Aula 48. Gratuidade de Justiça

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1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Gratuidade de Justiça (Parte I) / 48 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 48 Gratuidade de Justiça Tem previsão nos arts. 98 e seguintes do CPC/15 e em legislação extravagante desde a época do CPC/73, a Lei 1.060/50 (que estabelece normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados ). O CPC/15 revogou vários dispositivos da Lei 1.060/50, mas não a revogou de forma integral. Assim, para alguns temas, este diploma legal continua a produzir efeitos. Não houve inovações propriamente ditas, mas sim a incorporação de teses fixadas em sede de jurisprudência dos Tribunais Superiores, minando divergências a respeito da gratuidade de justiça concedida aos necessitados. Seção IV Da Gratuidade de Justiça NCPC, Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Quem pode obter gratuidade de justiça: Lei 1.060/50, Redação revogada dos Arts: Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei. Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país, que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho. Parágrafo único. Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. 1

2 Note que na Lei 1.060/50, para obtenção dos benefícios da assistência judiciária seria preciso ser residente no país. Já à luz do CPC/15, não existe mais tal exigência. O único critério a ser preenchido para que a pessoa tenha direito à gratuidade de justiça é a insuficiência de recursos. Ademais, o art. 2º da Lei 1.060/50 mencionava nacionais ou estrangeiros. Enquanto o art. 98 faz menção expressa à pessoa natural OU jurídica. Encerra-se, assim, a divergência acerca da possibilidade de a pessoa jurídica gozar do benefício da justiça gratuita, incorporando a tese consolidada na jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Enunciado de Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Insuficiência de recursos: (Para pagar custas, despesas processuais e honorários advocatícios). O art. 98 dispõe que fará jus à gratuidade de justiça a pessoa com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios. Já a Lei 1.060/50, previa tal benefício para aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Recordando: O STJ, ao analisar questões envolvendo custas e despesas processuais, decidiu que o gênero despesas processuais abrange as seguintes espécies: custas processuais e despesas em sentido estrito. Enquanto as custas processuais compreendem: taxa judiciária, custas judiciais e emolumentos 1 : Taxa judiciária Despesas processuais Custas processuais Despesas "em sentido estrito" Custas judiciais Emolumentos 1 Conteúdo abordado no material da aula 36. 2

3 A taxa judiciária é a exação (espécie tributária) paga pelas partes com o objetivo de viabilizar a atuação dos juízes e dos membros do MP. O Estado, ao exercer a atividade jurisdicional, gasta dinheiro, de modo que não pode se dar ao luxo de exercer essa atividade gratuitamente, salvo nas situações de gratuidade de justiça, fixadas em lei. As custas judiciais são os valores necessários para a formação, propulsão (regular andamento) e definição do processo em si. Em outras palavras, são os valores que você precisa pagar para que o processo seja formado, se desenvolva e ao final seja decidido. São aqueles pagos aos chefes de secretaria, oficiais de justiça, etc. Os emolumentos são os valores pagos pelo interessado que constituem a remuneração dos notários ou do escrivão extrajudicial. Toda vez que você precisa realizar registros de natureza extrajudicial (atividades realizadas por indivíduos não remunerados pelo Estado), serão devidos emolumentos. Portanto, a taxa judiciária, as custas judiciais e os emolumentos são espécies do gênero custas processuais, que, em linhas gerais, são os valores pagos para a realização dos atos do processo. As despesas em sentido estrito são os valores através dos quais é realizado o pagamento de terceiros (pessoas que não participam do processo) que de alguma forma auxiliam a prestação da tutela jurisdicional. Exemplo: remuneração do perito, tradutor, intérprete. As custas processuais e as despesas em sentido estrito formam as despesas processuais, que devem ser objeto de condenação na sentença, para que o vencido as pague ao vencedor (Art. 82, p. 2º, NCPC). Por fim, é de se observar que os honorários advocatícios (art. 85, NCPC) não são despesas processuais. Questão terminológica: (Assistência jurídica; assistência judiciária; e justiça gratuita). Como já afirmado, a Lei 1.060/50 não foi revogada completamente: 3

4 NCPC, Art Revogam-se: III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de A Lei 1.060/50 foi coautora de uma confusão generalizada em relação à terminologia a ser utilizada para a gratuidade de justiça. À época da sua entrada em vigor, não havia essa preocupação terminológica. Hoje, ainda há certa confusão entre as expressões que não são sinônimas: assistência jurídica; assistência judiciária; e justiça gratuita (também denominada de gratuidade de justiça). Exemplo: art. 3º, Lei 1060/50 que foi revogado pelo CPC/15 - falava em assistência judiciária de maneira equivocada. Assistência jurídica Assistência judiciária Justiça gratuita Art. 5º, LXXIV, CRFB/88. LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. É o auxílio prestado a todos aqueles que não dispõem de meios para pagar para receber informações jurídicas acerca de direitos que afirmam possuir. Trata-se, basicamente, de orientação pré-processual e pro-processual acerca dos direitos que a pessoa que não tem condição de pagar eventualmente possua. É mais restrita que a assistência jurídica. Art. 1º, Lei 1.060/50. Os poderes públicos federal e estadual concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei. É um serviço colocado à disposição do hipossuficiente para que ele tenha direito a um advogado sem que precise pagar para defender seus interesses em juízo. Normalmente, a assistência judiciária é feita pela Defensoria Pública. Mas, não exclusivamente. Há possibilidade de convênios firmados com faculdades, por exemplo. Art. 98 e seguintes do CPC. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. É isenção do recolhimento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios garantida por lei ao hipossuficiente. 4

5 Falta de critério objetivo para aferição de insuficiência de recursos: CPC/15, Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Problema que já existia à época da Lei 1.060/50 e que continua existindo: falta de critério objetivo para aferir essa insuficiência de recursos. Na prática, fica a critério do juiz esta análise. E, isso pode acarretar uma variação da interpretação. Existe uma presunção de veracidade na informação de hipossuficiência. CPC/15, Art º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Mas, há casos em que o juiz fica em dúvida se realmente existe a hipossuficiência alegada. Ex.: jogador de futebol; diretor de multinacional; desembargadores que requerem gratuidade de justiça. Na Defensoria Pública, o critério utilizado era relacionado ao número de salários-mínimos que a pessoa recebia por mês. Dentro de um valor X, a pessoa teria direito a assistência judiciária e haveria grandes chances de ter concedida a gratuidade de justiça em juízo. Formas de requerimento da Gratuidade de Justiça: CPC/15, Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. 5