é que se passou a dispor da primeira inflação "descontaminada" do efeito estatístico: a taxa acumulada do último quadrimestre de 1994 foi de 8,11%, com uma taxa média mensal de 1,97%. Nos primeiros seis meses de 1995, a taxa acumulada média dos quatro índices de preços caiu para 10,52%, equivalendo a uma inflação média mensal de 1,68 %. No segundo semestre, a taxa acumulada média atingiu 7,47%, com uma taxa média mensal de 1,21%. A inflação, dessa forma, conquanto possa ter oscilado mensalmente, apresentou uma nítida tendência de queda nos três últimos semestres. 2
3 Levando-se em conta as séries históricas para o IGP-DI, a inflação acumulada de 1995 (14,78%) foi a mais baixa em igual período desde Desde 1973, o IPC-FIPE não exibia inflação de janeiro a dezembro tão baixa quanto a verificada no corrente ano: 21,70%. Vale ressaltar que o IPC-FIPE de setembro (0,74%) foi, por sua vez, o mais baixo já registrado desde dezembro de O INPC, calculado desde 1979, nunca registrou uma inflação acumulada anual tão reduzida quanto os 21,98% verificados em O mesmo se pode dizer em relação aos 15,25% do IGP-M, introduzido em A inflação de 1995 foi, assim, a mais baixa desde o final dos anos 50, de acordo com o IGP-DI - que atribui maior peso aos preços no atacado -, ou desde o início dos anos 70, conforme o índice de preços ao consumidor calculado pelo IPC-FIPE. A questão relevante que se coloca para o Governo e para os mercados - que operam sempre olhando para frente - diz respeito à tendência futura da inflação. Para fevereiro de 1996, o IGP-M de 0,97% e a terceira quadrissemana do IPC-FIPE de 0,38% sinalizam um inflação média mensal bastante abaixo do 1,70% de janeiro. Em relação ao IGP-M, o comportamento dos preços agrícolas no atacado determinou a tendência do índice geral; e, quanto ao IPC-FIPE, a queda foi provocada pelos itens alimentação, tarifas de serviços públicos residenciais e mensalidades escolares, exatamente aqueles que elevaram excepcionalmente o índice de janeiro. Verifica-se, atualmente, virtual ausência de grandes desequilíbrios na estrutura de preços. O aluguel residencial e os serviços, que vinham apresentando até há pouco tempo variação muito superior aos demais componentes dos índices, começaram a convergir gradualmente para a média da inflação mensal. Para os próximos meses, os índices serão consideravelmente baixos. Média mensal dos índices de inflação No passado recente, sempre que um determinado índice de preços mostrava uma taxa mensal mais elevada do que no mês imediatamente anterior, alguns analistas projetavam tendência altista de inflação que acabava não se confirmando. A desindexação gradual da economia desvinculou, em grande medida, a inflação futura da passada. Importantes medidas nesse sentido já foram implementadas no campo dos salários, preços públicos, taxa de câmbio e juros. Outros fatores, como o sazonal e eventuais correções de preços públicos, começaram a desempenhar papel preponderante, fazendo com que a inflação, embora seja baixa e tenda nitidamente a convergir para níveis cada vez mais reduzidos, possa vir a oscilar de um mês para outro. Os índices negativos de inflação no atacado, registrados em setembro de 1995 pelo IGP-DI e pelo IGP-M, decorreram sobretudo de questões metodológicas. De nenhuma forma traduziram a existência de uma deflação, que traduz uma queda generalizada de preços. Os IGP-DI e IGP-M de outubro e novembro confirmaram a veracidade dessa afirmação. O índice de setembro havia captado retração exagerada de 3
4 determinados preços agrícolas com ponderação móvel excessiva. É sintomático que a Fundação Getúlio Vargas, tal como havia anunciado previamente, tenha passado a utilizar ponderações fixas, a partir de janeiro de Pode dizer-se, assim, que o êxito do Plano Real está fazendo aflorar determinadas distorções metodológicas de índices habituados a refletir da forma mais acurada possível taxas inflacionárias extremamente elevadas. A inflação média dos quatro índices mais utilizados foi, em 1995, de 18,79%, devendo, segundo todos os analistas independentes, ser, em 1996, ainda menor do que a verificada no ano passado. A expectativa é que a tendência declinante seja mantida nos anos seguintes e que se possa alcançar a inflação de um dígito a partir de Não se devem tomar tais projeções como uma meta do Governo, mas como um objetivo plausível cuja consecução dependerá da continuidade da implementação do Plano Real, da desindexação da economia e das reformas estruturais necessárias à consolidação da estabilidade. Desempenho Econômico e Social O Plano Real trouxe, também, uma nova perspectiva para a economia brasileira em termos de crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o