Boletim Econômico Edição nº 30 maio de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico
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1 Boletim Econômico Edição nº 30 maio de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico A crise financeira do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)? 1
2 Déficit no FAT deve subir para R$ 13,6 bilhões em 2014 Com crescimento das despesas com benefícios, como o segurodesemprego, de um lado, e queda nas receitas, de outro, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) tem projetado para este ano um déficit de R$ 13,68 bilhões, alta de 32,03% em relação ao resultado negativo registrado no ano passado, de R$ 10,36 bilhões, que já havia sido recorde. Para cobrir o rombo, a partir do segundo semestre de 2014, o Fundo pode ser obrigado a pedir de volta parte dos recursos repassados ao BNDES, destinados a financiar projetos de infraestrutura no país, que integram o patrimônio do FAT. De acordo com dados do boletim financeiro do FAT o Tesouro Nacional só se compromete a aportar R$ 86,7 milhões em recursos para cobrir o déficit. Como o FAT já queimou as reservas excedentes (aplicações financeiras), a saída é recorrer ao patrimônio. Anualmente, o FAT destina 40% das suas receitas ao BNDES, conforme determina a Constituição, para financiar projetos na área de infraestrutura. De acordo com o último boletim financeiro do Fundo, 70% do patrimônio de R$ 209,6 bilhões estão aplicados no banco de fomento para estimular iniciativas de infraestrutura do país. 2
3 Os três vetores funcionais do FAT e a crise financeira Os recursos do FAT, destinados fundamentalmente ao Seguro desemprego, ao pagamento do abono salarial e a programas de qualificação profissional dos trabalhadores, vem atravessando um quadro de crise financeira. A equipe econômica do governo defende medidas para reduzir despesas com seguro-desemprego e abono, dificultando acesso aos benefícios, os trabalhadores insistem na necessidade de rever as desonerações do PIS/Pasep, a principal fonte de receitas do FAT. Só neste ano, a perda estimada é de aproximadamente R$ 11 bilhões. Diante do cenário crítico, os trabalhadores resolveram abrir mão do reajuste real (acima da inflação) do seguro-desemprego. Desde janeiro do ano passado, o benefício é corrigido pelo INPC, deixando de seguir os mesmos parâmetros de correção do salário mínimo. De acordo com as projeções do FAT para este ano, as receitas totais do Fundo vão somar R$ 56,34 bilhões e as despesas, R$ 70,02 bilhões, o que gera o rombo de R$ 13,68 bilhões. Os gastos com seguro-desemprego devem chegar a R$ 35,09 bilhões, alta de 10,02% em relação a 2013; as despesas com abono salarial também devem crescer R$ 13,93%, passando para R$ 16,7 bilhões. Além desses desembolsos, a previsão do FAT considera o repasse 3
4 ao BNDES, de R$ 17,66 bilhões, e a dedução da Desvinculação das Receitas da União (DRU), prevista em lei, de R$ 11,03 bilhões. Em 2013, parte do rombo nas contas do FAT, de R$ 10,36 bilhões, foi coberto pelo Tesouro Nacional, que aportou R$ 4,8 bilhões. O restante foi obtido com receitas de aplicações financeiras. Com isto, o valor aplicado caiu de R$ 32,9 bilhões para R$ 25,3 bilhões, praticamente a reserva mínima que o Fundo tem que ter para cobrir despesas com seguro-desemprego e com abono durante seis meses. O aumento das despesas com seguro-desemprego é causado em parte pelo ganho real do salário mínimo ao longo dos anos, pelo crescimento do mercado de trabalho e pela alta rotatividade, além de fraudes. Direitos dos trabalhadores em risco O movimento sindical como um todo não apóia medidas que afetem os direitos dos trabalhadores. As entidades sindicais querem se concentrar no problema da rotatividade no emprego e na revisão das desonerações, questões consideradas cruciais. O governo fica preocupado em fazer superávit primário, alegando que é preciso reduzir as despesas com seguro-desemprego e abono. Não adianta. É preciso atacar as causas do problema, e a principal delas é o endividamento público sem controle e os altíssimos encargos financeiros dessa mesma dívida. 4
