Causas Legais. Causas Voluntárias

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1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Causas de Modificação da Competência / 19 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 19 Causas de Modificação da Competência Já eram previstas no CPC/73 e, basicamente, não foram alteradas. São elas: Causas Legais Conexão Continência Causas Voluntárias Inércia Eleição de foro 1) Causas legais de modificação da competência: a. Conexão b. Continência NCPC, Art. 54. continência, observado o disposto nesta Seção. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela a. Conexão Está prevista no art. 55, NCPC:

2 NCPC, Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. Note que basta um deles (pedido ou causa de pedir) para configurar a conexão, a qual se propõe a viabilizar a reunião de ações que tramitam separadamente. Assim, a conexão (ao promover a reunião de ações com mesmo pedido ou causa de pedir) possui duas finalidades: economia processual e evitar a prolação de decisões contraditórias. Esta reunião de ações por conexão é obrigatória? À luz do CPC/73, havia uma grande divergência sobre o assunto: - Embora fosse posição minoritária (quase isolada), havia quem defendesse a obrigatoriedade da reunião de ações. - Havia também quem defendesse que a reunião seria facultativa por economia processual e obrigatória para evitar decisões contraditórias (Alexandre Câmara). - Preponderava, contudo, em larga escala, que a reunião de ações conexas era facultativa. Inclusive, este era o posicionamento do STJ. Contudo, o Novo CPC, em seu art. 55, 1º, dispõe que: Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. Extrai-se deste dispositivo que existiria uma obrigatoriedade da reunião, embora a jurisprudência do STJ sempre tenha sido no sentido da facultatividade. O professor acredita que será mantida a ideia de facultatividade, porque é o juiz quem tem melhores condições de analisar, no caso concreto, se deve ser realizada ou não a reunião de processos para que, posteriormente, seja realizado um julgamento coeso (conjunto). Pode acontecer que o juiz entenda que a reunião possa acarretar algum prejuízo a marcha do processo. E é ele o indivíduo que tem melhores condições de analisar se a reunião realmente é viável ou não. Então, provavelmente, a ideia da facultatividade continuará a preponderar na jurisprudência, a despeito da redação do art. 55, NCPC. A parte final do referido dispositivo ( salvo se um deles já houver sido sentenciado ) é reprodução do enunciado de súmula nº 235 do STJ. NCPC, art. 55, 2º Aplica-se o disposto no caput:

3 I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. O inciso I nada mais é do que a inclusão no CPC da jurisprudência do STJ sobre o assunto. É a hipótese clássica de execução fiscal e ação anulatória (execução de título executivo extrajudicial CDA e ação de conhecimento), que na prática sempre vinham sendo tratadas como conexas pelos Tribunais Superiores. Se você analisar a fundo, há um problema: os pedidos são distintos, bem como a causa de pedir. Mas, a lei prevê expressamente a possibilidade de conexão entre elas. Na verdade, ainda que não houvesse a previsão expressa acerca da conexão nesta hipótese, seria possível enquadrá-la na previsão do 3º, art. 55, NCPC: Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Ex. de aplicação deste dispositivo: ação de despejo e ação consignatória para depósito de valor de aluguéis. Não há conexão, mas as ações devem ser reunidas se existir possibilidade de prolação de decisões contraditórias. Como já foi dito, na conexão, há duas demandas tramitando separadamente. Ex.: uma demanda A, tramitando na 4ª VCRJ; e outra demanda B, tramitando na 20ª VCRJ. Se ambas tramitam ao mesmo tempo, como definir qual delas é a competente para o processamento e julgamento das duas (reunidas)? Para definir a vara competente para reunião, utiliza-se o critério da prevenção 1. Está previsto no art. 59, NCPC: NCPC, Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. Note que o NCPC deu tratamento diferenciado à prevenção. O CPC/73 trazia duas hipóteses: (i) em comarcas iguais, a competência era do juízo que deu o primeiro despacho liminar positivo ( cite-se ); (ii) em comarcas distintas, a competência era do que realizou a primeira citação válida. 1 Não se trata de causa de modificação de competência, é critério de determinação de qual é o juízo competente dentre dois ou mais juízos.

4 Atualmente, no entanto, o juízo prevento é aquele em que primeiro é registrada ou distribuída a petição inicial: (i) se for vara de juízo único, o critério é o registro; (ii) se for vara de mais de um juízo, o critério é a distribuição da exordial. Cuidado! O art. 59 trata de prevenção. Mas, a propositura da ação, conforme o art. 312, NCPC, ocorre quando a petição inicial for protocolada, só produzindo efeitos quanto ao réu os depois que ele for validamente citado. registro. Em suma, a propositura da ação se dá com o protocolo. O juízo se considera prevento pelo b. Continência Está prevista no art. 56, NCPC: Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Nada mais é do que uma conexão qualificada. Na continência, você tem duas demandas entre A e B, com mesma causa de pedir X, mas o pedido de uma abrange o da outra. Há na doutrina quem defenda que a continência seria sinônimo de litispendência parcial. Neste caso, verificando que a ação mais ampla tramita no juízo prevento, a ação contida será extinta sem resolução do mérito por litispendência (art. 485, V, CPC). Se, porventura, a preventa é a contida, a demanda maior será anexada e as duas tramitarão em conjunto. Tal corrente tem respaldo no art. 57, NCPC. NCPC, Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. Há outra corrente que defende que esta hipótese art. 57 é de fato litispendência parcial, mas a de continência é diferente. Ex.: demanda tramitando na 4ª VC: autor pede em face do réu a anulação da cláusula 10 do contrato realizado entre as partes, com base numa causa de pedir X. E demanda tramitando na 10ª VC: autor pede a anulação de todo o contrato.

5 Nesta hipótese, a anulação de todo o contrato abrange o pedido de anulação da cláusula 10. Não seria, segundo esta corrente, hipótese de litispendência parcial. Seria continência, porque os pedidos não são os mesmos (o de uma engloba o da outra). Neste caso, o processo será remetido para a vara preventa, que é onde corre o processo com o pedido contido e as demandas serão reunidas e julgadas em conjunto. NCPC, Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. 2) Causas voluntárias de modificação da competência: a. Inércia b. Eleição de foro a. Inércia É a falta de alegação de incompetência relativa: NCPC, Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. A incompetência relativa precisa ser alegada como preliminar de contestação. Não sendo alegada, prorroga-se a competência. Neste caso, um juízo que era relativamente incompetente passa a ser absolutamente competente. Juízo relativamente incompetente Não se alega em preliminar de contestação a incompetência relativa Prorroga-se a competência Juízo passa a ser absolutamente competente b. Eleição de foro Envolve critério territorial (competência relativa) e em razão do valor da causa.

6 NCPC, Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. NCPC, Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. Não existe eleição de foro oral, ela deve ser reduzida a instrumento escrito. 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.