IBGE, expandiu-se 5,8% em 1994, tendo os setores industrial e agropecuário apresentado crescimento de 6,9% e 8,1%, respectivamente. O setor de serviços cresceu a taxa menor, 4,1%, em função, em boa parte, do desaparecimento do ganho inflacionário que contribuía para o grande movimento de dinheiro no sistema financeiro. Variação Real do PIB em 1994 (%) A economia manteve-se em expansão nos primeiros três meses de 1995, contrariando aqueles que, de antemão, qualificavam o plano de estabilização como recessivo. A taxa de crescimento ajustada sazonalmente do primeiro trimestre foi de 10,1% e 3,0%, em relação a igual período e aos últimos três meses de Segundo o IBGE, entre julho de 1994 e junho de 1995, ou seja, durante o primeiro ano do Real, o PIB, em termos dessazonalizados, cresceu 7,7%, em relação aos doze meses anteriores. A produção industrial, no mesmo período, cresceu 9,6%. O setor de 4
5 transformação liderou o crescimento industrial, acumulando expansão de 10,7%. O PIB "per capita" aumentou 6,5%, o maior incremento verificado nos últimos quinze anos. Dados do comércio no Estado de São Paulo indicam que foi extremamente expressivo o impacto do plano de estabilização sobre o consumo. O crescimento acumulado do faturamento real, de julho de 1994 a junho de 1995, foi de 16,4%. Ciente da característica expansionista que normalmente acompanha os planos de estabilização, o Governo adotou medidas de controle da demanda já quando do próprio lançamento do Real, em primeiro de julho de O objetivo era prevenir as pressões de consumo que poderiam acarretar o superaquecimento da economia, com os consequentes expectativas de aumento da inflação e de desequilíbrio no balanço de pagamentos. Logo de início, foram introduzidos recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista, depósitos a prazo e depósitos de poupança para evitar um crescimento fora de controle da oferta de crédito. Ao longo de todo o segundo semestre de 1994, foram adotadas novas medidas na mesma linha. Nos primeiros meses de 1995, o nível de demanda, contudo, continuou crescendo, o que levou o Governo, visando à consolidação do Real, a tomar medidas adicionais de restrição ao consumo, sempre com o cuidado de não provocar uma recessão. A partir de meados de 1995, começaram a surgir sinais claros de diminuição no ritmo de crescimento da economia. As medidas restritivas passaram desde então, ainda que de forma gradual e cautelosa, a serem revertidas. A história das decisões do Governo neste área é a de uma flexibilização antecipada. Os juros baixaram e continuarão baixando, paulatinamente. A velocidade e o momento desse relaxamento dependem, em larga medida, de progressos no campo fiscal e da reforma do Estado, mas a trajetória no sentido da flexibilização é clara. 5
6 A taxa básica nominal efetiva de juros da economia (Selic), que se situava no pico extremamente elevado de 4,26% ao mês, em março de 1995, diminuiu para cerca de 2,3% ao mês, em fevereiro de Houve, portanto, nesse período, uma queda nominal de aproximadamente 40%. As taxas para tomadores de empréstimos vêm também caindo e continuarão com essa tendência, em razão, em boa parte, da significativa redução e, em alguns casos, até mesmo a eliminação, dos compulsórios. Como de nenhuma forma haverá tabelamento de juros, a queda das taxas dependerá da redução da inadimplência e da carga fiscal - que já vêm ocorrendo - e de uma atitude menos conservadora por parte dos bancos na concessão de crédito ou na exigência de menor prêmio de risco. Os problemas nessa área estarão sendo resolvidos ao longo de Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 4,2% em Todos os setores apresentaram expansão: o agropecuário 5,9%, o de serviços 5,7% e o industrial 2%. Taxa de Variação Real do PIB Total A economia brasileira cresceu 4,2% em 1993, 5,8% em 1994 e 4,2% em 1995 e crescerá cerca de 4% em 1996 e mais ainda em 1997 e O Brasil deverá, assim, experimentar seis anos consecutivos de crescimento do PIB e do produto "per capita" ", sinalizando claramente o término de um período de estagnação e empobrecimento. A taxa média de expansão do PIB foi de 4,7% no triênio , contrastando com os - 1,6% do triênio anterior ( ) e sendo significativamente superior aos 2% dos dez anos prévios ( ) e aos 3% dos anos 80. De 1980 a 1992, o Brasil passou por sete anos de queda no produto "per capita" (1981, 1982, 1983, 1988, 1990, 1991 e 1992). 6