5 União prevê rombo de R$ 16 bilhões para o FAT em 2015 Para tentar equilibrar as contas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em 2015, o Tesouro Nacional terá que injetar R$ 16,22 bilhões no fundo, segundo estimativas que constam da nota técnica de avaliação financeira feita pelo Ministério do Trabalho e que foi inserida na proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) do próximo ano. Trata-se de mais uma despesa que dificultará o ajuste fiscal no próximo ano. Pelas estimativas, as receitas do FAT, incluindo o aporte do Tesouro, devem somar R$ 78,79 bilhões em 2015, o mesmo valor das obrigações previstas. Com isso, o déficit nominal do fundo seria zerado em Para este ano, a previsão de rombo é de R$ 3,41 bilhões. As principais despesas do FAT em 2015 continuarão sendo os pagamentos de seguro-desemprego e abono salarial. Pelas projeções do governo, as despesas com seguro-desemprego devem totalizar R$ 38,52 bilhões, o que representa alta de 38,8% ante uma estimativa de R$ 27,75 bilhões referente a Os gastos com abono deverão saltar de R$ 15,23 bilhões este ano para R$ 18,88 bilhões em 2015, uma alta de 23,9%. O crescimento dos gastos com seguro-desemprego em 2015 é esperado devido ao aumento do número de trabalhadores formais na economia e do salário mínimo. 5
6 Os dados mostram que o governo pretende elevar os gastos com qualificação profissional no próximo ano, que passariam de R$ 22,7 milhões em 2014 para R$ 513,2 milhões no fim de No ano passado, os investimentos não passaram de R$ 6,6 milhões. No que diz respeito ao BNDES, o fundo deve repassar R$ 18,17 bilhões em 2014 e R$ 19,65 bilhões em Em 2013, essa transferência foi de R$ 17,34 bilhões. Depois de registrar déficit nominal de R$ 10,43 bilhões no ano passado, o governo trabalha com o cenário de que o rombo do FAT será bem menor em A previsão é que o saldo negativo do fundo seja de R$ 3,41 bilhões. Para 2015, a perspectiva é que essa conta seja zerada com a injeção de R$ 16,22 bilhões em recursos do Tesouro. Os números projetados para este ano geram certa desconfiança. As previsões estão baseadas na diminuição das despesas do FAT com pagamento de seguro-desemprego e da redução do ritmo de aumento dos dispêndios com abono salarial. Porém, pelo menos por enquanto, o governo não adotou medidas efetivas para diminuir essa despesa. O governo federal apresentou um orçamento com despesas subestimadas. O Ministério do Trabalho explicou, entretanto, que as projeções de receitas e despesas do fundo para 2014 e 2015 tiveram como referência os números de 2013 e os parâmetros macroeconômicos projetados. 6
7 Pelas projeções da proposta de LDO de 2015, o gasto com segurodesemprego teria queda de 15,14% de 2013 para 2014, passando de R$ 32,70 bilhões em 2013 para R$ 27,75 bilhões no fim deste ano. De 2012 para 2013, esse dispêndio teve expansão de 8,65%. Além disso, na avaliação do governo, o ritmo de alta dos pagamentos do abono salarial deve ser menor. Essa despesa, que de 2012 para 2013 se expandiu em 11,92%, deve subir 1,87% neste ano, atingindo R$ 15,23 bilhões em dezembro. O orçamento aprovado pelo Codefat em agosto de 2013 mostra realidade diferente para O fundo destinaria R$ 31,2 bilhões para o seguro-desemprego e R$ 15,8 bilhões para o abono salarial. Nesse cenário, o Tesouro teria que injetar R$ 9,37 bilhões para manter o equilíbrio das contas. Em nota técnica de avaliação financeira do FAT, o governo prevê injeção de apenas R$ 86,7 milhões do Tesouro no fundo. Como a previsão de aporte do Tesouro é insuficiente para o equilíbrio financeiro do fundo, o presidente do Codefat afirmou que o Ministério do Trabalho solicitou ao BNDES que incluísse na programação financeira de 2014 a previsão de devolução de recursos do FAT (R$ 11,2 bilhões) para pagamento dos benefícios do seguro-desemprego e do abono salarial. 7
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