Ocupação de Tempos Escolares Tutorias. Aprendizagens e Escolhas Partilhadas
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- Célia Arantes
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1 Tutorias \, Aprendizagens e Escolhas Partilhadas 32
2 Ocupação de Tempos Escolares INTRODUÇÃO Com o projeto das Tutorias oferece-se aos alunos que estão em risco de desorganização escolar urna atenção individualizada, sistemática e integrada, facilitando a sua inclusão na escola e promovendo o sucesso escolar e educativo. As tutorias são o espaço privilegiado para o desenvolvimento das potencialidades (pessoais, relacionais e académicas) dos alunos. 2. FUNDAMENTAÇÃO Alguns alunos por diversas razões, não têm um suporte familiar e condições que lhes garantam um apoio adequado à resolução dos diversos problemas e situações que se lhes deparam no seu quotidiano escolar. Muitas vezes, os adultos a quem compete, a responsabilidade de assegurar as condições que permitam aos jovens alcançar a escolaridade a que têm direito, não possui os recursos que se exige a um adequado acompanhamento da sua vida académica. Com efeito, identifica-se a existência de alunos que revelam graves dificuldades de adaptação à realidade escolar, pelo que necessitam de um nível de suporte académico e emocional adequado às suas características e que lhes permita a superação desses obstáculos. O afastamento dos Encarregados de Educação da vida escolar dos seus educandos leva a que muitas vezes estes se encontrem entregues a si próprios, sem que seja exercido qualquer controlo da sua vida escolar, nomeadamente a nível da assiduidade, comportamento, organização do estudo, avaliações, etc. Com a supervisão sistemática de um adulto promove-se o desenvolvimento de comportamentos assertivos na gestão da vida diária do jovem, facilitadores da aprendizagem e do sucesso educativo. 33
3 3. OBJETIVOS Fomentar o ensino/aprendizagem individualizados e "apoiados"; Proporcionar uma resposta educativa adequada ao perfil de aprendizagem do aluno; Acompanhar os alunos na resolução de problemas relacionados com a sua vida escolar; Motivar um maior envolvimento dos Pais /Encarregados de Educação na vida escolar dos educandos; Promover a autonomia dos alunos; Promover o sucesso escolar; Desenvolver mecanismos de integração. 4. COMPETÊNCIAS DOS PROFESSORES TUTORES Aos professores tutores estará reservado um papel de acompanhamento do aluno nas diversas vertentes da sua vida escolar, de modo a colmatar a ausência de compromissos de apoio ou de resposta por parte do Encarregado de Educação. A atuação não deverá ser a de substituição do papel (imprescindível) do Encarregado de Educação, antes pelo contrário, deve procurar-se envolvêlo, responsabilizá-lo e partilhar com ele possíveis formas de resolução das problemáticas que forem diagnosticadas por todos os envolvidos no processo educativo do tutelado. Consideramos este aspeto fundamental, pois muitas vezes deparamos com Pais e Encarregados de Educação que só não dão uma resposta apropriada porque não têm competências ou disponibilidade para tal. Assim, o professor/tutor poderá funcionar como um elemento privilegiado de ligação entre o educando, a escola e a família. 5. PROPOSTAS DE ATUAÇÃO DO PROFESSOR TUTOR a) Encontro semanal com o aluno (um tempo letivo) onde o professor tutor verificará a assiduidade, a pontualidade e o comportamento durante a semana. De acordo com o perfil do aluno, poderão também ser trabalhados aspetos relacionados com a organização do estudo, nomeadamente: a arrumação da mala, a organização dos cadernos diários, as técnicas de estudo, a preparação dos testes, etc.; b) Contatos com o Encarregado de Educação, em articulação com o Diretor de Turma, para que estes tenham um conhecimento o mais imediato possível, do que se passa com o seu educando; c) Contatos regulares com o Diretor de Turma, em especial, e com os restantes docentes, de modo a obter o "feedback" das medidas implementadas, para que se proceda se necessário às devidas adequações; d) Articulação com professores, entidades ou serviços (mesmo externos a escola) que, 34