7 Os chamados tigres asiáticos e a China, que vêm crescendo 7% ou mais ao ano, têm taxas de poupança superiores a 30-35% do PIB, enquanto a brasileira é da ordem de 17% atualmente, já tendo sido de 24% no final dos anos 60 e início dos anos 70, quando a nossa economia vinha crescendo a taxas superiores às atuais. O Governo, em suma, tem como objetivo que a economia brasileira cresça em ritmo que se possa sustentar ao longo do tempo. Uma taxa sustentada maior exigiria nível de poupança interna privada e pública como proporção do PIB superior ao existente atualmente. Para tanto, é essencial, entre outros fatores, a diminuição do déficit público. A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (PME) estima que, em seis regiões metropolitanas, o número de pessoas ocupadas em dezembro de 1995 tenha aumentado 0,3% (+ 41 mil postos de trabalho), em relação a novembro último; 1,9% (+ 306 mil postos de trabalho), relativamente a dezembro de 1994; e 5,6% (+ 856 mil postos de trabalho) desde a implantação do Plano Real, ou seja, em comparação com junho de Por conta de fatores sazonais vinculados ao período pós-natalino, a PME acusou, em janeiro de 1996 sobre dezembro do ano passado, diminuição de 1,1% (-180 mil postos de trabalho na população economicamente ocupada). Vale ressaltar, nesse contexto, que, relativamente a janeiro de 1995, o crescimento foi de 1,7% (+ 270 mil postos de trabalho). Ainda de acordo com as estimativas de PME, o rendimento médio real das pessoas ocupadas, em dezembro de 1995, cresceu 5,2%, em relação a novembro daquele ano; 12,2%, relativamente a dezembro de 1994; e 29,7%, em comparação com o mês base da pesquisa (julho de 1994). O rendimento médio dos empregados com carteira de trabalho assinada aumentou: 7,9%, 11,1% e 24,4%, nesses respectivos períodos. O dos empregados sem carteira, por sua vez, teve incremento de: 0,7%, 7,8% e 35,4%. 7
8 A taxa de desemprego, segundo o IBGE, vem seguindo uma trajetória de queda nos últimos anos, estimando-se que teria passado de 5,3% em 1993 e 5,1% em 1994 para 4,7% em O problema do emprego no Brasil está mais relacionado com a qualidade e não com a quantidade. As estimativas do IBGE acima mencionadas, relativas a emprego e rendimento, seguem a metodologia determinada pela Organização Internacional do Trabalho, servindo, portanto, de base para comparações em nível mundial. Cumpre sublinhar que está ocorrendo uma transferência de emprego da grande indústria para os setores de serviços e de comércio. Trata-se de tendência que teve início, na verdade, nos anos 80. Análises recentes sobre o comportamento do nível de emprego têm utilizado a evolução do emprego industrial paulista calculado pela Fiesp e extrapolam para a situação do emprego como um todo no Brasil, traçando um quadro pouco animador. 8
9 O indicador de emprego industrial da Fiesp cumpre papel importante mas muito específico: mostrar o desempenho do emprego formal na indústria na Grande São Paulo (que tem evolução semelhante ao do Estado de São Paulo como um todo). Não é correto avaliar o comportamento do emprego no conjunto do setor industrial e na economia brasileira a partir de indicador relativo ao emprego formal no setor industrial de uma única região. O indicador de emprego da Fiesp resulta não apenas de fatores conjunturais, como também de estruturais, que precisam ser realçados e que, por vezes, não são mencionados: ganhos de produtividade derivados de inovações tecnológicas, realocação geográfica da indústria, informalização e terceirização. Tal indicador, ademais, capta apenas o comportamento do emprego formal, considerando a terceirização e a informalização como queda do emprego. As pesquisas do IBGE e da Seade/Dieese, por sua vez, por serem domiciliares, registram tanto o emprego formal quanto o informal na indústria e refletem a presença daqueles dois fatores de forma distinta, apresentando um quadro mais alentador sobre o emprego. Em suma, a questão do emprego no Brasil é de tal forma complexa que não pode ser explicada a partir da observação de um indicador regional que capta tão somente um segmento específico do mercado de trabalho. As classes de renda mais baixa foram beneficiadas pelo incremento real expressivo nos salários em geral e, em particular, pela elevação de 54% no valor do salário mínimo (que passou de R$ 64,79 em julho de 1994 para R$ 100,00 em maio do ano passado), bem como pelo muito reduzido crescimento do valor da cesta básica desde a o lançamento do Plano Real. O valor da cesta, de acordo como o Procon/Dieese, era, em primeiro de julho de 1994, de R$ 106,95, sendo que, em primeiro fevereiro de 1996, se situava em R$ 107,29. A combinação desses fatores redundou em expressivo aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores de menor renda, especialmente sobre os produtos da cesta básica. 9
