Aula 105. Questões: A cognição do juiz envolve a análise das questões de fato e de direito que são apresentadas no curso do processo.

Transcrição

1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Questões: acepções; questões prévias, preliminares e prejudiciais / 105 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 105 Questões: Acepções: A cognição do juiz envolve a análise das questões de fato e de direito que são apresentadas no curso do processo. Qual é a abrangência do termo questão no âmbito do processo civil? Não é uma terminologia exata. Mesmo no âmbito do CPC, o termo questão é utilizado através de acepções distintas: 1 o sentido - o de Carnelutti questão como fundamentação (causa de pedir ou alegação defensiva): Para Carnelutti, cada alegação formulada pela parte deveria ser considerada um ponto, que poderia ser de fato ou de direito. Se incontroversa, o juiz tomaria a alegação como válida. Se controvertida, caracterizaria justamente a questão, que faria parte da fundamentação da sentença. O CPC adotou este sentido no art. 489, II: São elementos essenciais da sentença: II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. 2 o sentido questão como pedido: NCPC, Art São elementos essenciais da sentença: III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. Questão, de acordo com o art. 489, III, tem sentido de pedido ou objeto litigioso ou principal do processo. 1

2 Questões prévias: São aquelas que devem ser solucionadas antes da análise do mérito da causa. Trata-se de gênero que comporta duas espécies: questões preliminares e questões prejudiciais. Questões prévias Questões preliminares Questões prejudiciais Geralmente, possuem natureza de Direito Processual (exceções: legitimidade, interesse, etc.) Possuem ligação com o Direito Material Não são autônomas (excepcionalmente, podem ser objeto principal de outra demanda - ex.: incompetência absoluta no âmbito de uma ação rescisória) São autônomas (podem ser objeto principal de outra demanda) Não influenciam no julgamento. Criam ou removem obstáculo ao julgamento de outra questão Influenciam no julgamento da questão prejudicada Precisam ser decididas no mesmo processo. Não precisam ser decididas no mesmo processo (podem ser decididas em processo autônomo - ex.: filiação pode ser decidida em uma ação de paternidade, de maneira autônoma ou dentro da ação de alimentos) 2

3 Questões preliminares: Tem previsão no art. 337 do CPC, artigo que já tivemos a oportunidade de examinar: CPC, Art Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Note que essas questões preliminares, em sua grande maioria, podem ser analisadas ex officio, excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, nos termos do 5 o do art. 337, CPC. O acolhimento destas questões pelo juiz, na maioria das vezes, acarretará a extinção do processo sem resolução do mérito, justamente porque elas impedem a análise do mérito da causa. Trata-se de defesa indireta (processual), que pode ser dilatória (retarda o reconhecimento da extinção do processo) ou peremptória (acarreta a extinção do processo). Questões prejudiciais: São aquelas que devem ser decididas antes do julgamento da questão prejudicada (subordinada). Estão ligadas ao Direito Material. 3

4 Características da questão prejudicial: É um antecedente lógico do julgamento da questão prejudicada. É por isso que se diz que a questão prejudicial influencia diretamente no julgamento da questão prejudicada. Superordinação da questão prejudicial em relação à questão prejudicada. Isto quer significar que é necessário resolver primeiramente a questão prejudicial para, somente depois, decidir a respeito da questão prejudicada. É autônoma, ou seja, pode ser decidida em outro processo. Exceção: questão prejudicial incidental, prevista no art. 503, 1 o do CPC. A questão prejudicial pode fazer coisa julgada, quando decidida expressa e incidentalmente no processo principal, desde que respeitados os requisitos plasmados nos incisos do art. 503, 1 o : NCPC, Art A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. 1 o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo [manifestação expressa das partes], não se aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 2 o A hipótese do 1 o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial [Do contrário, se estaria possibilitando a formação de uma coisa julgada em decorrência de uma relação jurídica de direito material que não foi adequadamente discutida, por conta de restrições probatórias ou limitações à cognição]. 4

5 Para que a questão prejudicial incidental tenha força de coisa julgada é necessário requerimento de uma das partes? requerimento. Na doutrina, prepondera o entendimento de que não há necessidade de Mas, o professor entende que, na prática, para evitar qualquer tipo de dúvida acerca da ocorrência ou não de coisa julgada, é de bom tom que uma das partes formule tal requerimento. 5