4 eventualmente, venham a ser necessários ao desenvolvimento do projeto educativo de cada um destes jovens, como por exemplo: Serviços Especializados de Apoio Educativo, SASE, Centro de Saúde, Comissão de Proteção de Menores, etc. 6. SUGESTÕES PRÁTICAS 6.1. Descobrir o aluno Conhecer os objetivos reais do aluno identificando as suas preocupações imediatas, encorajando-o a alargar de objetivos; Dar passos pequenos, de forma a construir uma relação pedagógica estruturada Privilegiar a aprendizagem formativa Explicar de forma sucinta, evitando sermões Rever o trabalho realizado na sessão anterior Misturar tarefas simples com difíceis, curtas com longas, estruturadas e abertas Questionar colocando questões abertas de modo a evitar respostas monossilábicas. Levar o aluno a pensar e mostrar o que compreende; aplicar, analisar, prever, classificar, sintetizar, justificar ou avaliar as aprendizagens Dar tempo para pensar. Dar pistas para o aluno chegar à resposta certa Observar de perto o trabalho do aluno. Os erros não detetados e corrigidos dão lugar a aprendizagens deficientes Detetado o erro deve intervir -se de forma positiva, encorajando o aluno a procurar o erro, dar pistas se necessário Promover a autocorreção falando com o aluno sobre o erro: porque acontece? Como corrigir? Corrigir o aluno quando ele não consegue encontrar o seu erro 6.3. Dialogar e elogiar Elogie o aluno quando resolve tarefas ou problemas difíceis e quando diminui a frequência dos erros. Justifique os elogios, diga ao aluno o que faz bem. Pedir ao aluno para rever ou resumir os pontos chaves Na leitura: apoiar e rever Deixe o aluno escolher o material que mais lhe interessa, de preferência com um nível de dificuldade acima da capacidade do aluno Leia em conjunto com o aluno, em voz alta, deixando-o ler todas as palavras Quando o aluno lê incorretamente deve ser-lhe dito como ler bem e o aluno deve repetir 35
5 a palavra Dê tempo ao aluno para ler e se autocorrigir antes de intervir Deixe o aluno ler sozinho nas partes mais fáceis ou quando ele o solicitar Elogie a boa leitura de palavras difíceis, a leitura sozinho, a autocorreção Recapitule no final da leitura, porque é interessante? Qual o significado de palavras difíceis? Principais ideias da leitura Na escrita: esquematizar e produzir Fale acerca do objetivo da escrita e a que se destina. Fale sobre as ideias do a/uno, coloque questões (Quem? Sim? Que? Para? Com? Onde? Quando? Como? Porque?) Esquematize as ideias do aluno. Ajude-o a ordená-las ou agrupar. Trace linhas ligando as ideias relacionadas de modo a fazer um esquema. Faça um rascunho a partir do esquema. O aluno deverá dizer o que quer comunicar. O Tutor pode escrever tudo ou só as palavras difíceis. O aluno deve depois copiar as palavras. Ler o rascunho em voz alta. Leve o aluno a pensar o que pode melhorar assinalando as palavras ou frase problema. A preocupação prioritária deverá ser o significado, seguida da organização das ideias e só depois se deverá ter preocupação com a ortografia e a pontuação. O rascunho depois de corrigido deve ser passado a limpo (ou no computador) No final o resultado deve ser avaliado levando o aluno a pensar no que pode ser melhorado 6.6. No apoio que envolvam o domínio de conteúdos das diversas disciplinas Verificar o horário dos professores afetos à sala de estudo e articular a intervenção com os professores das disciplinas a que o aluno precisa de apoio. 7. RECURSOS Um local para atendimento (sala de estudo, CRE ou outro); Professores. O número de professores envolvidos dependerá das caraterísticas e do número de alunos que ficarem abrangidos por este projeto. Embora seja difícil definir, desde já, qual a carga horária semanal destinada a tutoria, propõe-se como ponto de partida um tempo letivo, que pode, obviamente, ser aumentado caso as caraterísticas e a situação do aluno o justifiquem. A matriz deste projeto, passa pela personalização das sessões de tutoria, pelo que o ideal será uma relação pedagógica de 1 tutor 1 aluno. No entanto, se houver situações em que haja dois alunos da mesma turma, com o mesmo horário, e que tenham perfis de aprendizagem compatíveis 36
6 (não juntar por exemplo, alunos em que um deles tenha problemas em manter a atenção) a junção desses alunos, poderá ser equacionada. 8. PERFIL DOS ALUNOS ABRANGIDOS PELO PROJETO Como referido anteriormente, o público-alvo deste projeto será constituído por jovens cujo envolvimento escolar se encontre condicionado por fatores diversos, (familiares, comportamentais, emocionais, etc.) Assim, enquadram-se neste projeto aqueles alunos que: Revelem falta de capacidade de organização pessoal; A família não consiga proporcionar um acompanhamento adequado ao ciclo de escolaridade em que o aluno se encontra. 9. COORDENAÇAO DO PROJETO A coordenação do Projeto Tutorias é assegurada pelo professor Fernando Marmelo, do grupo de Educação Especial, pertencente ao quadro de nomeação definitiva desta escola. 37
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