10 A inflação baixa tem profundo sentido social, trazendo um substancial ganho para o trabalhador em termos não só de oferta de emprego como também de poder aquisitivo, notadamente ao retirar o peso do imposto inflacionário dos ombros daqueles que menos têm condições de dele se defender. O Plano Real já acarretou significativa redistribuição de renda em favor dos segmentos menos favorecidos da população, revertendo uma tendência de deterioração no seu padrão de vida decorrente das altas taxas inflacionárias e da estagnação econômica, nos anos 80 como um todo e no início da presente década. Existe uma correlação entre inflação baixa e crescimento econômico, de um lado, e melhor distribuição de renda e redução da pobreza, de outro. A estabilidade de preços não é um objetivo em si mesmo, mas visa a permitir que o Brasil venha a ter condições efetivas para um crescimento econômico sustentado e para tratar de forma permanente, madura e responsável aquilo que realmente importa e que vai definir o que seremos ou não em longo prazo como nação e como sociedade, qual seja: a diminuição significativas dos nossos enormes problemas sociais. A estabilidade e o crescimento sustentado são as principais contribuições que o Governo pode dar para a melhora da situação social. A Administração Fernando Henrique Cardoso de nenhuma forma tem como única meta em curto prazo a preservação da inflação em trajetória de queda gradual, embora esta seja uma condição essencial para a consecução de outros importantes objetivos da agenda do Governo, como a criação das condições para um crescimento alto e sustentado da economia, do investimento e do emprego, e o equacionamento definitivo da nossa grave questão social. Não é preciso, desejável nem aceitável, esperar a consolidação da estabilidade e a obtenção do crescimento sustentado para traçar e iniciar a implementação de políticas públicas eficazes e não demagógicas na área social que tenham ênfase no investimento em pessoas, em particular no que diz respeito à educação básica e profissional, à saúde, ao saneamento, ao emprego e à modernização das relações de trabalho. 10
11 Não é realista imaginar que, em uma única Administração, seja possível eliminar a fome e a miséria, bem como alterar, de forma radical, a distribuição extremamente desigual da renda e da riqueza no Brasil. Estes problemas, contudo, existem, são da maior gravidade e nos humilham e envergonham. Não se pode perder mais tempo. É fundamental o seu enfrentamento desde já - como o Governo vem fazendo - por meio de programas coerentes e consistentes que obedeçam a uma estratégia de médio e longo prazo. Desempenho Fiscal A queda abrupta da inflação acarretada pelo Plano Real provocou incremento na arrecadação. A receita líquida do Governo Federal (Tesouro, Previdência e Banco Central), a preços de dezembro de 1995, aumentou 23,8% em 1994, em termos reais, trazendo a arrecadação para o valor de R$ 97,6 bilhões. Em 1993, esta receita foi de R$ 86,3 bilhões. Resultado Primário do Governo Central Obs: (+) = Déficit e (-) = Superávit 11
12 O Governo Federal acusou, em 1994, superávit primário de US$ 11,1 bilhões, a preços de dezembro de Isto correspondeu a incremento de mais de 100%, em relação ao resultado de A nível das necessidades de financiamento do setor público, que mede o déficit pelo lado dos empréstimos tomados no mercado financeiro, houve melhora substancial no resultado de 1994, quando comparado com os três anos anteriores. O Governo Federal foi o que mais contribuiu para esse desempenho positivo, alcançando superávit operacional de 1,5% do PIB. O desempenho da arrecadação continua melhorando. Entre janeiro e dezembro de 1995, a receita líquida total totalizou R$ 125,4 bilhões, a preços de dezembro, experimentando elevação de 17,4%, em relação ao mesmo período de 1994, sendo que as receitas do Tesouro cresceram 15,0% e as da Previdência 24,4%. Três fatores contribuíram, especialmente, para o melhor desempenho da receita líquida do Governo Federal: a queda da inflação (que possibilitou a manutenção do valor real da base de cálculo dos impostos e contribuições), o crescimento econômico e a maior eficiência no sistema de arrecadação, inclusive no que diz respeito ao combate à sonegação. No ano de 1995, o Governo Federal apresentou, a preços de dezembro, superávit primário de R$ 5,3 bilhões, montante 58,3% inferior ao verificado em Em contrapartida ao incremento de receita, as despesas do Governo Federal, a preços de dezembro, aumentaram 25% em 1995, atingindo R$ 102,1 bilhões, em relação ao mesmo período do ano anterior, em função sobretudo da elevação dos gastos com pessoal e encargos e com benefícios previdenciários, assim como da necessidade de maiores liberações de recursos para a saúde. As demais despesas correntes e de capital - em que o Governo Federal detém maior poder de controle nas liberações - tiveram crescimento real inferior ao da variação da receita, o que traduz o esforço que a União vem desenvolvendo para a consecução do almejado o equilíbrio das contas públicas. 12
