Aula 36. Despesas. O CPC/73 previa em seu art. 19 que:

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Aurélio Schmidt
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1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Despesas processuais / 36 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 36 Trabalharemos o tema honorários advocatícios, que provavelmente foi o tema mais alterado pelo CPC/15. Mas, antes, é preciso trabalhar certos aspectos, referentes às despesas processuais. O CPC não foi severamente alterado: ele adotou várias interpretações da jurisprudência, principalmente do STJ; corrigiu problemas terminológicos; e adequou melhor alguns dispositivos. Porém, não trouxe propriamente uma mudança de orientação. É como se o CPC tivesse sido repaginado. As grandes críticas sofridas pelo CPC/73 poderiam ser objeto de interpretação pelo STJ e pelos tribunais de segundo grau, como vinha sendo feito. Mas, se entendeu por bem modificar os parâmetros do processo civil no país, o que levou à promulgação do CPC/15. No âmbito dos honorários advocatícios essa modificação foi efetivamente relevante. Provavelmente vários dos dispositivos referentes a este tema devem ser objeto de discussão quando de sua aplicação prática. Por isso, serão expostas as diferentes interpretações e teorias encontradas na doutrina e na jurisprudência. Despesas O CPC/73 previa em seu art. 19 que: CPC/73, Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. 1º O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual. 1

2 2º Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público. A redação no NCPC é bastante similar: NCPC, Art. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. Conforme o art. 20, CPC/73: CPC/73, Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Note que a despesa já era desvinculada dos honorários advocatícios, mas ambas eram pagas ao vencedor. No CPC/15, a previsão é um pouco diferente, pois separa as despesas e os honorários advocatícios da seguinte maneira: NCPC, Art. 82, 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. Art. 85, caput. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 2

3 Da leitura destes dispositivos, é possível extrair as seguintes conclusões: As despesas continuam sendo pagas pelo vencido ao vencedor (regra do CPC/73 e do NCPC é a mesma). No entanto, os honorários são pagos ao advogado do vencedor e não ao vencedor propriamente dito (nova regra do CPC/15). O que são as despesas processuais? NCPC, art. 84. As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha. Embora você tenha um dispositivo que trata expressamente das despesas processuais no NCPC, anteriormente (no CPC/73), o art. 20 já tratava das mesmas situações, em seu 2º: As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico [Só não mencionava a despesa com testemunhas]. Conforme ensina a melhor doutrina, as despesas processuais são gênero, cujas espécies são custas processuais e despesas em sentido estrito. As custas processuais, por sua vez, subdividem-se em: taxa judiciária, custas judiciais e emolumento. Esquematicamente, temos que: Taxa judiciária Despesas processuais Custas processuais Despesas "em sentido estrito" Custas judiciais Emolumentos 3

4 A taxa judiciária é a exação (espécie tributária) paga pelas partes com o objetivo de viabilizar a atuação dos juízes e dos membros do MP. O Estado, ao exercer a atividade jurisdicional, gasta dinheiro, de modo que não pode se dar ao luxo de exercer essa atividade gratuitamente, salvo nas situações de gratuidade de justiça, fixadas em lei. As custas judiciais são os valores necessários para a formação, propulsão (regular andamento) e definição do processo em si. Em outras palavras, são os valores que você precisa pagar para que o processo seja formado, se desenvolva e ao final seja decidido. São aqueles pagos aos chefes de secretaria, oficiais de justiça, etc. Os emolumentos são os valores pagos pelo interessado que constituem a remuneração dos notários ou do escrivão extrajudicial. Toda vez que você precisa realizar registros de natureza extrajudicial (atividades realizadas por indivíduos não remunerados pelo Estado), serão devidos emolumentos. Portanto, a taxa judiciária, as custas judiciais e os emolumentos são espécies do gênero custas processuais, que, em linhas gerais, são os valores pagos para a realização dos atos do processo. As despesas em sentido estrito são os valores através dos quais é realizado o pagamento de terceiros (pessoas que não participam do processo) que de alguma forma auxiliam a prestação da tutela jurisdicional. Exemplo: remuneração do perito, tradutor, intérprete. Com afirmado anteriormente, as custas processuais e as despesas em sentido estrito formam as despesas processuais, que devem ser objeto de condenação na sentença, para que o vencido as pague ao vencedor (Art. 82, p. 2º, NCPC). Aquele que requer a prática de determinado ato deve antecipar o pagamento referente à sua realização. Caso se sagre vencedor, será ressarcido pelo vencido (Art.82, caput, NCPC). Sempre foi objeto de grande celeuma quem deveria adiantar o pagamento dos atos praticados de ofício pelo juiz. O NCPC trata do tema no art. 82, p. 1º: Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. 4

5 O NCPC corrigiu uma falha do CPC/73 (art. 20, p. 2º) relacionada ao MP. Como é cediço, o MP pode atuar como parte ou como fiscal da ordem jurídica. E o CPC/73 não diferenciava tais hipóteses. Hoje, se o MP atuar como parte, possui os mesmos deveres, direitos e ônus das outras partes, de forma que deverá antecipar o valor. Se atuar como fiscal da ordem jurídica, não. O art. 83, CPC/15 dispõe que: NCPC, Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento. A ideia é de que a caução garanta o pagamento das custas e dos honorários advocatícios caso ele não tenha imóveis no país. Se tiver imóvel, é possível praticar atos de constrição em relação a ele, levá-lo a alienação e, uma vez alienado e transformado em pecúnia, o valor obtido poderá ser utilizado para ressarcir as custas e pagar os honorários. Art. 83, 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput: I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença; III - na reconvenção. 2º Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o interessado exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que pretende obter. 5

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