13 Dados preliminares indicam que, em 1995, a dívida líquida do setor público (interna e externa) alcançou R$ 207,5 bilhões, equivalentes a 31,6% do PIB. O endividamento, por esfera de governo, teve a seguinte distribuição, em relação ao PIB: Governo Federal 13,7%; Estados e Municípios 11% e empresas estatais 6,9%. O endividamento do setor público como proporção do PIB é relativamente reduzido e plenamente compatível com a dimensão da economia brasileira. Em 1995, a execução orçamentária do setor público consolidado gerou superávit primário de 0,45%, graças ao Governo Federal que obteve superávit de 0,63%. Os Estados e Municípios e as empresas estatais, por sua vez, apresentaram déficit de 0,16% e 0,03%, respectivamente. Segundo o conceito operacional, que considera as despesas líquidas com juros, o setor público consolidado gerou déficit de 4,95%. Para o resultado operacional negativo, em 1995, contribuíram principalmente o déficit de 2,43% dos Estados e Municípios. O Governo Federal e as empresas estatais registraram déficit menor: 1,66% e 0,87%, respectivamente. Necessidades de Financiamento do Setor Público (conceito abaixo da linha) Com a forte redução da inflação, alguns analistas econômicos propuseram que sejam retomados os resultados nominais como referência para a análise do desempenho do Setor Público. Sugestões nesse sentido são compreensíveis, não podendo, aliás, deixar de ser interpretadas como mais uma consequência do êxito do Plano Real. O Governo, além de utilizar os desempenhos primário e operacional, está passando a trabalhar também com os resultados nominais. Em 1995, as necessidades de financiamento do setor público acumularam, segundo estimativas preliminares, déficit nominal de 7,35% do PIB. 13
14 O Governo Federal apresentou, em janeiro de 1996, déficit primário de R$ 421 milhões, no conceito de Necessidades de Financiamento Líquido. Daquele total, a Previdência foi responsável por um déficit primário de R$ 451 milhões, enquanto o Tesouro gerou superávit de R$ 34 milhões. Para 1996, espera-se um melhor desempenho do setor público consolidado, em virtude da queda das taxas de juros, da execução do Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos Estados lançado pelo Governo Federal e do reajuste das tarifas públicas no final do ano passado. O Plano Real abriu o caminho para a estabilidade. Esta, entretanto, só se consolidará quando se atingir o equilíbrio fiscal: a verdadeira âncora de qualquer plano de estabilização bem sucedido em longo prazo. Para tanto, são essenciais a continuidade da implementação do programa de privatizações e a aprovação das mudanças propostas no processo de revisão constitucional, notadamente no contexto das reformas do sistema tributário, da administração pública e do sistema previdenciário. Enquanto isto não ocorrer, a existência do Fundo de Estabilização Fiscal continuará sendo fundamental. Carga Tributária (% do PIB) É preciso dotar os Governos Federal, Estadual e Municipal dos instrumentos necessários à consecução do saneamento de suas finanças de forma permanente. O que importa é o orçamento consolidado do setor público. Como há limites claros ao endividamento e ao aumento de receitas e da base de tributação, a solução consiste no controle do volume e do crescimento dos gastos, a par da maximização na eficiência do dispêndio público. 14
15 Desempenho Monetário Desde dezembro de 1994, conforme determinou a Medida Provisória do Real em sua última edição daquele ano, deixou de haver meta monetária fixada em lei. O critério de fixação de metas foi substituído pelo processo de submissão ao Senado Federal de uma programação monetária a ser previamente definida para cada trimestre, que vem sendo cumprida rigorosamente desde a implantação do plano de estabilização. Base Monetária (média dos saldos diários nos dias úteis do mês) Nos dois últimos trimestres de 1994, a base monetária ficou em R$ 14,8 bilhões pela média dos saldos diários no trimestre outubro-dezembro de 1994, abaixo portanto do limite de R$ 15,1 bilhões fixado em lei. No conceito de base ampliada, a média do último trimestre de 1994 ficou em R$ 78,9 bilhões, também inferior ao limite de R$ 80,1 bilhões. A pressão de demanda por moeda, como conseqüência natural da monetização, foi muito forte nos primeiros três meses do Real. A base monetária, pela média dos saldos diários, passou de R$ 3,538 bilhões em 30 de junho para R$ 17,265 bilhões no final de dezembro de
16 A programação monetária e o comportamento efetivo dos agregados, em 1995, foram os seguintes: Programação e Comportamento Obs: Os valores da base monetária, base ampliada e M1 referem-se à média dos saldos diários no último mês do período, enquanto os de M4 dizem respeito ao saldo ajustado do fim do mês. Passados os primeiros seis meses do plano de estabilização, o processo de remonetização começou a mostrar sinais de arrefecimento. Em janeiro de 1995, pela primeira vez desde julho de 1994, houve contração da base monetária. A diminuição da base continuou ininterruptamente até maio. A expansão da base monetária verificada em junho e julho últimos decorreu sobretudo de pressões oriundas do setor externo, em virtude da recomposição das reservas internacionais. Em agosto, a base monetária voltou a contrair-se em razão, principalmente, da venda de títulos públicos federais do Banco Central. O aumento da base monetária observada nos últimos meses de fruto, em boa parte, do acúmulo de reservas internacionais - não teve impacto inflacionário, em decorrência do incremento sazonal da demanda por moeda tradicionalmente verificado no final do ano. A base monetária acumulou expansão de 20,2% em O Conselho Monetário Nacional já aprovou a programação para 1996: Programação Em janeiro, a base monetária decresceu 1,2%, atingindo R$ 20,499 bilhões. Os principais fatores contracionistas foram as operações com títulos federais, e os expansionistas as operações do Tesouro Nacional e com o setor externo. Haveres Financeiros Obs: Os dados relativos a M1 referem-se à média dos saldos diários, enquanto os de M2, M3 e M4 dizem respeito aos saldos no final do mês. 16
17 Desempenho externo A balança comercial acusou déficits de novembro de 1994 a junho de 1995 como consequência da rápida abertura comercial promovida a partir do final de 1994 e do acelerado ritmo de crescimento da economia. Balança comercial (resultado físico) Houve importações maciças de bens duráveis, principalmente automóveis, com impacto negativo sobre o saldo da balança comercial. Medidas foram tomadas pelo Governo para reverter essa situação, já tendo propiciado melhora considerável, a partir de julho último, no comportamento da balança comercial. A balança comercial já apresentou equilíbrio em julho último (na realidade, pequeno superávit de cerca de US$ 3 milhões) e superávits em agosto de US$ 328 milhões; em setembro de US$ 481 milhões e em outubro de US$ 334 milhões. Em novembro, houve um pequeno superávit de US$ 15 milhões, sendo que, em dezembro, a balança registrou um pequeno déficit de US$ 51 milhões. Em janeiro, houve um superávit de US$ 35 milhões, o que contrasta com o déficit de US$ 304 milhões do mesmo mês de O resultado da balança comercial dos dois últimos meses de 1995 foi influenciado, de um lado, pela elevação das importações do período pré-natalino e natalino e, de outro, pelo recuo tradicional verificado no final e no começo do ano nas exportações de determinados produtos, principalmente agrícolas. Em 1995, as exportações físicas acumularam receita de US$ 46,506 bilhões. As importações físicas absorveram US$ 49,663 bilhões. Houve, portanto, um déficit de US$ 3,157 bilhões. De junho de 1994 a dezembro de 1995, ou seja, nos primeiros dezoito meses do Plano Real, as exportações físicas somaram US$ 73,678 bilhões, enquanto as importações físicas atingiram US$ 71,917 bilhões. Registrou-se, no período, superávit de US$ 1,761 bilhões. As exportações físicas de agosto de 1995 alcançaram US$ 4,558 bilhões, o valor mais elevado já registrado no Brasil em um só mês. As de setembro somaram US$ 4,167 bilhões, cabendo ressaltar que a média diária das exportações naquele mês (com somente 20 dias úteis) havia sido até então a mais alta já registrada no País: US$ 208,3 milhões. As exportações de outubro, US$ 4,405 bilhões, constituíram o segundo maior valor já alcançado em um só mês, sendo que a média diária de embarques de US$ 209,8 milhões (outubro teve 21 dias úteis) ultrapassou a de setembro último, passando a ser novo recorde histórico. As exportações físicas de novembro e dezembro alcançaram US$ 4,048 bilhões e US$ 3,875 bilhões, recordes para aqueles dois meses. As exportações físicas de janeiro a dezembro de 1995 atingiram US$ 46,506 bilhões, montante 6,8% superior ao verificado em 1994, constituindo recorde histórico anual. 17
18 A corrente de comércio (exportação + importação), em 1995, atingiu US$ 96,169 bilhões. Trata-se de montante 25,5% acima do registrado em 1994 e de novo recorde histórico. De maio a novembro de 1995, as exportações estiveram acima de US$ 4 bilhões mensais, o que significa a existência de um novo patamar para o Brasil em termos de valor de vendas externas e de penetração e competitividade de nossos produtos no mercado mundial. O fato de terem elas estado abaixo daquele nível em dezembro do ano passado e janeiro último resultou da presença de forte componente sazonal. Em janeiro de 1996, as exportações e as importações atingiram US$ 3,473 bilhões e US$ 3,438, respectivamente. As vendas externas apresentaram valor recorde para janeiro, tendo sido 16,54% superiores ao montante verificado no mesmo mês de O fluxo do comércio exterior no primeiro mês de 1996 foi de US$ 6,911 bilhões. Tratase de valor 10,3% acima do registrado em janeiro de 1995 e de recorde histórico para o primeiro mês do ano. No decorrer deste ano, as exportações deverão voltar para o patamar acima de US$ 4 bilhões, possibilitando a consecução de superávit na balança comercial. No mercado de câmbio, onde são feitas as operações bancárias, os contratos de exportação acumularam receita de US$ 53,142 bilhões entre janeiro e dezembro de Os contratos de fechamento de câmbio para importações totalizaram, no período, US$ 41,546 bilhões. Dessa forma, o saldo cambial do movimento do comércio exterior, no ano passado, foi de US$ 11,596 bilhões. Cabe ressaltar que esta rubrica apresentou saldos em todos os meses de No segmento financeiro, onde são efetuadas as operações cambiais relativas ao movimento de capitais, houve ingresso acumulado, entre janeiro e dezembro de 1995, de US$ 49,804 bilhões, com saídas no valor de US$ 47,748 bilhões. O saldo, nesse período, foi de US$ 2,056 bilhões. Movimento de câmbio Dessa forma, o movimento de câmbio, em 1995, apresentou um saldo global de US$ 13,652 bilhões (US$ 11,596 bilhões e US$ 2,056 bilhões relativos aos segmentos comercial e financeiro, respectivamente). O saldo global foi de US$ 4,296 bilhões. 18
19 Reservas Internacionais no Banco Central * Conceito que contempla haveres prontamente disponíveis ** Conceito que agrega ao caixa os haveres representados por títulos de exportação e outros de médio e longo prazo No dia 8 de fevereiro de 1996, foram editadas medidas para restringir o ingresso de capitais externos especulativos e para, "inter alia", melhorar ainda mais a qualidade dos recursos que entram no País e as condições para a condução da política monetária. Até o dia 28 de fevereiro de 1996, os contratos cambiais de exportação e de importação atingiram US$ 3,818 bilhões e US$ 2,557 bilhões, registrando-se um saldo de US$ 1,261 bilhões. As compras e as vendas financeiras, por sua vez, alcançaram US$ 4,294 bilhões e US$ 3,259 bilhões, tendo ocorrido um saldo de US$ 1,035 milhões. Houve um saldo global de US$ 2,259 bilhões, que deverá ser para o mês como um todo quase a metade do verificado em janeiro último. 19
20 Os saldos do segmento financeiro, em grande parte, refletem, por um lado, expectativas mais favoráveis no plano internacional em relação às perspectivas do Plano Real e uma singularização positiva da economia brasileira no contexto regional e dos chamados "mercados emergentes". Por outro lado, a redução nas taxas de juros nos países desenvolvidos e, em particular, nos Estados Unidos pode também ter contribuído para a obtenção de tais saldos, ao tornar mais atraentes aplicações em determinados países em desenvolvimento com situação econômica favorável. Em 1995, o déficit em conta corrente ficou em US$ 17,8 bilhões, equivalentes a 3,2% do PIB. O ingresso líquido de capitais foi suficiente para financiar esse déficit e, ainda, para propiciar acumulação muito significativa de reservas cambiais, o que permite prever uma posição bastante confortável em matéria de balanço de pagamentos para O nível das reservas internacionais do País ultrapassou, em julho de 1995, o patamar verificado no final de quando eclodiu a crise cambial mexicana que abalou o sistema financeiro internacional -, passando a equivaler, hoje em dia, a mais de dezesseis meses de importação de bens. Em julho de 1994, ou seja, quando da implantação do Plano Real, as reservas equivaliam a dezoito ou dezenove meses, dependendo do conceito utilizado, mas o valor das compras externas era então consideravelmente inferior ao atual. As reservas internacionais experimentaram crescimento significativo em agosto, mês em que alcançaram os montantes de US$ 45,776 bilhões e US$ 47,660 bilhões, de acordo com os conceitos de caixa e liquidez internacional. Fecharam o ano de 1995, totalizando, respectivamente, US$ 50,449 bilhões e US$ 51,840 bilhões. As reservas voltaram a subir em janeiro de 1996, atingindo os montantes de US$ 52,176 bilhões e US$ 53,540 bilhões. O Brasil está batendo recordes históricos em termos de nível de acumulação de reservas internacionais (inferior atualmente em termos absolutos só ao alcançado pelo Japão, EUA, Alemanha, China, Taiwan, Cingapura e Hong Kong). À medida que o Plano Real se consolida, o perfil dos investimentos estrangeiros tende a melhorar, ou seja, a modificar-se em favor daqueles com prazo maior de permanência no Brasil. A volatilidade das nossas reservas está associada, em última instância, ao grau de confiança na economia brasileira e no nosso programa de Governo. No ano passado, a República Federativa do Brasil, depois de quinze anos, voltou a captar recursos diretamente no mercado financeiro mundial em duas operações muito bem sucedidas. A primeira, em maio, com o lançamento de bônus em ienes de dois anos de prazo, captou 80 bilhões de ienes, tendo sido considerada por observadores especializados internacionais a mais exitosa operação do gênero por parte de um "país emergente" em A segunda - efetuada em junho - rendeu um bilhão de marcos, com o lançamento de bônus de três anos de prazo. O Senado Federal autorizou, em novembro de 1995, o Tesouro Nacional a fazer, no exterior, novas emissões de bônus de até o total de US$ 5 bilhões de papéis da República Federativa do Brasil, com vistas à substituição de dívida mobiliária interna por dívida externa, a menores custos e maiores prazos. 20
21 Ao Governo brasileiro interessa estimular, ainda mais, o ingresso de capital estrangeiro de médio e longo prazos. Para tanto, contribuirá sobremodo a continuidade de uma exitosa reforma constitucional, condição necessária para a consolidação do Plano Real. Sinalizou muito positivamente, no exterior, a aprovação pelo Congresso da maior parte das propostas de reforma da chamada Ordem Econômica da Constituição, apresentadas no primeiro semestre de Ressalte-se, nesse contexto, a aprovação pelo Legislativo da proposta que eliminou qualquer discriminação entre empresa brasileira de capital nacional e estrangeiro e também da que abriu para o setor privado, nacional e estrangeiro, a possibilidade de investimentos em telecomunicações, energia, gás, transportes, petróleo e mineração. A flexibilização do monopólio da Petrobrás teve, igualmente, efeito muito positivo. Desde 8 de novembro de 1995, o Real passou a ser negociado em contratos futuros e de opções na Bolsa de Mercadorias de Chicago, o que constituiu mais um sinal das expectativas favoráveis em relação à economia brasileira no cenário internacional. A política cambial brasileira continuará sendo guiada pelas premissas definidas quando da elaboração do Plano Real. O Governo optou por um regime explícito e flexível de bandas cambiais, que continuará inalterado: uma banda larga com intervenções intrabanda por meio de leilões de "spread", já totalmente assimiladas pelo mercado. Recentemente, foram redefinidas a banda mínima e a máxima em 0,97 e 1,06 centavos de Real por dólar dos Estados Unidos, respectivamente. As reduzidas taxas de inflação, somadas ao fato de as exportações estarem crescendo de forma expressiva, demonstram claramente o acerto do regime cambial adotado. Não se cogita de retorno à política do passado (indexação a índices de preços ao consumidor), a fim de aumentar a competitividade de nossas exportações: o que temos de reduzir são os nossos custos de produção. A consolidação definitiva da estabilização, a modernização do setor público, a implementação do programa de privatizações, a participação do setor privado em investimentos em infra-estrutura, a diminuição da dívida pública interna, a desburocratização, a desregulamentação, a maior eficiência na gestão da coisa pública, a redução do custo da mão de obra, a desoneração tributária das exportações e a consecução de outros objetivos da agenda econômica do Plano de Governo resultarão justamente na diminuição do custo de produção de bens e serviços no País e na elevação do nível de produtividade média da nossa economia. É absolutamente crucial que possamos, em 1996, fazer maiores progressos do que fomos capazes em 1995 na redução do Custo Brasil, com ênfase nas áreas de infraestrutura e de desoneração tributária das exportações. É a redução do Custo Brasil que, em última instância, possibilitará um ingresso crescente de investimentos diretos e de novas tecnologias no País, além de um aumento expressivo nas nossas exportações de bens e serviços, criando, dessa forma, melhores condições para a continuidade do processo de integração da economia brasileira à internacional e, em particular, à dos países do Mercosul. A Administração Fernando Henrique Cardoso não medirá esforços para assegurar o êxito do Plano Real, que colocará o Brasil definitivamente no caminho da estabilidade, do crescimento econômico auto-sustentado e da justiça social, e, ao mesmo tempo, 21
22 permitirá ao País uma inserção competitiva e dinâmica numa economia mundial globalizada. 22
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